5. Evite Blackouts

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Já vou começar pedindo desculpa!
Agora explico: sou muito inconstante. Tô sempre mudando uma coisa ou outra. Mas juro, juradinho que essa é a ultima vez! ~Do que essa louca tá falando?~
Bem, agora os meninos são a Our Madness! A mudança no nome não irá interferir em nada a estória.
Agora deixo vocês lerem.
Boa leitura!
+++

- Mas que porra! - exclamo pela quinquagésima vez.

Enquanto tento me deslocar do palco, tropeço, novamente, em um dos fios do microfone.

Poderia apostar minha coleção de miniaturas de carros antigos que estou cheio de marcas roxas.

- Corey, você ainda tem aquela lanterna? Estou sem meu celular. - resmungo, tateando os bolsos.

A verdade é que estou inquieto.

- Não, cara. Deixei no carro.

Com toda certeza essa não é minha semana de sorte. Primeiro levo uma bolada na cara - o que me resultou uma marca vermelha gigantesca na testa - meu livro de biologia cai na água, entro numa briga e por último, mas não menos importante a luz acaba no meio da apresentação.

A lanchonete está um caos. Gente falando alto, outras gritando. Alguém começa a falar, reconheço que é Ryan. Ele pede para seguirmos a moça com a lanterna apontada para cima que nos levará em direção a saída. Frustrado, desço do palco sendo guiado por Marvin que está com o celular iluminando.
Já na rua, o breu é ainda pior.

- Droga! É um blackout. - diz Marvin.

- Uau. E qual será sua próxima descoberta, gênio? - zomba Joey, se escorando em um carro.

Viro para o lado, tentando achar He... Isa e sinto algo quente molhar minha camiseta.

- Porra! - murmuro, afastando o pano de mim. Essa coisa está pelando!

- Oh meu Deus! Me desculpe. Droga, como sou desastrada. - exclama a causadora.

Encaro o par de olhos escuros em minha frente. Respiro fundo uma... duas... três vezes. A garota me encara, preocupada.

- Deus! Diga alguma coisa... Te queimei? - pergunta, mas só vejo seus lábios se movendo.

As ruas estão iluminadas apenas por lanternas e celulares. Mas, ainda assim, consigo ver seus cabelos ondulados pelo rosto. Sua expressão aflita. Mas seus olhos... não são mais avelã: São escuros e tempestuosos. Da mesma forma de alguns minutos antes. Pisco várias vezes. O avelã me deixa confuso, perdido. O negro é magnético; me prende.

Chego a conclusão de que não gosto de nenhum dos dois.

- Estou bem. - afirmo, desviando os olhos. Ela comprime os lábios, formando uma linha reta. Balança a cabeça concordando.

- Heather - alguém resmunga atrás dela.

- Sim?

O tal cara se aproxima. Olhos verdes me encaram.

- Quem é seu amigo? - pergunta, pousando a mão nas costas dela. Acompanho seus movimentos.

- Cameron. Onde está Tyler, Rodrigo?

- Cameron, huh? - começa Rodrigo. Seu sorriso é nojento - O vocalista da banda de via... - Heather dá uma cotovelada indiscreta nele. - Calma, gatinha, ia dizer que os caras são bons.

Balanço a cabeça, concordando. Não consigo dizer nada.

- Ahn... Acho que... estamos indo. - ela gagueja, mas no momento estou muito irritado para prestar atenção.

Quer dizer, o que ele está pensando?

E, assim como chegou, ele saiu, levando Heather.

- Fiquei no meio de um blackout, levei um OUT.

- Cala a boca, Joey.

Quinta-feira, 15:08, Lago Nuevo Puerto.

Beira Rio não tem rio algum... isso todo mundo já sabe. Mas, como toda e qualquer cidadezinha interiorana, temos um lago. Claro que existem dezenas de outros espalhados por aí, mas o principal é o Nuevo Puerto. Júlio Nuevo Puerto, filho de um dos fundadores foi o felizardo. Segundo nossos livros de história o cara foi um fanfarrão. Construiu o casarão que fica do outro lado do lago. Agora é um museu.

Marvin está ridículo com seu chapéu de pesca e roupa camuflada. Joey pula na água a cada 30 segundos. Corey está concentrado em sua nova composição.

- O que você acha? - ele começa, colocando o lápis atrás da orelha. - "She was crazy... A reverse personification of perfection... God knows... That I love her"

- Acho que com a combinação da guitarra e bateria vai ficar bom.

Dou três batidas no braço da cadeira, simulando a possível melodia. Corey sorri e volta para seu caderno.

Em dois meses será nossa primeira aparição em rede Internacional. O único tranquilo com isso tudo é Joey. Bem, Joey é um caso a ser estudado.

- ¡Dios mio! A água está gelada.

Joey é naturalmente espanhol. Veio para Beira Rio há uns 5 anos e ainda não deixou sua língua nativa. Principalmente quando está nervoso.

- Você viu a temperatura hoje? Está 10°, seu idiota! - exclama Marvin, dando um pescotapa em Joey.

- Quando você abrir os olhos nós conversamos.

- Se casem logo e poupem nossos ouvidos dessas DRs. - digo e recebo dois dedos médios como resposta.

- Quando você vai trazer uma menina para casa?

Encaro minha mãe com as sobrancelhas franzidas. Estamos na sala vendo um programa sobre feminismo e machismo.
- Que papo é esse, mãe?

- Você nunca trouxe nenhuma garota aqui... Ah, não. Trouxe, sim. Aquela... Como é mesmo o nome dela?

- Vanessa?

- Isso! Credo. Vanessa é nome de piriguete. (N/A sem ofensas)

Se minha mãe souber do que Vanessa é capaz...

- Por que esse papo agora?

- Estou começando a achar que você é gay, querido. Há anos só vejo meninos entrando e saindo daqui. Nada contra isso. Mas, se você for, me diga, está bem? - ela me encara com aquela expressão de "Estarei aqui quando você sair do armário".

- Não sou gay. Gosto de mulher.

Quando eu tinha doze anos minha mãe tentou me explicar como os bebês nascem. Até aí tudo bem. Mas então ela começou a falar de como uma vagina funciona e como estimular um clitóris. Disse também que os peitos ficam como faróis acesos. Foi traumatizante.
Por essas e outras não compartilho minha vida sexual com minha mãe.

- Só me diga... Você tem andado usando roupinha no palhaço?

Meu. Deus.

- Mãe! - resmungo. - Vamos não falar sobre isso?

Ela suspira, revirando os olhos.

- Só por hoje.

Essa semana passou tão rápido quanto as visitas do meu pai. Acredite, são rápidas mesmo.

Hoje é sábado e estou jogado na minha cama encarando o teto. Coloco o braço no rosto e sinto uma dorzinha na testa. Toco o lugar onde levei a bolada e suspiro. Olhos cor de avelã preocupados invadem minha mente.

É incrível como eles estão presentes no começo e fim dos meus dias.

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Até a próxima!

Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora