Entidades

By JhonLucasPaes

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E se anjos e demônios realmente existissem? E se os anjos descessem dos Céus, se apaixonassem por humanos e t... More

Dedicatória
Epígrafe
Nota do Autor
PARTE I - OLHOS VERMELHOS
Capítulo 1 - Lola Witt
Capítulo 2 - Fragmentos
Capítulo 3 - Distúrbio
Capítulo 4 - O Convite
Capítulo 5 - Noite Longa
Capítulo 7 - Novo Mundo
Capítulo 8 - Arrebatada
PARTE II - OS SEMIANJOS
Capítulo 9 - Anjos da Noite
Capítulo 10 - As Revelações
Capítulo 11 - Cooper's Candy
Capítulo 12 - Seja Bem-Vinda a Édenia
Capítulo 13 - Primeiro Exercício
Capítulo 14 - Sangue na Neve
Capítulo 15 - Lembranças Hostis
Capítulo 16 - Verdades Secretas
Capítulo 17 - Braceletes Celestiais
Capítulo 18 - Perseguição
Capítulo 19 - Persistência
Capítulo 20 - Nova Aliada
Capítulo 21 - Segunda Fase
Capítulo 22 - O Anúncio
Capítulo 23 - Exame Valente
Capítulo 24 - Primeiras Lutas
Capítulo 25 - Lâminas e Sangue
Capítulo 26 - Arcanjo Rafael e o Pagão
Capítulo 27 - Um Pedido de Desculpas
Capítulo 28 - Reflexos do Passado
Capítulo 29 - Uma Jornada Inesperada
PARTE III - DOMINADA
Capítulo 30 - Vísceras Expostas
Capítulo 31 - Club Red & The Red Owl
Capítulo 32 - Lucy Morris
Capítulo 33 - Estranhos no Paraíso
Capítulo 34 - Mal-Assombrado
Capítulo 35 - Mãe e Filha
Capítulo 36 - Retornando
Capítulo 37 - Transcendentes
Capítulo 38 - Profecias do Apocalipse
Capítulo 39 - O Labirinto
Capítulo 40 - Corpos Incinerados
Capítulo 41 - Os Sobreviventes
Capítulo 42 - Templo de Metatron
Capítulo 43 - Anjos Cadentes
Capítulo 44 - Príncipe das Entidades
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 6 - Interrogada

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By JhonLucasPaes

Quando abri os olhos para o mundo novamente — com a alma ainda sem entendimento e nem capacidade de sensatez —, a primeira coisa que vi, ainda como uma imagem borrada e pueril, foram dois pares de olhos curiosos. Eram Helen e Nathan.

— Ela está acordando! — Exclamou Nathan.

Shhhh — fez Helen.

Eu estava num quarto de paredes brancas e impenetráveis, deitada em uma maca, lutando para continuar com os olhos abertos. Algo fazia cócegas embaixo de meu nariz. Confesso que demorei um pouco para perceber que era um tubo. Movi minha mão para tentar removê-lo, mas não obtive sucesso. Uma máquina à minha esquerda emitia um bipe persistente e ritmado. Uma cortina fina à direita me separava de um paciente que sofria com dor, ele chorava e gemia freneticamente e aquilo fazia meu estômago se revirar. Percorri brevemente o quarto de hospital com o olhar, e vi um vaso de flores e uma bolsa aberta com coisas minhas trazidas de casa sobre um criado-mudo ao lado da cama.

Olhei para o rosto de Nathan e acariciei sua bochecha. Seus olhos redondos e pequenos e seu rosto inocente. Ele sorriu para mim, feliz ao ver que eu estava bem. Lembrei-me que lhe prometi que ia chegar a tempo para assistir com ele seu programa favorito, e eu me odiei por um momento ao perceber que havia quebrado uma promessa. Eu nunca tinha deixado isso acontecer antes. Não com Nathan.

Virei meus olhos em direção à Helen. Ela estava com profundas olheiras. As unhas, normalmente perfeitas e pintadas, estavam roídas e feridas. Eu não conseguia me mexer sem sentir uma dor ali e aqui, mas tinha certeza que conseguia falar alguma coisa:

— O que aconteceu? — Não era exatamente essa pergunta que eu iria fazer, mas meus lábios se moveram tão repentinamente que eu não tive tempo de voltar atrás. É claro que eu sabia o que tinha acontecido. Eu lembrava-me de tudo. Imagens nítidas daquela noite não saíam de minha cabeça; os olhos vermelhos e a esclera negra, sangue, sangue e mais sangue. Os olhos de Tyler arregalados e inexpressíveis, os lábios azuis e o corte profundo da adaga em suas costas. — Tyler... ele...

Helen abaixou a cabeça e concluiu:

— Está morto.

— DROGA! — eu rosnei, sentindo meu rosto ficar molhado pelas minhas lágrimas. — E por que diabos eu estou viva? O que aconteceu comigo? Era para eu estar morta!

— Você sofreu um acidente, Lola — começou ela, com um olhar distante. — Você foi atropelada por um caminhão. Eu sei, eu sei, é uma grande loucura. Ninguém sabe como você saiu viva dessa. Seus amigos trouxeram você ao hospital. Lucy e Jessie estavam apavoradas, pensando que você já estivesse morta... Elas me ligaram assim que puderam, e eu e Nathan viemos imediatamente — houve uma pausa, ela parecia estar procurando coragem para continuar. — Na mesma noite, Tyler foi encontrado morto em um dos quartos de sua casa... Foi assassinado — quando ela voltou seus olhos para mim, ela estava chorando. — Falaram que você o matou.

— O quê?! Não, não! Eu não o matei. Foi um garoto que... que...

— Não precisa me explicar nada. Você é minha filha, eu acredito em você... — soluçou Helen. — Eu... só estava com muito medo de que você... não sobrevivesse — ela pegou um lenço de sua bolsa e tentou enxugar as lágrimas.

Um calor súbito tomou conta de mim, meu rosto ficou vermelho e meus punhos ficaram cerrados.

— Ah. Então agora você tem medo!? Por acaso você ficou quando me deixou sozinha com Nathan há nove anos!? — gritei, exasperada — Nathan não tinha nem um ano de vida, Helen... e você nos abandonou! Você literalmente nos deixou para trás! E eu tive que cuidar dele sozinha. Uma criança cuidando de uma criança!

— Seu pai havia m-morrido na época... — ela balbuciou.

— É, eu sei disso. Mas sair de casa e agir igual uma maluca e depois virar uma drogada não a ajudaria em nada. Ou por a caso ajudou?

— Por favor, parem de falar disso! Parem de brigar! — Nathan não parecia nem um pouco surpreso, já sabia de toda essa história, mas ele detestava quando eu brigava com Helen por causa desse assunto.

— Eu já lhe falei... que eu me arrependo muito do que fiz. Se eu pudesse voltar atrás e-eu...

— Você não pode! — a interrompi — Passamos semanas sozinhos em casa, quase morremos de fome enquanto você estava lá fora se entupindo de entorpecentes! — praticamente cuspi as palavras nela.

— Lola — disse Nathan —, não fale mais desse assunto, por favor! Isso deixa a mamãe triste. Ela voltou pra gente, está limpa, isso que importa. Você tem que perdoá-la. Por favor, maninha!

— Perdoar? — virei-me de volta para Helen. — Eu nunca vou te perdoar! Não adianta você querer se preocupar comigo agora. Você deveria ter se preocupado há nove anos... Nunca irei perdoar você pelo o que fez comigo e Nathan. Eu sinto nojo todas as vezes que eu olho para você! Eu te odeio, Helen!

Os olhos dela ficaram arregalados, atordoada com o que tinha acabado de ouvir, ela se virou e sem falar nada saiu soluçando do quarto.

— Como você pode ser tão má? — perguntou meu irmão. — Você não tem compaixão... Ela é sua mãe também! — depois lágrimas transbordaram dos olhos de Nathan, e eu imediatamente me arrependi do que havia dito. Ele saiu do quarto logo em seguida.

Eu queria pedir desculpas. Apenas a Nathan, pois eu não suportava vê-lo chorar, mas algo dentro de mim me impediu. Eu... eu...

• • •

Ainda naquela horrível terça-feira, duas enfermeiras de expressão severa vieram três vezes ao meu quarto para me dar alguns remédios e ajustar os tubos ligados a mim, elas disseram que eu iria ficar bem e que poderia ir para casa logo, tudo dependeria de minha recuperação. Minha perna direita estava dormente e engessada, provavelmente quebrada. Confesso que demorei a criar coragem para pegar o espelho da bolsa ao lado da cama e encarar o estrago em meu rosto, mas, felizmente, fiquei surpresa em ver que eu estava só com algumas manchas roxas e arranhões. Eu não via a hora de voltar para casa. A comida do hospital era horrível, uma sopa rasa e sem graça, coberta por legumes nojentos.

No horário de visita, Lucy e Jessie vieram me ver. Inicialmente eu fiquei com medo de olhar para elas, com medo de ver aqueles olhos vermelhos novamente.

— Meu Deus! Como você está horrível — disse Jessie.

— É, eu sei.

— Tyler está morto... — choramingava Lucy de cabeça baixa no canto da cama. — O que você fez?!

— Até você, Lucy? — vociferei — Eu não fiz nada, tá bem?!

— Lucy, não fale besteira! Não é de seu dever interrogar Lola — disse Jessie, mas Lucy a ignorou completamente.

— Você matou o Tyler e qualquer dia vai acabar matando todos nós!

— Lucy! — exclamou Jessie.

Lucy fitou-me nos olhos e me encarou com nojo e desprezo — algo que eu até então nunca a tinha visto fazer com ninguém, muito menos comigo —, ela pegou sua bolsa e voou em direção à saída, fechando a porta em um baque.

— Ela está sofrendo com a morte de Tyler. Todos estão...

— Jessie, eu não matei Tyler! — Eu estava chorando, mas agora era de raiva, pois eu estava sendo acusada injustamente. — Você estava lá, você viu! Nós estávamos... nos amando. Eu nunca o mataria, eu nem sequer teria um motivo pra isso! Meu Deus... e-eu juro que não fiz nada...

— Tá. Mas... e a facada nas costas dele? Estavam só você e ele no quarto, Lola. Eu não estou te acusando de nada, mas essa história tem um grande furo...

Antes que eu pudesse responder, uma das enfermeiras que viera me ver mais cedo surgiu abrindo a porta e dizendo:

— Teremos que encerrar o horário de visitas mais cedo. O Detetive Will quer fazer algumas perguntas à paciente Lorraine.

— A gente se vê depois — sem olhar para trás, Jessie saiu do quarto. Logo em seguida, um homem alto e moreno, calvo e de olhos escuros, entrou. Ele usava um terno formal azul e carregava uma pasta.

Ele se sentou na poltrona encostada na parede, abriu a pasta e retirou de lá um bloco espiral e uma caneta azul.

— Sou o Detetive Will, estou aqui para fazer algumas perguntas. Serei bem breve — disse sem olhar para mim. — Então Lola... o que exatamente aconteceu aquela noite? — ele levantou os curiosos olhos negros na minha direção, tão severo. Será que não havia ninguém com bom humor naquele lugar?

Fechei os olhos, visualizando mentalmente meu extenso catálogo de cenas assustadoras daquela noite, e respirei profundamente. E então tentei dizer toda verdade, mas é claro que com algumas exceções.

— Estávamos comemorando a entrada de Tyler Etchison no time de basquete da escola, e durante a festa nós nos aproximamos bastante — suspirei e continuei: — Ficamos juntos naquela noite, subimos para o quarto e... bem, você sabe — Não iria dizer para ele que Tyler virou um monstro. Certamente me chamaria de louca. — Então ele começou a me agredir... Eu gritei por socorro.... e foi aí que um garoto apareceu e esfaqueou Tyler pelas costas e fugiu. É o que eu me lembro.

Will assentiu com a cabeça e anotou no bloco.

— Você conhecia esse garoto de algum lugar? O viu na festa?

— Não — respondi automaticamente.

— Tem certeza? — Insistiu.

— Sim, eu não o conheço — disse. — E nem me lembro de tê-lo visto na festa. Eu nunca o tinha visto na minha vida antes. Mas...

— Mas?

— Eu notei a alguns dias que um cara estava sempre nos lugares em que eu frequentava, acho que estava sendo assediada, mas é claro que não era o mesmo que assassinou Tyler. São pessoas completamente diferentes. Porém quem garante que não eram cúmplices, ou sei lá? Eu sei que não faz muito sentido, foi só uma ideia que me passou pela cabeça agora...

— Interessante — Will anotou, mas uma linha tênue de descrença era notada com facilidade em seus olhos. — Agora, hum, o que houve depois que você viu o tal garoto cometer o homicídio? — Indagou, sem parecer estar interessado de verdade.

— Eu fiquei assustada com tudo aquilo e, hmm, fugi...

Ele não me deixou terminar.

— Você fugiu?

— Não, quer dizer...

Ele voltou a anotar tudo.

— Eu não o matei! — berrei. — Eu juro — mas ele nem sequer aparentou ter me ouvido. — O que eu falei é verdade, um garoto assassinou Tyler e não eu.

— Ok, isso é tudo — disse ele. — Amanhã mandarei alguém aqui com você para fazer um retrato falado desse suposto assassino.

Eu suspirei, com a sensação de frustação que invadiu meu corpo.

Ele se levantou e se dirigiu até a porta, onde parou por um breve momento e se virou para mim, Will abriu a boca para dizer algo, mas eu não consegui entender muito bem. Apenas uma coisa era relevante naquele momento: seus olhos. Seus escuros olhos estavam abertos e fixos em mim, agitando-se em uma nebulosa dança de tons de vermelho enquanto sua esclera se escurecia para uma cor não-humana.

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