Capítulo Três

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As portas se abriram e Mia caminhou até o rei e a rainha. Sentia-se como uma prisioneira pela maneira que os guardas lhe acompanharam pelos corredores mais reservados do castelo até o salão principal, garantindo que a nobreza não visse o estado selvagem que se encontrava a futura rainha de Skyblower. Outros cavaleiros vieram na frente avisando sua chegada, mas isso não mudou o fato que aos seus pés tocarem solo real, tudo foi uma loucura.


Via-se os olhares assustados escondidos atrás do mero respeito obrigatório dos servos que a receberam; encontraram-na sem toda a etiqueta exigida ali. O som em sincronia da marcha dos guardas que a escoltavam soava frio e rígido onde nada mais fazia barulho no salão de Skyblower; ali aconteciam todos os encontros importantes, bailes, coroações durante séculos, um dos ambientes mais bonitos do castelo. O âmbito exageradamente grande tinha seu solo de mármore cor-de-mel tão bem polido que permitia-lhe ver seu reflexo nele, não saberia responder se aquilo que via era seu cabelo ou um ninho de pássaro.

Pilares largos foram dispostos em simetria revestidos em pedras cintilantes, dando um clima gélido para o recinto em junção com as paredes, a tonalidade de cobre enfeitada por detalhes precisos de pequenos sóis. As amplas janelas se espalhavam por todo o Oeste sendo cobertas por cortinas grossas de rubro. Porém, em todo aquele âmbito o que chamava sua atenção era os amplos lustres, onde o óleo ardia em lanternas brilhantes, eles a fascinavam por seu tamanho majestoso e por sua beleza.

O ar estava com um cheiro pesado, limão-doce e canela. O frio percorria sua barriga e hesitar não era uma opção. Caminhou aprumada e de cabeça erguida para o final do salão onde o rei e a rainha estavam, infelizmente, não sozinhos. Tinham a companhia de seu irmão mais novo, Elliot Norwood. Mas seu incomodo se encontrava a casa ao lado, quando viu o homem que encontrara na floresta outro dia, o mesmo que ela procurara como uma lunática mais cedo, e Mia deduziu que ao seu lado estava o pai dele.

Encarando o rei do Norte, mesmo de longe seus olhos de desaprovação eram claros e congelantes.

A rainha de longe percebia-se que não dormia há dias graças as olheiras mal cobertas pela maquiagem.

Mia observou todos fitarem-na com olhares abismados, sua princesa parecia uma sem teto. Entretanto, o único que não mudara sua expressão fora o rei, a severidade em seus traços era clara mesmo de longe.

A marcha sincronizada para e os guardas se reverenciam aos seus reis que se encontravam na parte superior sentados aos tronos.

– Sentira minha falta, rei Erwin? – As palavras deslizaram de sua boca assim como a reverência.

– Minha filha, o.... O que lhe aconteceu? – A rainha perguntou com o queixo caído.

– A floresta não é um lugar tão limpinho, majestade – respondeu-lhe com naturalidade, mexendo nos fios negros, tentou disfarçar quando sentiu seu dedo enroscado nas mechas.

– Mas, essas roupas...? – Ela não sabia o que dizer, perto dela Mia parecia demasiadamente uma sem teto. Suas joias brilhavam com a claridade do salão, um vestido azul turquesa que combinava com os acessórios dispendiosos, os fios loiros acobreados trançados com uma tiara de brilhantes finalizando seu penteado, seus cabelos claros eram radiantes com a luz.

– Não aprecia meu novo traje, querida rainha?

– Não é hora de se preocupar com roupas, Adelaide – finalmente o rei Erwin falou, seu timbre carregava como sempre o tom seco e desdenhoso.

– Mas como pode ver minha rainha, sua filha está viva, e você tem razão, meu rei, está na hora de falar sobre a mulher que você mandou prender injustamente.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora