10. Não faça merda.

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Milagres acontecem e cá estou antes das 22:00!!!
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Terça-feira, 13:05, biblioteca Colégio Columbia.

Dizem que o primeiro passo para a cura de algo é admitir. Por mais que seja difícil precisamos fazê-lo. Então, eu, Cameron Turner Libertini, admito que sou um completo idiota.

Uma série de eventos indica isso e vou ditá-los.

Ontem, Bernardo, um conhecido, deu uma festa gigantesca no começo da semana só porque ele pode - O cara é emancipado, mano. Todos sabem que a Our Madness adora uma festa, então fomos. O Ministério da Adolescência contra o mal da bebida adverte: Não beba com a cabeça fodida. E foi exatamente isso que eu fiz.

Pra começar, eu odeio bebida alcoólica. Mas uma coisa leva a outra, então eu bebi. Cara, uma garrafa cheia de vodca com maracujá. E mais uma vez o Ministério da Mente Fodida adverte: Não dê uma de Jack Stripador e saía beijando um monte. E foi isso que eu fiz. Não vou ser covarde e colocar a culpa na bebida. Vou colocar a culpa em uma cor: âmbar.

Quando o álcool surtiu efeito no meu sistema, minha cabeça - já fodida, pra relembrar - começou a ter flashbacks.

Eu estava sentado no refeitório, sentindo o momento pós-show quando ela entrou. E, ao seu lado, Jonas e seu amado uniforme do time de basquete. Seu braço direito descansava nos ombros dela e aquilo me causou náuseas.

Lembro de ter pensado em assassinato a borboletas. E então comecei a rir feito o idiota que sou. Então mais um flashback.

Eu tinha 15 anos. Estava sentado na areia do lago Ascencion, quando olhei para o lado e a vi. Estava com Ana e Marceli rindo de alguma coisa. No momento quis ser uma mosca e saber do quê.

Claro que já tinha visto garotas de biquíni antes, mas vê-la em seu biquíni azul marinho me deixou abalado. Nem mesmo quando via Joana nua me sentia assim. Sua pele levemente bronzeada e seus cabelos tão rebeldes me deixaram desconcertado. Foi a primeira vez que senti meu coração se apertar e várias vidas no meu estômago. Agradeci por homens não engravidarem.

Então uma garota parou em minha frente e sorriu de forma sacana. Sacana. Ela disse "Aposto que o tom dos seus lábios combina com a cor do meu batom". Na hora achei aquilo sensual, mas agora que penso bem, tenho vontade de rir. Mas ela merece algo pela criatividade. Enfim, eu beijei ela.

E mais outra, mais outra, mais outra, mais outra...

Até vomitar aos pés de uma loira peituda demais. Lembro que achei ela familiar. Mas o que não falta em Beira Rio são loiras peitudas demais.

E isso é o que me lembro, antes de ser carregado por Corey. Ele disse que cantei Zezé di Camargo e Luciano o caminho inteiro.

Agora, parado na porta da biblioteca, com a pior ressaca do mundo, me sinto mais idiota ainda. Mas, acima de tudo, me sinto covarde.

Por que eu simplesmente não fui um cara normal e aceitei minha condição?

Alguns dias atrás, Heather disse que estava admirada. Que eu não era o cara ruim que parecia ser. Até me chamou de legal e sorriu. Cara, ela sorriu. Não qualquer sorriso... Aquele acompanhado daquele olhar. Aquilo me desarmou. No momento em que cheguei na escola e a vi, eu soube: fui um babaca e estraguei tudo. Não dá pra estragar o que nunca existiu. Meu subconsciente cantarola. Tá legal, agora eu tenho um subconsciente tagarela.

Vejo ela caminhar em minha direção pelo corredor. Sua expressão é neutra e seus olhos impassíveis. Ela não está sorrindo.

Tento ignorar, mas estou nervoso. Passo a mão no cabelo diversas vezes, mas não consigo desviar o olhar de seus olhos. Ela para em minha frente e permanece calada por um tempo com uma expressão interrogativa. Enfim fala:

Como resistir a Heather Cooper (Em revisão)Where stories live. Discover now