Legend - O Mago Infernal (Liv...

Oleh Y_Silveira

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Órion Kilmato ao perceber uma grande evolução de seus poderes é sequestrado por estranhas criaturas demoníaca... Lebih Banyak

Sobre o livro
MAPA - GUIA
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
PARTE I
I- O ASSASSINATO DO REI
II- A VISITA
III - O JOVEM MAGO
IV - Cosmos
V - A PROFECIA
VII - BORBOLETAS
VIII - O EGRESSO
XIX - A FUGA
PARTE II
X - UM ASSASSINO EM FRENTE
XI - DÚVIDAS
XII - SUNIRA
XIII - A FACE DE ISTH
XIV - A FLECHA
XV - A FLORESTA
XI - O BORDEL
XVII - BERILO
XVIII - A PRESENÇA
XIX - ARCABUZ
XX - CONVALESCENÇA
XXI - A ALMA INFERNAL
XXII - MAHIN
XXIII - A DESPEDIDA
XXIV - A REVELAÇÃO
XXV - O TREINAMENTO
XXVI - PIRATAS?
XXVII - ENCONTROS
PARTE III
XXVIII - UMA VIDA ESTRANHA
XXVIX - UM DESTINO INCERTO
XXX - SEM SURPRESAS
XXXI - A AFRONTA
XXXII - A RUÍNA
PARTE IV
XXXIII - ENTRE GRADES
XXXIV - PESO MORTO
Aviso - Mudanças
XXXV - A BUSCA

VI - GRIMT'S

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Oleh Y_Silveira


Kelmo recuou alguns passos enquanto sentia o calor do fogo aquecer sua pele. Sônia fez o mesmo. As duas se recolheram junto a Miro no batente da porta, enquanto assistiam assustadas o jovem mago infernal balbuciar palavras indescritíveis.

— O que ele está falando? Eu não entendo. — Miro falou.

— É sidelênico. — Kelmo respondeu.

— É a profecia. — Sônia adivinhou, tentando compreender o que o mago falava em sussurro.

Órion repetia aquilo como um mantra e a cada palavra ditada era como se arrancasse um pedaço dele. Ele emitia grunhidos e sua voz estava chorosa, parecia estar sentindo dor e sofrendo naquela tormenta infernal.

Jozariun urs sivie lusquie

I lai geormn nori

Us agin serogae debire

I lai nizosu ínfugos reiuitive

Lai fur gen lori boriji

Dello hiven lai jinmo despie.

As palavras estavam ficando mais nítidas e mais sombrias. Realmente era a profecia citada em sidelênico e a cada vez que ele repetia mais alto ressoava e mais rouca sua voz se tornava. As chamas pareciam se tornarem mais intensas, mais selvagens de uma forma ainda não vista.

Sônia não conseguia tirar os olhos daquele espetáculo infernal. Recuou mais alguns passos e se não agisse logo o jovem incendiaria a casa inteira.

— É... Acho que vamos precisar da água agora. — Ela falou.

Miro assentiu.

— Irei buscar.

O homem deixou o local, porém Kelmo não se convencia que água iria apagar aquelas chamas. O fogo infernal não era como fogo comum, era trabalhoso apagá-lo com água, apenas a água da chuva tinha tamanha eficácia.

— Creio que um balde de água nesse momento não vai resolver. — Kelmo falou, ainda estarrecida.

— Eu sei, mas eu tenho outro plano.

— Que plano? — Kelmo a fitou, um tanto receosa.

— Vai saber na hora, não se preocupe.

Sônia aguardou por mais alguns minutos, porém, com a demora de Miro para retornar — e ela sabia que a fonte de água deles deveria ser distante — o calor já se tornava eminente. Os lençóis começaram a se chamuscar e as paredes que já possuíam uma tintura degasta ganharam manchas negras por todos os quatros lados.

A maga se aproximou do garoto vagarosamente, sentindo suas bochechas aquecerem na medida em que chegava perto dele. Para alguém que vinha de um lugar tão frio era difícil lidar com o calor, ainda mais provindo de um mago infernal.

— O que pretende fazer? — Kelmo questionou, ainda não convicta.

— Apenas confie em mim, só peço isso.

Kelmo suspirou enquanto vislumbrava a cena horrenda que seu sobrinho se definhava. Ela não tinha outra escolha a não ser confiar, mesmo se tratando de uma maga desconhecida que afirmava trabalhar para a seita que a enfiou naquele buraco. Ela assentiu.

Sônia encarou Órion e a luz vermelha dava a sua face uma coloração rubra. O garoto estava sendo dominando pelo próprio poder. Ele estava inconsciente, embora com o corpo erguido e sussurrando freneticamente a profecia, como se invocasse algo. Isso a preocupava bastante. A maga conseguia sentir internamente as chamas ganhando força e que em breve tudo iria ser consumido. Ela precisava reagir.

A maga estirou um braço e abriu a palma da mão. Os seus dedos lentamente foram se dobrando em garra e a medida em que fazia isso chamas azuis brotavam no chão, contornando Órion em um cerco.

Ela invocara chamas geladas — Contudo, sendo a chama azul um poder diverso, podendo ser gelado, quente e curar, além de outras funcionalidades que iam além do conhecimento dos magos Cosmos. Sônia apesar de ser eficiente, não conseguia invocar chamas quentes e isso a frustrava consequentemente.

Mesmo se tratando de uma chama fria, não surtia efeito para amenizar as chamas infernais. A maga rangeu os dentes e estirou o outro braço no mesmo ritual. O seu poder azul ganhou mais força e as labaredas ganharam mais altura, chegando a cobrir todo o garoto mago.

Se estava surtindo efeito naquele instante, Sônia não sabia. As duas chamas em conjunto ganharam mais altura e toda a silhueta de Órion havia desaparecido. Entretanto, o quarto foi tomado por uma brisa gelada e a cada esforço da maga se tornava ainda mais frio, mas ainda não sendo capaz de apagar uma chama infernal.

Sônia tinha consciência com base em suas leituras, que uma chama azul nunca foi capaz de deter uma chama infernal, ainda mais se tratando de um poder em evolução como era o caso de Órion. Mas ela precisava tentar, mesmo que fracassasse. Não tinha outra saída a não ser aquela.

Miro chegou com um balde de água. Ele paralisou ao ver aquela cena. Todo o recinto tomava uma cor azulada e o calor que antes emanava foi substituído por um frio como uma noite de inverno. Sônia olhou para ele pelo canto do olho, ela estava inerte, trincando os dentes e não conseguia mais suportar tamanho esforço em manter suas chamas. O homem entendeu aquele olhar.

Miro correu segurando o balde de madeira e jogou a água no corpo em chamas que sussurrava palavras incompreensíveis para ele. Uma nuvem de vapor emergiu subitamente, trazendo consigo uma corrente de ar ainda mais congelante que a brisa fria que a chama azul ocasionava. A visão de todos de tornou turva e o som de água fervendo preenchia a audição.

— Maga! — Era a voz de Kelmo, ela chamava por Sônia.

— Estou aqui. — Sônia respondeu, sem saber ao certo se Órion estava bem.

Aos poucos a névoa foi se dissipando e os olhos da maga conseguiram identificar o corpo adormecido no chão. Órion. A pele estava normalmente corada, apesar de estar molhado, parecia estar naturalmente bem. Sônia suspirou aliviada. Ao menos por enquanto as coisas estavam indo bem. Por enquanto...

☽✳☾ 

— Ele parece estar... melhor. Ao menos, não está incendiando tudo. — Kelmo sorriu, porém, não conseguia se animar com a situação.

Sônia descia as escadas e parou por um momento para olhar para ela atrás de si.

— Precisam vigiá-lo constantemente. — Ela alertou. — Eu acho que ele ainda não está seguro.

— Acho que ele vai voltar a... Nem sei bem como descrever o que aconteceu.

Sônia assentiu.

— Talvez. Mas... bem, eu tenho que enviar uma carta aos bruxos em Coimbra.

A maga deu as costas e desceu mais um degrau quando novamente se interrompeu.

— Você acredita nessa profecia? Acredita mesmo que um mago velho vai renascer dos mortos e consumir os poderes de Órion? — Kelmo parecia estar cética, porém, não consegui ver sentido naquea história.

— Bem. Pelo o que me foi passado, você pertenceu à seita. Acho que já viu coisas tão absurdas quando essas.

Kelmo cruzou os braços e ficou pensativa por um tempo. Realmente havia presenciado muitas coisas que para humanos comuns seria considerado algo absurdo. Ela não poderia duvidar da profecia. Se realmente estava escrito em um antigo livro e a seita estava preocupada com isso, sinal de que era sério mesmo. E como prova tinha o próprio Órion que estava naquele estado deprimente e sem explicação — talvez agora tinha.

— Obrigada. — Kelmo agradeceu, suspirando. — E me desculpe pela forma que te tratei.

Sônia a olhou nos olhos, fitando-a bem. Procurava por algum sentimento de arrependimento, mas ainda não era bem aquele tipo de desculpas que ela esperava.

— Não é a mim que deve desculpas. — A jovem se atreveu ao se lembrar do modo em que a ex-caçadora recebeu Náidius.

Kelmo estreitou os olhos.

— Faça o que tenha que fazer, mas não se intrometa em meus assuntos.

Kelmo deu as costas e desapareceu no corredor. Sônia respirou fundo e desceu as escadas vagarosamente. Precisava se comunicar com a seita, ou melhor, com o seu grupo de bruxos.

Ela procurou pela mesa da cozinha, ainda bagunçada e com as especiarias derramadas por toda parte. Ela procurou um cantinho limpo e da sua bolsa retirou um pequeno bloco de folhas amareladas de tamanho médio, e uma caneta tinteiro.

Ela escrevia, relatando com tinta preta em caligrafia cursiva o seu encontro com Órion e todo aquele evento que havia presenciado, em cada detalhe, e principalmente a forma que precisou para conter o jovem mago. Ela contou sobre a profecia em que o garoto relatava em sidelênico e todas as minudências possíveis. No final, havia preenchido frente e verso da folha. Enrolou o papel e pensou um pouco.

Caminhou até a porta da frente, na sala, e saiu. Encontrou Náidius alisando a crina de um dos cavalos com a carroça. Ele estava triste e magoado. A maga sabia que não deveria tocar no assunto, afinal, a mãe dele havia lhe rejeitado de uma forma cruel e aquelas ditas palavras foram sentidas nela como uma apunhalada forte no coração. Sônia suspirou, observando-o naquele ar melancólico.

A jovem se direcionou até o meio do campo, olhando para o céu azul. Estreitou os olhos por conta do sol forte e logo avistou alguns grupos de aves que ela almejava. Claro, ela precisava de uma ave específica e justamente era época migratória onde tal ave conseguia adentrar em Coimbra. Os Cosmos possuíam a capacidade de hipnotizar essa espécie de pássaro e desde as antigas épocas de guerra eram utilizadas para levarem as cartas.

Ela colocou dois dedos na boca e assoviou. Imediatamente uma ave se separou de seu bando e em forma circulares como um urubu, ela foi perdendo altitude e descendo. Sônia estirou o braço e logo, uma ave semelhante a um corvo pousou. Era um pássaro de penugem escura, mas de brilho azulado. Tinha uma cauda comprida de penas curvadas e angulosas. Os olhos lembravam a cor dos olhos de Sônia. Aquela ave parecia algum tipo de criatura Cosmos, como se pertencesse a própria raça de magos.

Sônia amarrou o papel enrolado no pé da ave e em seguida fez um carinho por baixo do bico. O pássaro emitiu um rangido e balançava as asas como um filhote a espera de ser alimentado. Ela sorriu.

— Boa menina! — Ela olhava no fundo dos olhos da ave, como se conectasse e mentalmente a instruía.

Logo a ave levantou o voo e rapidamente foi se distanciando, se juntando ao seu bando que migrava rumo a Coimbra. Sônia a observava até se perder de vista. Náidius notando aquela cena, se aproximou enquanto repousava suas mãos nos bolsos da calça.

— Conversa com pássaros? — Ele perguntou, um tanto curioso.

Sônia sorriu.

— É uma gralha azulada. Único animal que consegue penetrar no nosso escudo invisível e entrar em Coimbra. Temos uma certa ligação com elas, é algo difícil de se explicar. É como se compartilhássemos o mesmo espírito. — Ela suspirou, nostálgica. — Desde que cheguei em Sidelena observei que elas estão migrando. Tive sorte.

Náidius deu de ombros.

— Avisou aos seus amigos sobre o meu primo está... dessa forma?

A maga suspirou, desanimada.

— Sim... Precisamos levar ele à base em Coimbra. Estará mais seguro lá.

— E quanto tempo acha que essa ave entregará o recado?

— Dias, talvez. É uma ave. Coimbra não é tão perto.

Náidius assentiu, mesmo não fazendo ideia de como chegar até a misteriosa cidade invisível dos magos Cosmos. Ele caminhou até a horta e observava as plantações nada saudáveis. Com a devastação do fogo, muitas haviam murchado, as folhas pareciam papel molhado e as pimenteiras estavam deitadas no chão como se houvessem sido pisoteadas. Eles perderam muito da produção. Os animais soltos, tanto as galinhas quanto os porcos e o gado comiam o que ainda restara de pé.

Sônia se aproximou, percebendo o jovem ainda pensativo. Parecia estar perdido em meio a turbilhões de ponderações, e ela conseguia compreender. Ele não comentou nada sobre mais cedo, ela também não tocaria no assunto, porém, pessoas caladas como ele a preocupava.

— Você está bem? — Ela perguntou, por trás dele, mas já se arrependendo.

Ele não respondeu, a ignorou por completo. Preferiu focar a sua mente nas imagens aleatórias que seus olhos captavam. Ele queria um tempo para si, ao menos um pouco mais de tempo.

— Perdoe a sua mãe, acredito que ela falou tudo isso da boca pra fora. — Sônia falou, em uma tentativa de consolá-lo.

— Da boca pra fora? —Náidius conteve um sorriso irônico. — Ela nunca fala da boca pra fora. Você ainda não percebeu que ela realmente me odeia?

— Eu não acredito que uma mãe possa odiar um filho.

Náidius virou-se para ela e respirou fundo a ponto de ser o mais delicado possível.

— Não quando se é filho de um feiticeiro que desgraçou a vida de todos que vive nessa... fazenda, nesse lugar que é mais uma prisão. Não entende? Ela foi castigada a viver nesse lugar apenas por tentar convencer ele a se entregar. A seita ferrou a vida dela e eu sou o fardo que ela precisou carregar.

— Náidius, se você existe foi porque seus pais se amaram.

— Sônia, você não entende não é mesmo? Acho que precisa sair mais de sua terra mágica de fantasias. Amor não existe! Aquele feiticeiro a enganou! — Ele alterou o tom da voz, já perdendo a calma. — Eu sei das histórias. Ele arruinou tudo, ele matou gente inocente, ele é diabólico. E ele não é o meu pai!

— Então não leve consigo o que sua mãe falou. Vocês são diferentes. Você não é como ele!

— Talvez eu seja... — Ele a fitou por um momento, e adoraria saber o porquê de tamanha preocupação que ela sentia por ele. Aquela maga se intrometia demais. — Por que se importa tanto? Você não me conhece!

Ele deu as costas e foi caminhando para os fundos da casa. Sônia o olhou e se preocupava com ele. Aquele jovem não estava bem. Ela sabia que não deveria se intrometer em assuntos familiares, mas na situação em que Órion se encontrava não era exatamente um momento para tais desavenças.

— Náidius! — Ela o chamou, entretanto, ele já estava distante.

Um grito.

Um grito súbito ecoou de dentro do sobrado. Sônia reconheceu a voz de Kelmo. A maga correu em disparada para a casa e subiu de imediato o lance de escadas se deparando com a porta aberta do quarto de Órion. Kelmo estava caída, atravessada na entrada, totalmente desacordada. A jovem maga adentrou no recinto e paralisou-se automaticamente.

Os seus olhos presenciaram algo inédito em toda sua vida, entretanto, algo que já a haviam previsto de acontecer, mas ela não esperava que fosse por tão cedo: Criaturas de pele vermelha, um semblante demoníaco, dentes desproporcionais e pontiagudos que se mostravam fora da boca e um par de chifres. Eles eram calvos e entre os chifres possuíam algumas saliências pontiagudas. Os olhos eram orbes completamente negros e orelhas grandes e pontudas. Eram assustadores. Contavam cerca de cinco deles. Eram seres extintos, demônios do fogo e serviam apenas a um mestre. O rei dos magos infernais, ou melhor, o mago que estaria ressuscitando.

Os corpos corcundas e magros estavam em pé diante da cama, enquanto um tipo de portal estava aberto na parede, ao lado do jovem Órion deitado. Parecia um tipo de redemoinho na parte interna em um vermelho vivo como a própria chama infernal. De dentro, mãos saíam e seguravam o mago, o puxando para o interior como uma forma de abdução. Aquelas criaturas estavam o sequestrando, e Sônia poderia supor para onde, mas não tinha certeza. A sua única certeza era de que precisava detê-los.

As cincos criaturas em pé a encararam. Eles trajavam trapos, um tipo de mortalha e estavam armados com um tipo de machete curvo, com dois dentes próximo ao cabo. Parecia uma mistura de espada e facão e eles a seguravam com destreza, apesar das criaturas possuíram um porte físico insignificante não poderiam subestimá-las.

Grimt's. Eram aqueles seres. Impossíveis de serem banidos para o plano espiritual e totalmente extintos pelos caçadores da seita. E agora estavam ali, diante dos olhos incrédulos e anis da maga Cosmos.

Os grimt's se colocaram em guarda enquanto sibilavam algo inaudível. De imediato as lâminas que carregavam em mãos se tornaram flamejantes, tão radiantes que ofuscaram a visão de Sônia. A maga não sabia como lutar contra aquelas criaturas, sem falar que ela não usava armas. Ela respirou fundo e confiou na sua chama congelante para combatê-los.

Ela bateu o pé no chão e estirou o seu braço abrindo bem a palma da mão, esticando os dedos. Chamas brotaram cercando as criaturas demoníacas, o frio se alastrava em todo o ambiente, e a medida que a jovem dobrava os dedos, as labaredas ganhavam mais altura. Os seres estavam inertes, cercados pelo pior inimigo deles, o frio. Sônia sorriu, orgulhosa do seu feito.

— Sônia! — Náidius entrou no quarto e paralisou ao notar aquela cena. Ele ficou atônito. — Eu ouvi...

O jovem olhou para o corpo da mãe no chão que aos poucos despertava. Ele estava sem reação. Uma parte em si horrorizado com a presença demoníaca daqueles seres infernais e outra parte vislumbrando a metade do corpo de Órion sendo puxado para dentro de um portal na parede.

— Órion! — Ele gritou.

Ele queria ajudar, mas estava desarmado e tinha receio de ir buscar sua espada e a situação piorar de vez. Kelmo despertou, abrindo os olhos de vez. Ela se levantou em um pulo, ignorando o fato de sua tontura repentina e ter sido jogada no chão por aquelas criaturas. Assim como Náidius, percebeu o jovem mago sendo abduzido.

