Capítulo 11: A vida como ela é

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Quando entrei na sala de informática respirei fundo. Pela primeira vez em semanas teria Théo novamente sentado ao meu lado. É, eu tinha burlado as regras de não trocar a dupla. Confesso. Enquanto Adriana estava em Ouro Branco, tinha me sentado com a chata da Priscila e Théo tinha ficado sozinho.

O pior é que eu sentia a falta dele. Muito mais do que poderia dizer. Na minha cabeça a gente era aquele esquema goiabada com queijo, Batman e Robin sem roupas barangas. Talvez estivesse na hora de terminar aquela briga idiota e deixar tudo voltar a ser como era antes.

Mas é claro que a vida (essa linda), não deixa que as coisas sejam bem assim.

Assim que entrei no laboratório lá estava Théo conversando com a Raquel. E não era só o fato de Raquel ser uma idiota pedante sem cérebro. Théo estava rindo. R-I-N-D-O. Daquele jeito que ele fazia quando estava lá em casa enchendo o saco de todo mundo no Twitter.

Minha vontade foi dar um soco na cara dele. Como é que ele podia se divertir com aquela menina? Tá, eu sei que todo mundo tem um namorado ou namorada idiota na vida, mas será que ele não tinha aprendido nada com todas aquelas séries e filmes que a gente via? Rory Gilmore NÃO fica com Dean. Mary Jane só ferra Peter Parker. River Song não tem seu final feliz com o Doctor.

Assim que cheguei perto da mesa, Raquel me olhou com sua cara entojada. Aquele cabelo preto lambido parecia refletir toda a luz presente na sala de um jeito que só podia ser de propósito. Não me dignei a olhar pro Théo, só joguei minha mochila do lado da cadeira e apertei o power na CPU morrendo de raiva no maior estilo Harry livro 5.

- Oi, Luísa – ele falou daquele jeito Théo super simpático que só me fez odiá-lo ainda mais por existir no mesmo ambiente que eu.

- Hum – foi o máximo que consegui emitir.

- Deixa pra lá, Théo – uma voz próxima retorquiu. Eu revirei os olhos e fingi me concentrar na minha mochila quando vi que era a Priscila. – Luísa não conversa mais com nós, reles mortais. Agora ela só se envolve com o pessoal popular da outra sala.

- Não enche, Priscila – eu falei sem a menor paciência.

- Longe de mim querer encher a mais nova candidata a realeza da escola – ela continuou. Porque era a Priscila e ela sempre continuava. – Não esquenta, Théo. As verdadeiras amizades continuam aqui.

Priscila calou a boca quando Adriana entrou na sala e sentou-se com ela na mesa ao lado. Esperta ela. Nunca se atreveria a brigar comigo com Adriana por perto. Tudo bem, se ela queria jogar, então que fosse.

No maravilhoso mundo feliz da professora Fernanda tudo estava bem e passamos a próxima meia hora felizes fazendo uma tabela de cores no Excel, mas por dentro eu estava esfumando mais que o Expresso Hogwarts.

E sabe qual era a pior? O Théo. Lá estava ele parecendo uma mula empacada, sem dizer nada. Como ele podia agir daquele jeito tosco comigo, jogando todos os nossos anos de amizade fora?

Quando a aula acabou, fui a primeira a sair do laboratório, praticamente correndo pra sala da nossa turma. Foi Adriana quem me alcançou primeiro:

- Qual o seu problema? – perguntou ela com um tom meio Molly Weasley. Ok, chega das referências a Harry Potter hoje.

- Meu problema? Pergunta qual o problema dele.

- Você ainda pode chamá-lo pelo nome, Luísa – Adriana parecia impaciente. – Eu não entendo o porquê dessa briga idiota de vocês. Você não sente falta dele? Porque ele sente a sua.

- Como é que você sabe? –perguntei mais atrevida do que deveria. Por que será que a gente sempre desconta raiva nos nossos amigos e não nas pessoas que merecem?

Nada mais que o normalWhere stories live. Discover now