A missão de ser mãe

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Kensi Scott é uma ex-fuzileira naval, que serviu no Oriente Médio por anos. E após voltar para casa completamente perdida, dilacerada pelas suas próprias emoções, assombrada pelas lembranças dos corpos sem vida dos seus amigos de equipe, afogando-se no remorso e  sentindo-se culpada por ser a única sobrevivente do massacre.

A marinheira com treinamento tático de causar inveja em qualquer um, estava destruída. Ela não tinha medo da morte, já enfrentou as mais diversas situações de perigo, foi torturada, sequestrada, atingida por uma mina terrestre e outras façanhas não muito agradáveis. No entanto, nada disso havia lhe causado tamanha dor, nada comparado a perder seu esquadrão, retornar para os Estados Unidos sozinha era excruciante, deixar todos que ama num caixão era muito mais difícil do que qualquer campo de batalha.

2003

Com uma medalha de honra, por bravura e um laudo psiquiátrico atestando estresse pós traumático, a mulher, de olhos heterocromaticos, recebeu dispensa honrosa. Ela estava prestes a colocar uma pistola na boca e desistir de tudo. E a campainha tocou, o carteiro deixou o resultados dos seus exames, foi nesse momento que um raio de esperança surgiu: uma gravidez. Aquele emaranhado de células, que crescia em seu ventre, fez com que Kensi sorrisse de novo. Seu grande amor e também desarmador de bombas, Anthony Deeks, tinha lhe deixado um último presente.

No dia que Serena nasceu o coração da atiradora de elite bateu com tanta vivassidade. Era como se quase todo o vazio ,que a morena sentia, fosse preenchido só de olhar nos olhinhos da  recém-nascida. Naquele momento, Kensi sabia que o bebezinho em seu colo seria a sua razão para viver.

2020

17 anos depois, Serena cresceu e se tornou uma jovem linda, inteligente, e talvez, mais geniosa do que deveria. Somando isso a  personalidade marcante da mãe a relação entre mãe e filha era complexa.

Nunca é fácil criar uma criança, ser mãe era a missão mais complicada que Kensi tinha recebido, ela amava aquela garota com toda as forças do seu ser. Faria de tudo e para protegê-la. A fuzileira só não conseguia expressar isso, tantos anos no inferno lhe fizeram endurecer demais, falar sobre seus sentimentos não era uma opção, por mais que Kensi amasse Serenan, ela nunca disse "eu te amo" para filha.

Uma adolescente teimosa e uma mulher traumatizada é, sem dúvidas, uma mistura explosiva. O relacionamento das duas era intenso, tempestuoso, repleto de percalços, as brigas eram constantes. E depois de ambas começarem a ignorar as sessões de terapia a situação só piorou.

Serena pode ter sempre demonstrado ser uma pessoa resistente. Entretanto, no fundo, ela sentia falta de palavras mais doces da sua mãe. Ela queria desesperadamente atenção e era capaz de tudo para isso, aos 17 anos, a moça já acumulava dezenas de expulsões do colegio, ficha na polícia e algumas passagens pelo reformatório.

Abigail, a avó partena de Serena, estava determinada a tirar a neta dali e fez um intimado para Kensi. Segundo a senhorinha de idade avançada, Kensi é Serena teriam que viajar por alguns dias e se resolverem de vez, caso contrário, ela tiraria a guarda da menina. A senhorita Scott não fazia o tipo que ficava com medo, mas Abby Deeks era uma mulher poderosa, atualmente senadora. O passado militar de sua família lhe fez cair nas graças do povo. Mesmo a contragosto Kensi aceitou a proposta.

- 18 horas trancado num avião. Argh! A senhora pode não ter uma vida social mas eu tenho. - Serena esperniava já dentro do avião.

- Estou tentando, tá bom? Você nem faz ideia de como estou me esforçando para não te perder.

- Como se ligasse para mim.

- Filha, não diga isso.

- Você se importa? Nunca ligou para mim. Nunca foi a um único treino de basquete, nunca foi nas minha feiras de ciências. Nunca se deu ao trabalho de sair de casa para me ver apresentar as peças de teatro na escola. Ao menos, tenha a coragem de dizer que não me ama.

Contos para se emocionar: porque amor de mãe é infinitoWhere stories live. Discover now