Domingo, 10:23, confins do cérebro Libertini.
No início da minha puberdade, conheci Joana. Ela era quatro anos mais velha. Para um garoto de treze anos uma garota mais velha é o paraíso. E foi exatamente assim para mim.
Eu estava sentado no refeitório, comendo um sanduíche de cenoura - porque bem... minha mãe é uma negação na cozinha. Então ela se sentou ao meu lado. Seu uniforme era muito pequeno para seus peitos. Ela tinha um piercing no nariz e outro na língua. Cara, aquilo era incrível!
Com o passar do tempo fomos ficando cada vez mais próximos. Quase todos os dias íamos para sua casa. E foi aí que começou.
Primeiro ela me ensinou a beijar de língua. Quando sentiu que eu já estava manjando fomos para o passo dois: onde e quando tocar em uma garota. Até meu primo de 4 anos sabe que não se deve beijar e dar uma de bebê, pegando tudo que vê pela frente. Nananinanão! Mas eu não sabia.
Então ela me ensinou.
No verão ela me chamou para conhecer a casa na praia. Disse que seus pais estariam viajando. Como sempre.
Então ela disse "Agora nós iremos para o nível extremo, Came" usando o apelido que me deu exclusivamente. Eu fazia tudo que ela mandava e não exitei.
Ela me levou para um dos quartos e me ensinou muita coisa. Muita coisa mesmo.
Dois meses depois, ela foi embora. Não se despediu, nem nada. No começo fiquei devastado; frustrado. Passei noites em claro. Eu achava que a amava. Que não conseguiria viver sem ela. Mas com o tempo eu notei: eu só sentia falta do sexo mesmo.
Agora, quatro anos depois, tenho a absoluta certeza de que nunca foi amor.
Como a última lição, Joana me ensinou a diferença entre amor e atração.
Então seja onde você estiver agora, por obséquio, vá se foder.
Domingo, 14:40, estúdio Our Madness, por Joey.
Na vida eu sou um grande filho da puta. Só faço merda e digo coisas que não fazem sentido nem para mim. Meus pais são espanhóis, mas mudaram para o México quando eu tinha 3 anos... 10 anos depois viemos para Beira Rio.
- Acho que está bom por agora. - ouço Corey e suspiro. Tô morto, carajo.
- Vou comprar alguma coisa. Querem? - Pergunto.
O rosto de Corey se ilumina como se ouvisse o canto dos anjos.
- O de sempre.
- Idem! - Assisto Marvin fazer uma expressão de orgasmo
- Não - Cameron diz secamente e eu gargalho internamente.
Há alguns dias ele não fala direito comigo e eu sei bem o motivo.
Pouso Teresa - minha guitarra - no suporte e planto um sorriso inocente nos lábios. Meu melhor amigo é tão idiota!
- Volto daqui a pouco. - Vou em direção à porta e ouço Corey gritar.
- Não vai se atrasar!
Sigo o caminho já tão conhecido por mim. Quando cheguei em Beira Rio o meu português era péssimo. Foi então que eu conheci os garotos. Corey me ajudou com o idioma. Marvin tudo sobre tecnologia e afins. Já Cameron... Ele me levou para todo lugar inimaginável e me "ensinou" palavrões.
- Boa tarde, señor Wilson.
- Como vai, Hernández? - seu tom é áspero, mas não me importo. Há tacos na parada, cara, não dá para reclamar!
- O de sempre.
Ele resmunga algo e segue em direção à cozinha. Wilson tem uma aparência nojenta e se o velhote não tivesse toc eu duvidaria da higiene de seus tacos.
Alguns minutos depois, Carol, neta do velho, desponta pela cortina que separa a cozinha do caixa. Ela é uma ruiva esbelta louca por sotaques espanhóis.
- Aqui está. - Estende a sacola e inclina o corpo esmagando o balcão com os peitos. Coloco a nota no balcão, empurrando devagar em sua direção. Pisco para ela quando me viro:
- Fique com o troco.
De volta ao estúdio e de estômago forrado, Marco, responsável pela nossa banda no concurso, dita tudo que precisamos melhorar. O cara parece ter um estoque extra de saliva e oxigênio, pois não respira nem nada. Eu amo a banda, mas não consigo prestar atenção em caras que bebem Ice e já acham que estão bêbados o suficiente para arrancar a roupa e beijar outro cara. Fala sério, era refrigerante de limão.
- Joey? - Sacudo a cabeça, voltando a prestar atenção no suco de fruta.
- Sim?
- Eu realmente espero que o motivo de você estar me olhando como se eu tivesse três bolas seja por que está prestando atenção.
- Claaaro!
Marco respira fundo e olha para cima como se uma luz divina fosse aparecer a qualquer momento.
- Vamos lá. Façam o cover de True Friends logo.
Segunda-feira, 08:04, Colégio Columbia, por Cameron Libertini.
- Quero os trabalhos em cima das mesas em 5 minutos.
Acho que estou sonhando. Mas a realidade me acerta como um soco no estômago.
- Libertini? - Ela estende a mão em minha direção, me encarando em desafio. - Suponho que esse papel seja o seu trabalho, uh?
Levanto a cabeça e viro a folha na ponta da mesa.
- Ah não! - murmuro.
Na folha, um desenho da Srta. Mascavo. Não um desenho qualquer. Olho para cima e seu rosto está vermelho o suficiente para saber que estou encrencado.
- Saía! - Rosna, apontando para a porta.
Bem, não é segredo para ninguém sobre minha mente pervertida. Também nunca fiz questão de negar.- Estou surpreso. Há meses não o recebo em minha sala. - diretor Marcel diz.
- Não há fundamentos para minha ilustre presença aqui hoje. - Começo - Estou perdendo aula, sabia?
- Acho que você está se lamentando mesmo é por não poder ver "os peitos empinados" da Srta. Mascavo.
Ele ergue a folha, mostrando um desenho da minha professora de arte completamente nua "se tocando".
- Já disse que não fui eu.
- Já disse que não acredito.
- Por quê? - solto. Ele nunca acreditou em mim, quer dizer, antes eu tinha culpa realmente. Só que esse não é o caso.
Marcel pousa os cotovelos na mesa e olha em meus olhos.
- Porque conheço sua mãe e seu espírito impetuoso. Vocês dois são idênticos.
- Tá. Qual a punição? - Ele abre uma gaveta, pegando alguns papéis.
- Estive olhando suas notas... - começa - Bom... muito bom.
- Você pode, por favor, desembuchar de uma vez? - Agora sua expressão é puro desafio.
- Bem-vindo ao grupo de estudos do Colégio Columbia, Cameron Libertini. - Diz meu sobrenome com puro sarcasmo.
Espera aí...
Heather Cooper é a presidente dessa merda.
Não, não, não. Quanto mais eu corro do diabo, mais assombração aparece.
- Merda.
+++
Até a próxima!
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Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)
Teen Fiction"Heather Cooper é como a letra de uma canção nunca terminada. Como uma fórmula matemática nunca solucionada. É uma língua nunca explorada. Um paradoxo. Uma fórmula química perigosa. Sua face angelical, nos engana. Porque no fundo, ela é sacana."...