Oblíquo

By luanaSales97

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Caio sabia, estar apaixonado era uma maldição que em nada parecia com filmes ou séries de TV onde tudo acaba... More

Epígrafe e apresentações
Ele não está tão a fim de você
Alguém tem que ceder
Questão de tempo
Abaixo o amor
Sim ou Não
Três homens em conflito
Guerra Fria
Feitiço da Lua
Trinta anos esta noite
O brilho eterno de uma mente sem lembranças
Um momento pode mudar tudo
O Primeiro Amor
E se fosse verdade?
Por trás de seus olhos
Uma noite alucinante
Sempre ao seu lado
A doce vida
Dia do sim
A felicidade não se compra
O Date Perfeito

A barraca do beijo

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By luanaSales97


Meu pescoço dói.

Este é meu primeiro pensamento pela manhã quando me movimento na cama agora vazia. Respiro fundo e penso em voltar a dormir. Eu ainda tinha um dia até começar o trabalho no teatro, até as aulas, até segunda feira. Parecia um desperdício levantar agora que a cama era minha.

Mas eu não conseguia dormir de novo, a voz alterada berrando na sala de estar não deixava.

– O que foi isso? – o tom feminino me fez suspirar. Essa não era minha primeira vez sendo acordado pelos berros de uma das mulheres de Damien. Tento cobrir meu rosto com o travesseiro, alguma esperança de paz ainda me restava.

– Damien, eu estou falando com você. – Tenho certeza que ele já ouviu, porque eu, com certeza, estava ouvindo. Me sento e esfrego os olhos preguiçosamente, noto a brecha da porta do quarto aberta e pergunto se Damien não deveria cobrir o festival de produções independentes dos nossos veteranos. Ele e Pedro ficaram responsáveis pela organização do evento. Ele poderia levá-la, discutir em outro lugar.

– O que você viu era o que estava acontecendo, eu dormi com o Caio, o que tem de mais?

Meu coração falha uma batida, mas apenas uma. Até eu me lembrar exatamente sobre o que tudo aquilo se tratava.

– Isso parece natural?

– E por que não seria?

– Isso é esquisito, você sabe que ele é...

Coço a cabeça. Muitas palavras poderiam completar aquela frase, mas eu apostava que a que ela queria tinha pouco a ver com eu ser ranzinza ou mandão. 

Gay assumido. Poderia ser isso. 

Eu também sou era apaixonado pelo namorado dela, e mesmo que eu não falasse me voz alta ela poderia ter percebido. Suspiro.

Qualquer uma das opções que ela pudesse apontar seriam verdadeiras. 

– A melhor pessoa que eu conheço? – é como Damien escolhe completar as palavras da garota. E eu poderia realmente me comover com isso. De verdade, sabe? Camila ou Carolina entendeu errado, não seria a primeira vez que alguém entendia errado, e eu tinha certeza que Damien explicaria exatamente o ponto central do mal entendido. 

Nós dormimos abraçados? Sim.

Nós dois fodemos a noite toda? Não. 

Mas a verdade é que eu gostaria disso. 

– Dizer isso na minha frente é ok? – ela grita, a voz parece chorosa. Escuto atentamente o diálogo, não havia outra escolha e eu duvidava seriamente que esta, me fazer ouvir, não era a intenção dela com aquilo. Eu entendia, não estava ofendido. 

– Estou sendo honesto.

Ele não estava

– Eu o amo.

Ah, bom.

– Mas sabe, é diferente. Vem aqui.

Será que eles poderiam acabar? Eu precisava mesmo ir ao banheiro.

Espero por algum sinal, qualquer barulho suspeito. Nada. Então movo as pernas devagar para fora da cama e caminho lentamente até a porta.

Minha bexiga ia explodir se eu não fosse agora.

Giro a maçaneta devagarinho, tentando poupar a casa de qualquer ruído.

– Caio é como um irmão, espero que você possa aceitar isso, eu não vou mudar.

A frase não tem poder de me parar, o discurso era velho, ultrapassado, gasto.

Ele sempre dizia essas coisas.

Por Damien ser essa pessoa, eu jamais, nem por um segundo, abaixava a guarda. Ser um irmão estava de bom tamanho para mim, mesmo que meu coração dissesse o extremo oposto. Atravesso o corredor em silêncio quando ouço o som da cerâmica se partindo contra o chão, o barulho me faz virar a cabeça. Minha caneca em pedaços não muito longe de onde eu estava.

Dou um passo adiante, meu coração acelerando sem consentimento.

Merda, merda... o meu presente.

– Ele estava ouvindo. Damien ele se escondeu para nos escutar.

Não olho para Damien, eu simplesmente encaro o chão. Cada caquinho branco pelo piso refletia muito de como eu me sentia vendo aquilo.

Meu presente de seis meses era especial.

– Caio – é a voz de Damien que soa próxima e me faz levantar os olhos devagar.

– Me desculpe – pisco algumas vezes, tentando recobrar a voz. Eu não sabia porque a caneca me feriu, mas ela o fez. Eu segurei a respiração bravamente e tentei não parecer mais chocado que estava.

– Está tudo bem – respondo.

– Me desculpe, mas você poderia sair por algum tempo? Algumas horas. Eu só preciso resolver as coisas com Camila.

– Como é? – ele olha para trás e logo se volta a mim.

– Daqui algumas horas eu e ela vamos ao evento dos veteranos. Você ia com Lucas, certo? Pode nos dar um momento de privacidade aqui para... resolvemos as coisas?

Me afasto um passo, atordoado.

– Preciso ir ao banheiro. Faça o que quiser.

Dou passos largos para longe, sentindo meu peito esvaziar.

Repito para mim, que aquela não era a primeira vez, aquele era meu melhor amigo, aquilo não tinha nada demais.

Eu podia sair e dar alguma privacidade, certo?

Jogo água no rosto e tomo um banho rápido, quando apareço na sala Damien e Camila estão tomando café. Tudo parece melhor para os dois.

Saio batendo a porta atrás de mim e torço para que Lucas esteja a caminho, ele ia me ajudar a limpar o apartamento, poderíamos ir ao evento mais cedo, ajudar os veteranos. Por sorte só preciso esperar cerca de 10 minutos para o carro do meu amigo estacionar no parapeito da calçada. Me enfio no banco do passageiro sem dar tempo algum para que ele botasse um pé para fora.

– Então a faxina... – ele começa enquanto afivelo o cinto. 

– Damien pediu privacidade, sabe? Com a namorada – solto com naturalidade, sei disso. a voz é perfeitamente calma. 

– Caio, eu... – meu amigo começa e preciso olhar para a janela, porque o tom vacilante de Lucas me faz pensar em coisas tristes, quase me fez vacilar com ele.

– Podemos chegar no evento mais cedo? – digo e Lucas entende, ele sabe bem sobre o quanto eu gostaria de falar qualquer coisa agora.

Ele é o melhor dos amigos que se pode ter.

O carro segue seu caminho e eu permaneço em silêncio por todo o trajeto até a faculdade.

O festival de cinema estudantil era como uma pequena feira organizada por nós para todos os alunos do campus. O evento servia para arrecadarmos fundos para nossos pequenos projetos cinematográficos e peças de teatro. Ao redor de todo nosso campus pequenas barracas ofereciam uma boa fotografia, jogos e comida barata.

Todo o aparato estava prestes a ser montado quando me aproximo de uma grande tenda branca. Uma menina com grandes óculos acompanhada por um cara gigantesco me olham com sorrisos gentis.

– Se não é o baixinho mais lindo dessa porra de lugar – o grande homem chamado Antônio grita, correndo até mim. Sua namorada, Amanda, revira os olhos com as mãos apoiadas na cintura.

Sabia que vir aqui era uma boa ideia, o rosto dos meus amigos trazia um refresco aos pensamentos.

– Caio, você veio – Amanda é quem diz, parece genuinamente feliz quando toca meu braço com carinho.

– Alguém precisa ser o brilho dessa feira – digo, dando de ombros. Lucas que me segue de perto solta uma gargalhada.

– A modéstia é parte do charme? – meu amigo me questiona, as sou interrompido por um tom divertido e conhecido.

– É sim – Pedro soa de longe, o vejo vindo a passos largos em nossa direção, os olhos sondando devagar. – Damien não veio com vocês? Ele me mandou uma mensagem dispensando a minha carona.

Não respondo a pergunta de imediato e graças a Deus alguém o faz por mim.

– Parece que não conhece seu amigo. – Amanda quem fala dessa vez. Nenhum deles está constrangido. Tudo é uma piada.

Damien era assim e todos sabiam.

– Bom, eu posso colocar vocês facilmente no lugar daquele galinha. Venham, nós estamos organizando o sorteio.

Ele acena para mim. 

– Vão, eu vou ajudar no pavilhão da fotografia, prometi a minha amiga que o faria. – Pedro revira os olhos quando me puxa pela mão. 

– Qual o prêmio? – pergunto, antes que ele pudesse falar sobre Lucas e a garota pela qual ele fazia tudo.

– Uma sessão privada as dez na nossa humilde sala de cinema. Todos os que consumirem tem direito a um cupom, quando mais consumir mais cupons e blá, blá, blá.

Assinto porque é uma ideia muito boa. Oferecer um cinema privado a um casal era um chamariz surreal dentro da faculdade. Mesmo que eu acreditasse piamente que eles pouco se foderiam para o filme.

– A gente precisa limpar aquilo – sugiro, porque nosso humilde cinema não se parecia muito com um ninho de amor. Mas eu era uma alma romântica e tinha ótimas ideias. 

– E vamos – ele concorda, balançando a cabeça e sorrindo um pouco. 

Pedro sempre ouvia minhas sugestões e isso me deixava feliz.

– Jogar um bom ar – digo, franzindo o nariz.

– Comprei o frasco – ele diz, como se estivéssemos checando uma lista. 

– Escolher um filme bem piegas. 

– Na verdade fizemos uma votação no instagram, temos um filme ganhador. – Bato nas coxas, interrompendo a caminhada, dando meu melhor para fazerem soar os tambores. 

– Que é? 

– Cinquenta tons de cinza.

Pedro dá de ombros e eu solto minha primeira gargalhada honesta do dia.

– Pensa em se inscrever? – ele me pergunta quando nos aproximamos da tenda branca que acredito ser a minha. Várias caixas de doces estavam espalhadas por uma bonita bancada de madeira. 

– E eu perderia essa oportunidade? – exclamo, e depois aponto para a barraca já ao alcance de minhas mãos. – Então, é aqui eu vou atender?

– Bom, sim. Estou com medo do Damien furar. Ele era responsável pelo beijjinho. – Franzo o cenho e espero a explicação.

– É uma barraca de doces, ele e a Camila ficariam aqui. Acha que dá conta?

– Dou conta.

– Ótimo. – Ele para por um momento, me analisando de cima a baixo. – Você está bem?

– Por que não estaria? – pergunto e, na verdade, eu me sentia um pouco melhor.

– É, por quê? – ele parece pensativo por um segundo. – Vou te deixar organizando, volto logo para ajudar, só preciso confirmar com a Amanda na bilheteria os preços para te passar.

– Vá sem pressa. – Pedro me deixa sozinho e eu começo todo o processo de abrir as coisas. Tínhamos muito chocolate, frutas e docinhos. O nome brega da barraca era a cara de Pedro. Eu tinha certeza que ele escolheu pessoalmente. 

O pensamento me faz sorrir.

Começo a ajustar as coisas de forma que tudo ficasse exposto. Eu tinha um megafone para atrair clientes e isso quase me anima, sou um ótimo garoto de negócios. Pego o aparelho na mão e dou uma boa olhada na potência. 

Sim, isso iria servir. 

– Vai usar isso? – o tom rouco e bem humorado me faz virar rapidamente e quem sorri atrás de mim é Damien. – Animado para vender? 

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