Por Ana Júlia.
O lençol de seda abraça meu corpo. Apenas a luz do abajur está acesa e, em contraste com as cortinas vermelhas, o cômodo parece um tanto... erótico.
Cameron e Heather devem estar aproveitando a lua de mel em algum lugar do mundo e, bem, continuo aqui. Criando teias de aranha, se é que me entende.
Levanto a cabeça e vejo as horas no pequeno relógio. 03h08min.
Dizem que esse é um horário demoníaco e tal e isso me apavora. Quer dizer, isso aqui é um castelo. Coisas acontecem em castelos.
Sento na cama, cruzando as pernas. As cortinas balançam com a janela aberta e lá fora as árvores bem cuidadas farfalham. Me sinto tentada a desenhar... então lembro que não sei nem fazer pessoas palitos. Num súbito ataque de tédio, afasto os lençóis e o chão frio me recebe. Aposto que lá fora não é tão assustador quanto aqui dentro. Esses móveis antigos me deixam claustrofóbica.
Abro a porta devagar e me infiltro no corredor mal iluminado. Logo a frente uma janela do chão ao teto permite que a luz da lua deixe o lugar ainda mais assombrado. Sigo pelo corredor e desço pela escada que mais parece o Monte Everest - grande pra car4lho!
Atravesso o hall de entrada correndo, vai que né... Abro a porta pesada e o vento frio me envolve. Aperto mais o casaco no corpo. Sei que do outro lado do jardim tem uma fonte e bancos confortáveis. As folhas secas fazem barulho enquanto caminho "calmamente".
A visão é de tirar o fôlego: a fonte, as luzes, as árvores e... Joey?
Joey anda de um lado para o outro e para, olhando para o céu com as mãos na cintura.
Aqui tem muita luz, me permitindo ver cada detalhe dele.
Sempre fui detalhista e simplesmente odeio isso quando estou perto de Joey, por que, caramba, o cara é lindo!
O cabelo louro escuro está bagunçado e a barba por fazer faz com que ele perca completamente o ar de menino levado. Ele é um homem sexy e gostoso.
- Gostando da paisagem? - pisco quando ouço sua voz. Eu estava olhando para ele como uma obcecada.
- Já vi melhores. - ele ri, mas não é um riso alegre. Parece... amargurado?
Ele não diz mais nada, apenas volta a olhar para o céu.
A lua realmente está bonita, ela merece total atenção essa noite.
Caminho até a fonte e noto algumas moedas lá dentro. Joey pega uma delas e joga para cima.
- Isso é tolice. - resmunga, repetindo o processo de jogar, pegar, jogar.
- É questão de acreditar. Isso aqui é só um objeto de esperança. Você joga, acredita e, inconscientemente acaba fazendo acontecer.
Joey segura a moeda, mexendo entre os dedos. Seus olhos param em mim.
- Algumas vezes acreditamos e lutamos para conseguir e mesmo assim não acontece. Às vezes não depende só de nós. - ele joga a moeda de volta e respira fundo, desviando o olhar para a água.
Fico em silêncio, afinal não entendi seu ponto. Sempre foi assim, aliás. Tudo que Joey fala é um enigma para mim. Ele parece gostar de me fazer juntar as peças de um quebra-cabeças interminável. Ou quase...
- Nunca entendo sua linha de pensamento.
Então ele me olha novamente. Os lábios de um vermelho atraente e o maxilar marcado fazem meu estômago contorcer. Subo o olhar e encontro seus olhos e noto um brilho diferente neles. Ele solta mais uma daquelas risadas e diz:
- Sabe o que eu não entendo? - ele não espera por uma resposta, apenas dá um passo a frente. - Você estar com aquele imbecil por todos esses anos. Não entendo como você nunca percebeu... Você... e-eu não sei mais o que fazer. Anos se passaram e eu ainda me sinto um adolescente quando te vejo. - ele explode, gesticulando e nunca desviando os olhos.
Abaixo o olhar.
- Não estamos mais juntos. - digo em um sussurro.
Tudo que não quero falar é sobre meu relacionamento "perfeito" que acabou.
Joey ainda me olha atentamente, os lábios franzidos e a testa levemente enrugada.
Então ele gargalha. Uma risada que beira o infantil, alta como uma sirene. Ele realmente ri e eu não sei o que fazer. O que está acontecendo?
- Quanto tempo? - pergunta quando consegue controlar a crise.
- Nove meses. - ele se aproxima, ficando poucos centímetros de mim. Seu cheiro ainda é o mesmo: hortelã e saudade.
Joey leva as mãos até meu rosto e acaricia, ainda mantendo um pequeno sorriso. E eu não estou entendendo porr4 nenhuma. Ele é bipolar ou o quê?
- Não sabe o quanto é bom ouvir isso, linda. - agora ele segura meu rosto com as duas mãos. - Não espere que eu diga que sinto muito, por que não sinto. C4ralho, Ana... eu esperei tanto por esse momento.
É a última coisa que ele diz antes de me beijar. E então uma onda de nostalgia me invade.
Joey desde sempre foi minha paixonite do colégio. Quero dizer, que garota não se perdeu no sorriso de Jonatas Hernandez? É praticamente impossível.
E, embora eu realmente tenha tido um relacionamento com Anthony, eu não gostava verdadeiramente dele. Foram 3 anos ouvindo ele falar sobre como segurar uma bola de futebol, as festas da fraternidade e sobre como seu cabelo é bonito.
Beijar Joey é admitir a mim mesma o sentimento reprimido por anos. Beijar Joey é... incrível e eu não sei por quê estou pensando tanto.
Afasto todos os prós e contras e envolvo Joey num abraço. Ele me aperta mais contra si e solta um gemido abafado.
- Vamos ser preso por atentado ao pudor. - digo contra seus lábios quando ele coloca uma das mãos no meu peito, massageando e apertando.
- Continuamos isso na cadeia, então...
E, por incrível que pareça, eu não ligo. Eu quero isso, quero Joey e não vou recuar.
Ele nos guia até um dos bancos, me deitando delicadamente. Nossos lábios não se desgrudam e o ar não ousa nos abandonar.
Tudo ao meu redor fica sem foco, somos apenas ele e eu.
- Às vezes depende só de nós. - sussurro, encarando o sorriso mais lindo que existe no mundo. Do meu mundo.
~~~×~~~
Hey, CRAHCes!
Demorei? Demorei.
Sinto muito por isso? Sinto muitíssimo por isso!Mas enfim... Chegamos ao fim.
Eu sei, eu sei. Ainda não consigo lidar com isso. 😢😢Mas bem, em breve voltarei com uma estória nova, novos amores e prometo melhorar sempre!
Também farei a playlist do livro e meus sinceros e de coração agradecimentos.
Até a próxima, muchachos!
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Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)
Teen Fiction"Heather Cooper é como a letra de uma canção nunca terminada. Como uma fórmula matemática nunca solucionada. É uma língua nunca explorada. Um paradoxo. Uma fórmula química perigosa. Sua face angelical, nos engana. Porque no fundo, ela é sacana."...