Mais um cap! Espero que gostem 💜
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Lan WangJi se recupera aos poucos da epifania que havia acabado de ter.
Depois de deixar a bandeja em cima da mesinha de centro, Wei WuXian vai até um canto da sala e recolhe algo do chão, resmugando algo baixinho e logo deixando o objeto em cima da estante da sala. Ao olhar para aquilo, Lan WangJi percebe que é um brinquedo de carrinho de controle remoto. Ele precisa se segurar para não perguntar nada para WuXian.
Wei WuXian finalmente se senta ao lado de Lan WangJi no sofá com um sorriso no rosto. Ele entrega uma das xícaras de chá para o rapaz mais alto e pega uma para si.
— Há quanto tempo você chegou? — Wei WuXian pergunta enquanto toma um gole de sua bebida, sem tirar os olhos de cima do outro rapaz.
— Dois dias. — Ele responde assim como havia feito com Jiang YanLi.
Wei WuXian está prestes a tomar outro gole de seu chá, mas para os seus movimentos quando ouve a resposta de Lan WangJi. Ele que, primeiramente, não entende a reação de WuXian, mas logo depois percebe as implicações daquela resposta.
Sim, você é a única coisa que tem passado pela minha mente nesses dois dias e eu não consegui esperar muito mais tempo para vir lhe ver, WangJi pensa.
No final, Wei WuXian apenas assente.
Um silêncio confortável se instala na sala de estar. Não é como se não houvesse assunto para conversar, pois isso há para dar e vender, mas é muito difícil para ambos escolherem o que querem saber primeiro sobre a vida atual um do outro.
Depois de algum tempo, é Wei WuXian que fala, surpreendendo o outro rapaz no sofá.
— Eu não parei de ligar porque quis. — É o que ele fala com uma expressão complicada no rosto.
Lan WangJi imediatamente entende ao que ele está se referindo e fica tenso de repente.
A questão era que, naquela época, não haviam celulares da mesma forma que há hoje, mas haviam telefones fixos. Sendo assim, quando WangJi soube que iria se mudar para outro país, logo pediu para sua mãe pegar o número de telefone da casa dos Jiang's para que ele pudesse se comunicar, mesmo de longe, com Wei WuXian. Quando a família Lan chegou ao Canadá, a primeira coisa que o garotinho fez foi ligar para aquele número e passar horas e horas falando com WuXian sobre a viagem e tudo o que já havia visto até ali, mesmo com seu pai o repreendendo pelo custo da ligação.
Automaticamente, Lan WangJi e Wei WuXian entraram em uma rotina de conversar pelo telefone de três em três dias. Eles queriam que fosse todos os dias, mas os pais os proibiram para não ficarem devendo uma fortuna de conta telefônica.
Mas, certo dia, Wei WuXian não atendeu. Depois disso, ele nunca mais atendeu e também nunca mais ligou.
A mãe de Lan WangJi havia tentado explicar para o filho que devia ter ocorrido algum problema já que a família Jiang iria se mudar também e provavelmente haviam mudado de número de telefone. Mas Lan WangJi estava magoado.
Aquela foi uma das raras vezes em que ele realmente se sentiu magoado por causa de Wei WuXian, porque eles haviam prometido um para o outro que iriam continuar se falando, que não iriam deixar nada abalar aquela amizade, nem mesmo os muitos quilômetros de distância.
— Depois de nos mudarmos, nós trocamos de telefone e acabamos perdendo a agenda com todos os contatos que tínhamos. — Wei WuXian volta a falar e Lan WangJi percebe que ele está nervoso falando aquilo, olhando para sua xícara de chá e não para o seu rosto. WangJi não pode permitir que o rapaz se sinta mal por isso, algo que aconteceu há tanto tempo e que não havia sido culpa de nenhum dos dois.
— Wei Ying. — Lan WangJi diz surpreendendo o outro, que dá um sorrisinho fraco ao ouví-lo chamar daquele jeito. E só aquele sorriso já é o suficiente para alegrar todo o resto da semana de WangJi.
— Não foi culpa de ninguém. — Lan WangJi complementa, mas não parece convencer Wei WuXian, que fica pensativo por um tempo antes de voltar a falar.
— Eu havia prometido... — Ele sussurra.
Lan WangJi não aguenta vê-lo se torturando daquela forma. Ele se pergunta se Wei WuXian havia se sentido assim por todo aquele tempo e se sente mal de repente.
WangJi gostaria de conseguir explicar para WuXian que aquela mágoa de criança havia durado apenas uma semana e que, dias depois, ele já estava sentido tanta saudade de falar com o outro que não mais importava o que havia acontecido, o garoto só queria ouvir a voz do amigo novamente.
— Eu também prometi. — Lan WangJi fala. — Mas éramos crianças e... não é isso que importa agora, certo? — Ele completa e dá um sorriso fraco para o rapaz em sua frente tentando mostrar, do seu jeito, que o que realmente importa é que agora eles se reencontraram. Wei WuXian também não consegue evitar que a felicidade que está sentindo nesse momento transborde pelo seu rosto.
— Posso abraçar você? — Wei WuXian pergunta de repente, fazendo o que sempre fez de melhor: derrubar todas as barreiras dentro de Lan WangJi.
Você pode fazer o que quiser comigo, é o que Lan WangJi pensa em responder.
Mas sua parte racional o alerta contra e, ao invés disso, o que ele faz é deixar sua xícara na mesinha e, em seguida, segura uma das mãos de Wei WuXian, o puxando levemente para mais perto. O outro rapaz entende o recado e, pela segunda vez naquele dia, envolve seus braços ao redor de WangJi, que novamente o aconchega como se estivesse segurando o mundo inteiro.
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Wei WuXian e Lan WangJi passam boa parte do resto da tarde conversando naquele sofá. O assunto varia entre diversas coisas que haviam acontecido com os dois durante aqueles treze anos.
O anfitrião da casa conta a Lan WangJi sobre sua formação em Engenharia Mecânica – algo que realmente combina com WuXian, ele pensa –, sobre o casamento de Jiang YanLi e como Jiang Cheng, seu irmão, havia decidido tomar conta dos negócios da família no lugar dos pais, que se aposentaram.
WangJi prefere ouvir WuXian falando sobre si, mas o outro rapaz insiste que ele também conte sobre suas "aventuras no Canadá", palavras do próprio. Então, Lan WangJi conta sobre ter se formado em Direito e sobre Lan XiChen ter seguido o ramo da Psicologia. Ele também acaba contando sobre a morte de seus pais.
— Eu... — Wei WuXian começa a falar assim que ouve sobre isso. Ele franze as sobrancelhas e olha para baixo, para as suas próprias mãos em cima do seu colo. Seu olhar está perdido, talvez sem saber exatamente o que falar. — Sinto muito, Lan Zhan. Eu sinto tanto.
— Wei Ying. — Lan WangJi fala sem um motivo específico. Talvez para consolar a si mesmo, já que aquele nome e aquela pessoa o faziam tão bem.
Wei WuXian levanta a cabeça lentamente e, dessa vez, seu olhar está no rapaz ao seu lado. Ele leva uma de suas mãos de forma hesitante à bochecha de Lan WangJi e, quando chega ao seu destino, acaricia a pele macia levemente. WangJi percebe o olhar sofrido do outro e se inclina quase que automaticamente em seu toque.
— Eu deveria estar com você. Eu deveria estar lá ao seu lado. — Wei WuXian de repente começa a falar e sua voz sai baixa, de certa forma dolorida.
Lan WangJi sente seu coração doer mais uma vez ao vê-lo daquele jeito. Ele segura a mão do rapaz que está em seu rosto e a traz para seu peito, a apertando lá.
— Você estava. Sempre esteve. — Lan WangJi fala com um sorriso fraco em seu rosto.
Ele não está mentindo. Na verdade, ele nunca mentia, e isso era ainda mais improvável de acontecer quando se tratava daquele homem em sua frente.
Wei WuXian sempre esteve com ele, mesmo de longe. Era ele quem aparecia em sua mente logo pela manhã depois de acordar, que o fazia ter disposição para aguentar mais um dia em outro país, pois cada minuto que se passava era um minuto mais próximo de voltar. De voltar para ele.
Era Wei WuXian que o ajudava a aguentar a convivência com pessoas tão estranhas para si, porque Lan WangJi sabia que no mundo havia uma pessoa que o compreendia mesmo que ele não soubesse exatamente como se expressar, mesmo que tudo que ele fizesse fosse assentir e demonstrar pouquíssimas expressões faciais. Também era a imagem do sorriso de WuXian – algo que nunca sairia da mente de WangJi – que o reconfortava quando tudo ficava difícil demais, quando o luto e a saudade se misturavam em um só, fazendo Lan WangJi desabar em seu quarto longe de tudo e de todos.
E, de repente, é Wei WuXian quem desaba.
Wei WuXian começa a chorar. As lágrimas grossas e pesadas começam a cair sem cerimônia pelo seu rosto. Ele puxa a mão que está no peito de Lan WangJi para limpar seu rosto, mesmo que não tenha muito efeito já que sua face fica mais molhada a cada segundo que passa.
Lan WangJi respira fundo para controlar o seu próprio choro, então puxa todo o corpo de Wei WuXian para perto de si, convidando-o para mais um abraço.
Com isso, WuXian envolve o pescoço do rapaz mais alto com seus braços e encaixa o rosto no seu ombro, molhando levemente a sua camisa branca. WangJi, por sua vez, abraça a cintura do rapaz com uma mão e, com a outra, acaricia levemente seu cabelo cheiroso e macio, encaixando seu rosto ali.
— E-eu senti tanto a sua falta. — A voz de Wei WuXian sai abafada devido ao contato com a roupa do outro, mas ainda compreensível, transmitindo uma dor que só ele é WangJi entendiam. E, ao ouvir isso, Lan WangJi o aperta sobre si com mais força, tentando transmitir através daquele abraço a sua própria saudade acumulada.
— Eu me perguntava se você estava bem todos os dias. — Wei WuXian volta a falar depois de algum tempo, quando seu choro já está mais leve e a sua voz menos embargada.
Ele se afasta levemente para olhar para o rosto de Lan WangJi, que aproveita a nova posição para limpar carinhosamente as lágrimas remanescentes no rosto do outro homem.
— Eu juro que tentei entrar em contato, Lan Zhan... — Wei WuXian diz e seu rosto se contorce como se uma onda de lágrimas estivesse chegando novamente, mas Lan WangJi o para antes que isso aconteça, segurando seu rosto com ambas as mãos.
— Você não precisa jurar nada, Wei Ying, eu acredito. — Ele diz.
Com isso, após alguns segundos, o rosto de Wei WuXian muda, mas dessa vez é para formar um sorriso fraco que aumenta gradualmente até que ele abrace Lan WangJi de novo.
— Eu sou muito egoísta. — Ele sussurra enquanto ainda tem seu rosto escondido entre o pescoço e o ombro de Lan WangJi, que franze as sobrancelhas ao ouvir aquilo saindo da boca do próprio Wei WuXian. WangJi sempre sentia uma raiva crescer dentro de si quando alguém falava algo ruim sobre o rapaz ao seu lado, mas agora era o próprio falando tal coisa, e Lan WangJi queria o fazer parar imediatamente.
— Eu sou muito egoísta porque não quero que você vá embora. Não quero você longe de mim nunca mais. — Wei WuXian sussurra, dessa vez é em um tom ainda mais baixo, como se ele estivesse receoso de que o mais alto o escutasse. Mas Lan WangJi havia sido abençoado com uma audição dos deuses.
Lan WangJi tenta esconder o seu sorriso nos cabelos do homem abraçado a si, não tendo muito sucesso. É impossível explicar a felicidade que ele sente ao saber que Wei WuXian o quer por perto. Então, ele puxa Wei WuXian com cuidado para que eles fiquem novamente frente à frente. Logo depois, Lan WangJi sorri fraco ao colocar uma pequena mecha bagunçada do cabelo de WuXian para trás de sua orelha.
— Wei Ying não é egoísta, porque eu também não quero ficar longe dele de novo. — Lan WangJi diz após reunir toda a coragem em seu corpo. Só ele entendia o quão difícil era conseguir falar aquele tipo de coisa. Mas aquele em sua frente é Wei WuXian, então ele se esforça para expressar o máximo de sentimentos que o seu eu introvertido permite.
E, como resultado, Wei WuXian sorri tão abertamente que Lan WangJi pode até dizer que a sala fica mais clara depois disso.
— Ah, Lan Zhan... — É tudo o que ele diz.
Nenhum dos dois quebra o contato visual. Nenhum dos dois se afasta nem um centímetro. Muito pelo contrário, pois Lan WangJi pode jurar que o espaço entre os dois vai ficando menor a cada segundo que passa.
Mas um barulho de chaves se encaixando na porta da frente faz os dois se separarem abruptamente, como se estivessem em um transe momentâneo e só agora houvessem sido liberados. Wei WuXian se levanta do sofá rapidamente, limpando as lágrimas secas em seu rosto e tentando diminuir o amassado em suas roupas após tanto tempo abraçando o outro homem. Lan WangJi o acompanha sentindo-se totalmente fora de si após tanta proximidade com o outro.