TrUtH oR dArE? mErCy!

By liamfvs

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Um dia após uma reunião entre amigos, Hina é encontrada morta em seu apartamento. 'All for Hina' se torna o a... More

TRAILER
AVISO: CONTEÚDO +18
PRÓLOGO
UM
DOIS
TRÊS
QUATRO
CINCO
SEIS
SETE
OITO
REDES SOCIAIS 1
REDES SOCIAIS 2
REDES SOCIAIS 3
NOVE
DEZ
ONZE
DOZE
REDES SOCIAIS 4
TREZE
CATORZE
QUINZE
DEZESSEIS (PARTE UM)
DEZESSEIS (PARTE DOIS)
REDES SOCIAIS 5
REDES SOCIAIS 6
REDES SOCIAIS 7
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
REDES SOCIAIS 8
VINTE E UM
REDES SOCIAIS 9
INTERROGATÓRIO 1.1
INTERROGATÓRIO 1.2
INTERROGATÓRIO 1.3
INTERROGATÓRIO 1.4
REDES SOCIAIS 10
INTERROGATÓRIO 2
VINTE E DOIS
REDES SOCIAIS 11
INTERROGATÓRIO 3.1
INTERROGATÓRIO 3.2
INTERROGATÓRIO 3.3
INTERROGATÓRIO 3.4
VINTE E TRÊS
INTERROGATÓRIO 3.5
INTERROGATÓRIO 3.6
INTERROGATÓRIO 3.7
INTERROGATÓRIO 3.8
INTERROGATÓRIO 3.9
VINTE E QUATRO
VINTE E CINCO (PARTE UM)
FLASHBACK 7.1
ESPECIAL DE HALLOWEEN
VINTE E CINCO (PARTE DOIS)
VINTE E SEIS
REDES SOCIAIS 12
VINTE E SETE
VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
REDES SOCIAIS 13
REDES SOCIAIS 14
TRINTA E UM
REDES SOCIAIS 15
REDES SOCIAIS 16
TRINTA E DOIS (PARTE UM)
AUTÓPSIA
REDES SOCIAIS 17
TRINTA E DOIS (PARTE DOIS).
REDES SOCIAIS 20
REDES SOCIAIS 21
REDES SOCIAIS 22
TRINTA E TRÊS
NOTA DA POLÍCIA
ESPECIAL: HDAY LAMAR.
TRINTA E QUATRO
REDES SOCIAIS 23
TRINTA E CINCO
TRINTA E SEIS
TRINTA E SETE
REDES SOCIAIS 24
REDES SOCIAIS 25
JULGAMENTO 0
JULGAMENTO 1
JULGAMENTO 2
FLASHBACK 4.1
JULGAMENTO 3
TRINTA E OITO
TRINTA E NOVE
QUARENTA
QUARENTA E UM

VINTE

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By liamfvs

Josh.

Pressionei o botão para fotografar o quadro de informações sobre o meu curso. Com um foco especial em fotografias do calendário referente ao último mês do semestre final desse ano.

Faltam nada menos do quê três semanas e quatro dias para o fim das aulas e o início das avaliações finais que irão determinar se eu irei e como irei para o terceiro ano de Educação Física.

O penúltimo ano.

Me dá calafrios apenas em pensar que está acabando. Eu não me sinto preparado para isso ainda.

E bom, sabendo que eu perdi todas as primeiras provas desse período e que eu não tenho nenhuma possibilidade de repor elas, preciso correr atrás do meu período praticamente perdido de alguma forma.

Essas primeiras avaliações seriam justamente na semana em que tudo ocorreu e o luto em prol do suicídio de Hina foi anunciado, logo, todas as provas de todas as faculdades foram reagendadas para a semana seguinte, quando o luto já teria tido fim e as atividades das faculdades retornariam.

Mas nós, os amigos próximos de Hina, frequentamos a universidade na semana seguinte?

Não.

E apesar de algumas das nossas faculdades — a minha foi uma dessas. — ter oferecido para que nós realizássemos a prova uma semana atrasados de todos os alunos, nós continuamos faltando até na semana seguinte do reagendamento das provas.

Em resumo: A maioria de nós se colocou na situação acadêmica decadente que nos encontramos agora.

Infelizmente não podemos que culpar ninguém além de nós mesmos. Nós tivemos oportunidades para não nos prejudicarmos apesar de tudo.

E foi justamente recortando o registro do cronograma em meu celular que eu perdi todos os sensos de tempo e espaço e toda essa chatice que eu aprendi com a Física do Ensino Médio ao continuar andando sem rumo mesmo que estivesse com a cara praticamente enterrada no celular.

Quando notei, meu inconsciente já havia me levado de maneira útil para o lado de fora da universidade enquanto eu mexia no recorte da foto.

Suspirei guardando o celular no bolso detrás da minha calça, parando tudo para me concentrar em lembrar onde eu havia estacionado o Filho quando cheguei hoje mais cedo.

Esse é o mal de um estacionamento tão grande e uma cabeça tão bagunçada quanto a minha.

Eu vim divagando sobre várias coisas, a minha cabeça parece estar trabalhando mil vezes mais nos últimos dias e eu estou completamente desatento a coisas inúteis como essa, mas não tão inúteis.

Afinal, seria muito útil poder ir diretamente até o Filho sem ficar feito um estorvo para a gravidade, parado na calçada da universidade enquanto analiso o estacionamento.

Lembrei-me que havia chego cedo então fui à direção do Bloco A, chutando completamente que eu deveria ter estacionando ali desde que nesse bloco ficava as vagas mais próximas tanto da entrada do estacionamento quanto a entrada da própria universidade.

São sempre as vagas mais disputadas e apenas chegando cedo para conseguir uma delas.

Como se um estalo surgisse em minha mente assim que cheguei no bloco, lembrei-me até do sorriso aliviado que dei quando achei uma única vaga, a última, ao chegar hoje mais cedo na universidade.

Assim que eu encontrei o Filho, apesar de estar em partes aliviado, o meu outro lado recitava mentalmente todas as orações que havia aprendido ao ser forçado a frequentar a catequese para que nenhuma novidade negativa tivesse ocorrido com o meu carro.

Josh? — uma voz conhecida soou atrás de mim, fazendo-me dar um pulinho em susto.

— O quê você está fazendo aqui? — abri um largo e verdadeiro sorriso para Diarra, passando meu braço por cima de seu ombro quando ela chegou perto o suficiente para tal. — Desistiu da carreira de cantora quando teve um dejavú na biblioteca? Eu imagino que ser famosa deve ser uma merda algumas vezes, mas é tão merda ao ponto da vida universitária fazer tanta falta assim? — tentei zoar já que ela trancou a faculdade para focar na carreira, mas ao retornar uma única vez, não foi embora assim que pode.

— Claro que não seu idiota. — ela empurrou levemente a minha cabeça para o lado e eu soltei um riso muxoxo com isso. — Eu vim o mais rápido que pude para a universidade quando a Joalin enviou aquela mensagem e fiquei um tempo considerável na universidade depois que todo mundo se dispersou da biblioteca. — ela começou a contar o seu ponto de vista enquanto se desvencilhava do meu meio-abraço. — Acabei vendo aquela discussão na internet assim que entrei no carro e decidi que voltaria aqui um pouco antes do toque do último tempo para poder conversar com você.

— Eu? Você só veio aqui por minha causa? — franzi o cenho em repleta confusão, acreditando que estava entendendo errado, mas ela incrivelmente abriu um sorriso fraco em concordância ao que eu estava pensando. — Por quê? Desculpa, mas isso não faz o menor sentido na minha cabeça.

Apesar de eu considerar muito a Diarra, eu entendo as circunstâncias que me fizeram considera-la, ou seja, eu não sou tão bobo assim.

Eu tenho a mais plena consciência de que ela não tem a mesma consideração por mim, não na mesma intensidade e eu sou capaz de viver bem com isso.

O ponto é que não só parece, mas é completamente estranho e atípico ela vir até aqui apenas para falar comigo. Sem mais.

— Depois de ler tudo o quê você disse na internet e até mesmo a sua resposta à Sabina. Senti-me na obrigação de vir aqui te falar algo sobre isso porque eu concordo plenamente com todos os argumentos que você expôs na internet. É nisso que eu de certa forma acredito também, mas por conta da carreira que escolhi pra mim, eu não posso comentar sobre essa briga, demonstrar a minha opinião publicamente e qualquer outra atitude sinônima a essa. Eu já estou muito queimada pelo público que consome o meu tipo de música pelo simples fato de ser alguém possível como culpada para polícia e de quem está acompanhando o andamento desses casos, ou seja, o Estados Unidos inteiro e uma boa parte do mundo. — ela falou e o seu tom de voz demonstrava cansaço enquanto ela desenvolvia a sua fala. Infelizmente eu entendo exatamente essa sensação, eu também sinto um cansaço sem fim e ele não é físico, tampouco saciável. Eu espero que a polícia consiga por um ponto final nesse enredo o quanto antes para que eu possa voltar a adormecer tranquilamente. Uma verdadeira pena que mesmo que haja esperança, eu sempre sinto que é apenas isso o quê temos. Esperança e nada mais. O fim dessa história está nas mãos do acaso e ele não parece ter pressa.

— Essa é a vida que você pediu a Deus, Diarra? — indaguei seriamente a mulher, atraindo uma feição confusa vinda da mesma. — Eu pensava que o seu sonho era ser cantora. Não um algoritmo.

— Não vamos entrar nesse assunto agora. — ela trocou o peso dos pés, cruzando seus braços em um visível desconforto com o assunto tratado.

— Como quiser. — balancei o ombro inconformado, mas desejando respeita-la mesmo que o meu interior coçasse para lhe convencer de viver a própria vida como bem entendesse. Ela não precisa de multidões atrás dela, ela não precisa vender milhões. Ela precisa ser feliz e números não definem felicidade. — Eu apenas acho que você deveria se libertar dessa empresa. — contei-lhe calmamente, mas a sua resposta não foi tão cortês quanto o meu tom.

— Guarde os seus achismos para si. — ela rebateu friamente, respondendo-me com uma convicção retirada de algum lugar obscuro de sua mente. — Você sabe que tudo que envolve esse ramo é muito mais complicado do quê realmente parece. Fique a vontade para divagar sobre o quê faria no meu lugar, mas a realidade é que largar a minha gravadora agora, é esfaquear a minha carreira. É suicídio.

— Também é o suicídio o quê você faz com as suas vontades e opiniões. — rebati sem pensar muito. Eu adoraria respeita-la, mas o desrespeito que ela tem consigo própria quando insiste que essa vida é a melhor que ela pode ter, não só a prejudica, mas todo o resto das pessoas que se importam com ela.

— Todo mundo alguma vez na vida tem que abdicar de uma coisa por outra. — ela contou em um tom divagador e eu assenti um tanto incerto com a sua mudança de comportamento, acabando por desviar o meu olhar do dela, mas ela não fez o mesmo. Eu ainda sentia a sua análise ocular sobre mim queimar a minha pele em um sentido figurado. Do nada esse diálogo parecia ter aberto milhares de trilhas que não se tratavam só do trabalho abusivo da mulher e isso deve ter a deixado extremamente alegre. — Você deveria abdicar de tanta bondade em troca da verdade.

— Oi? — tornei a olha-la no mesmo instante por conta das suas falas estranhas.

— Você está cego por tanta bondade Josh. Não consegue ver o quê está bem na sua frente.

— Consigo e consigo bem. Consigo tão bem que já aceitei que foi tudo premeditado. Eu acredito nisso tudo. Infelizmente não é loucura, simplesmente foi isso. — bati minhas mãos nas coxas em exaustão.

Ainda é difícil aceitar. É como se o meu coração gritasse com a minha mente para que permitisse que eu me enganasse mais um pouco.

"A ignorância dói menos".

Era o quê meu coração argumentava.

Mas a minha mente não permitia, ela não conseguia ir contra de fatos apenas para o meu bem. Só para o meu prazer.

— Não estou falando disso. — ela negou suavemente com a cabeça sem retirar o seu olhar do meu rosto por segundo algum, removendo qualquer resquício de expressão da sua face.

— Di? — a chamei de maneira figurada quando sua expressão se fechou completamente. Como quando um dia ensolarado é repentinamente tomado por nuvens carregadas, atrapalhando o trabalho rotineiro do sol.

Nós ficamos sem entender nada.

É exatamente como estou me sentindo agora.

Foi como se tudo o quê restou de boas vibrações tivessem sido, do nada, sugadas e substituídas por algo nebuloso, frio e pesado. Muito pesado. Pesado ao ponto de esmagar o meu peito, tornando a minha respiração pesada.

Essa conversa está me fazendo mais mal do que bem.

Isso tudo vai acabar com todos nós até não restar mais nada.

Onde nos perdemos?

Refiz em minha mente todos aqueles questionamentos de hoje cedo, quando estávamos reunidos na antiga biblioteca.

Será mesmo que não irá sobrar mais nada?

Porque eu penso que já não temos mais nada.

Que nunca tivemos algo para poder perder.

Como se tudo não tivesse se passado de uma grande fantasia onde só agora, as máscaras da mesma estavam despencando.

E se o infeliz que retirou a vida dos meus melhores amigos não fosse o verdadeiro vilão?

Também, se ele não for o ruim dessa história toda, isso não irá me fazer mal. Talvez seja até um alívio. Nós já estamos nos matando sem nem perceber. Em breve todos nós teremos os mesmos destinos, um único destino.

Estamos definhando o quê sobrou de nós mesmos.

Não o quê sobrou da nossa amizade.

— São só suspeitas minhas, mas não se preocupe. Tudo vai ficar bem no fim. — ela falou de uma maneira mecânica, tombando a cabeça para o lado como se estivesse fazendo tudo menos falando a verdade, mas eu resolvi não contraria-la desde que se ela quisesse falar, ela já teria o feito.

— Eu espero. — fiz um aceno com a cabeça, notando rapidamente que o meu período simples necessitava de um objeto direto. — Eu espero por isso todos os dias desde que ela morreu.

— Você não é o único. — seu comportamento não mudou, ela continuava robótica, mas parecia ter falado aquilo de uma maneira um pouco mais irônica. De qualquer forma, eu fingiria não ter entendido o seu possível tom. Não me estressaria com ela, tampouco por causa disso. Estamos sendo completas pilhas de nervos e eu sei que o meu dia será cheio, logo, fiz um esforço para, por ora, me segurar. — Acho que já fiz a minha parte... — ela suspirou olhando para a sua volta, mas tornando logo a me encarar. — Tenha um ótimo resto de dia, nós nos revemos em dois dias. Não será na melhor circunstância de todas, mas até depois de amanhã, Beauchamp.

— Até depois de amanhã, Sylla. — a respondi e ela formou um sorriso muxoxo e sem os dentes antes de sair caminhando estacionamento a fora até que eu facilmente a perdesse em meio a um mar de carros.

Sai de um transe que nem sabia que estava imerso quando ela sumiu do meu campo de visão. Encostei-me ao capô do filho, mas aquele mau pressentimento não sumia.

Seja lá o que ela queria dizer com isso tudo, me afetou.

Enfiei minha mão no meu bolso, puxando o meu celular de lá, encontrando rapidamente, após desbloqueá-lo, o número do telefone que procurava, o discando sem nem ao menos ponderar.

— Bom dia Senhora Hana. — desejei-a abrindo um sorriso largo mesmo que ela não pudesse vê-lo. Eu me questionava se havia feito isso inconscientemente ou apenas para ser mais convincente em meu tom. — Como vai?

— Bem querido. Algo ocorreu? Irá me visitar novamente? Traga Any se for o caso. Amei revê-los depois de tudo e é até bom que avise antecipadamente, assim eu posso preparar algo mais elaborado do que chocolates quentes apesar de que vocês os adoram. — ela soltou uma risadinha descontraída e eu me forcei a acompanha-lá nisso.

— Obrigada, mas não era isso. — falei tentando não tornar aquela situação constrangedora. — Eu, na verdade, telefonei para saber como vocês estão... Receberam algo de diferente? — perguntei com cuidado, tentando ser menos direto o possível por saber que já estava sendo enxerido o suficiente por ligar apenas para saber sobre isso.

Após um longo suspiro ao outro lado da linha telefônica, ela respondeu-me de maneira direta e desanimada:

— Sim, Josh. Infelizmente sim.

— Eu sinto muito. — fui honesto, desejando as minhas condolências por aquela situação no mesmo instante em que ouvi a sua resposta.

Esforcei-me até para conseguir demonstrar o máximo dos meus reais sentimentos apenas pelo meu timbre.

— Não há uma real necessidade de sentir muito, mas eu agradeço pelos seus sentimentos. É bom ter alguém que se importe conosco. — ela comentou e eu dei um sorriso fraco, novamente sabendo que ela não veria, mas esse sorriso em específico foi formado para mim próprio e a sensação frustrante que me atingiu ao ouvir a última frase. Eu acho que não sei exatamente como é ter isso. — Eu apenas quero justiça e se ser interrogada é necessário para que ela seja feita, eu ignoro todo o resto.

— Eu do mesmo. — contei-lhe no mesmo instante e ela emitiu um som em satisfação do outro lado da linha.

— Vocês também foram intimados? Se sim, eu também sinto muito Josh. Nem imagino como pessoas tão jovens devem estar lidando com isso tudo. Deve ser terrivelmente dilacerante.

— Infelizmente nós fomos sim, mas pelo o quê eu entendi, nós só iremos ao segundo dia de interrogatórios que é o dia de amigos e conhecidos. Acredito que o primeiro dia seja apenas para familiares. — contei-lhe e ela me confirmou o fato alegando que a família interrogada daqui a um dia, ou seja, amanhã mesmo. — Eu ainda não recebi nenhuma intimação, mas aposto que devem ter deixado na caixa de correio ou talvez eu encontre um civil vegetando na porta da minha casa quando voltar. — tentei soar divertido, mas pelo visto ela não pegou a minha tentativa.

— Eu sinto tanto por você, por todos vocês, por mim, pela família de Lamar, a minha... Pela própria Hina, Pelo Lamar... — ela sussurrou a última parte, fungando o nariz congestionado.

— Também não sinta. — falei seriamente decidindo respeitar os seus sentimentos, ou seja, desistiria de tentar descontrair aquela conversa. Infelizmente não estamos em tempos de descontração. Peguei as chaves do Filho no bolso lateral da minha mochila, destravando o próprio com o botão. — Eu apenas lhe telefonei para saber como você está com essa notícia recente, mas fico mais tranquilo em saber que na medida do possível está tudo ocorrendo em um caminho em que o fim será a paz de todos nós e a de Lamar e Hina também.

Ela respondeu as minhas palavras agradecendo pela gentileza e empatia que eu possuía pelo momento em que a sua família estava passando.

Abri a porta do Filho enquanto retirava a minha mochila do meu ombro, tendo que trocar o celular de orelha, me envergando um pouco para poder jogar a mochila no banco do passageiro do carro antes de entrar no próprio.

— Não é nada menos do que o quê eu acredito que seja o certo. — sorri fraco entrando no carro. — Mas agora eu tenho que ir. Irei sair da faculdade agora. — troquei novamente o celular de ouvido para poder fechar a porta do Filho, causando um barulho que com certeza ela ouviu. A mãe de Hina me respondeu com algo relacionado os estudos, provavelmente me incentivando, mas que eu não prestei muita atenção tendo que soltar uma risada amigável em falsa concordância com o quê ela dizia. — Até breve Hana. Envie sentimentos e beijos meus para a avó. — falei e desliguei o telefone após ela também se despedir de mim dizendo que mandaria os beijos para a avó de Hina o mais rápido o possível, me fazendo agradecer por isso.

Larguei o celular no porta-copo do Filho e girei a chave na ignição, ligando o carro e saindo da vaga em que ele estava estagnado para finalmente voltar para o loft de onde eu sempre sinto que nunca deveria ser saído.

𓅂

Estiquei-me no banco da cozinha, me remexendo a fim de encontrar uma posição mais confortável para prosseguir estudando sem demais problemas, mas sinto que já fiz de tudo e as dores momentâneas pelo corpo não aliviam.

Levantei-me do banco deixando todos os materiais onde estavam desde que eu pretendo retornaria para estudar mais.

Caminhei até o meu quarto tentando fazer uma automassagem nas minhas costas, peguei o meu celular em cima do móvel e me joguei na cama sentindo que poderia gozar apenas com a sensação prazerosa de roçar as pernas no lençol.

Eu estou cansado de estudar.

Desbloqueei o meu celular já que no presente momento a minha mente precisa de uma distração diferente dos livros de Cinesiologia e Biomecânica do Movimento ou eu irei cair no sono e estragar com todo o rendimento que ainda posso obter hoje.

Além de que, naquele ponto do dia, o meu corpo já implorava para ser retirado daquela posição que havia lhe sido imposto por seis horas seguidas.

Sim, seis horas estudando sem parar.

Eu cheguei até a minha casa em menos de dez minutos após sair do estacionamento da universidade e como o previsto a intimação policial havia sido deixada na minha caixa do correio. O único trabalho que tive foi o de seguir instruções para poder confirmar que havia recebido o meu convite para comparecer ao departamento daqui a um pouco menos do quê dois dias.

Tomei um banho relaxante quando fiz tudo isso e até me aventurei a comer uma mistura de várias frutas. Comecei a estudar praticamente às cinco da tarde quando já havia finalizado tudo o quê necessitava fazer antes disso e não parei para pausas maiores do quê dez minutos até o presente momento, às onze da noite.

Entrei nas minhas redes sociais e após checar tudo tive que entrar no meu aplicativo de mensagens instantâneas, começando a responder os acúmulos de semanas.

Os milagres que a falta do que fazer de um ser humano pode causar.

Não que eu não responda, mas você precisa ter a sorte de que eu veja a notificação quando ela chega ou que ela ao menos permaneça no topo do roll até que eu a veja, se não, esquece. Eu só irei visualizar no próximo ano.

Urgências? Me ligue.

Por mensagem corre o risco de você morrer e eu não ver.

Assim que terminei de responder a última mensagem pendente, uma de duas semanas atrás onde Savannah questionava se eu estava bem, a Any enviou-me uma mensagem, notificando na parte superior da minha tela.

Estranho.

Muito estranho.

Mas o quê não está estranho ultimamente?

Pois é, me arrisco a dizer que quase nada.

Abri a nova conversa com a mulher vendo que ela havia enviado unicamente uma mensagem e ela por si só já possuía um caráter duvidoso.

Receio que tudo que envolve a Any seja duvidoso em todos os sentidos.

Tanto sobre você não conseguir decifrar o quê as coisas realmente significam, mas principalmente sobre nada vindo dela ser a alternativa mais confiável entre tantas no mundo.

Mas no meu caso ela é uma das únicas alternativas que eu atualmente tenho.

Any: Já dormiu?

Suspirei fundo antes de responder.

Eu: Ainda são onze horas.

Any: Onze horas é tarde.

Eu: Você trabalha até muito mais tarde.

Tentei rebater.

Sinto-me de volta ao ensino fundamental quase sempre que converso com ela.

Any: Apenas as sextas e sábados e eu nem ao menos sei se ainda tenho emprego. Não compare.

Eu: Certo.

Foi apenas o quê respondi, mas quando eu pretendia desligar a tela e retomar a cozinha para prosseguir os meus estudos, ela me enviou mais uma mensagem.

E eu que pensei que era só isso: uma preocupação boba, atípica e bizarra.

Mas entenda algo Josh...

Nunca é só isso.

Any: Mas é sério. Não sei o quê você está fazendo agora, mas tente parar para ir dormir. O interrogatório será em pouco menos de quarenta e oito horas e ele vai exigir muito de todos nós. É estritamente necessário que você não esteja cansado.

Não estar cansado? Ela está vivendo no mesmo cenário que eu? Isso é impossível.

Eu: Irei logo mais.

Planejava apenas digitar isso e voltar a estudar sem cumprir com o quê estava dizendo, mas lembrei-me de algo importante e que precisava ser questionado.

Eu: Mas posso te fazer uma pergunta antes disso?

Any: Fique à vontade. Apenas não lhe garanto uma resposta.

Bufei alto em incômodo.

Ela consegue ser insuportável até por mensagem e isso é tão impressionante.

Eu: Sobre o nosso acordo...

Eu: Ele ainda está de pé?

Any: Nunca esteve deitado.

Any: Mas eu só estou esperando um bom momento.

Any: Afinal, você tem alguma ideia de quem seja?

Any: Sabe por onde começar a procurar por um responsável?

Eu: Não...

Any: Pois bem. Então não adianta nada fazermos algo. Não por ora. Seria burrice fazer movimentos bruscos sem embasamento algum.

Eu: Certeza disso?

Any: A mais absoluta.

Eu: Tudo bem então...

Eu: É sempre ótimo conversar com você, mas irei me organizar para dormir.

Any: Às vezes o seu senso de ironia me faz rir.

Any: Tenha bons sonhos Josh.

Any: E tranque tudo.

Eu: Por quê?

Parece-me óbvio o fato de que eu devo trancar tudo antes de ir dormir, mas não entendo no quê ela quer chegar me alertando sobre isso.

Any: Não quero que você seja o próximo.

Vote nesse capítulo caso queira ajudar no crescimento da história e me incentivar com ela.

Oi anjinhos. Chegaram até aqui e não me seguiram no Wattpad por quê? Ok, ninguém é obrigado. 🥺 Te amo mesmo assim.

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