Love Game In Vegas

By breathinreddie

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Eddie Kaspbrak é um jovem de apenas dezenove anos que acaba de terminar um relacionamento longo e problemátic... More

AVISO ABSURDAMENTE IMPORTANTE!
Chapter I - Let's Fuck Vegas!
Chapter II - Waldorf Astoria.
Chapter III - The Wedding.
Chapter IV - The Final Verdict.
Chapter V - The First day.
Chapter VI - Problems More Problems.
Chapter VII - I'm Sorry.
Chapter VIII - Scared, Eds?
Chapter IX - Kennedy Lake.
Chapter X - Nightmares.
Chapter XI - New York Night.
Chapter XII - Waves.
Chapter XIII - Just 89 Days.
Chapter XIV - The Cause Of My Euphoria.
Chapter XV - Dreams.
Chapter XVI - 31 Days.
Chapter XVII - Hollow.
Chapter XVIII - The Jealousy Makes You an Idiot.
Chapter XIX - The First "I Love You".
Chapter XX - Game Over.
Chapter XXI - Where It All Ends.
Chapter XXIII - The Love Is An Act Of Resistance.
Epilogue - Loving Is A Funny Thing (Final).

Chapter XXII - Start Again.

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By breathinreddie

Quando se vai à cidade mais famosa do mundo, sua intenção com certeza é se divertir; voltar de lá relembrando as coisas boas, as loucuras que por lá fez, e claro, tudo que acontece em Las Vegas, fica em Las Vegas! Essa lei é universal, e ninguém pode quebrá-la.

Bem... Eddie e Richie infelizmente quebraram, foram até lá com intenções completamente diferentes, todavia retornando com o mesmo objetivo: se livrarem de um casamento por engano. Havia também o dinheiro do prêmio em questão, porém esse não é o ponto-chave e sim: saber como o destino pode mudar completamente o rumo de nossas vidas com um estralar de dedos, um piscar de olhos, ou... Uma noitada de diversão.

Richard Tozier; vinte e dois anos, desistiu de duas faculdades, largou a última estando no 3° período e não fazia ideia do que realmente queria da vida, além de viver dos privilégios de ser filho único, e sustentado pelos pais.

Nunca ligou para o que pensavam de si, sempre soube o que era, até onde poderia chegar fugindo totalmente das regras, e se opondo ao que o pai queria pra ele. Porquê se fosse para ser “alguém” na vida, Richie queria ser do jeito dele, queria viver sua vida da forma que desse na teia, ser feliz, mesmo que sua felicidade incomodasse todos à sua volta. Mas quem disse que ele se importava? Sempre se colocou em primeiro lugar pouco se lixando para o resto, se o mundo estivesse contra ele, acenderia um cigarro, mandaria um beijo seguido do bom e velho “foda-se!”.

Edward Kaspbrak; agora com vinte anos, abriu mão dos privilégios de ser filho de um dos maiores empresários do país, para conquistar as coisas por mérito próprio, e construir sua própria carreira.

Saiu de casa aos dezoito por conta da homofobia e abusos que sofria por parte daquela que deveria de orgulhar em chamar de “mãe”, passou a dedicar-se totalmente em sua vida profissional, também passou dois anos tentando ser o namorado perfeito, o amigo perfeito, o filho perfeito... Pois só assim conseguia sentir-se parte de algo, porquê por mais que sempre soubesse o que queria ou onde iria chegar e tudo que poderia construir. Eddie nunca conseguiu de fato saber quem era de verdade, uma vez que vivia para agradar os outros, sempre os outros, nunca ele próprio.

E o que esses dois mundos tão diferentes poderiam ter em comum? Isso mesmo, nada. Não havia nada, nem sequer uma chance ou uma brecha, para que esses dois opostos se atraíssem, um relacionamento seria totalmente impossível!. Uns diriam que é coisa de signo, tipo; “um virgininano com ascendência em Capricórnio, contra um pisciano com ascendência em Leão?! Deus nos livre da catástrofe!” Já outros mais céticos, diriam que seria impossível, pelo fato de não haver nada em comum mesmo, que “os opostos não se atraem, eles apenas se frustram cada vez mais, porque são OPOSTOS, porra! Nasceram para nunca se entenderem mesmo, isso nunca vai dar certo”. Já os românticos de plantão, diriam que “Calma lá, nada é impossível, esse embate de egos aí, ainda vai resultar em casório, haha, é evidente que são almas-gêmeas!”.

Bem, quem de fato estaria certo ou não nessa discussão, não há como saber, pois o destino quis trapacear e uni-los da sua maneira, de uma forma que não tivessem tantas escolhas assim, a não ser se suportarem e não matarem um ao outro.

— Eds?

— Mmm?

— Não dorme ainda, por favor...

Ele pediu enquanto beijava seu rosto, já passaram das três da manhã, e no dia seguinte Eddie teria que ir embora no vôo das sete, o que significa que: tudo estará acabado. Richie pediu mais dois dias com ele, para se despedir da forma que aquele amor merece, acreditou que seria o tempo que sua mente levaria para entender que tudo que começa um dia tem fim, e que o amor, por mais forte que seja, em certas situações da vida, como aquela, não é o suficiente para sustentar um relacionamento.

Acreditou que no fim dessas quarenta e oito horas, já estaria mais conformado, teriam se divertido, conversado melhor, estaria pronto pra dizer “obrigado por tudo Eds, adeus, boa sorte com seu tratamento, e espero que seja feliz, eu te amo...” porém, a única coisa que conseguiu dizer dessa frase inteira que ensaiou inúmeras vezes em sua cabeça, foi o “Eu te amo”, não saíram para se divertir, até tentaram, porém estavam melancólicos demais e acabaram retornando ao quarto, não dando tempo para pensar mais em nada, apenas tirando as roupas e se amando por mais algumas horas. E foram das poucas horas que se formou o primeiro dia, e agora, o segundo já estava chegando ao fim, porquê o tempo infelizmente deixou de favorecer aquele amor, era hora de acabar.

— Eu não quero, mas... Estou tão cansado. — Disse com a voz fraca e com as pálpebras pesadas.

— Dorme no avião.

— Chee...

— Só mais um pouco meu amor... — Sussurrou contra os lábios dele. — Só mais uma hora.

— Só mais um pouco... — Repetiu como forma de afirmação, abrindo novamente os olhos e sorrindo, tendo seus lábios tomados outra vez, tirando o lençol do próprio corpo despido, e montando por cima do outro.

“Só mais um pouco”, “só mais uma vez...” foram essas palavras que os levaram até o aclarar do dia, quem diria que o nascer do sol pudesse ter sido tão indesejado e infeliz. Ah, o amor... Que grande catástrofe você pode causar, não é mesmo?
 

  
°•°•°

    

Nova York, Usa.

(12:51 pm)

— Eu vou passar amanhã no apartamento dele pra buscar minhas coisas... — Eddie disse ao pai, assim que entram no carro que já estava esperando por eles, haviam acabado de desembarcar.

— Se quiser, posso contratar uma equipe de mudança para transportar, só tem que avisar ao Richie antes.

— Tudo bem, eu... Eu vou mandar mensagem a ele. — Engoliu o seco, olhando pela janela. O dia amanheceu chuvoso na cidade que nunca dorme, o tempo fechado, escuro, parecia refletir o que estava tempo da mente de Edward.

— Filho, se não estiver se sentindo bem pra isso, eu mesmo posso avisá-lo, sei que vocês terminaram daquela forma complicada, e acredito que não deva estar sendo fácil, por isso, acredito que o afastamento é o mais recomendado, vocês claramente não estão prontos para se falarem ainda.

O homem mais velho o aconselha, seu tom era preocupado, ao mesmo tempo que triste também, gostava de Richie, gostava muito do agora ex-genro, e realmente desejava que eles dessem certo, pois sabia que ele fazia seu filho feliz, não entende o porquê de Eddie ter tomado aquela decisão, e se sentia culpado por não saber quase nada que se passou na vida do filho durante aqueles dois anos, por isso de agora em diante, prometeu a si mesmo que faria o melhor possível para vê-lo bem novamente, afinal de contas, antes tarde do que nunca.

— É, você tem razão. — Abraçou o próprio corpo, deitando a cabeça no vidro gélido, olhando para o próprio reflexo através da estrutura fumê.

— Hey? — Se aproximou mais, Eddie o olhou novamente, seu olhar estava triste, cansado, só queria chegar logo ao destino e desligar-se do resto do mundo.

— Sim?

— Eu só quero dizer que, independente do que for, eu vou estar do seu lado, certo? Não fui o melhor pai de todos, nem o mais presente, eu sei, mas eu amo você Eddie, e eu sempre vou apoiá-lo, entendeu?

Eddie balançou a cabeça em concordância, os olhos se encheram de lágrimas que prontamente escorreram pelo rosto, abraçou o pai, que o abrigou em um amplexo reconfortante e caloroso, fazendo carinho em sua cabeça, até que ele se acalmasse novamente.

— Você foi sim o melhor do mundo pra mim, continua sendo, e eu te amo mais que tudo, pai. — Disse ainda de olhos fechados, soluçando. — Obrigado.

— Shh... Vai passar meu bem, vai passar okay? Nenhuma dor dura pra sempre, você vai superar tudo isso, vai cuidar de si, voltar a ser aquele Eddie alegre e cheio de energia, e vai continuar sendo o motivo do meu maior orgulho. — Massageou a costa dele, que aos poucos foi parando de soluçar. — Aonde vai ficar?

— Na casa da Bevvie, ela me deu uma cópia da chave antes de voltar, disse que posso morar com ela o tempo que eu quiser.

— Eddie, você sabe que não precisa ficar morando na casa dos outros, não sabe? Você tem uma casa, e uma família...

— Pai, eu não vou voltar pra casa da Sônia, não depois de tudo que ela me fez sofrer, eu quase tive uma overdose de remédios, se não fosse o Chee, eu... — Se deu conta de que havia acabado de pronunciar aquele apelido que prometeu que não falaria, pois ele carrega muitas lembranças, e só de falar, seu peito está começa a apertar de saudades, fechou os olhos e respirou bem fundo. — Enfim, eu não vou voltar pra lá.

— Tudo bem, eu respeito sua decisão meu bem, mas olha, eu posso comprar um apartamento pra você, quer um mais afastado do centro? Você sempre quis morar Manhattan, é seu lugar favorito da cidade, não é? Eu compro um do jeito que você quiser, o que me diz?

— Eu acho que... — fez uma breve pausa pra continuar — Vou precisar de um tempo para começar a pensar no que fazer daqui em diante pai, e morar sozinho agora vai me deixar ainda mais deprimido e ansioso, eu aceitei morar com a Bev porquê ela sempre foi minha companheira, até poderia propor dividir um apartamento com o Bill, mas ele mora com o Stan agora, e em breve vão se casar... — Sorriu triste. — Eu realmente espero que eles sejam muito felizes.

— Ah, tudo bem então, a gente vai ver direito isso mais na frente se assim preferir, no momento vamos focar no seu tratamento, vai mesmo ficar bem lá com ela? — Eddie concordou.

— Ela sempre cuidou muito de mim, você bem sabe.

— É, eu sei, Beverly sempre foi como uma irmã mais velha pra você, gosto muito dessa menina, ela tem muito talento e é bondosa igual a mãe dela.

— Sim... — Suspirou. — Você vai me visitar lá, não vai?

— Claro, meu filho... — Bagunçou o cabelo dele. — Mas por hoje, por que não aceita vir comigo pra casa?

— Pai, eu já disse que não quero voltar pra lá, Sônia vai estar lá, e minha cabeça já está muito cheia, tudo que eu menos quero agora, é mais confusão ainda, me desculpa.

— Não, não vai acontecer, olha, eu vou estar com você o tempo todo, não vou mais trabalhar hoje, sabe a Mary? Ela tá preparando um almoço bem caprichado, falei que você ia, mas que era para manter em segredo.

— Pai-

— Não, calma, olha só... — Diz antes dele protestar. — Sônia não vai falar nada, eu não vou deixar, fica lá hoje, só hoje! Aí amanhã você vai pra casa da Bev e faz o que achar melhor, por favor Eddie, por mim, eu insisto. Sim?

Eddie não estava gostando nada daquela ideia, mas ver o pai insistindo lhe deixava totalmente vulnerável, não conseguia negar nada, sem contar no fato de que sabe que não é todo dia que ele pode se dar ao desplante de largar trabalho e ficar em casa, claramente está se esforçando para cuidar de si, fora que estava morrendo de saudades de Mary, e de sua comida também, então por todos esses fatores, resolveu ceder, afinal acreditava que nenhum xingamento de Sônia iria deixá-lo pior do que já estava.

— Certo, tudo bem, eu vou... — O mais velho sorriu mais contente, e Eddie voltou a abraçá-lo, deitando a cabeça no colo dele. — Mas vou querer sorvete, e a sala de cinema só pra mim. — Frank riu.

— Só pra você? Eu não posso ir também?

— Pode, só você... E a tia Mary. — O mais velho riu novamente.

— Vou mandar comprar alguns potes de sorvete pra você, o que acha de maratonar alguma coisa?

— Harry Potter?

— Indiana Jones.

— Ah, não pai! Esse filme é chatão!

— A múmia, então?

— A saga invocação do mal!

— Você fica inventando de assistir filme de bicho feio, aí depois fica com medo de dormir sozinho, né?

— Eu só quero um que não tenha romance e nem comédia... — Disse triste.

— Está bem, vamos assistir esse aí, mas vou logo avisando que nunca vi, vai ter que me explicar tudo.

— Eu sempre faço mesmo, já tô acostumado.

Sorriu minimamente, a verdade é que não importava qual filme assistisse com o pai, sempre tinha que fazer uma resenha para que o mesmo entendesse a história e se situasse, isso quando ele não dormia nos primeiros dez minutos. Então assim foi decidido, e a viagem seguiu em destino a casa dos Kaspbrak.

  

Do outro lado...

  

A campainha tocou, Richie estava deitado desde que chegou há uma hora atrás, ele nem ao menos tirou a roupa, apenas os sapatos e se esparramou sobre a cama que agora, parecia ter o dobro do tamanho.

Estava arrumada, da forma que Eddie deixou antes de viajar, ele também tirou as roupas do closet, organizou suas coisas em caixas, estava tudo organizado e pronto para ser retirado, porém o apartamento ainda estava tomado por suas lembranças, essas que estavam ao ponto de sufocar Tozier. Estava exausto, sua mente pesada, não havia dormido nem quatro horas, e nem comido também, não estava com disposição para absolutamente nada, ignorou as mensagens e ligações de todos os que estavam preocupados consigo.

Apenas desejava ficar ali, deitado até definhar, consumido pelas boas lembranças dos cinco meses mais conturbados e felizes de toda sua vida.

Sim, ele sabia que havia criado uma dependência emocional absurda em Eddie, e que isso não era justo com ele, mas também não era justo consigo, não era justo com ninguém. E ali, sozinho com seus pensamentos, ele finalmente pode avaliar um pouco melhor toda aquela situação, porém se recusava a aceitar que aquilo foi necessário, em sua cabeça, haviam milhares de outras formas diferentes de lidar com aquilo, sem ter que resultar em separação, haviam mil e outras maneiras de fazer aquele amor dar certo, e pensa que se tivesse insistido um pouco mais, ou feito tudo diferente desde o início, tratado ele melhor, se dedicado mais, não ter perdido tanto tempo sendo infantil, não tivesse entregado aquele maldito anel ao ex dele, ou ter pedido que ele não fosse naquele encontro, tudo agora poderia ser diferente... Ou não.

Pensar nessas coisas só estava tornando tudo ainda mais difícil de aceitar, e mais uma vez se entregando a sua própria decadência, sim, ele sabe que um dia tudo vai ficar bem, que vai conseguir superar, retomar sua vida, conhecer outro alguém... Mas, sendo sincero consigo mesmo? Ele não quer aceitar ainda, quer continuar afundado em suas decepções, sem precisar superar nada, quer continuar pensando que as coisas não vão melhorar tão cedo, e que ele não vai conseguir e nem estar pronto para amar novamente, ainda mais outro alguém, não quando sua mente e corpo estão totalmente conectados ao seu “Eds”. E todas as vezes que pensa nele, só consegue chorar mais ainda, chorar e sorrir, porquê era uma sensação tão louca de tristeza por tê-lo perdido, mas as lembranças lhe traziam uma sensação de conforto e alegria, ainda que eram muito recentes, não fazia ainda nem um dia que haviam se separado definitivamente, quando cada um saiu em um horário diferente de vôo.

Conseguia sentir o gosto dos lábios dele, o cheiro dele, o calor de sua pele, a intensidade do seu olhar, o som de sua voz, tudo, tudo mesmo nítido em sua mente, fazendo o corpo inteiro reagir, a saudade apertar e a angústia igualmente, ao saber que não terá isso novamente. “Richie Tozier, quem te viu quem te vê...” disse Stanley ainda em Las Vegas, e agora é ele próprio quem se diz isso. Amante de uma noite só, egocêntrico, canalha, frio, vagabundo, egoísta... Tantos adjetivos que já foram proferidos à sua pessoa, e nenhum deles realmente chegou perto de descrever o que de fato Richard Tozier era.

Porquê só houve um alguém que o conheceu melhor que qualquer um, que estava ali em todas as suas fases, conheceu todos os seus lados, desde aquele divertido e desencarnado que se mostra ser aos olhos de todos, até o mais temperamental, estressado e sensível. Eddie conheceu o seu lado mais safado, porém o seu lado mais romântico igualmente. Do mesmo modo que, conheceu o lado mais gentil; empático, protetor, paciente, amigo e ótimo ouvinte. Mas também conheceu o seu seu lado tóxico; manipulador, arrogante, mesquinho, imaturo e explosivo... Richie se revelou inteiramente, não havia mais nada ali que Eddie já não tenha visto, era como estar nu mesmo vestindo roupas, totalmente transparente para ele, e por essa razão, Tozier acreditava que não conseguiria mais ser assim novamente com outro alguém.

A campainha tocou, levantou a cabeça, porém voltou a deitar, fechando os olhos e pronto para ignorar, não poderia ser Eddie, já que o mesmo tem a chave de casa, nem Stanley, que sabe onde fica a chave reserva para caso ser ignorado, então seja quem for, não lhe interessa.

Tocou novamente.

Outra vez.

Outra...

— Mas que merda! — Exclamou irritado levantando de uma vez. — JÁ VOU! Caralho.

Disse quando tocou novamente, e saiu do quarto, indo até a mesma e abrindo sem nem olhar, sua expressão irritada se desfez, ao ver seus pais.

Mal teve tempo de perguntar, pois sua mãe o puxou para um abraço forte, o pegando totalmente de surpresa, que ficou paralisado e sem reação por um momento, até ir retribuindo aos poucos.

— Shh, vai ficar tudo meu bebê, mamãe tá aqui pra você, tá bom? Mamãe tá aqui.

Sua voz estava chorosa, Richie nem sabia como diria a ela que se separou de Eddie, era capaz dela ir pessoalmente rasgar os papéis de divórcio e coagir o juiz a sentencia-los a mais uns 20 anos de casados, porém não precisou, seja como for que eles descobriram, agora estavam ali para lhe consolar.

— Como vocês ficaram sabendo? — Disse a soltando e olhando para o pai, que carregava uma caixa de bolo pronto.

— Frank me disse, estávamos conversando pelo whatsapp faz umas semanas, ele me falou sobre a audiência, ficamos bem chateados por não ter nos avisado nada.

— Eu achava que daria certo, por isso não falei, achei que iríamos continuar casados, e... — desviou o olhar, quando os olhos se encheram d'água. — Foi mal.

— Oh, não meu amor, não peça desculpas, nós não estamos chateados coisa alguma! — deu uma cotovelada em Wentworth, que reclamou. — Olha bebê, a gente comprou esse Red Velvet que você ama, tá tão abatido meu filho... — Segurou o rosto dele. — Vamos cuidar de você.

— Obrigado gente, mas não precisava, eu... Eu tô bem.

— Ninguém está bem após um divórcio, Richard. — Disse seu pai, e logo eles entraram. — Ainda mais vocês jovens que não viveram praticamente nada da vida, por isso que sou totalmente a favor da proibição do casamento antes dos trinta, apesar de tudo, Eddie era um bom garoto pra você, uma pena.

— Seu pai tem razão, pareciam estar tão bem... — Ela disse. — O que aconteceu?

— Muitas coisas, mas não tô pronto pra falar sobre isso agora, espero que entendam. — Sentou-se a mesa, mantendo o olhar baixo.

— Tudo bem meu amor, a gente entende. — Maggie foi até a cozinha, onde pegou um pires, o cortador de bolo e um garfo, servindo uma fatia generosa a ele. — Come um pouco, precisa restaurar as energias.

— Tô sem fome, mãe. — afastou o pires de si.

— Mas tem que comer! Não pode ficar assim, eu sei que está sofrendo, mas vai melhorar, eu sei que vai.

Ela empurrou novamente o prato em sua direção, limpando as lágrimas do rosto também. Mesmo relutante, ele pegou o garfo e cortou um pedaço pequeno, levando até a boca e mastigando sem vontade nenhuma, para não fazer desfeita.

— Estávamos pensando... — Seu pai se manifesta, enquanto analisava a casa. — Esse tempo foi bom pra você, porquê como eu disse: Eddie era um bom garoto pra você, é perceptível que aprenderam muitas coisas um com o outro, você principalmente. — Olhou para o filho. — Acredito que agora sim, esteja pronto para voltar a empresa e atuar ao meu lado, sendo vice-presidente como tanto queria, afinal, um dia tudo vai ficar pra você, então já está mais do que na hora de assumir seu lugar e se preparar para me substituir, o que me diz?

Richie o olhou com um certo ar de incredulidade, poderia ter ficado irritado por saber que nem em um momento daqueles, seu pai conseguia parar de falar de negócios, no entanto, sabia também que ele jamais iria propor isso, se não soubesse que o filho realmente havia mudado. É certo que Wentworth e Richie sempre tiveram muitos problemas justo pela falta de responsabilidade do mais novo, foram poucas as vezes que ouviu palavras positivas do pai ou recebeu algum afeto genuíno do mesmo, porém só dele ter deixado seus compromissos diários, sua tão amada empresa, e seus afazeres de lado para estar ali, era o suficiente pra saber que ele se importa bastantes consigo, não precisava que ele dissesse mais nada, apenas os atos diziam por si só, e propor algo assim, era a forma do mais velho de dizer: “Eu te amo filho, só quero te ver bem novamente”.

— Valeu pai, mas no momento eu tô com outras prioridades, sem contar que vou receber um dinheiro de um prêmio que eu e o Eds ganhamos em Las Vegas, mas ele abriu mão da parte dele, aí eu vou dividir com o Stan como combinamos, e com a minha parte pretendo refazer minha vida do zero, vou começar finalizando as coisas que deixei pela metade, uma delas é meus estudos, o resto eu decido depois, vou viver um dia de cada vez. — Suspirou. — Tudo bem?

O mais velho o olhou com um ar de surpresa, depois encarou a esposa, no qual o olhou de volta. Noutros tempos, ele seria o primeiro a aceitar, imagine se tornar presidente de uma empresa e nem precisar ter feito faculdade, porque seu pai é o dono? Receber mais que qualquer outro funcionário sem nem se esforçar para isso, carregando com orgulho o título de “nepobaby” sendo amado por uns e odiado pela maioria.

— Claro, tem todo meu apoio, sabe que sempre quis que terminasse a faculdade, se for assim, esperarei mais alguns anos tranquilamente. — Sorriu, Richie concordou.

— Ah, você amadureceu tanto... — Maggie apoiou o rosto na mão. — Estou tão orgulhosa de você, Richard.

— Valeu, mãe. — Deu um sorriso mínimo. — Aliás, obrigado a vocês dois, por terem vindo, e tentado levantar meu astral.

— Temos nossas diferenças eu e seu pai, mas você sempre vai ser a melhor coisa que fizemos na vida. — Olhou para o marido, no qual concordou sorrindo como se lembrasse do cujo dia, Richie teve vontade de vomitar. — Por favor, prometa que vai se cuidar, prometa!

— Tá, eu prometo.

— Muito bem, olha, vamos deixar você descansar agora, chegou de viagem e deve estar exausto, não é? Passou por muitas emoções, não vamos desgastar ainda mais você. — Ele concordou. — Se precisar de qualquer coisa, pode ligar qualquer hora, vou atender na hora e vir correndo pra cá! Me entendeu?

— Entendi.

— É pra ligar mesmo. — Disse Wentworth, ele concordou.

— Tchau bebê, vê se não some, vai me visitar lá em casa também. — Abraçou ele novamente.

— Tá, eu vou... — Retribuiu, dando um beijo no rosto dela. — Tchau pai.

— Tchau Richard, nada de se entregar aos cigarros e nem ao álcool! Vai por mim, isso não ajuda em nada. — Richie deu uma pequena risada anasalada, balançando a cabeça em concordância. — Ah, e... Estou orgulhoso da decisão que tomou, e de você também. — Sorriu.

— Obrigado, pai.

Sorriu de volta, ele afagou seus túmidos cachos e assim se dirigiu até a porta, Richie olhou para a mãe, no qual levantou as sobrancelhas igualmente de surpresa, se abraçaram pela última vez, e ela logo saiu também, e mal desceram a escada daquele andar, e já começaram uma pequena discussão sobre alguma coisa besta. Richie balançou a cabeça, ainda sorria um pouco, fechou a porta se escorando nela, suspirando bem fundo, fechando os olhos.

Até que a visita de seus pais deu certo, o anestesiou um pouco, pelo menos teve disposição para ir trocar aquela roupa e tomar um banho, para só então ir finalmente descansar direito, tanto o corpo quanto a mente. Quando tirou o celular do modo avião, em meio as mensagens que estava ignorando, viu o contato de Eddie, que havia lhe enviado uma há alguns minutos atrás, seu coração acelerou e ele clicou nela.

“Hey, amanhã vai uma equipe de mudança que meu pai contratou para buscar minhas coisas, eles vão no período da manhã, depois das 10:00 pois não quero te incomodar tão cedo, se caso esquecerem de alguma coisa, me avise ok? Fica bem.”

Clicou em digitar, e enviou a resposta.
  

•°•°•°

  
(Uma hora antes.)
  

— Vamos?

Frank questionou assim que estacionaram o carro na garagem, Eddie respirou fundo, sentindo um misto de emoções ao mesmo tempo, lembrando-se perfeitamente do dia que saiu daquela casa, foi em um dia chuvoso como esse, chorando e desolado, atrás de si estava ela lhe xingando, dizendo coisas horríveis e que não daria um dia só pra ele voltar, como sempre fazia.

Porém ele não fez.

Frank estava viajando, e só soube que o filho saiu de casa quando retornou, pedindo de todas as formas para ele retornasse, no entanto, isso não aconteceu e Eddie já estava morando com o ex-namorado, feliz, acreditando que foi a melhor coisa que fez na vida, bem... Por uma parte, sim realmente foi, Asher apesar de tudo, não foi a pior pessoa que passou pela sua vida, ele foi o motivo que Eddie precisava para se livrar de uma vez da mãe narcisista e preconceituosa, antes que fizesse alguma besteira consigo mesmo, espera realmente que ele seja feliz, assim como fará de tudo para voltar a ser também, só que agora, sem precisar de alguém para isso.

Assim que entraram, foram recebidos por um mordomo, Eddie estranhou, afinal de contas nunca precisaram de tantos funcionários, mas também sabe que Sônia sempre foi incapaz de fazer coisas básicas sozinha, sempre dependia do marido ou de um monte de empregados para fazer por ela, então nem deveria estar surpreso.

— Boa tarde Sr. Kaspbrak! E companhia. — Ele os cumprimenta.

— Boa tarde Raul, esse é meu filho, Edward. — Apresenta-os.

— Me chama de Eddie. — Segura a mão do mesmo, que concorda e sorri um pouco.

— Raul trabalha há pouco tempo aqui filho, por isso não conhece você.

— Me perdoe, dona Sônia sempre disse que não tinha filhos... — Comentou totalmente inconsequente, fazendo Frank lhe dar um sinal de repreensão silencioso, ficando sem graça, porém Eddie logo disse:

— Ah, tudo bem, eu já imaginava isso, não precisa se desculpar Raul, não sou filho dela mesmo. — Sorriu minimamente, tentando amenizar aquele clima.

— Bem... — Frank limpou a garganta. — Raul, leve as coisas pro quarto dele, é o terceiro quarto do corredor direito, por favor.

— Sim, Sr. Kaspbrak. — Imediatamente vai pegar as coisas de Eddie.

— Espere, onde está a tia Mary? — Olhou em volta.

— Deve estar na cozinha, pode ir lá se quiser.

Eddie concordou e foi apressadamente até lá, a mansão Kaspbrak era bem espaçosa, Eddie havia esquecido disso, ficou tanto tempo morando em pequenos apartamentos, que se desacostumou totalmente com aquele estilo de vida luxuoso, ainda mais que aquela casa caberia tranquilamente uns dez apartamentos daquele que dividia com Richie.

Ao chegar lá, viu a mulher de costas, enquanto cantarolava distraída, trajava uniforme padrão de empregada, e seus cabelos louros cobreados estavam amarrados para trás em uma trança.

— Tia, posso comer um doce antes do almoço? — Quando sua voz ecoou, a mesma olhou para a frente e em seguida se virou rapidamente, tomando um susto e levando a mão até a boca, aquela era a frase que Eddie dizia quando era criança, e agora estava ali, um homem de vinte anos, mas que ela ainda conseguia ver perfeitamente a criança que criou.

— Eddie?! Meu Deus! — Veio rapidamente em sua direção, Eddie a abraçou fortemente. — Ah, meu menino... — Ela lhe balançava um pouco, enquanto passava a mão em seus cabelos. — Que saudades querido, tá tão bonito!

— Senti saudades também tia... Me desculpe por não ter vindo te visitar nenhuma vez, é que eu prometi que nunca mais pisaria aqui. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Não faz mal meu bem, o importante é que você voltou, eu fiquei tão triste quando dona Sônia disse que tinha ido embora... — Olhou pra ele, segurando seu rosto com as duas mãos, ela já estava chorando. — Como está o meu menino, hm?

— Não muito bem, mas vou ficar, acabei literalmente de sair de um divórcio.

— Estava casado!?

— Sim, mas não foi um casamento normal, foi um tremendo engano e é uma história bem longa, prometo que conto tudo depois, mas antes quero matar essa saudade... — Abraçou ela novamente, que sorriu.

Mary Bekker é a funcionária mais antiga da residência, ela é holandesa, mudou-se para os Estados Unidos ainda muito jovem, quando o pai a expulsou de casa por estar grávida, infelizmente seu bebê nasceu morto, e ela passou por muitas dificuldades até conseguir um emprego através de referência na casa dos Kaspbrak, e ganhava muito bem, no começo era apenas para ser babá, Sônia havia acabado de dar a luz e não sabia fazer absolutamente nada, tampouco lidar com a maternidade, então o trabalho ficou inteiramente com Mary, que o criou desde as primeiras semanas de vida, até a maioridade, e depois que ele saiu, ela passou a ser governanta da casa.

Eddie tem Mary como sua única figura materna, era tão apegado que quando começou a falar a chamava de “mamá” por achar que ela era sua mãe, porém Sônia não gostou nada disso, e até ameaçou demitir Mary, por dizer que ela estava tentando tirar seu “direito de mãe”, quem a salvou foi Frank, que não deixou ela ser demitida por saber de suas condições e do quanto ela precisava daquele emprego. Então, para não haver mais confusões, Mary o ensinou a lhe chamar de “tia” foi difícil, porém com o passar dos anos ele se acostumou, e começou a entender que ela não era sua mãe de verdade. (Não biológica).

— Como estão as coisas por aqui, Mary? — Frank também chega à cozinha, atraindo a atenção de ambos.

— Estão bem Sr. Kaspbrak, seja bem-vindo de volta! Aliás, você também Eddie. — Ele sorriu beijando o rosto dela, assim afastou-se indo pegar um copo com água.

— Obrigado. — Frank se serve também. — O almoço já está pronto? Estou faminto!

— Sim, só falta servir, imaginei que chegariam nesse horário e me adiantei, fiz até sobremesa de torta de limão que vocês tanto gostam.

— Mary, você vale ouro, mulher! — Ele disse brincando, ela sorriu ficando corada. — E onde está Sônia?

— Dona Sônia ainda não desceu, ela acordou bem temperamental hoje, demitiu a cozinheira nova, Jude.

— Mas por que?

— Porque ela errou o cardápio do café, se confundiu com o de ontem, coitada, eu infelizmente não tive muito como ajudar, já o Kennie pediu demissão ontem.

— Ah, meu Deus... — massageou as têmporas. — Okay, eu vou resolver isso depois, você está bem? Ela implicou com você?

— Não senhor, estou bem. — Sorriu novamente. — Querem que eu sirva o almoço agora? — Olhou para os dois.

— Queremos sim.

— Pai, posso comer no quarto?

— Eddie...

— Por favor! Sei que quer ficar comigo, mas depois podemos fazer o que combinamos.

— Tudo bem, Mary vai levar pra você então, tome um banho e depois de comer, descanse um pouco, certo?

— Sim senhor. — Olhou para Mary e sorriram um para o outro — Depois conversamos melhor, tia.

— Certo meu bem, vai lá. — Ele saiu dali, então a mesma olhou para o patrão. — Ele parece bem abalado...

— E está, mas vai ficar bem, farei de tudo pra ele melhorar logo.

A mesma concordou, assim que Eddie ia saindo da cozinha, ouviu a voz de Sônia descendo a escada, ficou paralisado ali, ela estava reclamando por alguma coisa com Raul, e logo seu pai passou em sua frente.

— Oi Sônia, por que demitiu a cozinheira? Não tem nem uma semana que a contratei.

— Ela era uma preguiçosa incompetente! Ainda acha que tem direitos! — Terminou de descer. — Por que não mandou avisar que já tinha voltado? — Foi quando olhou para trás dele, vendo Eddie ali. — E o que esse garoto está fazendo aqui?

— “Esse garoto” é nosso filho Sônia, ele tem direito de estar aqui quando quiser.

— Se bem me lembro, ele mesmo fez questão de encher a boca pra dizer que nunca mais pisaria aqui, o que houve querido? Seu “marido” já trocou você por uma mulher de verdade? Eu avisei.

— Sônia?!

Frank a repreende, os olhos de Eddie voltaram a se encherem de lágrimas, porém não eram mais de alegria, um filme de toda sua adolescência passou pela cabeça, seu coração estava acelerado e ele começando a tremer, estava no início de uma crise.

— O que foi? Eu não disse nada demais além da verdade, até que demorou pra ele vir correndo pra cá com o rabinho entre as pernas, provando a nós que não é nada sem a gente, a “vida independente” não durou nem dois anos direito, isso é uma vergonha!

— Chega... — Eddie disse com a voz falha e olhando para o pai. — Não vou continuar aqui ouvindo isso, foram muitos anos pai, chega! Eu tô indo embora agora!

— Não! Eddie, espera, por favor, eu vou resolver, prometo... — lhe segurou, em seguida olhou irritado para a esposa. — Qual é a droga do seu problema, Sônia? Fui eu quem pedi, aliás, insisti para que ele viesse, o garoto não está nada bem, pare imediatamente de falar essas coisas pra ele! Você não tem esse direito.

— Não tenho!? Foi de mim que essa coisa saiu, infelizmente não tive como prever a decepção que ele seria, senão teria largado ele em qualquer orfanato desses! Achei que finalmente estava livre dele, mas aí você vai e trás ele pra cá de novo? É por sua causa que ele é assim Frank! Se tivesse sido um pai de verdade-

— Ele sempre foi um pai de verdade! — Eddie exclamou irritado. — Mil vezes melhor do que você! Porquê diferente de você, ele sim me ama e me aceita do jeito que eu sou! E eu não vim aqui por sua causa, se dependesse de mim eu NUNCA MAIS OLHARIA PRA VOCÊ. Te detesto tanto quanto você! Então não fala dele, você não tem moral alguma!

— Meça essas palavras comigo, sua bicha nojenta!

— Sônia, JÁ CHEGA! — Frank perdeu toda a paciência. — Se disser mais um xingamento ao Eddie, eu pego as coisas dele e as minhas também, e saio dessa casa junto com ele! — Ela o olhou embasbacada, até mesmo Eddie ficou surpreso, Frank nunca ameaçava se separar dela, nem quando ela dizia os maiores absurdos.

— O quê?

— Foi isso que ouviu! Se continuar falando essas coisas horríveis, eu vou embora e vou me separar de você, porque não vou mais tolerar esse seu comportamento! Eddie é nosso filho você queira ou não, mesmo que não goste, o odeie por ser quem ele é, ele ainda é seu filho, e se não tem a capacidade de amá-lo como uma mãe faria, pelo menos respeite ele, e respeite a mim também! Estamos entendidos?

— É isso mesmo que está fazendo? Está ficando contra mim pra defender esse aí? Por que? Por que defende tanto? Não me diga que também é como ele? Só isso que me faltava! — Disse irônica, Eddie levou as mãos até o rosto, achava que já tinha ouvido de tudo, mas se enganou completamente.

— O quê? Porra, você consegue se ouvir!? Acha que para defender e pedir respeito, preciso gostar de homens também? Pelo amor de Deus, mulher! Eu tô defendendo ele porque ele é a pessoa que eu mais amo na vida, tudo bem que na nossa época as coisas eram diferentes, porém pessoas gays sempre existiram desde que o mundo é mundo! E eu sinceramente não sei porquê você pensa dessa forma, não me diga que é por conta da sua religião, se nem você mesmo segue essas doutrinas, já que não é capaz de amar o próprio filho.

Ela olhou para Eddie, no qual estava de braços cruzados.

— Você conseguiu fazer a cabeça do seu pai direitinho, não é? Meus parabéns! Conseguiu fazer ele ficar contra mim, está feliz? Era isso que queria?

— Não precisei mudar a cabeça de ninguém, agora não é minha culpa se coisas tão básicas que qualquer ser-humano é capaz de entender, não entrem na sua cabeça.

— A partir de hoje!... — Frank a interrompe quando ia xingá-lo em resposta — As coisas aqui serão diferentes, ou você muda esse comportamento, ou eu me separo de você, Eddie vai ficar aqui o tempo que ele quiser, vai vir a hora que quiser, essa casa também é minha, e eu também decido quem eu quero ou não aqui, e não tente me convencer do contrário, porquê eu não caio mais nas suas chantagens emocionais!

Ela estava totalmente contrariada, porém não disse mais nada, passou por eles indo até a sala de jantar, que nem uma adolescente mimada, nem parecia que já estava perto de completar cinquenta anos de idade, Sônia sempre foi imatura, e usava o fato de Frank ser um homem de “coração mole” para manipulá-lo e ele fazer seus gostos.

Com isso, aquele clima ruim se dissipou, Frank suspirou e olhou para Eddie.

— Vai ficar bem lá em cima?

— Sim pai, obrigado por ter me defendido.

— Eu já deveria ter feito isso há muito tempo. — Olhou para Mary — Leve a refeição dele, por favor.

— Sim senhor, com licença.

Ela foi buscar a louça para servir a refeição de Eddie, que subiu de uma vez, chegando até seu antigo quarto que morou a vida toda, para sua maior surpresa, ele ainda estava do mesmo modo que deixou há dois anos atrás; estava absolutamente tudo de sua infância e adolescência ali. Desde: os livros, revistas, bottons, pôsteres de desenhos, filmes e animes que gostava, também os desenhos que pintava.

Eddie sorriu abrindo o closet, vendo nele todas as roupas que deixou, na época não conseguiu levar tudo, era muita coisa para caber em três malas, sem contar que não queria levar quase nada daquela casa, além do que realmente era importante e essencial. Notou também o quanto seu estilo mudou drasticamente, se antes se vestia como o típico adolescente alternativo, hoje estava muito mais formal e discreto.

Ali na mesa de estudos, estavam suas canetas coloridas em um porta-canetas lotado, marcadores de texto, lápis de cores, tudo que o fazia lembrar da época do ensino médio, e do quão feliz era pelo menos na escola, pois apesar de em casa Eddie passar por diversos problemas de convivência com a mãe, na escola sua vida acadêmica era perfeita, tinha amigos, fazia parte do time de vôlei embora não tivesse uma estatura tão alta, porém era ágio, um ótimo atleta que sempre tirava as melhores notas, e tinha também várias medalhas e troféus dos campeonatos de jogos de inverno que participava.

Viu seu mural de fotos, em diversos momentos diferentes, e que marcaram sua vida. Haviam várias com Beverly e Bill, época em que ela tinha os cabelos longos e usava muita maquiagem, enquanto Denbrough tinha os cabelos grandes, no estilo Justin Bieber em 2010. Havia também algumas com seus colegas de turma, até com Asher, mas nada muito sugestivo, apenas selfies causais porquê na época ainda namoravam escondidos, e ninguém podia desconfiar. Se livraria delas em breve, e guardaria todas aquelas outras, para carregar consigo para sempre.

A viagem no tempo chegou ao fim, quando seu celular vibrou no bolso, atraindo sua atenção e o fazendo tirá-lo imediatamente, vendo que era uma mensagem de Tozier em resposta ao que havia mandado alguns minutos atrás, aquele nervosismo tomou conta, sente que nunca vai se acostumar a falar normalmente com ele outra vez, aliás, nunca houve de fato formalidade entre eles, já que desde o início Richie era um verdadeiro pentelho, e quando trocavam alguma conversa, era ou flertando ou brigando.

“Tudo bem Eds, eu vou ficar aqui esperando, espero que vc esteja bem, eu te amo.”

Fechou os olhos e colocou o celular contra seu peito, depois olhou para cima pedindo a quem quer que estivesse ouvindo suas orações, para que continuasse lhe mantendo forte, pois a vontade de jogar tudo aquilo pro alto e atravessar a cidade nesse exato momento pra ficar com ele só crescia, mas precisava seguir, agora que finalmente tomou coragem para admitir a si mesmo que precisa de ajuda, não pode voltar atrás, ir para aquela casa foi um erro, porém pelo seu pai faria qualquer coisa, sem contar que ele já se mostrou realmente disposto a enfrentar Sônia e ficar ao seu lado.

Um ciclo se encerrou e outro estava iniciando, dessa vez de uma forma totalmente diferente.

  
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