Um ano pode mudar muita coisa na vida de alguém, que o diga Rebekah Campbell.
No espaço de um ano, descobriu coisas sobre si mesma que pensava serem impossíveis.
Ela conseguiu abrir o portal e agora tem todo um novo mundo para descobrir. O problem...
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P.O.V. Cameron
Eu não sou mentiroso. Por muito que as minhas últimas ações o façam parecer, eu não gosto de mentir. E muito menos mentir-lhe a ela.
Apesar de tudo a Rebekah tem razão em estar chateada comigo, eu deixei que ela e todos os outros acreditassem durante dois meses que eu estava morto, mas não tinha outra opção, era escolher entre mentir ou aceitar a vida que era suposto eu ter, mas que eu não queria. Eu não quero ser gerente e muito menos dono de um banco, eu quero ser um Guardião. Eu cresci a pensar que um dia iria ser um.
Os meus pais ainda não aceitaram muito bem esta minha decisão, ainda esperam que esta seja só uma fase e que eu mude de ideias, mas eu não vou mudar, não vou desistir de ser Guardião, porque é exatamente isto que eu quero. Aliás, eu não só não vou desistir de ser Guardião, como também não vou desistir da Rebekah. Não agora. Não depois do que aconteceu na noite anterior.
Ela estava completamente descontrolada, totalmente fora de si, eu sei disso, mas não posso mentir; eu gostei de ouvir a Becky dizer todas aquelas coisas. Cheguei a dar por mim a sorrir como se fosse um adolescente. Mas é claro que tudo perdeu a piada no momento em que ela decidiu deitar literalmente tudo cá para fora. Muito mais do que apenas palavras. Não deu tempo para mais nada, só de correr até à casa de banho e segurar nos seus cabelos cor de chocolate, impedindo que estes tivessem o mesmo triste fim que a sua camisola, que neste momento está para lavar.
Depois disso ela continuou a dizer coisas sem sentido, e também outras coisas com muito sentido, mas que eu sabia que ela não queria, de todo, dizer. Eu não sei até que ponto é que o álcool foi o causador de tudo o que saiu da sua boca. Não sei até que ponto é que todos aqueles sentimentos são reais ou meros devaneios causados pelos excessos que a Becky cometeu.
Convencê-la a ir para a cama nem foi difícil, o mais complicado foi convencê-la a realmente dormir. Ela estava mais elétrica do que nunca. Tinha ataques de riso repentinos, que por diversas vezes me contagiaram, e depois já estava calma, lavando-me a pensar que se encontrava a dormir. Mas só a pensar mesmo, porque logo de seguida voltava a falar de maneira quase incompreensível.
Ela abraçava-me, tocava-me e estarei claramente a mentir se disser que não quis ceder, porque porra! Era aquilo que eu mais queria, aquilo pelo qual estava à espera desde que voltei, mas não o fiz. Eu não lhe podia fazer isso.
- Vá, tu tens que dormir. - disse, levantando-me. Por muito que quisesse, de jeito nenhum eu iria dormir na mesma cama que a Becky. Não com ela neste estado.
Nem dois passos tinha dado até que ela agarra no meu braço, impedindo-me de continuar.
- Não vás... Fica comigo. - ela tropeçou nas palavras, como se fosse uma criança a fazer birra. Parecia que ela estava a implorar a minha presença.