— Não! — Ela gritou. Olhou para Náidius. — Vá buscar a sua espada. Depressa!

Náidius correu em disparada, enquanto Kelmo estava pasma, mas com mãos limpas não poderia fazer nada.

— Maga! Acabe com eles! Eles vão levar o Órion!

Sônia não havia percebido, se preocupou em deter as criaturas, mas se distraiu enquanto Órion era levado embora. Ela precisava acabar de vez com isso. Colocou mais forças em suas chamas e um frio congelante a abrupto invadiu o local. Na silhueta no fogo, via-se os cincos monstros em pé, intactos e plenos, mal se moviam. Isso era estranho, porém, eles reagiram.

As espadas flamejantes cortaram o fogo azul como se fosse papel. As labaredas automaticamente foram dissipadas com faíscas no ar e a maga não conseguia entender como isso havia acontecido. Logo o seu poder desapareceu e mesmo ela sentindo que ainda estava lá.

— O que eles fizeram? — Kelmo questionou.

Sônia olhou para as próprias mãos, ainda estarrecida. Aquilo era impossível. Ninguém nunca deteve a chama azul, não daquela maneira. Eles eram apenas demônios, capachos de um mago e nada mais.

— Não entendo. — Sônia se lamentou, mas viu o portal e estavam apenas os braços de Órion a vista. Eles não tinham mais tempo.

Ela correu, mesmo sabendo que para chegar até Órion ela precisara passar pelos cincos grimt's. No mesmo momento Náidius chegou com a sua espada de cabo peculiar.

— Me entregue a espada. — Kelmo pediu.

— Não. Eu faço isso. — Náidius negou e nem esperou uma resposta de sua mãe.

O jovem seguiu Sônia naquela atitude suicida. A maga em frente percebeu uma das criaturas erguerem a espada a ponto de cortá-la ao meio, mas ela tinha uma estratégia. Quando chegou perto o suficiente, deixou os seus olhos lhe guiarem. Ela apenas saltou e a sorte do teto alto da casa facilitaria sua proeza. Ela ficou agachada em pleno ar. O seu joelho se apoiava em algum tipo de piso invisível e sorridente ela estava satisfeita com o seu plano, mas não poderia perder tempo. Ela se deixou cair na cama e imediatamente segurou os dedos de Órion e com a outra mão, segurou o pulso do garoto para dentro do portal, agora precisava puxá-lo de volta, porém, não era forte o suficiente.

Náidius ergueu a sua espada para enfrentar as criaturas, contudo, percebeu eles abaixarem as armas no exato momento em que eles cruzariam as lâminas. Ele não se intimidou, continuou com o seu ataque, no entanto, quando sua espada atravessou o abdome da primeira criatura, foi como perfurar o próprio ar, e automaticamente, o seu corpo com o impulso atravessou os deles.

— Eles atravessaram os planos! — Kelmo gritou, incrédula.

Porém, não somente aqueles cincos elementos haviam atravessado os planos, mas também Órion e não se sabe como. As mãos de Sônia atravessaram as do mago, como se ele houvesse se transformando em um fantasma. Não se dando por vencida, a jovem tentou mergulhar os braços para dentro do portal, mas ele se fechou subitamente e ela ferozmente chocou-se contra a parede, ralando os punhos.

Kelmo caiu de joelhos, tão impotente e com um vasto sentimento de inutilidade. Ela não conseguiu salvar o sobrinho. Os cincos grimt's no meio do quarto desaparecem junto com o portal. Náidius olhava de um lado para o outro, um tanto confuso pelo o que tinha acontecido. Mas entre outras palavras, Assa havia conseguido o que queria, ele havia sequestrado Órion, mas... seria uma batalha injusta para cumprir aquela profecia.

☽✳☾ 

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