Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]

Capítulo Vinte Um - Parte I

Apesar de ser conhecido como intransigente, o rei de Wanderwell acreditou nas palavras da princesa e lhe concedeu pela primeira vez uma chance. Ele confiou nela, Mia viu isso em seus olhos. Contudo, ela não saberia dizer se o motivo da confiança viera pela primeira vez de um lado paternal, a preocupação com Thor, ou o medo que ele não admitiria em voz alta: perder o único filho homem e deixar seu velho trono para a filha, correndo o risco de num futuro breve perder o nome Meszaros.

Fizeram um acordo e tiveram a ajuda de Rhys Gleccor e Legrand. No momento, os boêmios estavam a caminho de Skyblower para contar parcialmente a verdade ao rei nortenho, nunca para a rainha.

Mia ainda pensava nas últimas palavras trocadas com o rei Edvard:

– Princesa, eu lhe peço somente para que não hesite – ela olhou para seu rosto porque não tinha entendido suas curtas palavras: – Eu amo filho Amélia, todavia eu não sei se já o perdi. Então se for entre você ou Thor, Mia, apenas peço que não hesite.

O rei não esboçou expressão em suas palavras.

– Eu trarei Thor de volta, rei Edvard. – Foram suas últimas palavras antes de partir. Ela prometeu, não somente a ele, mas a si mesma. Disse a Thor que não desistiria dele, e era isso que estava decidida a fazer.

– O que ele disse? – Perguntou Mia a Lucky Berbatov, fixando seu olhar sobre ele montado no cavalo, andando com a casual expressão de mal humor. Ele arqueou as sobrancelhas e tombou o rosto para o lado dela. O rei cedera mais equipamentos para a viagem como cavalos, suprimentos e dinheiro.

– Quem? – Questionou ele, se endireitando no tronco do garrano, como quem não estava confortável, os pontos da facada na perna ainda lhe incomodavam.

– Thor. O que ele disse a você para ficar tão irritado ao ponto de abrir sua cela? – Mia continuou neutra, mas com a voz oscilante causada pelos trotes dos cavalos. Segurava aquela pergunta desde a partida de Wanderwell, uma espera muito bem aproveitada afinal agora ela podia perguntar com calma, porque antes não era o caso. A princesa tinha esperado os cavalos de Elliot e Emily pegassem uma certa distância a frente para que Lucky não se sentisse pressionado.

– Eu já lhe disse – ele respondeu, enfezado. – Seu príncipe esperou eu me distrair para me atacar!

Mia revirou o olhar para ele.

– Lucky, eu vi a chave no chão. Na certa você abriu a cela porque o príncipe disse algo que te irritou. E claro, você bobinho e explosivo, caiu. O que era?

– Pelos deuses, por que eu não acompanhei Louis e Ari?! – Resmungou o ladrão, olhando para o céu.

Já faziam três luas que estavam viajando pelas estradas, atingindo quase doze léguas por dia já que não carregavam demasiada bagagem além de armas e comida. O clima estava sendo cumplice, afinal como seguiam em direção ao Sul do continente a primavera era doce, sem muito sol e nem muito frio. Porém os dias eram exageradamente longos e completamente cansativos. Mia sentia suas coxas queimadas e doloridas pela cavalgada, seu corpo implorava por descanso, mas ela pensava no seu objetivo e contava até dez, precisava e era imperativo que ela mantivesse a perseverança.

Ainda faltava mais um dia e meio de viagem, assim teriam feito pouco mais de cinquenta léguas para chegar ao vilarejo ao sudeste onde tudo acabara, onde Ceres e provavelmente Joseph foram mortos. Mia tinha a certeza que Thor junto de Sabrina e Drazhan estavam naquela rota, afinal qual melhor lugar para finalizar uma reencarnação que onde a pessoa morrera?

A viagem decorria silenciosa e com monotonia. Berbatov estava emburrado, tinha seu orgulho ferido por ter sido enganado e ferido pelo príncipe de Wanderwell, ele não falava se não fosse para fazer um comentário sarcástico. Mia tentava manter o controle, mas estava farta da personalidade do ladrão. Desde o inicio sabia que não era uma pessoa fácil de lidar, mas o fato dele ter sido o principal pivô da escapatória de Thor e não apresentar nem mesmo um mero pedido de desculpa revoltava a princesa. Emily não fora de falar muito e Elliot as vezes tentava animar o clima, sem sucesso.