Capítulo 8

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  Respiro fundo na tentativa de controlar cada célula nervosa do meu corpo

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  Respiro fundo na tentativa de controlar cada célula nervosa do meu corpo.

  Lentamente começo a voltar ao normal, apesar de um leve formigueiro continuar a percorrer o meu corpo, como se eu fosse um montinho de açúcar e um grupo de formigas estivesse a percorrê-lo de alto a baixo.

  Encaro o rapaz à minha frente, que me encara de volta, claramente à espera de alguma reação da minha parte.

  Desde que entrei no quarto da Emily que permaneço parada a encarar o Cameron, como se ele fosse um ser pré-histórico, sem dizer nada. Não sei há quanto tempo é que me mantenho assim, parece que o tempo parou.

- Tu és real? - pergunto por fim. Só percebo o quanto a pergunta é estúpida depois das palavras saírem da minha boca.

  Não consigo deixar de me lembrar do dia em que acordei do coma e fiz exatamente a mesma pergunta ao rapaz.

  O Cameron sorri, levando por breves segundos o olhar para o chão. Nesse momento percebo que ele se lembrou exatamente do mesmo que eu.

  O seu olhar volta de novo para mim e ele assente. As suas mãos encontram-se dentro dos bolsos das suas calças, numa postura descontraída. Apesar disso o seu rosto demonstra um certo desconforto. Talvez até um pouco de nervosismo.

  Solto um riso igualmente nervoso, e continuo.

- Está a acontecer de novo, não é?

  O Cameron volta a sorrir e nesse momento cada célula do meu corpo começa a saltitar. Eu pensei que nunca mais iria ver aquele sorriso.

  Mas como é que isto pode estar a acontecer? Eu lembro-me perfeitamente do que a Sophie disse: "Não se pode brincar com a vida e a morte." A partir do momento em que nós morremos, acabou. Não há volta a dar. No entanto cá está ele, dois meses depois do seu coração ter parado de bater. Vivo.

  A menos que...

  "Os Volks fazem-no, e vagueiam por aí sem alma", as palavras da bruxa voltam a soar na minha cabeça.

  Sou imediatamente tomada pelo horror, e acho que o meu rosto transpareceu perfeitamente isso porque o rosto do Cam também muda de expressão. Ele está confuso.

  O rapaz avança um passo na minha direção, mas eu recuo dois ou três, completamente assustada.

- Tu és um Volk? - pergunto com a voz trémula.

  O Cameron parece ser apanhado de surpresa mas acaba por negar freneticamente com a cabeça, enquanto dá mais alguns passos na minha direção.

- Não. - continua. - No início eu também pensava que essa era a única explicação para o que me aconteceu, mas não. Olha para mim. - ele pede. - Os meus olhos estão normais e não há nenhum sinal de palidez extrema na minha pele. - ele envolve as suas mãos nas minhas. - E nada de frio. - conclui.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now