CABARET

By JikookerTrouxa

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[E.L.E.N.C.O]
[P.I.L.O.T.O]
[1] BLOODY MARY
[2] MARGARITA
[3] MOJITO
[4] PIΓ‘A COLADA
[5] SEX ON THE BEACH
[7] CUBA LIBRE
[8] PISCO SOUR
[9] NEGRONI
[10] MARTINI
[11] MOSCOW MULE
[12] WHISKEY SOUR
[13] VODKA
[14] MANHATAN
[15] APEROL
[16] RUM
[17] TOM COLLINS
[18] CAIPIRINHA
[19] SHERRY COOKING WINE
[20] CHIVAS COLLINS
[21] SAZERAC
[22] LADY WINTER
[23] WHITE RUSSIAN
[24] BELUGA
[25] PENICILLIN
[26] CLERICOT
[27] BERRI BLOSSOM
[28] LAGUNA
[29] CHAMPAGNE COCKTAIL
[30] PAINKILLER
[31] DARK 'n' STORM
[32] LONG ISLAND ICE TEA
[33] JUNGLE BIRD
[34] DU ALASKA

[6] COSMOPOLITAN

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By JikookerTrouxa

Músicas que eu recomendo para o final do capítulo: Haunted - Beyoncé, Yoncé - Beyoncé, Gangsta - Kehlani, Back to Black - Ami Winehouse.

Tenha uma ótima leitura!!

● WELCOME TO CABARET ●

- Levanta! Caralho. - Era a voz de Taehyung, que pedia impacientemente, tentando me puxar da cama contra a minha vontade, na matutina e odiosa manhã de quinta-feira.

- Eu não vou! - Falei, me encolhendo como uma bola afim de me esconder da sua fúria.

- Jimin, isso já foi longe demais, não acha? - Taehyung dizia, enquanto andava de um lado para o outro, arrumando o meu quitinete. - Já fazem três dias que você se escondeu nesse lugar! Tem um mundo lá fora, sabia? - Ele disse, abrindo as cortinas da minha moradia antes escura, fazendo-me sentir como um vampiro exposto a luz do sol pela primeira vez.

- Ah! A luz, meus olhos, acho que eu fiquei cego. - Reclamei dramaticamente com o travesseiro no rosto. - Foda-se o mundo lá fora, eu tenho macarrão instantâneo.

- Macarrão não é nutritivo, e muito menos eterno, uma hora você vai ter que sair desse lugar.

- Taehyung, dá para sentar? Parece até a minha mãe. - Eu falei, vendo ele me olhar com cara de revolta pura.

- Alguém precisa fazer esse papel não é? Caso contrário você resolve viver em um chiqueiro! - Ele foi em direção ao banheiro. - Por acaso você só limpa o benheiro?

- Na verdade eu tenho mania de limpeza com o banheiro, e com a cozinha... - Arregalei os olhos, vendo o garoto carregando as roupas que estavam espalhadas pelo chão para o nem jeito. - Espera aí, onde é que você pensa que vai com isso querido?

- Se pudesse eu ia para uma clínica de desinfecção, mas como agora não dá, eu só vou colocar esse lixo todo para lavar. - Falou desdenhoso, carregando tudo consigo.

- Ei! Calma aí cara, tem roupa limpa aí! - Saí correndo, atrás dele que também correu na direção oposta, levando as roupas consigo.

- Que nojo Park Jimin o seu quarto fede! E você também! Quantos dias faz que você não penteia o cabelo? Tá parecendo o Capitão Caverna. Se continuar assim vou acabar te achando morto, e vai acabar sendo enterrado como indigente, porque com esse cabelo ninguém merece, irreconhecível. - Ele disse me jogando uma blusa. - Eu não acredito em você, que nojo.

- Tá bom, essa estava suja. Mas tem coisa limpa aí! A lavanderia é cara sabia? - Perguntei sentindo o desespero de ver o meu precioso dinheiro, - que por sinal está contado, já que eu sou uma pessoa desempregada - ir direto para o ralo. - E vê se larga o meu cabelo, é que eu estou em programa secreto de proteção a testemunhas

- Eu não ligo, lava lá em casa. - Ele disse fazendo uma careta de desgosto para mim, ou mais precisamente para o meu estado. - Eu estou começando a ter dúvidas, será que você morreu? E isso é só uma experiência pós morte? - Falou se virando levando as roupas.

- Taehyung me da essa roupa agora! - Eu disse, em um surto de adrenalina jogando um pé de sapato qualquer que estava pelo chão nele.

Seu corpo se virou para mim sob seus calcanhares, lentamente, posso afirmar com todas as letras que eu me senti em um filme de terror quando ele me olhou com aqueles olhos de serial killer.

- Você não fez isso... fez? - Ele deu um passo lento em minha direção, ainda com os braços abarrotados de roupas. - Me jogou a droga de um sapato? - Ele disse, segurando o pé de sapato em uma das mãos, com um olhar ameaçador.

- Ehh... t-talvez... olha não é a minha culpa! Eu te disse que eu tinha que... tinha que... - Perdi as palavras, quando vi o garoto correr para cima de mim igual a um lutador de sumô. - TAEHYUNG! - Só deu tempo de gritar isso, já que no seguinte instante eu estava no chão.

Eu, Kim Taehyung e um monte de roupas.

- Quer saber? VOCÊ É COMPLETAMENTE MALUCO! - EU gritei, enquanto rolavamos no chão, nada diferente de dois animais.

- Eu? Maluco?! Você não viu nada! -  Quando ele agarrou a minha cabeça eu mordi o seu braço. - Ai! Filho da mãe, eu não acredito!

- Culpa sua seu desequilibrado! - Dessa vez eu fui por cima, trocando tapas com o outro que por sinal era bem mais forte do que eu.

- Eu te mato Jimin! - Ele segurou os meus braços. - Seu fedido, do caralho!

- Fedido é o seu hamster, que nem banho toma! - Eu gritei, completamente possesso, avançando de novo, fazendo os nossos corpos rolarem no chão. - Me deixa sofrer em paz!

- É um porquinho da índia seu idiota! E ele toma banho sim! Respeita os Senhor Hamster, seu monstro! - Gritou de volta, me estapeando também na mesma intensidade, enquanto gritava algumas coisas incompreensíveis, talvez ele estivesse me xingando em latim.

- E porque aquele fedorento chama Hamster?! Seu esquisito!

- Porque você disse que Senhor Picles era feio, e bobo, e tosto! E concordou que ele era pequeno e fofinho e deveria se chamar Hamster! - Ele justificou puxando as minhas bochechas com toda a força, fazendo o meu rosto arder como nunca.

- Pois agora que ele parece um Hipopotamo o nome é feio do mesmo jeito! - Gritei puxando as madeixas dele para baixo.

- O QUE? - Seus olhos se arregalaram como nunca, em pura indignação, tal que logo se transformou em raiva, que por sua vez se tornou um Tae puxando os meus cabelos também. -Retira o que disse! Retira agora!

- Eu não retiro nunca, ele parece um leitão, igualzinho a você. - Disse e logo fiz questão de morder o seu ombro.

- AHGH! Eu te odeio! Pois quando eu disse que você tinha uma estatura normal, eu menti! Você parece um Oompa Loompa! Seu pigmeu, anão de jardim, pintor de roda pé! - Bradou me amarrando com as pernas, enquanto eu me debatia no abraço da morte.

- Me solta! - Eu gritei dessa vez, beliscando a barriguinha branca dele, que agora estava de fora, recebendo um grito como resposta.

- Não! Você falou do Senhor Hamster! Seu filho da mãe, retira o que disse sobre o meu filho! - Ele me apertou, intercalando as palavras enquanto tentava me segurar. - Desiste! Eu fico forte quanto eu fico zangado!

- Desculpa! - Eu pedi em desespero, completamente sem folego, ofegante, e sem sucesso na minha fuga. - Eu vou chutar o seu pinto!

- Não! Agora pede perdão. E o seu pé também não alcança! Porque a sua perna é curta.

Eu resfoleguei, ultrajado, e mesmo ofegante eu fiz questão de usar a minha ultima arma.

Sem tempo para perceber, enquanto eu e o meu amigo nos destruíamos em uma guerra interna não vimos a porta do apartamento se abrir por completo.

- Você me lambeu! Seu porco! - Tae disse, finalmente me soltando para limpar o rosto.

- Pois agora você sabe com quem é que você está lidando! - Eu falei, passando as mãos, pelos cabelos recém puxados, enquanto ele fazia o mesmo, também tentando arrumar o uniforme amarrotado que ele vestia.

- Nojento. Vai logo se arrumar para a aula. - Ele me pediu, fingindo que nós não estávamos nos agredindo a segundos atrás.

- O que é que está acontecendo aqui? - Disse o único de pé, recém percebido, parado na minha porta com a mão na maçaneta completamente confuso com o que ele acabou de presenciar. - Por que vocês estavam se batendo?

- Éh... é até uma história engraçada sabe..- - Tae começou a se explicar, logo sendo interrompido.

- Por que é que esse lugar fede tanto? - Ele disse com uma careta no rosto dando um passo para dentro. - Por que vocês estavam se batendo?

- A minha casa foi invadida! E olha agora, acabou de ser invadida de novo! - Falei realmente indignado, vendo os dois de pé ali dentro.

- Se não quisesse que a gente entrasse, não devia ter dado a chave. - Taehyung se defendeu, passando as mãos pela frente da camisa social amarrotada da escola. - Fala pra ele Namjoon.

- Se não queria que a gente viesse,, não devia ter dado a chave Chim... - O mais alto respondeu, repetindo o que o outro disse, ao mesmo tempo que rodava uma chave no dedo indicador e andava ali em passos lentos, ainda com cara de desgosto.

- Falou errado Namjoon, falou errado. - O outro retrucou, colocando no pé uma das meias, que haviam saído do seu pé enquanto a gente brigava.

- Chim, por que o seu lugar ta fedendo? E por que vocês estavam se batendo? - Ele insistiu nas perguntas, ignorando Tae.

- Espera aí, o meu apartamento não tá fedendo assim também...

- Está sim. - Os dois disseram em uma única voz.

- Vai logo se arrumar Chim, eu não acordei mais cedo para vir te buscar e ainda me atrasar. Taehinútil, você disse que quando eu chegasse ele já estaria pronto me esperando! Por que é que ele não está pronto? - Ele disse, se recostando na parede com os braços cruzados e cara de derrota.

- Ah! Mas não é culpa minha não, a culpa é do Capitão Caverna, me coloca fora dessa. - O traíra maior disse, se levantando finalmente, deixando apenas a mim no chão.

- Capitão Caverna, por que você não está pronto? - Namjoon falou com o tom de voz cansado. - Eu fico alguns capítulos de fora da história e vocês viram isso?

- Pera aí, alguns capítulos? - Eu perguntei, frisando as suas palavras de forma acusadora. - Você sumiu já faz um bom tempinho.

- Eu tenho a vida do Namjoon também galerinha, eu treino e estudo, e trabalho e cuido de crianças e... e... - Ele pausou, provavelmente buscando palavras para acrescentar nos seus afazeres. - Por acaso os dois estão achando que a gente vive em algum tipo de livro adolescente sobre a vida do Jimin é? - Ele falou brincalhão, me arrancando um sorriso gostoso que eu não dava a alguns dias.

- Você tem sido um pai ausente sabia? Eu até apanhei! - Eu disse, divertido, logo me arrependendo quando vi as suas feições se desfazerem em uma carranca séria.

- Do Taehyung? Sabia ué, eu acabei de ver. - Falou sem se preocupar muito, meio que tentando fazer uma média, na tentativa de saber se era apenas uma pegadinha minha ou algo do tipo. De vez em quando, conversando com o Namjoon eu me sinto uma criança.

- Não, o meu patrão! - Falei me levantando, enfarado desse assunto, batendo as mãos na parte de trás da calça confortável que eu vestia.

- Do ex- patrão, Namjoon seu inútil, devia estar aqui para proteger o caverninha! - Tae disse acusador, frisando o "ex".

O rosto mais alto se tornou sério, percebendo que nós dois falávamos sério. A expressão na sua face se tornou séria e raivosa.

- Onde tá ele? Eu juro que eu vou quebrar o filho da mãe em dois. - Ele disse ameaçador, vindo em minha direção e me abraçando pelos ombros.

Eu na mesma hora passei os braços ao seu redor, talvez o abraço de Kim Namjoon fosse um dos mais agradáveis desse mundo, a forma como ele me fazia sentir seguro era diferente, era como um irmão mais velho, ou um pai. Felizmente apesar dos pesares da minha família, eu fui abençoado com os melhores amigos.

As suas mãos grandes foram para a minha cabeça, afagando os meus cabelos, enquanto eu escondia o rosto no seu peito, onde eu podia claramente ouvir os seus batimentos mais fortes do que o normal.

- Me perdoe por não estar aqui por você quando você precisou, eu descumpri a minha promessa. - Sua voz era realmente sincera, e levemente trêmula.

- Ei... não esquenta a cabeça com isso, eu só estava brincando, não foi nada demais, já passou. - Eu disse, me afastando um pouco, apenas para olhar em seus olhos, sem me desfazer do abraço.

- Eu acho que era eu quem deveria estar te consolando, e não o contrário... - Falou sorrindo seco, sem muita verdade no gesto. Na verdade a sua garganta mostrava ele claramente engolindo em seco, e os seus olhos estavam mais brilhantes do que o normal, como se segurassem para não chorar.

- Você faz isso na próxima. - Sorri, tentando normalizar a situação.

- Eu não vou deixar ter uma próxima Chim... - Ele garantiu verdadeiro, com um sorriso de lábios fechados, que evidenciavam as suas covinhas.

Namjoon era um amigo de longa data. Eu estaria mentindo se eu dissesse que foi amor a primeira vista, por que se voltasse a época em que nós nos conhecemos, eu daria uma porrada nele facilmente.

Nós nos conhecemos no jardim de infância, e não fomos amiguinhos de primeira, na época eu só tinha um amigo, Kim Taehyung, o meu agressor master, e Kim Namjoon não era nada mais, nada menos do que o valentão que pegava o meu dinheiro do lanche na hora do intervalo - ele me odiava, por que eu não sabia falar o nome dele, e chamava ele de "Namajon", ele odiava, mas hoje eu me acabo rindo disso.

Até o dia em que chegou um novo valentão para dominar o seu território, Jackson Wang, outro pesadelo de infância.

No momento em que Jackson resolveu me fazer de vítima, isso deve ter ferido o ego do Namjoon, que se colocou prontamente em minha defesa. E assim nasceu, essa pérola de amizade, e quanto a promessa que ele diz ter me feito, foi de que ele prometeu não deixar ninguém me machucar, no parquinho do jardim de infância, pela primeira vez.

E depois ele prometeu outra vez mais tarde, no enterro a minha mãe, reforçando assim que ele nunca deixaria que nada de ruim me acontecesse, o que ele cumpriu sem falhar uma única vez até hoje.

Bom, dessa vez ele não tinha como prever, nem mesmo eu tinha, então não exitem motivos para ele se culpar.

E apenas para não deixar incompleto e esclarecer tudo, no fim das contas nós nos tornamos todos muito amigos, inclusive o Jackson, que hoje ao invés de me bater, gasta o seu tempo me irritando. Bastante. E sobre eu aprender a falar o nome dele, eu criei um apelido, já que com o nome não ia dar certo. E par quem quer saber, o apelido era:

- Moonie... isso não é culpa sua, de forma alguma.

- E por que foi que você não me ligou ou sei lá... - Ele falou, se soltando de mim, mas ainda mantendo o contato visual.

- Eu não queria despertar o papai que vive aí dentro, então relaxa, eu estou bem. - Garanti alcançando o seu rostinho com uma das mãos, apertando de leve a bochecha de covinha dele, adorável.

- Não foi nada...

- Tudo bem. - Ele assentiu, parecendo conformado.

- Ei, vocês dois, tá tudo lindo, tá tudo ótimo, mas eu não posso me atrasar, a gente tem prova de História Moderna hoje.

- É o que?! - Eu gritei, arregalando os olhos. - Ficou louco? Eu não posso reprovar História! Eu sou bolsista! - Disse correndo para dentro do banheiro, logo me livrando das roupas e dando um jeito de me recompor.

- É isso que dá, matar aulas durante a semana toda. - Tae falou, se vangloriando da sua razão.

- Então... - Falei vendo Tae do lado de dentro do banheiro. - Sem querer soar estranho... mas, o Jungkook tem ido? - Eu disse em pausas, sentindo a água descer pelo meu corpo, sem querer deixar transparecer a importância que eu dava para o assunto.

- Mais estranho do que uma pessoa tão magra quanto você ter essa bunda não pode ser. - Ele disse rindo com os braços cruzados e as sobrancelhas arqueadas.

- Ei! Deixa o meu bumbum em paz. - Falei tampando as minhas partes íntimas com as mãos, arrancando dele outra risada divertida, que logo deu lugar a uma expressão mais séria.

- Para te falar a verdade, ele parece inacessível para toda e qualquer pessoa... o Namjoon já tentou, o Jackson tentou, até mesmo eu. Ele não quis atender ninguém, e você sabe que aquele lugar é uma fortaleza. Eles não dão moleza para ninguém entrar... então eu estou meio que, de mãos atadas. - Quando ele falou, juntou os dois punhos, como se estivesse preso.

- Bom, sendo assim... eu não tenho o que fazer, não é? - Eu disse, sem olhar nos olhos do outro, fechando a maçaneta.

- Que deprimente, não é? - Ele perguntou, meio que me instigando de alguma forma, mas eu tanho pretendo cair no seu jogo psicológico para me fazer enxergar o que quer que ele espera que eu enxergue.

- É, relativamente trágico...

- Relativamente? - Falou me dando brecha para continuar.

- Sim, relativamente. Entre nós dois não havia nada. - Menti, passando direto pelo seu corpo, adentrando ao quarto, e logo tratando de buscar as minhas roupas escolares.

- Como você consegue mentir para você mesmo dessa forma Jimin? - Passei algum tempo ponderando, sem responder a pergunta, apenas afivelando o meu cinto em silêncio, e vendo Namjoon, deitado na minha cama, que agora era lugar de dormir do outro. - Jimin! Eu estou falado com você. - Ele mandou impaciente, com as duas mãos no quadril, interrogativo.

- Ah! Taehyung, não tem necessidade de fazer grandes casos disso. Não é nada, todos nós já gostamos do Jungkook. E isso inclui você, tá bom? - Ele apenas levantou as sobrancelhas, acho que peguei ele nessa, seus braços agora estavam cruzados e o rosto sério. - Isso é só uma fase, e vai passar assim como a sua.

- Sabe o que eu acho incrível? - Perguntou retoricamente, chamando a minha atenção para o seu rosto, que eu fiz questão de ignorar, me sentando na cama onde o outro estava ressonando com a boca aberta, para dar o nó na gravata. - Que hora alguma, eu mencionei vocês dois como um casal, isso quem fez questão de mostrar. Eu quis dizer da amizade de vocês! Do amor bandido de vocês dois, tá todo mundo cansado de saber. - Falou zangado, gesticulando com os braços, e eu apenas apoiei o rosto nas mãos, respirando fundo para não rolar no chão com ele outra vez.

- Tá bom, senhor terapeuta! E o que você espera que eu faça? - Eu disparei bravo, mas sem gritar, sentindo o outro rolar para o lado, passando um braço pela minha cintura, - era só o que me faltava, agora tem um para babar na minha cama, quem era que estava preocupado com a prova mesmo? - Eu realmente estou exaurido de receber tantos conselhos, então se tiver uma solução para mim, pode me dar agora que eu faço questão de acatar.

- Para com essa auto piedade, se você tem problemas com o Jungkook, vai lá e resolve! Abre o jogo, se você gosta dele, deixa claro, se não gosta, diz também. Esses joguinhos de azaração entre vocês dois não vão parar em lugar algum. - Espero que não tenha nenhum vizinho passando pelo corredor, caso contrário a minha história vai estar na boca do povo em um instante, porque o garoto grita que é uma beleza.

- Fala como se fosse fácil, pois você também tem o rabo preso!

- Não por opção Jimin! Eu não namoro em público porque ele não pode. Não é uma opção para mim, se eu pudesse, não acha que eu já teria te apresentado ele? - Ele justificou, sua voz estava mais calma. - Eu só estou dizendo, que vocês dois estão se destruindo ao mesmo tempo. Eu assisto a essa novela desde cedo, e não quero ver você terminando com o coração partido, sem nem mesmo ter tentado.

- Tá bom... eu vou conversar com ele. - Falei me levantando e pegando o meu celular quebrado sobre a mesa. - Mas tenta me entender, não posso simplesmente me declarar, para ele, se nem mesmo eu sei o que é que eu estou sentindo.

- Obrigado. - Taehyung veio em minha direção, passando os braços pelo meu ombro em um abraço apertado. - Você vem sentindo isso desde os sete anos, já deveria saber o que é... - Ele riu, e eu o acompanhei, recebendo um beijo no rosto.

Tae me soltou e foi abrindo a porta. - Acorda essa criatura Jimin. - Ele mandou, parando no batente para esperar.

- Monie... acorda. - Chamei vendo ele resmungar palavras desconexas. - A gente tem prova Namjoon... - Continuei com o tom baixo balançando o seu corpo levemente. Namjoon levantou uma das mãos e tampou o meu rosto todo, provavelmente tentando me calar.

- Cala a boca, chim... teve a sua chance, agora o Namjoon vai dormir. - Ele falou rolando para o outro lado e escondendo a cabeça com a coberta.

Zero paciência para esse garoto, da próxima vez eu deixo ele mais alguns capítulos de fora das Aventuras de Park Jimin, eu juro.

- Namajoon! - Gritei o nome que ele tanto odiava desde a infância, e puxei o cobertor de cima dele. - Acorda, irresponsável! Eu tenho aula.

- Até parece que você se importa, matou aula três dias seguidos. - Ele me desafiou, se sentando na cama coçando os olhinhos, com alguns fios do seu cabelo preto levantadinhos.

- Aí moleque, eu vou vou te bater até te virar do avesso. - Eu falei puxando a orelha dele até tirar da cama.

- AÍ, AÍ, AÍ Minie, chega, tá bom já levantei!

- Bom mesmo! Porque da próxima vez que você tampar a minha boca eu juro que te arranco o couro e faço um abajur.

- Credo chim, Taehyung tem que levar o bebe para vacinar, tá agressivo. - Começou irônico passando direto por mim, que o segui rindo da situação.

Mesmo no carro escutando a minha música favorita ser estragada pelos meus amigos que gritavam, eu não cantem junto um verso se quer, apenas me mantive pensativo até chegar na escola, tal que tocava nesse instante o alarme para a entrada dos alunos.

Apenas me preocupava em escutar a conversa paralela entre Tae e Monie enquanto eles aguardavam eu tirar o que precisava do armário gelado de metal, a alguns dias intocado. As minhas pernas estavam bambas de nervosismo, e o meu estomago embrulhava, gostaria de dizer que era pelo motivo da prova para qual eu não estudei um minuto se quer, mas seria calunia pura, já que história para mim não era nenhum bicho de sete cabeças.

Mas o problema era a preocupação de encontrar ou não o Jungkook, seria a primeira vez que nós nos vemos desde o final de semana. E no instante que adentrei a sala de aula eu pude ver os cabelos escuros que eram o motivo de tanta euforia interna.

Jungkook estava sentado com uma cara não muito boa, e as olheiras eram evidentes, pelo visto diferente de mim que quando fico nervoso procuro dormir, ele pelo contrário fica acordado. Pode até parecer muita presunção dizer que o seu estado era por mim, mas quando eu cheguei ao batente da porta o seu olhar veio direto para mim, o seu rosto era inocente e sem expressão definida, assim como eu, que permaneci ali.

A boca entreaberta, os olhos redondinhos e as sobrancelhas arqueadas me mostravam que qualquer que seja o motivo, eu ou qualquer outra pessoa, era impotente quando o assunto era estragar a beleza de Jeon Jungkook.

A carteira a sua frente, que normalmente era ocupada por mim, agora era ocupada pela ruiva de olhos zangados que me fuzilava com o olhar, assim como todo o resto da sala que parecia ter captado toda a tensão ali.

Era tudo silêncio.

- JIMIN! - Jackson gritou, erguendo os dois braços, feliz como uma criança olhando para mim. E obrigado, a qualquer força maior que fez o sem noção do Jackson arrancar risos da turma toda, que parecia acompanhar a situação de perto.

- Jackson... oi! - Eu ri de leve, acenando de leve para ele e para os outros que me cumprimentavam ali.

- Saudades de você nerd, não tinha ninguém para me ajudar em Geografia! - Ele se levantou e veio até mim, me puxando com o braço sobre os meus ombros, de forma amigável, com os meus outros dois amigos no encalço.

- Ah... que isso, você não precisa de mim para estudar cara. - Brinquei me desfazendo do abraço.

- Olha, eu comecei a sentar aqui, já que nos últimos dias você não compareceu, e cadeira vazia não assiste aula. - Madelaine disse, enquanto eu passava.

- E-eu não me importo, Madelaine, pode ficar a vontade, as cadeiras do fundo fazem o mesmo trabalho que esta. - Eu respondi normalmente, sem nenhum tipo de hostilidade, enquanto ela marcava território.

- Que bom! Fico feliz que você não se importe, assim eu consigo ficar mais tempo perto do meu ursinho! - Ela falou, se virando para trás e apertando um lado do rosto do Jungkook, que me encarava ainda com os olhos esperançosos, talvez esperando que eu falasse com ele.

Apenas pesando se deveria ou não, eu me mantive encarando ele, logo percebendo Madelaine se levantar, me tirando dos meus delírios.

- Você já pode ir se sentar, Jimin. - Ela me apressou, mostrando toda a sua territorialidade.

- O-oi... - Jungkook disse me olhando de baixo para cima, esboçando um leve sorriso sem graça.

- Oi... - Eu respondi também, ignorando a garota atrás de mim. - Você está bem?

- Eu não sei... estou? - Falou sorrindo um pouco sem jeito, desviando o olhar.

- Eu queria que estivesse. - Sorri de volta. Apesar de tudo, eu não consigo ficar sem falar com ele, mas talvez manter certa distância.

- Ah! Porra, beija logo! - Jackson gritou do fundo de novo, fazendo todos sorrirem, inclusive eu.

- Não inventa Wang, você não tem vez aqui, te dou umas porradas. - Falei já indo mais para trás, que pelo visto era onde eu me sentava agora, perto do bagunceiro do Jackson Wang, do Namjoon e do Kai, sem falar relativamente perto do Taehyung, que estava a uma carteira de distância.

Me sentei no lugar da Madelaine, vendo que ela ainda permanecia de pé, me encarando com os braços cruzados e uma carranca no rosto. Esse vai ser um dia longo.

- Aeeee finalmente alguém para me ajudar a sobreviver aqui. - Jackson falou bagunçando os meus cabelos que já não estavam lá essas coisas, eu estava sentado na penúltima carteira de uma das carteiras, tendo Kai atrás de mim, Jackson na diagonal, e Moonie ao meu lado.

- Tira a mão do meu filho Jackson, não vai desvirtuar o meu bebê. - Namjoon falou por sua vez arrumando o meu cabelo no lugar.

- Valeu pai... - Falei me sentindo uma boneca, nesse canto, enquanto sentia Jackson e Namjoon em uma briga pelo meu cabelo, para saber se bagunçavam ou arrumavam.

Lá do meio da sala eu via o Jungkook, olhando para a janela, com a cabeça apoiada em um dos punhos. - Parece que ele não veio por vontade própria, talvez trazer ele no dia da prova tenha sido obra da namorada dele. Fico feliz que ela tenha feia isso, se claro, for uma feito dela mesmo. - Eu disse, pensando em voz alta, chamando atenção dos garotos a minha volta, menos do de trás, que parecia estar na escola apenas para dormir.

- Provavelmente... - Namjoon respondeu, finalmente cessando a discussão com o outro, que já estava de ouvidos atentos, inclinado sobre a carteira, escutando a nossa conversa atentamente. - Eu fui até a casa dele umas três vezes, junto com o Tae... e ele nem mesmo quis sair do quarto para receber a gente.

- O que? - Taehyung perguntou, se inclinando por cima da carteira de uma garota, que não tinha contato comigo, usava um coque e fones nos ouvidos.

- O JK, não tinha dado sinal de vida até hoje... - Nam respondeu, colocando-o a par de tudo, que respondeu com um aceno, logo se voltando para falar algo com a garota ao lado.

- Ele não parece bem... - Esse fui eu falando, enquanto via Madelaine virada para trás, falando um monte para o garoto, que estava sentado de qualquer jeito, com os braços cruzados.

- Pode crer... -Jackson falou ainda inclinado, com os olhos bem atentos, se envolvendo no assunto, era cômico a forma como ele se inseria nos locais, não sei se é só entrometido ou se esse é o charme que lhe da toda a popularidade que ele tem. Eu apenas ri e ignorei o comentário.

- Pronto! - Taehyung disse, colocando o bumbum na cadeira ao meu lado, o que me surpreendeu, já que a garota dos fones havia trocado com ele tão facilmente.

- Caramba, ela te cedeu o lugar dela fácil assim? Ela não parece muito fácil de lidar...

- Na verdade não, eu escutei uns três xingamentos não tão populares assim, já que eu nem imagino o que significa, e vou ter que pagar para ela cinco pratas no intervalo. - Ele disse se ajeitando.

- Agora vão ser dez, pelo desaforo. - Ela disse de lá sem tirar os olhos do celular, fazendo uma bolha com o chiclete.

- Mas o que eu não faço para ficar perto do meu anjinho, não é? - Ele continuou, passando a mão pelo meu rosto e terminando no queixo, mandando um beijinho de longe, para onde eu mandei outro.

- Vocês deveriam resolver isso Chim... - Namjoon continuou o assunto chamando a minhas atenção para o outro lado.

- Resolver o que Monie? - Perguntei retoricamente, colocando os objetos sobre a mesa, quando o professor atrasado adentrou a sala com um grande bolo de folhas e passos apressados.

- Vocês são sempre assim, nunca mudam.

- Dessa vez não, dessa vez a culpa não é de ninguém... não tem ninguém para pedir desculpas ou admitir estar errado. Foi tudo uma decisão. - Expliquei, reticente pegando em mãos um dos papéis que Chanyeol, o representante, entregava entre as carteiras. - Obrigado... - Agradeci, pela folha, recebendo um aceno de cabeça e um sorriso do mais alto.

- E por acaso vocês dois tomaram essa decisão juntos? - Namjoon perguntou e eu apertei os meus dedos entrelaçados, estralando-os, já nervoso com esse assunto.

- Não eu tomei, é o melhor para nós dois. - Respondi, me virando para o lado, olhando em seus olhos, que estavam me encarando de forma paternal, definitivamente ele agia como se fosse o meu pai.

- Puffhh... que egoísta cara. - Jackson disse, inclinado, coisa que eu nem mesmo havia reparado. Curioso do caralho. Apenas o ignorei de novo.

- Pois então isso não é uma decisão que pode ser dita como "o melhor para todos". - Nam repetiu fazendo uma careta e uma voz estranha para remedar o que eu havia dito, me arrancando um riso.

- E você diz isso baseado no seu vasto conhecimento em?.... - Mandei de volta.

- Uhuuuhull ele te pegou sururu, dessa vez ele te pegou. - Jackson disse colocando lenha na fogueira.

- Jackson, você não tem mais o que fazer não? - Falei empurrando ele pelo rosto de volta para a cadeira, gargalhado. - Aí que nojo, você lambeu a minha mão? Eu não acredito nisso. - Constatei olhando para a minha mão lambida de Jackson.

- Que nojo. - Namjoon falou, se virando para frente.

- Toma! - Eu disse, passando a mão na sua calça. - Mão de lambida de Jackson.

- Credo cara saí.

- Ei! Eu não sou uma doença valeu? Tem gente que pagaria caro por essa lambida. Sinta se honrado. - Ele falou falsamente emotivo.

- Não me lambe mais cara.

- Pessoal, cada um de olho na sua própria avaliação a partir de agora! Sr. Park, vire-se para frente por favor, Sr. Wang sem conversas paralelas, por favor. - O professor mandou, se virando para o quadro negro para anotar alguns avisos, e eu respondi assentindo com a cabeça.

- Último conselho. - Namjoon sussurrou de perto, olhando para o Jungkook lá no meio. - Você quer mesmo ver aquele cara daquele jeito ali todos os dias? Porque eu não quero. E eu também não quero te ver mau dia algum. Então conserta isso, porque eu não posso te proteger de você mesmo, isso é você quem tem que fazer. - Finalizou com uma piscada de olho, e eu acompanhei o seu olhar, para o garoto que olhava para a janela pensativo, com todo aquele baixo astral que não era característica dele.

Namjoon de recostou contra a parede, que era a fileira onde ele se encontrava e se concentrou em sua avaliação, e eu fiz o mesmo, sem perder mais tempo me focando na história atual, que era muito mais fácil de lidar do que... a minha, história atual.

- Eu colei tudo de você. - Relatou Jackson, na saída da sala, que juntamente a mim, acompanhava ao Namjoon.

- E tá contando vantagem por que? Eu me ferrei nesse teste. - Respondi, me lembrando de todas as questões que eu não sabia, somadas a falta de tempo ocasionada pelo professor que se atrasou para a aula.

- Você nunca se ferra.

- Minie, eu e o Jackson temos treino... você quer vir? - Ele perguntou, desviando o olhar algumas vezes, sem jeito.

- Ele vai estar lá? - Nam maneou a cabeça, meio sim, meio não, sem responder nada. - Vai não vai?

- Ehhhh... vai, ele vai sim.

- Eu acho que seria uma boa, você até pode torcer para nós dois. - Jackson disse, recebendo uma careta de reprovação vindo do Namjoon.

- Qual foi? Falei alguma coisa errada? - Nam bateu com a mão na testa decepcionado com o intelecto do nosso amigo e eu dei uma risada, logo sendo acompanhado pelos dois.

- Olha, quer saber, o Tae saiu para encontrar com o namorado secreto dele, vocês tem só um horário de treino e eu aguento a pressão. Fora que o grande cérebro aqui... - Falei apontando para o cara bobão que estava no lado oposto ao Nam. - Precisa de torcida.

- É isso aí garoto! - Falou passando um braço pelo meu pescoço e do Monie. - Você é um cara de muita garra.  Deveria estar no time.

- Obrigado. Mas eu e os meus 1,73cm de altura dispensamos.

- Tem certeza? - Namjoon perguntou, ironicamente.

- O baixinho tem fogo, ia acabar com o outro time. - Jackson completou, enquanto ria eu vi mais a frente que Jungkook andava lado a lado com Madelaine, de mãos dadas.

- Eu poderia, mas não quero, valeu mesmo assim. - Continuei, ignorando a visão a minha frente, infelizmente eles realmente formavam um belo casal.

- Você é quem sabe.

Não fico nervoso por estar indo assistir o Jungkook jogar, mas sim por pelo que parece eu não conseguir manter a decisão que eu tomei de acabar com aquela tensão estranha e sem fundamento entre nós dois. Por que a partir do momento que eu fui o individuo que tomou essa decisão, eu sou o único culpado por fazer acontecer.

Agora eu me encontrava na arquibancada de concreto do campo de futebol americano, fazendo alguns exercícios de Química que ficaram atrasados, já que eu tirei alguns dias de vagabundagem. Um pouco mais longe, a frente, eu via os garotos jogando com completa sincronia, apesar de aquele esporte ser um caos, parecia realmente desestressante, em alguma época, a algum tempo, eu também fazia algo assim.

Dançar para mim, de alguma forma sempre foi como uma espécie de meditação, pratiquei dança contemporânea durante anos. A minha mãe era uma bailarina, do tipo que todas querem ser, ela era incrível, e uma coisa que eu inconscientemente acabei desenvolvendo, foi uma admiração formidável pela beleza daquilo.

A cada passo, a cada toque, poderia ser tão bruto e chocante, e ao mesmo tempo leve e inspirador. A partir dos meus cinco anos, eu comecei a frequentar as aulas da mamãe, era o único garoto da turma, mas isso acabou não sendo um problema, ela dizia que eu era o melhor.

