Sob O Mesmo Destino (CONCLUÍD...

By laricastro23

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•Livro I da série "Meu Primeiro Amor" •História concluída •Primeira postagem dia 13/08/2019 •Última postagem... More

Sinopse + Cast
Book trailer
Prólogo
Capítulo 01 - Acidentes
Capítulo 02 - Por trás da nerd
Capítulo 03 - Encontrando a cinderela
Capítulo 04 - Pais e filhos
Capítulo 05 - Mais que teatro
Capítulo 06 - Bons amigos
Capítulo 07 - Algumas doses
Capítulo 08 - Sob o mesmo teto
Capítulo 09 - Primeiro beijo
Capítulo 10 - Liberdade em duas rodas
Capítulo 11 - A verdadeira face
Capítulo 12 - Um novo lado
Capítulo 13 - Amizade perdida
Capítulo 14 - Fazer as pazes
Capítulo 15 - Perfeita mentirosa
Capítulo 16 - Filme e pipoca
Capítulo 17 - Fora da rotina
Capítulo 18 - Falsa acusação
Capítulo 19 - Parque de diversões
Capítulo 21 - Negação
Capítulo 22 - Selando um acordo
Capítulo 23 - Novas percepções
Capítulo 24 - Tudo ou nada
Capítulo 25 - Até que a morte os separe
Capítulo 26 - Fuga
Capítulo 27 - Fim de segredo
Capítulo 28 - Sob o mesmo destino
Em teu caminho - livro II

Capítulo 20 - Beijos certos, pessoa errada

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By laricastro23

Anelyn

Eu me sinto febril, fora de órbita, confusa e completamente desconcentrada desde que desci daquela roda gigante. Mal consigo prestar atenção às palavras de agradecimento e despedida que Anna e Dave falam ao me abraçar quando Nicolas e eu os deixamos no orfanato. Forço um sorriso simpático e aceno para a irmã Sara antes de voltar para o carro.

O caminho até em casa é sufocante. Eu nunca tive crises de pânico ou ansiedade, mas agora começo a questionar essa possibilidade. Minhas mãos soam e tremem, minha boca está seca e não fosse pelo som ligado, Nicolas já teria ouvido minha respiração irregular e densa, e o pequeno gemido que me escapa da garganta ao tentar me controlar e esconder esse turbilhão de confusões da percepção dele.

Como eu poderia ficar impassível — como, aliás, ele parece estar —, depois do que fez? Ele me beijou, sem o menor motivo, sem o menor aviso, sem nunca, jamais, ter demonstrado qualquer indício de ter se quer um ínfimo desejo assim por mim, exceto, é claro, na vez em que tentou me beijar no armário na festa de Melissa, mas ele nem ao menos sabia que era eu naquela ocasião. Tudo o que sempre fez foi deixar claro que eu nunca seria uma opção em sua lista, mesmo que fosse por algum motivo duvidoso, cruel e machista. Então, por que agora ele me beijou? E por que daquela maneira tão... diferente?

Eu não tenho experiência em beijos, mas o meu coração me diz que o beijo que Nicolas me deu, é aquele beijo com que a gente sonha em receber de alguém. Que desejamos quando estamos apaixonadas, mas ainda não pudemos sentir, somente imaginar, ao fechar os olhos e pensar em infindáveis gostos e sensações que os lábios daquela pessoa vão te dar ao tocar os seus.

O beijo dele foi o beijo com que eu mesma sonhei quando finalmente me visse apaixonada por alguém. Alguém que não é ele. Que não pode ser ele. Eu recebi o beijo certo da pessoa errada e agora eu preciso lutar comigo mesma para esquecer isso e, acima de tudo, não me permitir desejar que esse beijo se repita nunca mais.

Nicolas para o carro na garagem e eu rapidamente desfivelo o cinto de segurança, ao mesmo tempo em que ele diminui o volume da música e chama meu nome, quase em um sussurro, antes que eu desça do carro.

— Nós precisamos conversar. — diz, recuperando o tom de sua voz. Continuo calada, sem fala, com a mão na maçaneta da porta, mas incapaz de desviar meus olhos dos dele. — Eu quero explicar o que... o que eu fiz mais cedo. Na verdade, e-eu não sei porque fiz aquilo, eu admito. Foi um impulso. Eu achei que... Deixa pra lá. Eu só quero deixar claro que foi um acidente e... — ele para de falar, fitando-me por um longo instante, então umedece os lábios antes de continuar. — Não vai acontecer de novo. Nós podemos esquecer? Fingir que nada acon...

— Podemos. — respondo, interrompendo-o, então saio do carro, apressadamente e só paro quando atravesso a porta do meu quarto.

É claro que ele não sabe por que fez aquilo — me jogo de bruços em minha cama, abraçando o travesseiro sob a lateral do meu rosto —, se fosse outra garota, daquelas com as quais ele sempre sai, ele saberia que o beijo foi movido pelo desejo, pela atração física, mas no meu caso, não tem como explicar, pois Nicolas Mitchell não poderia e jamais admitiria, caso acontecesse, atrair-se por uma garota como eu. Tão diferente dele e das que está acostumado a preferir.

Eu me lembro bem de quando ele quis, de qualquer maneira, ficar comigo, por causa da diferença que um salto alto, um batom e um vestido podem fazer em uma garota e, sabe do que mais? Eu poderia ser aquela garota de novo, atraí-lo, infernizá-lo, até ele admitir que, no fundo, ele queria mesmo me beijar. Mas eu não faria isso. Essa não sou eu e ele não merece que eu mude por ele, nem mesmo que seja só para mostrar que também posso ser atraente e desejável. Se ele quer que o beijo seja esquecido, então assim será.

Eu esquecerei.


— Como é que é?! — Melissa diz, quase gritando. — Você está brincando comigo. Como assim o Nicolas beijou você e você não consegue parar de pensar nisso?

— Eu não consigo parar! — digo, me afundando um pouco mais no puff fofo do quarto de Melissa.

Eu decidi esquecer o beijo, mas foi aí mesmo que eu passei a noite toda em claro pensando exatamente nisso. Pensando nele. No domingo, fui para a casa de Melissa logo cedo, simplesmente porque não queria correr o risco de vê-lo. Acabei desabafando com ela, sem esconder absolutamente nada sobre a confusão em que estou e sobre o orfanato e nossos passeios secretos com Dave.

— Anelyn! Meu Deus, o que eu faço com você? — pergunta, retoricamente, apoiando as mãos na cintura, ainda de pé à minha frente. Ela dá alguns passos e senta na beirada da cama, me encarando. — Você não vê que ele está brincando com você? O Carter me conta várias histórias do Nicolas, cada uma pior que a outra, acredite em mim, ele não gosta de você. Ele não te beijou porque tem boas intenções e você vai destruir seu coração se não bloquear esses pensamentos e esse formigamento que está ai no meio das suas pernas!

— Melissa! — a repreendo, jogando uma almofada de cupcake nela e sentindo meu rosto esquentar de vergonha.

— Ah, não vai me dizer que não está! Você é inexperiente e ele totalmente experiente. Esse foi praticamente o seu primeiro beijo, eu tenho certeza que ele sabia muito bem o que estava fazendo. Mas você não vai cair nessa. Não vai mesmo. Está me ouvindo? — diz, enrolando o cabelo em um coque malfeito.

— E o que você sugere que eu faça? Eu não queria isso! Mas parece que quanto mais eu me esforço para esquecer, mais às lembranças do cheiro, do toque, do calor dele me vêem a cabeça, meu coração começa acelerar e... — levanto e me sento ao lado dela. — Você acha que eu não sei que você está certa? Eu sei que está! Eu o odeio. Um beijo não muda tudo o que ele fez, mas por outro lado, foi tão... bom. Eu só queria que...

— Ah não, já chega! — me interrompe, tapando os ouvidos com as palmas das mãos. — Vamos dar um jeito nisso.

— Como?

— Conhecendo outros garotos. Beijando outros garotos. Você vai ver que existem muitos outros beijos inesquecíveis por aí.

— Você está louca. Eu nunca faria isso. Esquece.

— Então, minha amiga, saiba que você está seguindo um caminho que só vai te levar a dois lugares respectivamente: Nicolas Mitchell com que seus beijos inesquecíveis e o seu coração partido em incontáveis pedaços.

Acabo passando o dia inteiro na casa dela. Depois de uma tarde inteira jogadas na cama em seu quarto, entre um filme e outro, Vincent surge para nos resgatar.

— Vocês podem parar de ser egoístas e fazer alguma coisa que me inclua? — diz, sentando-se na beira da cama, aos nossos pés. É impossível não corar com o duplo sentido e a malícia em sua voz. Melissa estica a perna, dando um chute no braço dele, que começa a rir. — Ei! Eu estou falando de sairmos pra algum lugar. Uma lanchonete, talvez.

— Eu acho ótimo. — me apresso em concordar e aproveitar a sugestão como desculpa para me levantar da cama e poder ir até o banheiro vestir roupas decentes. Diferentes das curtas e extremamente confortáveis que Melissa me emprestou e acabaram me deixando desconfortável na frente de Vincent e sua masculinidade.

Depois de nos arrumarmos, vamos direto para o Mr.hambúrguer e é impossível não sentir um calafrio se espalhar por toda a minha espinha Ap entrar no local e me lembrar da última vez em que estive lá e de Nicolas, é claro. Carter nos encontra na lanchonete e Trevor não vem porque está de ressaca de uma festa a qual ele foi ontem na casa de uma tal de Ashley Greene.

Enquanto esperamos os pedidos, Melissa tira várias fotos dela e de Carter e quando Vincent reclama da sessão fotográfica do casal, ela insiste para tirarmos uma de nós quatro juntos, motivo pelo qual Vincent se aproxima ainda mais de mim e coloca seu braço por cima dos meus ombros, o que me deixa um pouco tímida. Disfarço e sorrio abertamente para a selfie.

Não passa das oito e meia da noite quando terminamos de comer e já estamos entediados, então devido avisar que irei ligar para Dick me buscar. No entanto, Carter tem a idéia — péssima por sinal —, de irmos em uma boate há algumas quadras dali. Obviamente eu me recuso, mas depois de Melissa usar os argumentos certos de que irei para casa ficar pensando em certas coisas, acabo julgando a boate como uma opção realmente melhor.

A boate não está tão lotada quando chegamos. Vincent e Carter vão até o bar e voltam logo em seguida com uma cerveja para cada um de nós. Recuso a minha, mas Vincent insiste para que tome apenas uma, então aceito. Depois da primeira, a segunda cerveja parece muito mais saborosa e isso só melhora a partir da terceira, quarta e assim sucessivamente.

Me sinto eufórica e quando começa a tocar dance monkey, puxo Melissa por sua jaqueta preta, semelhante à minha, exceto na cor, já que a minha é rosa nude, e começamos a dançar entre um abraço desajeitado e outro e um milhão de risadas. Quando paramos, Melissa se junta à Carter, em um beijo demorado e eu fico ao lado de Vincent que me oferece outra cerveja.

— Não. Pra mim já chega. — dispenso, sentindo o álcool realmente fazer efeito em meu corpo. — Eu não tenho muito costume com bebida. — completo e sorrio.

— Eu entendo. — diz, sorrindo de canto. — Você quer dançar?

— Com você?! — pergunto o óbvio, sem conseguir disfarçar a entonação da minha voz, demonstrando todo o meu receio naquele ato.

Vincent sorri e segura minha mão, me puxando até mais próximo dele. A música eletrônica dispensa qualquer contato físico, mas isso não ameniza em nada os tremeliques do meu corpo sob seu olhar intenso e sorriso sedutor.

Eu não sei dizer se estou me saindo bem ou mal nos meus arriscados e nada ensaiados passos de dança, mas a euforia que corre por cada centímetro das minhas veias me faz estar nem aí para isso. O sorriso toma conta facilmente da minha boca, as risadas são involuntárias e por tudo e qualquer coisa. Sem dúvidas eu nunca me permiti um divertimento como o desta noite. Realmente não é tão ruim como pensei. Me sinto capaz de qualquer coisa. Sem inibições.

Carter e Melissa continuam se amassando — literalmente —, em um canto da boate e, de repente, me pego pensando em quantos caras ela já deve ter beijado e em quantos destes beijos foram realmente inesquecíveis, como o de Nicolas. Pensar nele faz meu sorriso vacilar e um calor incômodo subir por todo o meu corpo. Melissa está certa quando diz que me apaixonar por ele só vai me levar a dois lugares: a euforia total e sem reservas de estar nos braços dele e, em seguida, a destruição e sofrimento total após ter meu coração partido e ser descartada.

Eu não posso permitir que isso aconteça.

Olho para Vincent e tento afastar todos esses pensamentos da minha cabeça, mas só consigo pensar, mais uma vez, na voz de Melissa dizendo quantos outros beijos inesquecíveis eu posso encontrar, basta tentar. Basta beijar. Isso não é nada de mais, não é?

Engulo em seco, sentindo o gosto amargo que a cerveja deixou em minha garganta, mesmo assim, é como se precisasse de mais. Estendo minha mão e Vincent entrega sua long neck que devolvo após um gole longo. Mantenho a curta distância a que estamos e passo os dedos por meus cabelos, jogando-os para um lado, sem tirar meus olhos dos dele. Acabo com a distância restante e posiciono minhas mãos no colarinho de sua camisa cinza de botões, fazendo uma leve pressão para puxá-lo para mim.

— Anelyn — ele sussurra, em uma quase súplica. —, não faça isso.

— Por que não? — sussurro de volta, roçando meus lábios nos dele levemente.

— Porque você não estaria fazendo isso se não fosse pelas cervejas que tomou.

— Isso não é motivo. — afirmo, deslizando minhas mãos pela extensão de seu abdômen enquanto o encaro. — ele suspira pesadamente e umedece os lábios.

— Não sou eu quem você quer beijar. — ele afirma em um lamento.

Baixo meus olhos, envergonhada, e retiro minhas mãos dele, dando um passo para trás. Ele está certo.

— Me desculpe, Vincent. — peço, ainda sem olhá-lo.

Ele ri.

— Tudo bem. Se em outro momento você ainda quiser isso, eu não vou agir com tanto bom senso assim de novo. — ele ergue o braço, acariciando a lateral do meu rosto rapidamente com a junta do dedo indicador, enquanto mantém a expressão neutra e seu sorriso de canto.

Depois disso, a festa perde toda a graça e eu ligo para Dick me buscar, o que não demora muito. Chego em casa cansada, desejando apenas um banho e minha cama. Minha cabeça dói e eu começo a me arrepender de cada gole de álcool que ingeri. As luzes já estão apagadas, mas enxergo a casa muito bem devido a luz da lua que passa pelos vidros das janelas. Enrolo meu cabelo em um coque apertado, tiro as sapatilhas e as seguro em minha mão, antes de me dirigir lentamente até meu quarto, fazendo o possível para não fazer barulho e acabar acordando alguém, especialmente minha mãe que pensa que estou dormindo na casa de Melissa.

Assim que viro a esquina do corredor que dá para o meu quarto, sinto uma mão agarrar minha cintura e meus lábios serem tomados pelos inesquecíveis e inconfundíveis lábios de Nicolas. Ele gira nossos corpos, me deixando de costas na parede e me beija de uma maneira totalmente diferente da que beijou ontem, mas igualmente surreal.

Seus lábios têm mais pressa, suas mãos tem mais firmeza e seu corpo está consideravelmente mais junto ao meu. É  urgente. Como ter passado dias de abstinência de algo a que você não pode resistir. Ele aumenta a pressão do próprio corpo contra o meu e leva a mão à minha nuca, enquanto a outra aperta a minha cintura sob a jaqueta — que desejo, no mesmo instante, que não estivesse usando —, e aquele formigamento de que Melissa falou, realmente se faz presente. Sinto meu corpo relaxar, mesmo com o calor intenso, o coração a ponto de saltar para fora do peito e a plena consciência de que aquilo não deveria estar acontecendo e que eu estarei irremediavelmente encrencada quando esse beijo chegar ao fim e nós dois não soubermos nem mesmo o que dizer. Mas até lá, é impossível tomar qualquer atitude que não seja aproveitar os movimentos que os lábios dele fazem junto aos meus e a sensação enebriante que isso trás.

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