∆Ervas Daninhas∆
Toni piscou os olhos adaptando-os a luz branca e intensa do local. A confusão e angústia refletida nas expressões de dor da Agente levou a chegada de uma miragem inexpressiva e uma voz sutil. Pietra mal conseguiu sentir o lado direito da cabeça sem despertar um aperto doloroso, ela levou as mãos até o lugar tentando entender o que acontecia.
Quando conseguiu focar a visão dos olhos notou que não estava em casa e para sua aflição não se lembrava o que havia acontecido. Ela olhou por todo o lugar reconhecendo os tons brancos e asseados de um quarto do hospital. As pupilas confusas diminuíram enxergando uma moça com um sorriso meigo e passivo ao seu lado.
Pouco atrás da estranha, Bernardo adormecia profundamente em uma poltrona ao lado de sua maca. Maca? O que está fazendo no hospital?
Pietra desceu o olhar até seus braços e notou que alguns fios finos estavam presos a ele e diretamente ligados ao soro que a estranha dava leves petelecos. Toni olhou para a mulher e somente no momento notou que os lábios dela se mexiam, porém ao invés de ouvir o que acreditou que ela diria, Pietra ouviu um constante e irritante barulho ensurdecedor.
_ O q-que eu tô fazendo aqui?- tentou perguntar e a voz falha e a ardência na garganta a assustou.
_ Você sofreu um trauma após uma explosão- a mulher explicou num tom baixo e quase inaudível.
_ C-como a-ssim?- se desesperou agitada.
_ Pietra?-Bernardo questionou num sussurro sonolento. Um rosto conhecido e sereno a acalmou em meio ao alvoroço que sua mente tornava-se a cada instante- Tá tudo bem , tá? - ele pegou em seu rosto e encarou os olhos verdes e perplexos- Eu vou ir chamar o médico, e o pessoal que está esperando.- ele avisou distanciando-se.
_ Ainda bem que você acordou- a estranha confessou analisando o ponto do soro na pulso da Agente- Esse rapaz- ela apontou por onde Ben havia saído- Ele chegou poucos minutos depois de você, aprontou um escândalo na recepção. Eu quis expulsá-lo mas o tio dele é dono do hospital...Ele te colocou no tratamento particular e está pagando dois médicos para te atender às 24 horas com prioridade. Ele também exigiu ficar aqui com você, e desde então não saiu mais. Vai fazer duas noites e só o vi ir ao banheiro três vezes!
_ Duas noites?- Toni questionou apavorada.
_ A queda que você sofreu foi muito grande- ela explicou- Você ficou inconsciente por dois dias.
_ Ai graças a buda!- Jane exclamou entrando no quarto as pressas- Toni, meu amor, tá tudo bem?- a atriz perguntou abraçando-a. Pietra agradeceu por tê-los ali, já que estava confusa e começando a aterrorizar-se.
_ Como eu vim parar aqui?- perguntou quando a amiga a soltou.
_ Seu apartamento explodiu-Erick aproximou com um sorriso acanhado.- Alex estava chegando quando tudo aconteceu, ela te encontrou desacordada nas escadas e te trouxe com pressas pra cá, mas tá tudo bem.
_ Meu apartamento explodiu?- Pietra repetiu afobada.
_ Tá tudo bem , nós vamos dar um jeito nisso depois- Nat tomou a frente sentando-se ao lado- O que importa é que você está se recuperando.
Apreensivo Bernardo retornou ao quarto acompanhado de um rapaz jovem, do qual descobriu ser o médico. Depois do que a enfermeira havia lhe falado Pietra notou as olheiras fortes e o ar cansado nos normalmente traços jovens de Ben. Os cabelos do CEO estavam desarrumados e provavelmente haviam sido penteados com os dedos e a camiseta estava totalmente amarrotada completando a aparência incomum dele.
O doutor não demorou muito para examiná-la enquanto os amigos permaneciam em silêncio com os incômodos olhares de pena, menos Bernardo que piscava ansioso, e de certa forma aliviado, por saber o que o rapaz diria.
_ Os exames estão todos bons, mas por precaução vou manter Pietra aqui mais essa noite. Quero monitorar por mais algumas horas a cabeça após o choque -o médico explicou de forma atenciosa- Os ferimentos de queimadura nos braços já estão melhores e acredito que você não vai ter nada além de algumas pequenas cicatrizes. Porém como ainda é recente, só posso permitir um acompanhante no quarto.
Os quatros se entre olharam e encararam a Agente esperando algum palpite de preferência da parte dela. Toni sentiu sua cabeça voltar a doer só de imaginar ter que escolher um deles, apenas queria descansar e fugir dos olhares de pena.
_ Se quiserem eu posso ficar- Ben proferiu- Nat, você e Janine estão no intervalo do expediente. Eu não tenho que voltar para a empresa tão cedo, e você- ele olhou para o supervisor- Eu não sei o que você faz.
_ Eu acho uma boa ideia- Nat apoiou recebendo um olhar irritado de Jane- Por mais que eu quero muito ficar aqui, a loja abre daqui uma hora e se eu faltar meu chefe irá descontar no meu salário!
_ Tudo bem!- Janine murmurou cedendo- Mas eu volto assim que as filmagens terminarem para te levar para casa- ela avisou apontando para Pietra.
_ Obrigada, por tudo!- Toni agradeceu as amigos antes que eles saíssem.- Ei!- cochichou sorrateiramente para Erick. Com um olhar desconfiado ele caminhou até ela- Avisa a minha equipe que Josy e Drecon estão no comando enquanto eu estiver fora, e peça a eles que continuem as buscas.
_ Você acabou de levar uma pancada na cabeça e ainda quer falar sobre trabalho?- ele questionou incrédulo- Descanse, e quando voltar vocês continuam a operação!
_ Por favor, eles são bons! Vão conseguir continuar sem mim- Toni argumentou aos sussurros enquanto Ben conversava com o médico- Falta tão pouco para eu pegar o chefe!
_Ok, mas é pra descansar- ele advertiu- Nada de trabalho até receber alta!
_ Tudo bem!- Toni concordou- Eu só vou precisar de um celular, minha arma, meu distintivo e um comunicador de orelha!
_Eu não vou nem te falar nada- Erick resmungou revirando os olhos- Quando estiver mais disposta ligue para os agentes, eles estavam preocupados com você!
Ela acenou concordando e o viu sair deixando um vago aceno aos doutores e a Bernardo. Logo todos ausentaram deixando o casal a sós, Ben estalou os pescoço e se jogou na poltrona encarando-a com um sorriso tranquilo.
_ Você está horrível- Pietra brincou vendo-o revirar os olhos. Ele exprimiu uma fraca risada e passou a mão sobre as roupas amassadas .
_ Você não está muito melhor!- ele zombou. Toni riu mas foi obrigada a parar quando a dor retornou atormentando-a- Descanse, logo você volta a assustar as pessoas por aí com aquela sua arma estranha.
_ Hum- resmungou negando- Obrigada pelo que fez por mim, a enfermeira me contou-Agradeceu. Pietra pensou em contar sobre a nova descoberta mas desistiu da ideia, ele estava visivelmente cansado e ela não queria arrumar mais questões confusas para ele.
_ Estive pensando!- ele comentou despretensiosamente- Depois do que aconteceu, você podia vir morar comigo!
_ O que?- Pietra exclamou rindo. Porém ao notar o sorriso triste dele ela encerrou a risada-Se bem que não é uma má ideia... vou pensar no assunto- comentou recebendo um olhar satisfeito.
A tarde passou ligeira aos olhos de Pietra, Ben se esforçou para tentar distraí-la com piadas bobas. Durante o almoço os dois distraíram-se por horas alheios a descobrir o sabor da gelatina esverdeada, Toni acreditou fielmente que se tratava de maça verde mas Ben não conseguiu sentir sabor algum além de algo aguado.
_ Mudando de assunto!- Toni exclamou raspando o fundo do pequeno pote da sobremesa- Eu sempre quis te perguntar isso, uma vez eu estava te seguindo e seu carro desapareceu, do nada! Como fez aquilo?
_ Você estava me seguindo?- ele perguntou com uma falsa surpresa.
_ Supera isso, faz muito tempo!
_ Você está falando do túnel- Toni acenou concordando- Há alguns anos eu construí uma saída/entrada alternativa para minha casa por lá, para que eu não tivesse que enfrentar o amontoado de paparazzis inconvenientes! Eu raramente uso ela, geralmente só quando estou tendo um ataque do WPW.
_ Falando nisso, como está a sua saúde. Você devia se cuidar melhor!- ela aconselhou o fazendo rir.
_ Perguntou a mulher deitada numa maca e com uma faixa na cabeça!- Ben zombou evitando o assunto sobre a doença do CEO.
Enquanto Bernardo saiu para ir para casa tomar banho, Toni aproveitou para comunicar com Josy e perguntar sobre o andamento da buscas pelo chefe da BZAEE. Mesmo com uma lesão ela não conseguia pensar em outra coisa senão o quão tapada e estúpida havia sido durante toda a missão. A pessoa sempre esteve ali, a sua frente, caçoando de sua investigação.
_ Oi- Jane deu dois toques na porta entrando. Rapidamente Toni escondeu o telefone abaixo da coxa- Vim buscar a princesa!
Pietra se trocou vestindo uma muda de roupas absurdamente caras e elegantes da amiga, já que a maioria de seus pertences agora resumiam-se a destroços. Uma segunda tentativa de assassinato não é algo que agrade uma pessoa, Toni sempre soube que enfrentaria esquemas perigosos e pessoas dispostas a tudo, porém tudo que o mafioso havia lhe dado até o momento foi uma forte dor de cabeça, um carro baleado e um apartamento aos escombros. Pietra admitia, a máfia estava realmente se esforçando e determinada a apagá-la.
_ Ei- Ben chamou entrando novamente no quarto, dessa vez com um de seus ternos azuis e o gel aromático nos longos cabelos molhados- Me liga quando estiver em casa, ok?- ele pediu deixando um beijo singelo na testa de forma carinhosa e protetora- Eu tenho uma reunião agora a noite, mas assim que puder passo pra te ver.
_ Não precisa se preocupar, eu já estou melhor!- afirmou- Aliás eu não esqueci a proposta que me fez- ela relembrou sorrindo atrevidamente.
Os três saíram em direção ao pátio de recepção do hospital, Erick e Natan aguardavam e despediram-se rapidamente da moça, novamente com os discursos de que ela deveria descansar, algo que definitivamente não estava nos planos de Pietra. Ela analisou novamente as expressões preocupadas e penosas tendo a certeza de que ter passado o dia com Bernardo foi a melhor escolha, além do bom humor que a fez esquecer a dor por várias partes do corpo, Bernardo dorme com extrema facilidade, ele mal encostava na poltrona e já começava a roncar.
_ Erick!- murmurou chamando o rapaz. Pietra esperou até que os outros caminhassem pouco a frente para que pudesse falar com ele a sós- Como está a preparação das unidades?
_ Vou repetir, você não pode participar!- ele resmungou olhando para os lados irritado- Bertolazzi, você acabou de ganhar alta do hospital! Não pode sair por aí achando que já está bem e correr atrás de criminosos.
_ Eu estou bem- ela assegurou irredutível- Eu preciso participar da prisão, é o meu caso, é a minha investigação!
_ E é a sua cabeça!- ele tocou na parte enfaixada provocando uma careta dolorosa na Agente- que está machucada.
_ Sei que é meu superior, mas por favor Erick!- suplicou- Eles tentaram me matar, graças aquela máfia de merda eu estou com uma faixa estúpida na cabeça! Eu apanho e não posso revidar?
_ Isso não é sobre revanche Pietra- ele repreendeu parando na calçada com uma expressão séria- Se trata da saúde de uma Agente do meu departamento! Escuta- ele pediu vendo-a queixar-se- Bernardo esteve hoje na sala do Sr. Evans, se você se machucar de novo aquele imbecil vai reclamar com o conselho!
_ Por que você sempre acha que se trata sobre o que Bernardo diz ou quer?- Pietra questionou eufórica- Eu sou a Agente, eu estudei por anos e enfrentei uma academia cercada por homens babacas que também gostavam de dizer o que eu devia fazer. Então não, Bernardo não fala por mim, e por mais que eu aprecie muito o cuidado que ele tem comigo, correr risco faz parte do meu trabalho ! Então falo por mim mesma quando digo que me responsabilizo por qualquer ferimento durante a prisão.
_ Tudo bem- ele cedeu- Mas você vai participar de dentro do carro, nada de ir atrás caso tenha uma fuga!
_ Claro!- ela aceitou com um sorriso largo e feliz- Obrigada, eu não vou me machucar, prometo!
Com um aceno incrédulo e receoso Erick saiu em direção ao outro lado da rua. Pietra se virou pronta para ir para casa de Janine mas avistou Bernardo encostado no carro com um olhar firme e inflexível. Toni bufou indo em direção ao CEO.
_ Olha eu...- Pietra preparou uma larga lista de reclamações e argumentos de que ele não deveria ficar chateado, mas foi pega de surpresa quando ele se aproximou negando aborrecido.
_ Sei que está aprontando alguma coisa- ele murmurou encarando-a- E também sei que nada que eu diga vai te deixar temporariamente longe dessas maluquices com armas e bandidos, mas, por favor!- ele pediu soltando um suspiro cansado- Não se machuque!
_ Eu não vou! - ela garantiu. - E Ben, não pode ir falar com meu chefe toda vez que aconteça algo que não goste! Não gosto que interfira no meu trabalho.
_ Desculpa, eu só estava irritado- ele pediu afagando os cabelos pretos dela- Tenha cuidado!E mostre a eles o que uma maluca com uma faixa na cabeça pode fazer!- zombou.
Pietra deu um leve tapa nos ombros do CEO e se despediu com um longo abraço, cercado pelo cheiro familiar de uísque e menta. O trajeto até a casa de Janine, onde ficaria por alguns dias até que conseguisse um novo apartamento, foi ligeiramente rápido.
O mordomo já havia preparado o quarto de hóspedes para sua chegada e como já se aproximava do alvorecer da madrugada Pietra fingiu estar exausta e foi para cama se deitar em busca de privacidade. As milhares de queixas e protestos veio de todos com quem falou avisando que participaria da prisão do chefe da BZAEE, principalmente Josy que se negou a conseguir novos equipamentos para ela alegando que não participaria daquele "suicídio" proposital no qual Pietra insistia.
Quando as luzes do segundo andar se apagaram Toni abriu a porta do quarto vagarosamente e com cuidado para não provocar barulhos saiu. Ela averiguou o corredor procurando por alguém que atrapalhasse sua saída escondida e seguiu até a suíte de Janine certificando-se que a atriz dormia profundamente. E com passos leves e rápidos fez o mesmo com Nat que cochilava no quarto ao lado.
Pietra desceu as escadas com pressa e seguiu até a saída sendo omitida pelos seguranças. O carro preto e com vidros exageradamente fumês esperava-a próximo a fachada da mansão, ansiosa Toni entrou no veículo encontrando o olhar julgador de Josy e mais quatro Agentes de sua equipe.
Os equipamentos que pediu anteriormente estavam sobre o banco de couro. Ela vestiu o colete a prova de balas por cima da blusa de frio preta com o detalhe da gola alta rolê, e equipou a pistola munida no coldre. Por fim prendeu os cabelos em um rabo de cavalo feito às pressas e encaixou a escuta na orelha esquerda.
Toni olhou pela janela e vislumbrou o breu assustador e instigante que apossou as bonitas paisagens de Chicago. Particularmente Pietra não gosta de agir durante a madrugada, mas ela não podia adiar aquele caso mais uma noite, além de seu ego clamar fervorosamente por ver as algemas nos pulsos do infeliz, eles também corriam o risco do suspeito fugir do país.
Assim que o carro parou em uma rua deserta e com uma iluminação amarelada vinda dos postes, Pietra desceu acompanhada de Josy até o outro comboio estacionado mais a frente. Dentro dele o restante da equipe se reunia cercados por armas e laptop inteligentes preparando-se para invadir.
_ Oi -cumprimentou a equipe entrando na partição traseira do veículo.
_ Estivemos vigiando o dia todo- Drecon avisou- Usamos o sensor de calor corporal, há alguém lá dentro.
_ Pode avisar que estamos prontos!- ela pediu acionando a escuta, e por precaução verificou as amarras do colete e a munição da arma. Pietra respirou fundo antes de sair do carro acompanhada de mais dez Agentes. O frio cortante dificultou sua visão e os ventos fortes e congelantes a faziam tremer ocasionando o início de uma febre-Vamos invadir!-avisou confiante.
_ Pensei que Erick tinha avisado sobre ficar no carro! Josy murmurou na escuta.
_ Ele não está aqui, e eu estou bem!
A equipe numerosa da Swat surgiu do outro lado da casa cercando-a, os dois grupos se dividiram cobrindo todos os metros frontais da residência. Pietra junto a Josy, e dois Agentes da Swat, seguiram até a porta azul de entrada. Toni levantou o punho iniciando a contagem regressiva sobre o silêncio inquietante da rua, quando todos os dedos abaixaram a Swat arremessou o aríete com força na porta arrombando-a.
A entrada brusca deu espaço para a chegada em peso dos Agentes, como todas as luzes do lugar estavam apagadas a equipe retirou a lanterna do cinto de acessórios e a equipou na parte superior da arma.
_ FBI!-Pietra gritou caminhando apressada pelo corredor com a arma empunhada e vasculhando cada cômodo do primeiro andar.
_ Limpo!-ouviu os gritos fortes vindo do andar superior e bufou furiosa. Haviam perdido e provavelmente alertado a máfia. Ela deu meia volta mas semicerrou os olhos observando o jardim e atentou-se a um movimento entre os arbustos do fundo.
_ Jardim, suspeito em fuga!-Toni gritou correndo até os fundos da casa.
Ela olhou frenética em todas as direções escuras procurando por ele. A sombra suspeita e ágil pulou a cerca de madeira fugindo em direção a rua de trás, Pietra o seguiu e arfou dolorosamente ao sentir a pontada aguda vinda da costela inferior próxima ao quadril quando pulou as madeiras.
As pernas ardiam pelos ferimentos ainda em processo de cura e bem como a força que a Agente fez exigindo o máximo das duas. Pietra estava próxima a ele, porém espantosamente surpreendeu-se quando as botas em seus pés enroscaram nas ervas daninhas do jardim mal cuidado e a fez espatifar no chão barroso e repleto de lama.
Toni com esforço evitou que o rosto ralasse na terra molhada colocando os braços enfaixados pelas leves queimaduras na frente. A luz forte de dois faróis acendem revelando a forma de um carro a poucos metros dela, os Agentes entraram no jardim no mesmo instante em que o veículo partiu apressadamente pela rua.
Pietra se virou deitando derrotada e angustiada de dor sobre a lama, o peito subia com uma velocidade assustadora fomentado pela respiração afobada e ineficiente dos pulmões contundidos. Toni levou os dedos até a coxa direita, onde uma dor torturante e sem trégua provida da lesão da queda alucinou o cérebro com pequenas doses violentas de ânsia e ódio.
_ Ele fugiu!- ela anunciou sentindo alguns pingos frios de orvalho molhar a garganta seca e irritada.
Toni teve dificuldades para levantar e quando esteve de pé cambaleou sentindo tonturas psicodélicas na mente . Sentia-se impotente e foi como se os anos em que passou dedicada a aprender habilidades de perseguição estivessem agora jogados em meio a lama, com uma mistura amarga de derrota e fraqueza.
_ Tudo bem Bertolazzi, encontramos algumas coisas na casa que podem ajudar!-Josy tentou confortar e acalmá-la.
Pietra desvencilhou dos cuidados da Agente e seguiu pela rua com o corpo empanturrado de lama molhada e grudenta. Algumas lágrimas salgadas, originadas pela dor ou pelo fracasso, mesclou aos borrões de terra e finas folhas de capim presos nos cabelos sujos dela.
Toni as limpou com pressa enquanto a equipe retornou a sede do FBI. O sentimento repugnante de não conseguir fazer algo, de ser incapaz ou desqualificada atormentou a moça. No momento a imagem da Agente jogada na lama de um jardim qualquer, depois de ser feita de trouxa e enganada pela mesma pessoa, mais de uma vez, lhe pareceu resumir o estado profissional de Agente Especial.
Lamentável, irritável, detestável e incapaz.
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<3
(Daqui pra frente é só ladeira abaixo KKKK)