Capítulo 6

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  Eu devo estar doente para estar enfiada numa biblioteca a um sábado de manhã

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  Eu devo estar doente para estar enfiada numa biblioteca a um sábado de manhã. Se o Jack estivesse cá, tenho a certeza que ele faria alguma piada do tipo "Mas tu sabes ler?". Essa piada seria seguida por gargalhadas descontroladas, que me fariam rir, e acabariam com qualquer tentativa da minha parte de ficar chateada com ele.

  Este sitio encaixa na perfeição no estereótipo de bibliotecas; É fria, escura, cheira a mofo e tem pó por lado. Ao que parece não sou a única que não é muito fã de ler por aqui.

  Coloco-me em bicos de pés perto de uma estante e passo o meu dedo pelos livros, um por um, até chegar a um de capa verde escura. Retiro o livro da mesma e caminho até uma mesa onde me sento e coloco o livro que, parece ter mais de vinte anos. Bem no centro da sua capa, a letras grandes e decoradas de cor dourada, pode-se ler: "Volks - origem e história."

  Viro a capa grossa e na primeira página vejo um desenho, feito à mão com tinta da china, do que parece ser um Volk. O Sr. Smith tinha um desenho muito parecido no seu caderno.

  Volto a virar a página e começo a ler o texto presente na mesma.

  "Primeiramente conhecidos por Furthymos, estas criaturas vivem em pequenas comunidades, vulgarmente conhecidas como ninhos. Estes juntam-se para caçar e matar, mas basta um pequeno desentendimento, para que se revoltem uns contra os outros, iniciando lutas e disputas, que por diversas vezes só acabam com a morte do adversário.

  Os Volks são ambiciosos, frios e calculistas, e fazem de tudo pelo poder. Ele querem liderar tudo e todos, custe o que custar.

  Estas criaturas são um perigo para a sua própria espécie. São os seus próprios inimigos...."


- Nunca pensei ver-te interessada por literatura. - ouço uma voz que me assusta, fazendo-me saltar da cadeira e fechar o livro de repente. Este ao fechar solta algum pó, que me faz tossir.

  Olho em frente e vejo silhueta esguia da Elena, a minha tia. Ela encontra-se alguns passos à frente da entrada, de braços cruzados a encarar-me com um sorriso. Ainda é complicado olhar para ela e chamá-la de tia, mesmo que ela fisicamente seja totalmente diferente da Francesca.

- Raios. - digo recuperando-me do susto.

  A gargalhada da Elena soa pela biblioteca, enquanto que ela dá alguns passos na minha direção, e puxa uma cadeira para se sentar à minha frente.

- Desculpa, mas confesso que estou impressionada. Estás perdida? - um novo sorriso aparece no canto dos lábios da diretora da Academia assim que ela acaba de falar.

  Ela está a gozar comigo... 

  Suspiro.

- Não! - digo depois de bufar para que o restante pó que permanecia no livro, desapareça. - Apenas precisava de me distrair um pouco e este era o único sítio que estava vazio.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now