Naomi's Pov
Após o interrogatório voltei para o quarto e muitas coisas estavam diferentes. O lençol da cama tinha sido trocado por um de cor azul, o banheiro estava limpo e o cheiro de vômito, juntamente com suas gotas que estavam espalhadas pelo chão, tinham sumido, o armário que estava no quarto agora estava cheio de roupas e sapatos. As roupas pareciam próprias para o meu tipo de corpo e os sapatos talvez sobrassem um pouco. Quem separou essas roupas é sapatos teve muito tempo para me analisar e procurar coisas que mais ou menos me agradasse. Quando voltei para me deitar, reparei em um bilhete e uma muda de roupa me esperando em cima da cama.
Aqui está uma roupa para você colocar após o banho. Pode jogar as roupas sujas de sangue na lixeira ou separá-las em algum canto do seu quarto, alguém irá buscá-las amanhã de manhã. Procurei por roupas que você não odeie muito. Tente não destruí-las.
– Jace.
Inacreditável. Depois de tudo ele ainda me deixa um bilhete? Peguei a folha, rasguei-a em mil pedacinhos e joguei no lixo, onde deveriam ficar.
Ninguém veio depois para me dizer meu cargo. Não consegui dormir durante o resto da noite, tomei um banho e vesti as roupas que foram deixadas sobre a cama para mim. Joguei a blusa fora, mas deixei a jaqueta preta no canto do quarto assim como Jace me pediu. Após o banho, me deitei e fiquei com os olhos vidrados no teto enquanto eu procurava pelos barulhos dos grilos buscando qualquer tipo de distração. O relógio pendurado na parede demarcava oito horas da manhã quando recebi batidas na porta.
– Entre. - Respondi seca. Era o melhor que eu podia fazer após uma noite não dormida.
– Trouxe sua agenda com horários de almoço, trabalho, hora livre e a hora que você poderá encontrar com os seus amigos. - Fred dizia analisando o papel em sua mão enquanto dava passos cautelosos em minha direção.
– Bom dia, Fred.
– Bom dia. - Ele respondeu confuso por não ter recebido nenhum tipo de insulto.
– Você disse que eu tenho um trabalho. Qual?
– Você é uma corredora, parabéns.
– O que é uma corredora?
– Você sai com um grupo de corredores para buscar suprimentos e materiais úteis para a comunidade.
– Então eu posso sair daqui? - Meus olhos brilhavam com a possibilidade de fugir daqui e arrumar uma forma de libertar os meus amigos também.
– Não vai conseguir fugir, muito menos matar alguém. Seu grupo será esperto e forte, então nada de tentar gracinhas.
– Saia. – Fred parou de olhar a minha agenda e dirigiu seu olhar a mim. – Deixe os papéis aqui e saia. Você está me irritando, Fred e são oito da manhã e três minutos. - Falei olhando para o relógio. Fred colocou os papéis sobre a pequena mesa encostada a parede do quarto e saiu.
Eu teria apenas meia hora com o meu grupo por semana sem contar com o horário do almoço, janta e café da manhã. Isso se bater com os horários dos meus amigos. Eu iria sair uma vez por semana além de treinar todos os dias. Eles realmente querem me treinar? Coloquei o papel novamente em cima da mesa e peguei um par de botas dentro do armário, que couberam no meu pé perfeitamente sem sobrar um pouco. Saí do quarto para ir até o refeitório e encontrei Marcel me esperando.
– Bom dia, princesa. - Marcel estampava um sorriso enorme em seu rosto.
– O que foi?
– Vou ser o seu vigia pessoal.
– Ótimo, vou ter uma babá. Eles te rebaixaram a esse cargo?
– Eu que implorei para pegar o trabalho de babá.
– Por que? - Perguntei cruzando os braços.
– Porque você é uma pessoa interessante. Vai ser divertido treinar com você.
– Me poupe. Não estou interessada.
– Me parece que você não tem opções. - O homem alto e musculoso deu de ombros. – Está na hora do café da manhã, me acompanhe.
No caminho até o refeitório todos me encaravam e sussurravam alguma coisa. Toda vez que começavam a fazer isso eu acenava para essas pessoas. Quando chegamos no refeitório pude ver Maven, Davina juntos de Glenn e Maggie comendo pães e bebendo um suco de cor alaranjada.
– Posso ir comer com os meus amigos ou você vai sentar do meu lado para me vigiar?
– Vá. – Marcel deu de ombros. – Mas estou de olho em você.
Saí correndo em direção da mesa em que eles estavam sentados e Davina se levantou com um sorriso enorme no rosto. Se não fosse por Maven, nós duas teríamos caído no chão por conta do abraço. Maven se juntou ao abraço e sussurrou em meu ouvido:
– Não dormiu, não foi?
Quando o abraço foi desfeito acenei negativamente com a cabeça. Maven parecia preocupado. Logo fui falar com Glenn e Maggie, a mulher estava super abatida, mal mexeu em sua comida e Glenn estava tentando ser forte pelos dois.
– É muito bom ver vocês. – Me sentei com eles.
Logo veio Marcel com uma bandeja na mão e uma cara amarrada. Ele me entregou a comida e apontou para a mesma.
– Coma.
Marcel sorriu e deu as costas. A meia hora passou voando. Davina me contou que agora ela dividia um quarto com Maven e contou que teria o laboratório da comunidade só para ela e Maven se gabou por ser o único ajudante dela e dividir uma cama com a mulher mais bonita daquele lugar. Davina deu dois tapas em Maven, um no braço e um na cabeça a qual ela dizia ser oca. Todos gargalharam, inclusive Marcel que observava tudo de longe. Glenn seria um corredor igual a mim e Maggie seria uma das enfermeiras devido ao o que aprendeu com Patrícia e Hershel lá na fazenda.
Conversar com eles e trocar alguns sorrisos definitivamente animou um pouco o clima, mesmo que fosse por pouco tempo. Somos uma família e somos mais fortes juntos. Logo Marcel já estava atrás de mim na mesa esperando que eu me levantasse, me levantei devagar e dei o melhor sorriso debochado já visto na face do planeta Terra.
– Vamos treinar.
Dei uma última boa olhada no refeitório a procura de Rick. Nenhum sinal do chapéu de cowboy. Resmunguei o caminho inteiro até o ginásio.
– Séries de socos e defesa até você cair no chão.
– E por que você acha que eu vou cair? Cuidado Marcel, todo mundo cai alguma hora.
– Não vai ser você quem vai me derrubar. – Marcel sorria como uma víbora. – Coloque as luvas e vamos para o tatame.
Coloquei as luvas vermelhas de boxe e prendi o meu cabelo em um meio rabo. Meu cabelo ainda é muito curto para prender em um rabo de cavalo completo.
– Onde está Rebecca? Eu podia quebrar aquela cara de sonsa, mentirosa e traidora. – Falei antes de pisar em cima do tatame.
– Se você não fosse bater nela até matar eu poderia mandar buscarem ela.
– Não vou matá-la.
– Diga isso para o Roberto.
– Quem?
– O cara que você arrancou a carne com os dentes. – Marcel mencionou o homem me fazendo corar. Me arrependo de ter matado o cara.
– Foi um dano coletaral do qual eu não me orgulho. Aliás é culpa de vocês.
– Como é culpa nossa se foram os seus dentes que fizeram o estrago?
– Se não tivessem ido na fazenda, matado meus amigos e nós obrigado a sair de lá, todos estariam vivos inclusive o Roberto.
– Eu sigo ordens, Naomi.
– Você as segue porque quer. Já pensou como as coisas poderiam ter sido diferentes se não tivessem chegado matando o Hershel e em seguida a filha dele? Ele era como um pai e ela a irmã caçula que eu nunca tive. – Marcel parou de colocar as luvas para me encarar.
– Seu pai está aqui, Naomi. Ele é a nossa salvação.
– Anthony não é a salvação. Ele é a destruição. Acha que as pessoas estão aqui porque queriam ser salvas? – Marcel voltou a se ajeitar para o treino. – Algumas pode ser que sim, mas outras estão aqui porque tem medo. Meu pai é problemático e vocês que o respeitam são tão problemáticos quanto.
– Vamos começar.
Marcel pegou pesado no treino. Ficamos horas treinando. Levei alguns bons socos, mas também dei outros. Saí cansada do ginásio, totalmente esgotada. Ficar na fazenda por muito tempo diminuiu parte da minha resistência, mas ainda é boa. Ninguém ganhou nenhum round, empatamos todos. Treinamos até todas as células dos nossos corpos gritarem por descanso.
Fui acompanhada até o refeitório para o almoço. Já tinha passado de meio dia quando me sentei na mesa para almoçar. Assim que terminei a refeição levei minha bandeja até a cozinha e recebi um sorriso caloroso da mulher de cabelos castanhos. No canto da cozinha pude ver Lori. Não tinham outra função melhor para ela?
– Lori! – A mulher estava com o avental todo sujo, mas veio até mim.
– Bom ver você. – Não sabia se ela estava sendo uma mentirosa com sucesso ou se estava sendo sincera.
– Quem está com Carl?
– Lily o levou para ter aulas.
– Aulas? Levaram ele para estudar depois dele ter passado uma noite infernal?
– Era isso ou ele teria que ficar sozinho e nós teríamos problemas depois.
– Rick. Onde ele está?
– No nosso quarto.
– Ele está dividindo um quarto com você?
– Algum problema?
– Não. Eu acho ótimo! Lógico que eu queria que ele ficasse comigo, mas é melhor para o Carl nesse momento ficar junto dos pais. Ele já passou por muita coisa.
Eu realmente não me incomodo com isso. Confio no Rick de olhos fechados e o Carl é apenas uma criança, não merece passar por esse tipo de coisa sozinho.
– Nosso quarto é o sessenta e cinco. Passe por lá.
– Obrigada.
Assim que eu sai da cozinha fui pedir para Marcel que me deixasse no quarto sessenta e cinco. Depois de insistir por muito tempo Marcel cedeu, mas ele iria esperar do lado de fora do quarto contando os minutos até o próximo treino. Ninguém iria me impedir de ver Rick Grimes.
(Tô cansada emocionalmente
Quero chorar mas na minha casa eu N posso chorar na frente dos outros pq se não eu apanho 💫)
Feliz ano novo pra todos vocês 🥺♥️ Obrigada pelos comentários e mensagens, vocês me deixam muito feliz e são o meu mundinho.