Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)

18. Não diga as palavras

O plano-que-não-pode-falhar parte 1.

- Meu Deus do céu! Eu quero descer. - Heather suplica, segurando a porta do carro fortemente.

- Qual o problema? - pergunto quando estaciono, dando um solavanco.

Ela recosta no banco e respira ruidosamente, o peito subindo e descendo. Então olha para mim, olhos arregalados e tudo mais.

- Sério mesmo? - joga os braços para cima. - Você dirige muito mal.

Dou uma risada alta e tiro o cinto. Desço do carro e dou a volta, abrindo a porta do passageiro.

- Assim você fere meus sentimentos, esquila. - digo olhando em seus olhos, tão perto que quase toco nossos narizes. Pigarreio e me afasto.

Ela desce do carro e, com as mãos na cintura, encara o lugar em nossa frente. Então, se é possível, arregala ainda mais os olhos e abre levemente a boca.

Deus sabe que sou um tremendo filho da puta e, para não perder o título, roubo um selinho dela, agarrando sua mão em seguida. Ela pisca, parecendo voltar a realidade.

- Você... Como... Cameron! - dá um soco no meu ombro quando se dá conta do que fiz. - Como conseguiu? Os ingressos esgotaram na mesma semana.

Dou um sorriso torto.

- Eu consigo tudo que quero, querida.

Ela olha para mim, os cílios compridos batendo lentamente. Entrelaço nossos dedos e caminho em direção à entrada. O segurança pega os ingressos e abre passagem.

- Temos duas horas antes de começar. O que quer fazer?

Ela parece perdida enquanto observa o lugar.

Semana passada, em um dos ensaios da banda, acabei descobrindo que a banda Blink 182 têm um show marcado para alguns dias - no caso: hoje. Então,  numa conversa com Ana descobri que Hea é fã da banda e sonha em conhecer. Então bolei o plano "Como conquistar Heather Cooper".

Esse é o primeiro da lista:

1. Realizar, pelo menos, um dos sonhos da esquila.

- Você é surpreendente, Camie. - ela sorri e aperta minha mão. - Eu poderia te beijar agora.

Então, como o descontrolado que é, meu coração acelera e falha uma batida. Olho para ela e tenho certeza que meus olhos brilham em expectativa. Em um sussurro rouco, respondo:

- Eu não me importaria nem um pouco.

- Não seja bobo. Sabe que é modo de falar.

- Não por muito tempo.

***

Uma hora e meia depois, Hea e eu encaramos um ao outro com um olhar desafiador. Em nossas mãos uma latinha de Coca-Cola.

Ela me desafiou, caramba!

- No 3... - anuncia, levando a lata aos lábios. - 1...

- 2...

- 3...

Viramos numa sincronia perfeita. O líquido doce desce rasgando. Na mesma sincronia, terminamos.

Passo o dorso da mão nos lábios, dando um sorriso torto em seguida.

- Acho que empatamos. - ela diz, mordendo o lábio.

- Decidimos o prêmio depois. - pego sua mão novamente. - Hora do show, esquila.

Ela revira os olhos, mantendo o sorriso nos lábios.