11. Nunca, jamais queira socar Jonas.

2.1K 148 49
                                    

Quinta-feira, 16:50, algures de Beira Rio.

Eu realmente devo ter merda na cabeça. Ou simplesmente não ter nada. Concluí assim que desci do táxi no estúdio de Pedro, um velho amigo.

Afundo mais o corpo no sofá confortável demais, encarando as paredes da cor vinho. Carolina, secretária de Pedro, folheia uma revista qualquer enquanto faz bolhas com o chiclete.

Tenho que dar os devidos créditos ao decorador do lugar. Grafites foram feitos em uma das paredes. Três cortinas escuras que dão em salas diferentes. Lembro da primeira vez em que estive aqui... Minha passagem para a vida cool.
Uma das cortinas se abre, revelando a musa dos meus sonhos pervertidos quando tinha 14 anos.

Agatha Skarsğard.

- Ora, vejam só! - exclama para ninguém em especial, vindo em minha direção com os braços abertos.

Levanto, revirando os olhos. Ela me aperta nos braços como aquelas tias que você só vê no Natal - graças a Deus!
- Você está tão gato! - pisca os grandes olhos para mim.

E você tão gostosa!

- Você me meteu em problemas da última vez. - brinco, puxando um de seus dreads. Ela ri alto.

Na última vez em que estive aqui - juntamente com minha mãe - Agatha flertou comigo. Até aí tudo bem. Exceto o fato de minha mãe odiar a ex namorada de meu pai. Pois é...

- E como vai seu velho? - Pergunta, indo em direção ao balcão.

- Como sempre.

Ela murmura algo sobre Carolina ter que parar de ler revistas bléh. Ela nega, mas ainda sente algo por ele.

- Quer outra tattoo?

Suspiro, lembrando do motivo de estar aqui.

- Não. Estou acompanhando uma... ahn... amiga.

Ela franze as sobrancelhas, mas não questiona. O sino em cima da porta toca, indicando que alguém entrou. Um cara, mais especificamente um motoqueiro. Ele segue Agatha para a sala. Antes de fechar a cortina ela pisca para mim com sua habitual cara safada. E então ouço o riso de Pedro, que sai de sua sala. Jesus, Maria e José! Eu trouxe a princesinha de Beira Rio para fazer uma tatuagem!

Heather vem em minha direção, sorrindo sem mostrar os dentes.

- Acho que já podemos ser amigos. - sussurra. Balança para a frente e para trás, com as mãos atrás do corpo.

Afinal o posto de namorado já está ocupado.

- Ainda estou arrependido. - rolo os olhos.

- Vamos embora logo! - resmunga, indo abraçar Pedro. - Obrigada!

- Não agradeça. Foi um prazer! - ele tem o sorriso-destinado-à-Heather-Cooper.

- Nos vemos mês que vem. - exclamo, abrindo a porta. Ele concorda com a cabeça.

Enquanto caminhamos até o ponto de táxi, Heather cantarola sei lá o que - na verdade parece muito uma canção infantil.

- Então... O que fez? - Pergunto, tentando quebrar o silêncio.

Ela para, mordendo o lábio inferior. Ah, droga.

- Não posso mostrar aqui. - gesticula para a rua.

Ah, meu Deus!

- Heather-certinha-Cooper me diga que não tatuou os peitos, por favor! - exclamo apavorado. Ela sorri mais, ainda mordendo o lábio.

Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora