O que é ser mãe?

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O que é ser mãe?
Cuidar de alguém sempre? Amar incondicionalmente? Compreender uma vida como ninguém? Ter laços emocionais eternos agarrados, entrelaçados e unidos a alguém? Era isso que significava ser mãe?

Eu tinha um trabalho para entregar daqui a dois mês e o tema era, o que é ser mãe. Eu rir alto quando o meu professor da faculdade disse isso. Levantei a mão e questionei:

— Por que eu preciso saber? Não quero ser mãe.

A turma toda ficou em silêncio. O homem alto e magrelo com óculos na frente da turma cruzou os braços com uma expressão séria no rosto.

— Você, como todos nós Srta. Alencar, teve ou tem uma mãe. Quero que estudem e analisem esse sentimento que cresce absolutamente sem aviso.

— Mas para que? — eu voltei a questionar e o sinal do intervalo tocou, mas o homem fez um sinal para que todos permanecessem na sala.

— Sabe Srta. Alencar, eu passei esse trabalho que vale um terço da nota do trimestre justamente para pessoas como você, céticos de que essa ligação fundamental realmente exista e seja forte, pararem de desrespeitar essas mulheres guerreiras que aguentam de tudo por seus filhos. Enquanto estiver fazendo seu trabalho, se pergunte: Por que mulheres saem de casa deixando seus filhos sozinhos? Por que as vezes passam tempo com outras crianças sem serem seus filhos? Por que cuidam, protegem e escutam os filhos de outras mães enquanto os delas sentem falta? — ele faz uma pausa enquanto meus ombros se encolhem. — Agora sim, turma dispensada.

Eu fui para casa naquele dia com a mente atordoada. E parecia que o universo todo estava contra a mim. Porque tudo que eu vi até o caminho da minha casa eram mães. De todos os biotipos, jeitos e etnias. Elas estavam espalhadas por todos os cantos e isso foi aumentando uma dor dentro de mim.

A minha poderia ser qualquer uma delas, já que me abandonou no corpo de bombeiros quando eu tinha cinco meses.

Na adolescência eu sentia muita raiva desse fato, as outras crianças zombavam de mim porque a atitude da pessoa que tinha que me proteger simplesmente me abandonou. O porquê desconhecido por mim rondava a minha mente todas as noites, e depois o que era para continuar doendo simplesmente parou, como o sopro de um vento. Um dia doía muito e agora a indiferença virou o meu berço.

Quando estava preparada para dormir eu ouvi a campainha soar, eu resmunguei levantando da cama saindo dos edredons pesados e caminho até a porta.

Ao abri-la eu me deparei com uma mulher morena com uma roupa social cinza, seus cabelos estavam bem presos e esticados para trás num coque que presumo que tenha demorou horas para deixar todos os fios no lugar. Ela abre um sorriso simpático, mas eu a conhecia.

— Olá Marta, o que faz aqui a essa hora? — eu pergunto para a assistente social.

Ela me olhava de uma forma doce, talvez porque me conhecesse desde pequena. Era a mulher que cuidou de todo o meu caso e a papelada do orfanato quando sair aos dezoito anos.

— Desculpa ser tão tarde, Jody, mas é importante. Podemos entrar?

Assim que ela pergunta eu reparo na criança que não teve ter mais de cinco anos agarrada e escondida em suas pernas. Eu observo os seus olhos assustados e castanhos, dos seus cabelos curtos que cobrem um pouco o seu rosto e no urso sujo que ela segura com muita força.

— Isso é uma criança?

Marta me ignora entrando no meu apartamento acompanhada pela garotinha que começa a observar o lugar com curiosidade, mas ainda sim, não larga a mulher.

— Como tem passado? — ela sentou a menina no sofá e abriu um sorriso doce. — Espero que bem.

— Estava bem até você aparecer aqui com uma criança. A raptou ou algo assim?

Contos para se emocionar: porque amor de mãe é infinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora