Capítulo Vinte

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– Quem é você? – Mia questionou, outra vez.


"Eu me chamo Joseph Borislav", a voz na sua cabeça respondeu. "Sou um caçador espírita"...

E toda aquela outra vida tornou-se negra e desapareceu, igualmente as outras vezes.

Mia abriu os olhos, exausta. Sentia sua cabeça latejando, ainda mais forte do que as outras tentativas e involuntariamente deixou um grunhido de dor escapar.

– Está na hora de parar, Mia – a bruxa aconselhou, afastando as mãos de sua cabeça.

– Estou um pouco cansada, mas eu posso continuar – a princesa insistiu tocando na sua mão para que Emily não levantasse da cadeira.

– Mia, eu apenas peço para você descansar um pouco – disse ela numa voz mais suave através dos lábios carnudos e levemente escuros, tendo na região do centro uma cor mais rosada que dava um contraste a cor negra. – Nós não podemos forçar nada e estamos exigindo muito. Sua mente foi enganada por uma magia muito forte durante dezessete anos. Tentar adentrar a mente de Ceres, desta forma violenta, sem causar prejuízos para você, é impossível. A melhor coisa que poderá fazer agora é descansar para talvez termos mais progresso mais tarde.

Mia não lhe respondeu, porque não sabia o que deveria responder. Talvez, Emily estivesse certa, mas assentir com um descanso era assentir com mais horas de pura ansiedade e agonia.

As cinco últimas luas foram silenciosamente perturbantes para Wanderwell. A rainha havia falecido, subitamente, por uma assustadora "tuberculose" e assim, seu reino caia em luto. O rei desolado pela morte de sua amada fizera um tocante discurso, no terceiro dia, de como sua mulher lhe faria falta e como seus filhos estavam infelizes com sua partida tão dolorosa. Thor estava ao lado de seu pai e de sua irmã, na companhia dos tios, diante ao público da corte. A presença do príncipe não foi marcante no evento, ele manteve-se cabisbaixo e com as mãos nas costas. Mia sabia que o rei de alguma forma maldita o obrigou a estar ali, apenas para o discurso, porque Thor não esteve presente no sepultamento de sua mãe.

E tudo que Mia fizera fora fechar as portas do seu emocional para aquela melancolia desgraçada que corria dentro das muralhas de pedra velha, mas a princesa tinha certeza que às vezes ela escapava para o mar.

Ela ligara os pontos certos no dia do atentado, Drazhan e Sabrina fizeram uma tentativa de reencarnação de Joseph Borislav, a cobaia seria o próprio Thor, o descendente homem mais próximo e sadio da linhagem dele, entretanto Sabrina não teve tempo o suficiente para terminar o ritual, eles a impediram, mas não há tempo.

Mia ainda tinha pesadelos com o momento no qual foi ferida por Thor.

O livro encontrado no escritório da rainha lhes fez concluir algumas respostas, a consequência daquela batalha foi uma intermediação.

Thor se encontrava numa fase de transição, o feitiço incompleto resultou numa crise de dupla personalidade, ou seja, uma parte de Thor amava incondicionalmente Mia, e a outra, simplesmente a odiava. Não sabiam quando que aquelas personalidades divergentes poderiam se manifestar.

Por essa razão, o próprio príncipe de Wanderwell declarou não querer ver Mia.

Ela, por sua vez, não tinha coragem de encará-lo. Não queria ser repulsada. Não queria ouvi-lo dizer que não queria mais vê-la e que sua escolha de ficar com ela resultou naquilo.

No dia do discurso, Mia estava inteiramente preparada para olhar no rosto de Thor e falar com ele pela primeira vez. Mas ela sabia que não seria fácil, o rei lhes proibira de ficarem juntos sem, no mínimo, dois guardas presentes. E como Mia perguntava notícias recorrentes de Thor para Astrid, tudo que ela sabia dizer era que por ordens do rei, guardas particulares agora acompanhavam ela e Thor todos os momentos do dia e da noite. Contudo no terceiro dia de manhã, Astrid tivera uma nova notícia:

Ceres - Você sabe quem é o Inimigo [LIVRO 1 - COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora