Capítulo Quatro

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O maior e o principal reino do Leste era Wanderwell, não somente conhecido por uma beleza estonteante tão citada em livros de poesias, mas também por sua principal especialidade a pesca. Wanderwell durante muitos anos liderou sozinho as frotas marítimas de Reynes com o seu grande Porto de Syrene. Assim como Mia, Thor Borislav Meszaros era o primogênito da família real Meszaros, tornando-o próximo futuro rei de Wanderwell, todavia, sempre foi o filho que acompanhou seu pai em todas as viagens para Skyblower quando novo, e mesmo sendo alguns anos mais velho que ela, não impediu o nascimento de uma amizade. Então, mesmo sendo criada com toda proteção e delicadeza do mundo, Thor ensinou Mia a caçar, porém ela não levava jeito algum para matar animais indefesos.

Mia encostada no peitoril da janela, obrigou a voltar para a realidade fora dos porta-retratos que observava tão vagamente, quadros de ancestrais da casa Alksel, a família real antes da união com a casa Norwood. Com a morte da rainha Karleen Alksen, avó paterna de Mia, o nome da casa Norwood tornou-se o nome oficial da família real de Skyblower, causando uma distante intriga entre ambas casas, nada que se poderia levar a sério. Porém a família Alksel ainda tinha uma ligação distante no trono que não era bem vista aos olhos da nobreza e da família Norwood.

Ela virou-se na direção da janela para observar o céu gris da manhã, o tempo passava muito devagar no castelo.

– Aqui está... – Thor Meszaros a estendeu a mão que segurava um arco de dupla curvatura, na outra mão encontrava-se a aljava preenchida com setas de Lucky Berbatov. Ela tinha esquecido completamente delas.

– Quando você estava conversando com o rei Erwin após sua chegada, eu ofereci-me para entregá-la seus pertences.

Mia ainda se perguntava como pudera ter esquecido o arco daquela forma, ele simplesmente se apagou da sua mente. Sorriu e apanhou-o com delicadeza, sentindo a superfície incrivelmente gélida do aço que forçava sua dupla curvatura, logo com a outra mão pegou a aljava.

– De fato, é um arco muito bonito e muito bom. A rainha já lhe permiti usar armas?

– Nem em sonhos, "damas não devem usar armas"– imitou a voz dela e riram enquanto começamos a andar pelo corredor. – Porém, o bom em tudo isso é que meu pai... O rei, acha bem conveniente que sua futura rainha entenda de lutas e guerras, então pelo menos nisso ele me apoia. Por que esse arco é tão bom? – Perguntou examinando com os seus dedos sua superfície, ele possuía detalhes como respingos de tintas da cor do arco, prateado metálico.

– Não sou um especialista em arcos, contudo posso notar que esse é um arco único. Ele é grande e resistente, porém seu aço é leve, o que torna seus movimentos mais rápidos e ágeis. Conheci uma vez um homem que tinha um parecido, era incrível o que fazia com o arco.

Mia pensou que aquele homem sentia falta de sua arma e a amaldiçoava de todas as formas naquele momento, esperava que ele não tivesse matado Ari por aquilo.

– Quem o deu para você? – Perguntou Thor.

– Ah, gostaria que fosse meu, porém não é. Ele pertence a um estranho que encontrei na minha aventura – ela saboreou a palavra. – Poderia me dizer por que é de grande importância?

– Um velho amigo meu é um profissional nesse ramo, um fabricante de armas. Fora um grande companheiro de viagem também, a convivência me permitiu aprender um pouco mais sobre todos os tipos armas.

– Ele é de Wanderwell?

– Não. Enzo Forde fora nascido e criado em Helsker, o reino do Oeste, porém ele foi trabalhar no sul.

– Acredita que ele poderia projetar um arco deste para mim? Meus arcos não são tão bons como este.

– Ele não me negaria um serviço, a próxima vez que nos encontrarmos lhe pedirei um arco tal como este.

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora