New York, USA
(9:07am)
— Richie?
— Hm...?
— Acorda logo! Ooou!
— Shiiu Eds... Me deixe dormir mais um pouquinho, amor. —Se abraça com alguém e sorriu em seguida dizendo: — Nossa Eds, você cresceu...
— Meu querido, que droga você usou? — Tozier abriu os olhos no mesmo momento.
— AAAAHH! MAS QUE PORRA, STANLEY!?
Se solta rapidamente quando vê Stanley ali do seu lado, esfregou os olhos tentando decifrar se ainda está sonhando ou se está acordado, enquanto seu coração se recupera do susto.
— Então quer dizer que, você anda dormindo abraçadinho com o Eddie, é?
— O que você está fazendo aqui, inferno? Como entrou aqui?
— Pela chave reserva, que fica de baixo da planta, esqueceu?
Richie passa a mão nos cabelos, olha em volta estava agora sozinho na cama, olhou no relógio depois olha pra fora observando o sol já alto adentrar pela janela, concluiu que Eddie já deveria estar no trabalho faz tempo, dormiu tão bem que perdeu total noção do tempo, aquela foi a primeira vez que dormiu bem em semanas, sabe quando se dorme tão bem que acorda leve? Descansado, e até em paz?
(Eu também não sei, porquê não durmo assim faz tempo, mas voltemos ao foco...)
— Você está aí há muito tempo?
— Não, acabei de chegar.
— Você tem e avisar quando for entrar aqui, e se a gente estivesse em um momento íntimo?
— Momento íntimo? O que foi que eu perdi? Até onde sei vocês nem dormem no mesmo lugar, até então...
— É que... As coisas mudaram, não sei... Nunca se sabe o que pode acontecer, né? Sei lá. —Levanta indo até o banheiro.
— Richie, que história é essa?
— O quê?
— Achei que você não quisesse se envolver com ele.
— Quem disse que eu quero?
— Está agindo como se... Como se quisesse, está até me repreendendo por entrar na sua casa, sendo que antes eu vivia fazendo isso.
— Mas antes eu morava sozinho, agora não. Pode ser que você chegue em um momento inoportuno, e se ele estiver trocando de roupa?
— Acha que eu vou sentir alguma coisa em vê ele sem roupa?
— Não sei...
— Ou! Me respeita, eu sou quase comprometido.
— Eu sei, foi mal. Ainda estou com sono e meio puto com você, mas falando sério, não chega assim, pode ser que em algum momento a gente esteja...
— Meu filho, eu já até perdi as contas de quantas vezes já cheguei aqui e vi você transando, são os maiores traumas da minha vida!
— Mas agora é diferente, o Eddie não é como os outros, é meu marido, e querendo ou não essas coisas podem acontecer... Não que já tenha acontecido, okay? É que estamos tentando nos dar bem, a própria doutora Twitchell disse que: temos que fazer coisas de casal. Enfim, eu acho que vou parar de falar porquê essa conversa está ficando estranha. — Começa a escovar os dentes.
— É, estão se dando muito bem mesmo pelo visto, até caíram num lago juntos, se isso não é amor, eu não sei mais do que chamar!
— Ah, cala a boca um segundo! O que veio fazer aqui? Não tinha que estar no trabalho?
— Seu pai sentiu pena de mim e, resolveu me dar um dia de folga.
— Pra mim ele nunca deu folga.
— Até porquê, pra ter folga é preciso trabalhar primeiro, né Richie? — Richie lhe deu um olhar feio.
— Isso, joga mesmo na cara, e o que veio fazer aqui?
— Você sumiu, então fiquei preocupado, sei lá, vai que estava sendo feito de refém, nunca se sabe do que aquele garoto é capaz.
— Olha... — Cuspiu lavando a boca. — Eu acho que quero dar um tempo disso tudo, depois do que aconteceu ontem, eu percebi que isso já está indo longe demais, a gente quase morreu!
— Eu vi no jornal, não quero nem imaginar o que vocês estavam fazendo pra cair naquele lago.
— Você tem noção disso? Não, eu não quero mais me colocar em uma situação daquelas, aquilo foi ridículo.
— Ainda bem que você percebeu, nem precisei avisar... Ganhei meu dia!
Richie revirou os olhos, enxugou o rosto saindo do banheiro.
— Mas e você? Um passarinho me contou que anda de namorico com o amigo do Eddie, nem me conta nada né?
— Poderia, se você não tivesse batido nele e não me contado nada também!
— Eu estava defendendo você, cuzão!
— Eu sei, e agradeço. Porém... Ele se desculpou comigo.
— Era o mínimo, não?
— Hein, você vai sair com a gente amanhã?
— Não sei, se o Eds for, eu vou. — Abriu a geladeira pegando algumas coisas pra fazer um sanduíche, quando olhou para o amigo, o mesmo tinha um sorriso diferente, fazendo Tozier franzir a testa. — O que foi?
— Richie, Richie, você nem consegue mais disfarçar.
— Disfarçar o quê criatura?
Pega o pão de forma, na parte de cima do armário, pensou no que iria fazer, até ir a geladeira.
— Está de quatro pneus arreados pelo ditador Eddie Kaspbrak!
Isso fez com que Richie quase derrubasse as coisas da sua mão, riu de nervoso olhando em direção dele.
— Tá doidão meu anjo? Fumou quantos baseados hoje?
— Nem tenta mentir! Eu já percebi faz tempo, admite logo cara! Não há mal nenhum em estar apai-
— NEM TERMINA ESSA FRASE. — Grita alto, depois suspira se acalmando. — Olha... Eu jamais me apaixonaria pelo Eddie!
— Por que não?
— Porque ele não é o tipo de pessoa que eu... Enfim, não! Apenas não.
— Mas você estava dormindo com ele, achou que eu era ele, me chamou de “amor” no lugar dele, até me senti aqueles amantes de novela.
— Idiota. — Sorriu. — E eu chamo ele de amor por pura ironia, tá bem? Faço isso porquê ele odeia, e se ele odeia algo, eu automaticamente adoro.
— Sei.
— É sério! E outra, prefiro chamar isso de carência momentânea, já que tô há meses sem ficar com ninguém...
“Além dele.” completou mentalmente.
— Qual é Richie?
— Qual é, o quê? É verdade! Cara... Já estamos há quase dois meses morando juntos, convivendo, e tendo que enfrentar certas situações, a gente pode brigar como for, mas somos homens... Ainda por cima que já ficaram antes, a carne é fraca, e o tesão é mais forte ainda. Acha que é fácil pra mim vê essa criatura desfilar só de toalha, quase toda manhã, bem diante de mim?
— Imagino que não, mas isso não é justificativa para o que eu acabei de presenciar, queridão, acho que você só precisa colocar uma ordem nos seus sentimentos, é normal Richie, eu entendo.
— O que merda você está dizendo? Eu hein, nada a ver! Que sentimentos? Eu ter sentimentos pelo Eddie? Por favor, né!?
Richie não se deu conta do quanto suas orelhas e rosto estavam rubros, só dando a notar ainda mais que estava mentindo.
— Tudo a ver, veja só você... Há algumas semanas atrás, estava de fato convencido a ganhar esse jogo; tinha os melhores planos diabólicos pra perturbar ele, não estava nem aí pra ele ou pro corpo dele. E agora, só sai com a gente se ele sair também, fica chamando ele de “amor” sem ser fingimento, e não adianta dizer que é ironia, porquê eu não acredito em você! — Disse quando Tozier abriu a boca pra rebater, porém apenas rolou os olhos e continuou fazendo seu café da manhã. — E ainda por cima, admite que se sente atraído pra ele, confessa logo!
— Eu só não quero ficar sobrando no meio de você e do seu namoradinho, a Bev também vai estar acompanhada, eu tenho cara de candelabro por acaso, pra ficar segurando vela?
— Uhum, sei.
— É sério! E se você não acredita, eu não estou nem aí. — Terminou de preparar o que seria seu café da manhã. — Está servido?
Pergunta erguendo o sanduíche lambregado de pasta de amendoin na direção do amigo, que recusa fazendo careta de nojo, Tozier deu de ombros começando a comer, mas sem conseguir manter seu olhar no dele por muito tempo, porque no fundo, bem no fundo, aquilo que Stan disse; sobre ele começar a sentir algo por Eddie de alguma forma, era verdade.
(Em paralelo a isso)
— Temos que conversar!
Berverly senta na mesma mesa que Eddie estava almoçando, no restaurante da empresa.
— Oi Bevvie, desculpa não ter respondido suas mensagens, fiquei ocupado.
— Sim, imagino. Ocupado caindo no lago do Kennedy, junto com o Richie!
— Você viu a reportagem?
— Não preciso, estão todos comentando, você sabe que a Tandem anda colada com o New York Times, a redação inteira estava comentando.
— Ah, merda! Quanto mais longe eu tento manter minha vida pessoal do trabalho, mas perto ela fica...
— Mas não foi sobre isso que vim conversar.
— Então... Sobre o quê?
— Primeiro vou fazer meu pedido, depois vamos conversar melhor sobre essa situação, e quando sairmos daqui, quero que me acompanhe até uma loja, vou comprar um vestido.
— Vai sair com uma pessoa?
— Não exatamente uma pessoa.
— Um Álien? Desistiu dos humanos?
— Não Eddie! Não é uma pessoa, são duas.
— Aqueles seus dois amigos de Las Vegas?
— Sim, eu preciso apresentar eles pra vocês, me diga que ouviu meu recado?
— Ouvi sim, e tudo bem eu vou... Nós vamos na verdade.
— Bom isso! — Pegou o cardápio, enquanto Eddie sorria lhe observando e continuando a comer.
— Eddie, que história foi aquela?
— A gente estava brigando, nem sei como aconteceu mas caímos.
— Aquele lago maldito já causou muito assombro em você, agora isso?
— Hm... A gente já está bem. — Sorriu sem graça.
— Até quando Eddie? Até vocês brigarem de novo e outra merda acontecer? Ontem foi o lago, amanhã vai ser aonde? Na ponte de Manhattan? Na estátua da liberdade? Ah, quem sabe de lá do prédio mesmo!
— Não seja exagerada-
— Exagerada!? Eu só estou dizendo que isso está indo longe demais, vocês estão parecendo dois meninos brigões e imaturos! Aonde está aquele Eddie maduro e sensato de algum tempo atrás? Sinceramente estou morrendo de saudades dele.
— Eu não sei! Tá bom? Eu não sei mais o que fazer, eu apenas faço as coisas sem pensar quando estou com ele, é como se ele me fizesse perder o juízo, e quando o retomo de volta, a merda já está feita!
— É... E sabe onde essa história vai acabar? Com um de vocês dois feridos de verdade, ou na prisão! Não quero ser invasiva Eddie, mas qualquer um que olhar pra vocês dois, já começam a se preocupar quase que de imediato! Essa relação de vocês não é saudável, e está se tornando aos poucos um relacionamento tóxico! E você acabou de sair de um, já quer entrar em outro?
— Não, não quero. Acha que não sei? Mas eu estou tentando, okay? Ainda temos o quê? Quatro ou cinco meses juntos pela frente, até lá muita coisa pode mudar.
— Eu espero mesmo, é tudo que eu mais quero! E que mudem pra melhor, porquê se algum dia eu tiver que ir no hospital visitar um de vocês dois, eu juro por Deus que eu mesma imprimo o documento de divórcio dos dois, e assino com minhas próprias mãos!
— Eu não duvido nada, afinal para Berverly Marsh, nada é impossível.
— Nada mesmo!
— Me prometa que nunca mais vai colocar sua vida em risco, outra vez. Prometa!
— Eu prometo.
— Muito bem.
•°• Enquanto isso... °•°
— Você não entende, ele envolveu minha família... Agora meus pais amam ele, até para aniversários querem levá-lo.para apresentar a outra parte da família, eu estou em desvantagem. — Richie se joga no sofá, descansando de fazer nada em específico.
— Ele está afetando você Richie, e sabe disso, primeiro a família, depois os medos, não percebe?
— Não percebo o quê?
— Que quanto mais o tempo passa, mais você desvia do seu verdadeiro objetivo nesse casamento? — Fica pensativo, até que franziu a testa se levantando outra vez.
— Você acha que... Ele está fazendo essas coisas para me tirar da jogada, porém de um jeito eu não perceba?
— O quê? Não, eu-
— Agora tudo faz sentido! Ele está tentando me comover, está tentando me deixar disposto a tudo por ele, inclusive abrir mão da minha parte no acordo para que ele saia vencendo, Stan você um gênio!
— Mas eu não falei nada disso, eu só disse que-
— Eu entendi completamente! Meu Deus como eu sou idiota! Estava caindo perfeitamente na dele! Veja só... — Senta o amigo no sofá ficando ao lado dele — Um dia ele vive me xingando de tudo quanto é nome, no outro me trata bem, cozinha e até fala bem de mim pros meus pais, no outro me faz pegar uma intimação por má conduta e desrespeito, depois caímos juntos em um lago e ele me faz ficar com pena dele pelo estado que ficou, e logo depois muda completamente comigo e até me chama pra dormir com ele, sabe o que isso significa?
— Bipolaridade elevada à terceira potência?
Richie revira os olhos.
— Não! Ele quer me manipular, se tem algo que esse garoto sabe, é como convencer as pessoas, ele trabalha com publicidade, propagandas, dá a visão de um mundo que não existe, ou seja, ele sabe como agradar alguém, e é isso que está fazendo comigo!
— Você sabe que... — Stan o olhou de cima abaixo — Tudo isso que você disse, foram conclusões totalmente suas e que eu não falei nada, não sabe?
— Mas eu também tenho senso de percepção, não sou burro!
— Mas Richie, escuta-
— Eu tenho que arrumar um jeito de afetar ele também! — Stanley desiste de falar, arrependo por ter começado o assunto, pois quando Tozier põe algo na cabeça, é difícil tirar — Preciso afetar da forma que ele caía perfeitamente... — sorriu indo em direção as coisas dele — Deve estar por aqui!
— O quê?
— Me ajuda a procurar, anda!
— Mas, o quê?
— O anel de compromisso!
— Deve estar no dedo dele, assim como o seu, não?
— O meu não, burro! O do Asher.
— Oh, sim! — Ele bate na testa. — Mas pra quê?
Pergunta enquanto vê o mesmo revirando quase todas as coisas atrás do bendito anel, joga algumas coisas sobre a cama até que acha o anel de prata e com uma pedra azul brilhante.
— Aqui está! — Sorri segurando com a ponta dos dedos.
— Isso deve ter custado caro, o tal do Asher tem bom gosto pelo visto, isso é Harry Winston!
— Bleh, achei muito sem graça. — Tozier exclama com desdém. — o Eds merece um mais bonito, e de alguém que o ame de verdade.
— Que não é o seu caso.
Sentiu aquilo como uma patada certeira bem no meio de suas bolas, já estava com saudades das verdades ácidas de Stanley Uris.
— Que seja, anda homem procura aí onde esse tal de Asher trabalha!
— Você está vendo alguma bola de cristal na minha mão, por acaso?
— Celular, né idiota?
— Onde?
— Onde Stanley? Dentro do meu cu por acaso? É claro que é nas redes sociais, será que eu tenho que fazer tudo?
— Espera... — Saca o celular do bolso. — Vou procurar primeiro no Facebook porquê no insta as pessoas tem mania de colocar nomes difíceis, ou... Não, posso ver pelos seguidores do Eddie ou as pessoas que ele segue, alguém com nome de Asher.
Senta na cama.
— Homem inteligente. — Richie se joga ao lado dele, como duas garotas fofocando.
Entra no perfil de Eddie, e procura no meio das pessoas que ele segue ao ver que ele não seguia nenhum Asher, viu também um sorriso se formar no canto esquerdo da boca de Richie, mas não disse nada, foi nos seguidores dele, e de tanto digitar apareceram uns três Asher agora só restavam saber quais deles era o alvo, então foi pesquisando de perfil por perfil, até acharem uma conta comercial, mas que havia no meio das publicações uma foto dele e de Eddie.
— Richie! Eu achei ele, só pode ser ele.
Chamou o outro que havia levantado pra arrumar tudo de volta, antes que Eddie percebesse que ele mexeu em suas coisas, e voltou pra lá quase correndo pegando o celular do outro e olhando mais de perto.
— Quanta notificação hein Stan? Por acaso postou nudes sem querer nos stories, de novo?
— Presta atenção! Olha, tem várias fotos dele com o Eddie, mas essas daqui são de meses atrás, a mais recente é essa aqui e foi no aniversário do Eddie do ano passado.
— Ah, então é esse aqui o tal do Asher cuzão Curtis?
— Parece que sim, olha a legenda da foto do aniversário.
Richie viu uma foto onde ele e Eddie estavam abraçados em um cenário vermelho, onde também estavam bastante sorridentes e até pareciam o casal perfeito, eram duas fotos na verdade, uma deles abraçados e outra se beijando, viu como Eddie sorria ao lado dele, um sorriso que nunca havia visto antes, bonito e espontâneo, como as aparências enganam não é mesmo? Até que leu a legenda que ele postou de aniversário pra ele dizendo: “A melhor pessoa que eu conheço e que tem um universo inteiro através de seus olhos, te amo Ed Bear...” revirou os olhos, um nó se formou em sua garganta, e um resquício de ciúmes.
— Babaca! Sinceramente esse cara aqui dispensou o Eddie? Meu Deus, eu esperava no mínimo um Leonardo DiCaprio ou um James McAvoy, não isso aqui!
— Richie, o cara é bonito vai... Padrão, mas bonito.
— Claro que não! Olha essa cara de palerma dele, tenho certeza que ele já broxou várias vezes, só o olho dele é bonito! Tirando isso, coitado.
— Mas olha essa aqui dele andando, ele tem pinta de modelo, que corpo, que olhos... Jesus.
— Ei caralho! — Stan recebe um tapa na nuca se assustando. — Decide logo um lado da história pra ficar! Vou contar pro Eddie que você está achando o ex dele que deu um chute nele bonito, e deverás... Sexy.
— É? E como vai explicar o porque da gente estar stalkeando ele, hum?
— Esqueci deste detalhe. Vou contar pro Bill!
— E o Bill conta pro Eddie, você se fode em dobro mon amour. Relaxa Richie, ele não é mais bonito que você, feliz agora?
— Sério? Acha mesmo? — Abriu um sorriso.
— Não, mas se eu não disser que sim, você vai ficar enchendo o saco! E outra se está tão inseguro assim, por que estamos procurando ele então?
— Eu? Inseguro pra esse aí? HAHAHAHAHA! — Forçou uma risada. — Meu querido eu sou lindo, e tenho muito mais vantagens que esse aí, me diz se ele tem cara de ser engraçado? Parece mais aqueles caras que só sabem falar de si, e jogam golfe ao invés de dar atenção ao companheiro, Eds é a prova disso!
— Mas você nem conhece ele...
— Mas conheço o ex dele, que agora é MEU marido, e através dele eu posso ter certeza de que coisa boa esse tal de Asher não é, porquê se fosse o Eds hoje em dia não seria tão inseguro em relação as coisas, ou a si próprio.
— Do que está dizendo?
— Err... — limpou a garganta. — É que uma vez quando a gente estava discutindo ele deixou escapar que não se sente bom o suficiente pra nada, e que passou dois anos tentando ser a pessoa perfeita e mesmo assim nunca estava bom, ele fez isso, Eddie não tem culpa de nada, ele é perfeito e nem precisa se esforçar pra isso!
— Wow...
— Louco, né?
— Não, é que... Caramba Richie, nunca vi você elogiar alguém assim ou demonstrar tanta importância por algo que não lhe convém, realmente você está mudando muito mesmo.
— Já vai começar?
— Okay, desculpa, enfim... Por que a gente tá stalkeando ele mesmo?
— Porque preciso saber onde ele trabalha, duh?
— Pra quê Richie? Deixa o cara pra lá, o próprio Eddie já disse que quer esquecer, foi uma péssima ideia minha, colocar isso na sua cabeça.
— Não, foi uma das melhores ideias, aqui tem um post dele falando sobre a empresa eu acho que ele trabalha aqui, ele é publicitário também mas na área de marketing digital, segundo o que tá dizendo aqui, Hm... Já sei porque eles se deram bem, enfim... Sem graça!
Devolveu o celular pra ele.
— E o que você vai fazer?
— Uma visitinha...
— Endoidou?
— Calma, não dessa forma que está pensando, eu sei o que fazer, já que o Eds quer jogar sujo comigo, então devolverei com a mesma moeda, você veio de carro?
— Sim, mas-
— Vamos nessa!
— Ai meu Deus...
(4:04pm)
— O que quero dizer, é que... Talvez, ele não seja tão ruim assim, não quer dizer que eu esteja começando a sentir algo por ele é apenas... Não sei, a convivência.
Eddie suspira enquanto olham pela vitrine das lojas
— Olha Eddie, eu como sua amiga sempre te auxiliei, você sabe disso, me preocupo com você, e o que posso dizer é que isso é o melhor que podem fazer, se aproximar mais ainda, não é querendo me meter na disputa de vocês, porém você quase morreu e se ele não soubesse nadar? Já parou pra pensar nisso?
Ela pega dois vestidos de uma vez, dando pra ele segurar.
— Tudo que eu menos iria querer era morrer ali agarrado com aquele idiota, e ainda por cima estando casado com ele sem nem ver a cor do dinheiro que vamos receber.
— Não precisa ficar na defensiva o tempo inteiro, como se tentasse convencer a si mesmo de que não gosta dele.
— Mas eu não gosto dele!
— Isso é o que você diz, porém suas atitudes não condizem com aquilo que você afirma, mas como eu disse, não vou me meter, só não quero que você se coloque em perigo outra vez, vocês dois aliás.
— Não iremos, tem minha garantia, resolvemos dar uma trégua, e quer saber? Essa disputa já estava me cansando, ainda bem que ele concordou e a partir de hoje não armaremos mais um para o outro.
— Estou orgulhosa... Finalmente vocês amadureceram um pouco.
— Nem me fale...
— O vermelho ou o preto? — Aponta os dois.
— Ambas corres caem muito bem em você senhorita Marsh, mas... O vermelho sempre domina.
— Exatamente o que pensei, vou levar ele, e você? Não quer levar nada? Já faz tempo que não vejo você comprando roupa.
— Eu já tenho várias, e outra, nem tem espaço, minhas roupas e as do Richie já estão todas misturadas no closet, só sei o que é meu e, o que é dele pela diferença de tamanho, e gosto claro.
— Own, que fofos... Quando será que terei alguém pra misturar minhas roupas também?
— Bem, se depender dos cavalheiros que cortejam você, a hora que você quiser, só basta escolher qual deles vai querer.
— Esse é o problema, eu... Eu acho que estou gostando dos dois...
— O QUÊ? DOS DOIS?
— Shiiu! Fale baixo, é muito confuso ainda... O Ben é legal, romântico atencioso e muito cavalheiro, mas o Mike... Ele é engraçado, divertido, inteligente, os dois são na verdade, mas o Mike é mais extrovertido, além de que sempre me ensina muito sobre jogos e apostas, isso é muito interessante e agora eu estou dividida! Não sei o que fazer, aceitei jantar com os dois outra vez, e me sinto envergonhada por não ter uma reposta exata para ambos.
— Olha... Eu não entendo muito sobre o que é estar dividida entre duas pessoas mas, veja bem, você não precisa decidir agora, se eles realmente gostarem de você, vão saber esperar por sua decisão e a cima de tudo: respeitar. Conheça-os primeiro, saiba das qualidades e defeitos, repare na maneira como te tratam, e as reais intensões deles, e quando tiver cem por cento de certeza, pronto! Agarra, e não solta mais.
— Wow Eddie, não sabia que você era tão bom em conselhos amorosos.
— A vida me ensinou a ser, né?
— Usa esse mesmo conselho para si próprio, e pare de negar o óbvio!
— O quê? Do que está falando?
— Estou falando que... Talvez, sua verdadeira felicidade que tanto buscou, possa estar te esperando em casa nesse exato momento, e que mesmo assim você insiste em brigar com ele o tempo inteiro e colocar defeitos onde não há, pense nisso.
Ele ficou racionando aquelas palavras por um grande momento, nem percebeu que estava parado no meio da loja como um manequim, logo mais ela pagou tudo, tomaram um sorvete e ele voltou pra Tandem, pois sua aula começaria em uma hora.
→ Em paralelo a isso...
Richie chegou na recepção do prédio comercial, onde era uma das sedes da empresa de moda de Nova York que viram no endereço, Stan ficou lhe esperando no carro, pois o mesmo afirmou que não demoraria, passou seus olhos pelo local fazendo o maior esforço para enxergar de longe, até que avista ele, o Asher sentado em um sofá mexendo no celular, suspirou fundo e seguiu até lá.
— Oi!
Diz chamando atenção dele.
— Um whisky sem gelo por favor, ah, e pode trazer a notinha. — Ele se quer lhe olha nos olhos, erguendo um copo em sua direção.
— Eu não sou um funcionário, seu nome é Asher Curtis, não é?
O mesmo desvia o olhar do celular, depositando suas duas safiras azuis em cima de Tozier, o encarando os pés a cabeça.
— Sim, sou eu... E você, quem é?
— Ah, eu sou Richie Tozier. — Estendeu as mãos até ele que segura e um breve aperto, até que se senta também junto dele — Sou amigo do Eddie.
— Eddie?
— Sim...
— Como ele está? Nunca mais tive notícias dele.
— Não viu os jornais nos últimos tempos?
— Não vejo jornal, por que? Ele apareceu?
— Hã... Não, nada demais. Ele está ótimo, na verdade muito bem mesmo, enfim... Eu vim te devolver isso. — Estende o anel em direção a ele — Ele jogou no lixo, mas achei muito injusto para uma joia tão linda, e suponho que não tenha sido barato...
— Nenhum pouco! Isso custou seis mil dólares, nem lembrava mais.— Pegou sorrindo, Richie ficou de pé novamente — Você sabe onde ele está morando agora?
— Não sei, infelizmente. Somos amigos de faculdade na verdade, ajudei ele um pouco nos primeiros dias, mas enfim, é isso só vim te devolver mesmo! Ah, e avisar que... Sexta-feira nós iremos sair entre amigos, vamos ao central Park e ficar lá até de noite, enfim, entenda como quiser, tenho certeza que vai vê-lo com seus próprios olhos. Se quiser...
— Obrigado Richie, muito gentil da sua parte e... Se caso falar com ele, diga pra ele me desbloquear.
— Claro, claro... Pode deixar, tchau!
— Tchau.
Assim que virou as costas pra ele, revirou os olhos, não gostou muito dele, não era por outra coisa e sim porquê via claramente a arrogância através de seus olhos, e foi só saber que Eddie estava muito bem, que logo ficou interessado, procurou não pensar muito nisso no momento para não perder o foco de seu real objetivo. Saiu de lá, indo em direção ao carro do amigo que já o esperava.
— Meu Deus! Por que a demora? Estava quase indo lá te buscar! Deu tudo certo?
— Óbvio! Foi só eu falar da felicidade do Eddie, que logo o idiota ficou interessado, eu sabia! Eu conheço esse tipo, acha que o mundo gira em torno dele, mas enfim, acho que sexta-feira promete!
— Eu juro que queria parabenizar você, mas... Não sei se devo.
— É claro que deve! Eddie não sabe com quem escolheu jogar sujo, se acha que me manipulando ele consegue alguma coisa, pois vamos ver como ele vai ficar quando encontrar com o ex dele outra vez.
Uris não disse mais nada, ligou o carro saindo dali de uma vez por todas.
(Mais tarde)
Richie abre a porta passando por ela, sabia que Eddie já havia chegado, pois mesmo da rua conseguiu ver as luzes acesas pela janela, suspirou deixando as chaves em cima da mesa como de costume, assobiando descontraído.
— Oi Chee! Cheguei da aula ainda pouco por isso cheguei tarde, dia cheio! Como está?
Viu ele passar enrolado na toalha, havia acabado de tomar banho, fechou os olhos fortemente “não cai nessa Richie, não cai nessa!” pensou consigo mesmo, abaixou a cabeça seguindo para a cozinha, pegou uma garrafa de água tomando dois goles de uma só vez.
— Richie?
— O que é?
— Ouviu o que eu disse?
— Sim, ouvi. E daí?
Sua resposta saiu mais rude do que esperava, viu o sorriso dele morrer e ele abaixar a cabeça envergonhado.
— Ah, desculpe, só não queria que ficasse preocupado-
— Preocupado? — riu debochado. — Com certeza a única preocupação que ando tendo no momento, é não esquecer a merda da tampa do vaso levantada, senão você chega brigando e fazendo um inferno nos meus ouvidos! Eu não tenho nada a ver com o que você faz ou deixa de fazer, e nem o horário que chega! Não foi você mesmo quem me disse isso há algumas noites atrás?
— Meu Deus Richie, que bicho te mordeu hoje? — o olha estranho. — Eu só estava avisando você de algo normal que me aconteceu, mas me desculpe se te irritei, e eu achei que...
— Achou o quê? Que eu me importaria? Ou fizesse o mesmo que você fez; de me causar uma intimação, por simplesmente ter saído sozinho a noite? Ah, não se preocupe querido, ao contrário de você, eu sei muito bem como funciona uma vida de adulto, eles podem sim sair sozinhos quando quiserem, independente de estar em um matrimônio ou não!
— Eu nunca impedi você de sair sozinho, nunca fiz isso Richie, nunca... — negou com a cabeça, sentindo seu rosto inteiro ficar quente, devido a vergonha.
— Mas o que adianta não fazer? Se quando eu chegar, uma outra intimação vai estar na minha porta por ter violado sei lá o quê? É o mesmo que dizer: “não saia de casa, seja uma porra de propriedade exclusiva minha!” Então, nem vou arriscar a sorte, porquê de problemas eu já estou cheio! Pode sair quando quiser, com quem quiser, pode ir até pro raio que o parta, eu não estou nem aí pra você Kaspbrak, não ligo mesmo! E me faz um favorzinho? Me poupe, e se poupe!
Passou por ele totalmente indiferente, Eddie estava totalmente sem reação, e sem resposta alguma pra dar, devido a surpresa e estranheza que lhe pegaram totalmente desprevenido. Se sentiu não apenas envergonhado, como totalmente sem jeito, justo por não entender absolutamente nada sobre daquele mal humor todo de Richie, geralmente é ele quem chega de mal humor e com razão, pelo dia estressante, porém conversando com amiga, resolveu concordar em tentar ser uma pessoa menos antipática, por isso resolveu até mesmo lhe dar um simples aviso, que na verdade era mais para contar seu dia, é isso que casais fazem não é mesmo? Não era assim que as coisas funcionavam? Eles não combinaram de se darem bem? O que houve, agora?
“Que idiota eu sou, em achar que as coisas seriam diferentes, não somos um casal de verdade. E nunca seremos...”
Pensa respirando fundo, e escolhendo roupas confortáveis para vestir, Richie jogou no sofá, fazendo barulho afastar a mesinha com o pé, deixando transparecer toda sua irritação, de uma forma que Eddie ainda não tinha visto. Após isso, ligou a TV, tomando uma cerveja em latinha que estava na geladeira. Eddie apenas balançou a cabeça em negatividade, calçando suas meias, e se trocando de maneira rápida, não estava com fome, por isso nem procurou nada, presumiu também que, o outro também não tinha feito comida alguma, e jamais iria incomodá-lo, ainda mais do que já estava, tampouco lhe encher mais ainda a paciência, se sentiu tão desconfortável a ponto de ter medo de lhe dizer um simples “boa noite!”, ao mesmo tempo que, algo ruim crescia no seu âmago.
Ele nunca sentiu receio em dizer nada a Richie, nunca ficou tão magoado ao ponto de nem ter energia o suficiente pra brigar de volta, e vencê-lo numa discussão, Eddie naquela sentiu a decepção crescer mais que o ego ferido, e não importava no momento se não teve respostas, apenas se deitou sem dizer nada; aninhado em meio as cobertas, e mesmo contra sua total vontade, uma lágrima desceu de seus olhos a limpando rapidamente, agiria como se ela nunca tivesse existido, mas sua mente e seu coração sabem muito bem que existiu, assim como sabem que vieram outras depois dela, e começou a chorar em silêncio. Não era pelo o que ele disse, e sim porquê nesse mesmo horário na noite anterior, estavam dormindo juntos, criou coragem de chamar ele pra deitar consigo, e nunca sentiu uma paz tão sublime quanto naquela hora...
Não era efeito dos remédios, era ele sendo verdadeiro, não pôde negar do quanto gostou de sentir os braços do outro em volta de sua cintura, ou do corpo dele quase cobrindo o seu por completo, se sentir seguro e protegido de todo mau, naquela noite, não houve pesadelos, sua mente não lhe perturbou com lembranças indesejadas, não, apenas dormiu sentindo a respiração quente dele em seu pescoço, e ouvindo-o murmurar baixinho enquanto dormia, sorriu de manhã ao acordar e vê-lo dormindo ainda abraçado a si, Richie não percebeu o esforço que ele fez para se sobressair, e tentar não lhe acordar.
Não sabe nem mesmo que, quando Kaspbrak levantou no outro dia, antes de sair, chegou a sorrir ao assistir a coisa mais adorável que pôde existir: que era o Tozier dormindo abraçado aos travesseiros, achando ainda era ele, totalmente sereno e calmo, Eddie quase nunca sorri pela manhã, só quando está realmente feliz, e ele não sabe disso, nem mesmo sabe que antes de sair, Eddie lhe deu um beijinho na testa e afagou seus cachos rebeldes, não soube que aquele dia de trabalho não tinha sido tão estressante assim, pois seu coração estava em paz, sua mente tranquila, ele não sabe que seu peito até apertou como se sentisse saudades do toque dele.
Ele também não soube, que Eddie passou o dia inteiro contando as horas pra voltar pra casa e vê-lo novamente.
Agora sentia-se um tremendo idiota por saber que tudo aquilo não passou de um momento de fraqueza, e além da decepção veio a raiva também, de si mesmo, e sua insuficiência interna de achar que nunca pode ser perfeito o bastante, mas não ousou demonstrar nada, e nem queria, só queria poder ter paz novamente como na noite passada. Só que essa noite, não houve paz em ambas as mentes, nessa noite não desejaram “boa noite” como de costume, e nem se chamaram por seus apelidos, que nem incomodavam mais a Eddie. Nessa noite nem mesmo a garoa de chuva que caiu brevemente, foi capaz de acalmar aquele clima ruim que ficou, nessa noite Eddie teve pesadelos, e Richie acordou no meio da madrugada assustado depois de uma paralisia do sono.
De tranquila e harmoniosa, aquela noite não teve absolutamente nada. Estava fria e tenebrosa, e o pior... Não podiam mais contar um com o outro, para se livrarem de seus medos sombrios. Enquanto um lutava contra seus próprios demônios em pesadelos ruins, o outro lutava contra seus conflitos mentais, e o mais engraçado era que estavam de baixo do mesmo teto, há apenas um compartimento de distância, entretanto, pareciam ser milhas de quilômetros...
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