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Eram por volta do meio-dia e eu havia praticamente acabado de chegar da escola exausta. Tivemos prova de matemática hoje, mais conhecida como prova final. E eu odeio matemática, tenho certeza que me lasquei na prova, mais vida que segue.
Cá estou eu ajudando minha mãe na cozinha, estamos preparando o almoço de hoje. Meu pai está trabalhando, então minha mãe fica em casa cuidando de tudo. Já minha irmã, inventou de ir tomar banho agora só para se sair de trabalho. A gatona só irá aparecer aqui quando o almoço estiver pronto.
Depois de ter feito uma deliciosa macarronada eu subi as escadas para tomar um bom banho, aliás eu ainda estava vestida no meu uniforme da escola.
Depois de ter feito minhas necessidades eu desci as escadas e caminhei até a cozinha de vagar.
Me sentei junto a todo mundo na mesa, e então almoçamos sem a presença do meu pai que ainda não havia chegado do trabalho.
─Você vai pra festa a fantasia que vai ter esse ano na sua escola? ─minha irmã pergunta dando uma mordida em sua comida.
─Vou sim, né. Preciso ir. ─ela assente.
─No dia você me avisa que eu quero te arrumar. Eu entendo mais que você.
─Okay senhora experiente em festas a fantasia! ─zombo e ela rir negando com a cabeça.
─Idiota. ─exclama. ─Mas me avisa, ok? Pelo o amor de deus, me avisa, não vai esquecer! ─concordo. ─Não quero que fiquem comentando que a irmãzinha da Madson chegou na festa parecendo uma doida.
Reviro meus olhos.
─Aff, você só pensa em si mesma.
─Isso não é verdade! Eu também penso no próximo, ok?
─Aham sei.
─Mãe olha ela falando de mim! ─a mimada chama nossa mãe que até então estava em silêncio, apenas comia sua comida.
─Ela tem razão querida. ─minha mãe responde.
─Ela quem? ─Mad pergunta.
─Você. ─dona Karen afirma.
─Mais de quê? ─Mad volta a perguntar ainda sem entender, nego com a cabeça.
─Pelo visto eu fui a única que herdei a inteligência do nosso pai. Já você, só a beleza da nossa mãe. ─digo, e ela revira os olhos.
─O que você tem de beleza, você tem de burrice. ─ela me olha de cara feia, e eu apenas reviro meus olhos para ela.
─De você ter dito que ela precisava ir bem arrumada, eu também concordo. ─minha mãe respondeu Mad.
─Ah sim! ─Mad responde assim que se lembra do que havia dito. ─Viu? ─ela me encara. ─Eu não sou a única que pensa desse jeito.
─Claro né, ela sempre vai puxar seu saco, ela sempre faz isso. ─respondo encarando nossa mãe.
─Eu não faço isso sempre! ─nossa mãe, me encara indignada.
─Ah não? Imagina se fizesse. ─dou de ombros, dando uma garfada na minha comida.
─Você sempre puxou o saco dela, mãe. E nem adianta dizer que não.
─Por que eu sou a queridinha da família! ─joga o cabelo, se exibindo.
─É mesmo. ─concordo, erguendo as sobrancelhas.
─Não, mas também não é assim. Eu e o seu pai, gostamos de vocês duas na mesma forma.
─Ah, com certeza! ─afirmo irônica. ─Imagine se gostassem.
─Ei que isso? Está reclamando da maneira como nós te criamos? Eu te carreguei nove meses na barriga. ─a interrompo, antes mesmo que ela pudesse continuar com seu discursinho idiota.
─Nem começa! Comigo esse papinho não funciona mais.
Ela me olha de cara feia.
─Você está ficando mal criada, e eu não vou ficar te tolerando desse jeito! ─ela altera seu tom de voz.
─Ah, quer saber? Tchau pra vocês. ─pego meu prato de comida de cima da mesa, e caminho com ele até meu quarto, ouvindo meu nome ser chamado por ela.
─Any! Volte aqui agora, eu ainda não terminei. ─uma última palavra que eu escuto antes de trancar a porta em chaves.
Bufo quando ligo a TV para assistir algum filme que passava na hora.
Estava assistindo ao filme normalmente quando ouço pedras na janela do meu quarto.
Levanto da cama indo até a mesma para verificar o que estava acontecendo lá fora. Quando olho para baixo me deparo com um tal de Ruel alí parado com várias pedrinhas em mãos.
─O que você quer, Ruel?! ─grito para que ele possa ouvir.
─Posso entrar? ─ele pergunta lá de baixo sorrindo.
Olho em volta verificando se não havia nenhum perigo. E estava tudo limpo.
─Pode. ─respondo, assim volto a olhar para baixo.
Então ele começa a intercalar pés e mãos sobre as escadas, subindo sobre a mesma. Quando ele para perto da borda de cimento da janela, ele passa sua perna para o lado de dentro do meu quarto. E em questão de segundos ele estava dentro do meu quarto por inteiro.
─Eu senti sua falta! ─se pronunciou ele vindo me abraçar.
─Você não devia ta cuidando do seu pai? ─pergunto tentando me soltar dele.
─Devia. Mas... ele ta dormindo devido o medicamento que ele tomou.
─Ah! ─afirmo.
Ele sentou na cama.
─Não tinha observado bem seu quarto na primeira vez que vim aqui. ─respondeu ele olhando em volta.
─Top né? Eu sei. ─me gabo.
─Quarto maneiro. ─ele responde.
─Então... o que você tava fazendo aqui sozinha?
─Assistindo TV. ─respondo sem dá muita importância no assunto.
─Ah! ─disse ele.
─Assistindo algum filme? ─perguntou.
─Sim, After. ─cumpri os lábios.
─Posso assistir com você? ─eu ia negar, por que a qualquer momento alguém pode vim querer falar comigo, e se esse alguém me vê sozinha com um garoto no quarto a não ser que estejamos fazendo trabalho eu estou fodida.
Folgado não? Ele já se oferece sem a pessoa ter chamado.
─Sim... ─tento forçar um sorriso no rosto.
Ele se deita em minha cama, e eu me sento ao seu lado, só que um pouco mais na ponta dela. Pego meu prato de comida ao lado da cama e começo a comer enquanto assisto.
─Esse filme fala sobre o que? ─perguntou, sem tirar os olhos da TV.
─Eu não sei explicar direito.
─Você nunca assistiu ele?
─Já.
─E como você não sabe explicar?
─Eu já assisti, mas isso não significa que eu saiba explicar ele bem detalhadamente.
─Hum. ─murmurou.
─Aii que garota trouxa! ─pingareou. ─Nossa, como uma pessoa pode ser assim tão idiota?
─Ei! Não fala assim dela, eu também sou assim. ─o repreendo.
─Então você é uma trouxa! ─retrucou ele.
─É... talvez eu seja uma. ─dou um gole no meu suco.
─E esse garoto ta sendo um cuzão com ela! ─voltou a pingarear.
─Tá bom Ruel, cala a boca, eu quero assistir. ─disse já sem paciência.
─Assisti, eu não tô te empatando. ─retrucou ele.
Reviro meus olhos, e ele rir.
─Idiota...
─Ai não entendo, essa garota tem namorado e ta querendo esse outro menino? Como assim?
─Assisti que você vai entender. ─disse, já quase tampando a boca dele.
─Elas duas são um casal? ─voltou a perguntar.
─Sim, são. ─respondi sentindo uma agonia pelo corpo, por ele só tá fazendo perguntas.
─Esse namorado dela também é muito idiota.
Coçei a nuca me segurando pra não avançar em cima dele.
─Por que esse menino não pede logo ela em namoro?
─Eu não sei, só assisti. ─falei apertando o pano da cama, me segurando para não surtar.
─Aii como ela é trouxa, mano. Ela poderia muito bem ter dito que não queria participar da brincadeira, ué!
─Meu Deus, Ruel! Cala a boca, caramba. ─bufei.
─Vem calar! ─me olhou, mostrando um sorrisinho de lado.
─Eu vou bater na sua cara, eu juro. ─estava impaciente.
─Bate. ─deu de ombros.
─Tá bom, faz silêncio.
─Não quero. ─provocou.
─Então cai fora, que eu quero assistir em paz.
─E se eu não quiser ir? Vai fazer o que?
─Vou te jogar pela janela. ─ameacei, e ele me olhou indignado.
─Você não teria coragem de matar um bebê como eu!
─Ah! Teria sim. Bebês como você, já me fizeram perder a paciência.
─Nossa, como você é bruta, Any! ─me olhou com desprezo. ─Como é que você vai cuidar dos nossos filhos dessa maneira?
─Que filhos, amado? ─perguntou eu sem graça.
─O que vamos ter, depois que nos casarmos. ─respondeu ele simples, apoiando sua cabeça sobre seu braço encostado na cabeceira da cama.
─A gente não vai se casar, e você tem cada paranóia. ─foquei minha atenção no meu prato agora apenas com um alface nele.
─Nossa... essa doeu fundo da alma! ─fez drama pondo as mãos sobre o peito, revirei os olhos.
─Que drama! ─o encarei, e revirei meus olhos.
─Drama nada, você acabou de acabar com as minhas esperanças. ─passou levemente os dedos sobre seus cabelos os tirando de cima do rosto.
─Sorry, se as minhas verdades as vezes doem como faca. ─falei simples.
─Você é má.
─Um pouquinho, apenas. ─dou um sorriso.
Mordeu o lábio inferior. ─Você também é assim em outros momentos... ou é só na hora da raiva mesmo? ─perguntou ele, sua feição era séria como sempre.
Entendi tudo o que ele me perguntava, então foi por isso que eu fiz questão de ignora-ló.
Mais que diabo...
─Não vai me responder, não? ─pergunto ele, um sorriso divertido se formou em seus lábios, eu revirei os olhos. ─Vácuo é feio, sabia?
─Eu vou te da é um socão na cara, isso sim. ─seu sorriso divertido só se alargou ainda mais.
─Eu já falei que adoro garotas violentas? ─pergunto, erguendo uma de suas sobrancelhas, e eu não pude conter o riso.
─Ah não, mano, é sério isso? ─perguntou sem conter o riso.
─Por que, tipo assim, garotas violentas na hora da.... ─não deixei que ele terminasse o que tinha pra falar, e o interrompi.
─Eu não acredito que você ia me da uma aula, aqui, agora! ─peguntou eu, corada.
─Por que não? ─peguntou ele, mostrando seu maior sorriso filho da puta. ─É sempre muito bom ensinar essas coisas para aprendizes.
─Eu não acredito nisso, sério. ─eu rir, mas foi com respeito. ─Pelo o amor de Deus, encerro esse assunto por aqui.
─Não envolva Deus nisso! ─me repreendeu ele. ─Você está pecando.
─Se eu for pro inferno a culpa vai ser toda sua.
─Até parece. Nesse momento eu vou estar no céu, bem pleno.
─Esqueceu, lindão, que se eu for pro inferno você vem junto?
─E por que eu iria? Eu sou um amor de pessoa.
─Pela sua safadeza. ─respondi como se fosse óbvio.
Mostrou um sorriso malicioso. ─Você não sabe nem o que é safadeza na sua vida. O que eu falo aqui é só um treinamento para ser chamado de safadeza.
─Quem sou eu pra dizer algo contra, não é mesmo? Aliás, eu não sou como você. ─dou de ombros.
─Bem que poderia ser, tenho certeza que você não é assim o tempo todo.
─Sou sim. ─ergo as sobrancelhas e confirmo num balanço de cabeça. ─Meu anjo, eu sou pura, diferente de você que é impuro.
─Ata! ─riu ele. ─Você? Pura? ─soltou outra gargalhada. ─Não me faça rir.
─Claro que sou! ─disse eu já irritada cruzando os braços em frente ao corpo.
─Tá bom, senhorita pura! ─disse irônico, erguendo as mãos em frente ao corpo.
─Idiota... ─revirei os olhos.
─Any!! Abre essa porta agora!! ─gritou uma pessoa do lado de fora batendo sobre a porta.
Rapidamente eu me levantei da cama, fazendo menção para que Ruel fosse logo embora.
─Vai logo! ─eu ordenei apontando para a janela.
─Mais por que? ─peguntou ele. ─Não estamos fazendo nada demais.
─Se alguém te pegar aqui sozinho comigo, o que elas vão pensar? ─perguntei como se já fosse óbvio. ─Vão pensar que a gente tava fazendo alguma coisa.
─Bem que a gente poderia ta mesmo, mas você não colabora. ─disse simples dando de ombros.
─Garoto?! ─corei imediatamente. ─Vai logo embora, depois a gente se fala.
─Any?! Abre logo essa porta. ─a pessoa voltou a gritar do lado de fora.
─Já vai!! ─gritei para que ela ouvisse.
─O que?! Falei algo de errado? ─perguntou se fazendo de desentendido.
─Ainda pergunta? ─perguntei como se já fosse óbvio.
─Preciso saber, né? ─deu de ombros.
─Vai logo, Ruel! ─apressei o garoto, que bufou passando por mim e indo até a janela.
Quando ele já estava passando um pé para o outro lado, ele voltou correndo até mim e me deu um beijo sobre a bochecha esquerda, logo em seguida ele voltou correndo até a janela e desceu os degraus cuidadosamente.
Ouvi um barulho de um pulo segundos depois. Tive a certeza de que era ele.
Fui até a porta e abri com tudo.
─Que foi?! ─perguntei impaciente.
─Tem pizza lá embaixo, queria saber se você quer?
─Quero, depois eu vou lá.
─Então é melhor você vim logo, antes que não sobre nada. ─falou antes de dá as costas e sair andando novamente.
Bufei quando fechei a porta, já com o meu prato de comida em mãos e desci até a cozinha novamente.
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