"O Senhor cuida da vida dos íntegros,
e a herança deles permanecerá para sempre."
Salmo 37:18
Deus cuida de nós em todo tempo. Deus nos ama e se preocupa conosco. Nossas vidas estão aos cuidados de Deus. O cuidado de Deus é perfeito, ele nunca nos abandona. Deus também quer que nós tenhamos cuidado para o seguir e evitar o pecado. Deus abençoa quem tem cuidado em o obedecer. Também devemos ter cuidado por outras pessoas, nos preocupando com seu bem-estar. Ter cuidado pelas pessoas é demonstrar amor.
Com esses pensamentos terminei de ajeitar a roupa de Afonso, me vesti colocando um dos vestidos que minha irmã recebeu e ele me conduziu até a charrete, nos despedimos e parti para meu destino. A viagem até que foi rápida, fizemos o trajeto em silêncio e aproveitei para ler mais um pouco. A experiência vivida por mim noite passada foi inédita, nunca imaginei passar a noite em um quarto com um homem, pior sem ter nada com ele. Era incomodo e ao mesmo tempo me dava uma sensação boa de proteção e felicidade. Afonso é lindo e creio estar gostando dele mais que deveria gostar.
Mamãe me crucificou por eu não ter chegado no prazo devido e titia me surpreendeu de forma negativa, dizendo que pensava que daria a honra de não vir ao baile. Ela me odiava o tanto que odiava meu pai, não sei o motivo, talvez por eu ser parecida com ele na simplicidade. Minha irmã me cedeu uma de suas criadas, já que a minha não veio e fiquei grata, não saberia andar por dentro desse enorme castelo.
Letícia era o nome da moça que iria me ajudar, logo fiquei amiga dela e minha irmã disse que depois que casasse poderia me dar ela para ser minha criada pessoal, pois teria direito a escolher duas. Fui conversando com Letícia para onde seria meu quarto e ela insistia em me chamar por formalidades e eu insistia para que me chamasse pelo nome.
- E o príncipe? - perguntei curiosa. - É verdade que voltou para assumir o trono?
- Sim milady ele chegou tem uns meses já, a coroação dele será no mesmo baile que o príncipe Leopoldo irá pedir sua irmã. Ai se me permite dizer que ele é simplesmente lindo.
- Deve ser um arrogante, cheio de si.
- Não senhorita, ele é bom, generoso, humilde e lindo. A rainha mãe quem é muito arrogante, má e maltrata os empregados.
- Ela é minha tia. - disse sentindo vergonha do parentesco.
- Perdão! - falou alto se ajoelhando diante de mim. - Por misericórdia não diga a ela que penso isso, ela mandaria me castigar.
- Não se preocupe, estou enojada do comportamento dela, não somos assim lá em casa.
- A senhorita é filha da princesa Ester? Ela é tão linda e diferente da irmã. Ela foi renegada e expulsa do castelo não foi? É verdade que ela fugiu para casar com um plebeu? - ela sai falando sem parar e eu começo a rir a fazendo parar. - De que rir?
- Minha mãe é diferente de tia Cat, mas nem tão diferente, também tem seu ar superior. Meu pai era da guarda do castelo e se apaixonaram, mas não fugiram foram só expulsos daqui e reclusos a viver na casa de inverno real. Agora minha tia com interesse político está trazendo minha mãe de volta pela união de minha irmã com o príncipe Leopoldo.
- Nossa sua tia é muito má. - ela comenta e coloca a mão na boca. - Você tem nome de princesa? Quero dizer aqueles nomes compridos que vocês tem?
- Ema Guilhermina Normandia. - digo e ela abre um sorriso me mostrando por fim a porta do meu quarto.
O quarto é enorme e fico sabendo que é no andar onde ficam os convidados simples, tem um andar para a família real, um andar abaixo os convidados nobres e esse andar que estou. O bom que é no mesmo andar que tem a biblioteca e isso para mim é tudo.
- Quer tomar um banho antes do almoço ser servido?
- Por favor, não sabe o tanto de poeira que recebi na estrada.
Ela ri e começa a preparar meu banho, fico na janela olhando a vista e vejo um cavalo parecido com o de Afonso. Não sei mais talvez ele também se hospede aqui. Acho difícil pois ele já mora na redondeza, virá tão somente para o baile.
- Bom dia. - diz minha tia entrando no quarto. - Está acomodada?
- Sim, obrigada tia. - respondo me colocando em pé e fazendo uma reverência.
- Quero lhe pedir um favor. - ela diz apontando a cadeira para que eu sente. - Sabe que sua irmã não é dotada da beleza que você é. Mas ela foi a escolhida para casar com Leopoldo e não você, gostaria de que não descesse para as refeições no salão, faça elas aqui no seu quarto, escolhi o maior desse corredor para você.
- Está me proibindo de descer para comer, para não ofuscar a beleza de minha irmã diante do noivo? - falo achando um absurdo.
- Mais ou menos isso, só sairá desse corredor para o baile, se me desobedecer a mandarei de volta para o buraco de onde não deveria ter saído. - diz me dando as costas e indo até a porta. - Mais uma coisa. Não diga a ninguém que lhe pedi esse favor ou conhecerá a ira da sua tia. - bate a porta e permito as lágrimas caírem.
- Princesa eu ouvi. - Letícia me diz se abaixando na minha frente e enxugando as minhas lágrimas. - Ela não pode fazer isso. Lhe prender aqui pode?
- Não me chame de princesa por favor. - digo secando as lágrimas. - Ela pode, estamos em seu palácio, até que o filho assuma o reino ela quem manda aqui. - digo indo até a janela.
- É um absurdo. - ela diz me fazendo virar e lhe olhar.
- Por favor, não comente com ninguém que ouviu. Não quero problemas para você e nem para minha irmã. Vou ficar aqui e tenho a biblioteca para me distrair, não gosto mesmo desse formalismo todo que temos aqui. - digo tentando me convencer antes de convencer ela.
( - Minha mãe, que humilhação minha vó lhe fez passar! - exclamou Sophia.)