Dois anos depois, ela se foi na forma de uma estrela, da estrela mais brilhante, e com ela a minha paixão pelo palco. Durante alguns anos por obrigação, o meu "pai" desempenhou o seu papel de progenitor, ele até me deixou dançar, apesar de não apoiar ele disse:

- "Se você quer dançar, vai ter que fazer arte, não essa baboseira de garotas". - E assim eu comecei a dança contemporânea. O que durou bastante, mais precisamente até os meus quatorze anos.

Foi quando ele conheceu uma mulher, ela tinha os seus próprios filhos, e o espaço não era grande o bastante para mim. Nesse ponto, ele alugou um quitinete para que eu morasse, e me deixou por conta própria, tudo o que ele faz é pagar o aluguel, com o dinheiro da pensão, e com o resto eu me preocupo em arcar por mim mesmo.

Vendo aquelas garotas que dançavam animadamente ao redor do time de futebol, eu pude sentir uma vaga lembrança, um toque mínimo de nostalgia, que a memória me dava o prazer de relembrar, e era bom. Pelo que eu me lembro, era realmente bom.

Eu tenho certeza, de que a medida que essa lâmpada acendia discretamente no fundo dos meus pensamentos, os meus olhos se fachavam, acompanhando o som que vinha dos fones de ouvido, o visor quebrado do celular indicava uma música relativamente calma. "Sunflower - Post Malone, Swae Lee.", foi o que eu me lembrei de ler, antes de adormecer ali no concreto frio das arquibancadas vazias do Sierra Canion.

- Jimin. - Ao fundo em conseguia escutar essa voz, que inacreditavelmente insistia em voltar, como se todas as vezes que eu tentasse afastar fossem inúteis. - Jimin... acorda. - "Acorda"? como assim, eu não me lembro de ter... - Inconscientemente a voz do meu subconsciente foi calada.

- O que? - Abri os meus olhos com dificuldade, já que a luz do céu, que apesar de nublado, mostrava bastante refração solar.

- Você dormiu... - Jungkook falou me ajudando a me sentar novamente, já que eu escorri igual a um picolé derretido durante o sono.

- E-eu dormi? Eu não vi... - Eu disse, passando a mão pelos cantos da boca, vai que tem baba não é.

A minha punição começou.

- É, eu consegui perceber.. - Ele disse, agachado ao meu lado, ainda vestido com o uniforme de futebol, com os cabelos suados, e levemente bagunçados. O rosto dele estava visivelmente abatido, e seus olhinhos pereciam pesar se deveria ou não estar ali. - Está esfriando, você não deveria ficar aqui. Vai pegar um resfriado.

- Eu não vou. Está tudo bem, sob controle. - Ri sem graça sentindo o meu coração bombear mais forte, já faziam uns cinco dias que eu não o via.

- O-o tempo anda bem louco, não é? - Ele disse, completamente sem jeito.

- Hã?

- O-o tempo, uma hora está quente, outra hora frio... uma loucura. - Ele desviou o olhar para as mãos, de forma engraçada, se equilibrando sobre os pés.

- Ah! Sim, claro, é-é como a natureza funciona não é... - Eu ri, sem entender direito onde iriamos chegar com aquele assunto.

Ele também riu, concordando com a cabeça e levando a mãos atrás da nuca.

- A gente está mesmo discutindo sobre a inconstância do tempo? - Eu disse, desviando o olhar também.

- Bom, parece que sim... - Jungkook gargalhou, sequer levantando o rosto para me olhar.

Ver ele agir de forma tão adorável foi como se uma bomba magicamente explodisse dentro da minha cabeça, me fazendo jogar toda aquela lógica para os ares, e todo aquele drama pela janela. Infelizmente, quando o assunto é Jeon Jungkook, eu abandono a parte lógica do meu ser, e foco apenas na área mais sensível, que parecia me atrair cada vez mais para ele.

- Você está bem? - Eu murmurei completamente derrotado, tocando o seu queixo, nessa altura do campeonato, não tem mais como ir contra.

- Eu não sei... eu deveria estar? Eu deveria estar bem não é? - Ele mordeu o lábio inferior de forma doída, deixando os olhos se enxerem fazendo com que logo algumas lágrimas carregadas de sentimentos descessem. - A gente deveria estar bem, não é? - A sua voz carregava tanta mágoa, e pensar que eu era o culpado por tudo isso, só fazia eu me sentir cada vez mais culpado.

- Me desculpa... - Eu falei, puxando ele pelo pescoço, e abraçando aquele mesmo local com os dois braços.

Da posição que ele estava antes, agachado, ele se desequilibrou para frente se ajoelhando no chão e abraçando o meu torso com toda a força, quase me fazendo perder o ar. Mas isso não é um problema, ele é todo o ar de que eu necessito.

O seu peso se colocou sobre mim de forma necessitada, o rosto estava escondido no meu pescoço e nesse momento eu também não segurava as lágrimas mais. Eu definitivamente devo estar muito ferrado.

- Eu estou suado... - Ele falou, com a voz pesada no meu pescoço.

- Não tem que se preocupar com isso... - Eu falei, entre um riso e outro, afagando as suas costas.

- Eu fiquei com medo, de te perder... - Ele disse reticente, ultimamente tudo o que dizemos um ao outro parece ser na esperança de sentir a conexão entre nós, independente de palavras.

- Isso não vai acontecer... você já sabe disso.

- Eu não sei não. - Ele falou manhoso, e eu fui especialmente cuidadoso ao deitar o mesmo sobre as minhas pernas, deixando a sua cabeça sobre o meu colo.

- Jungkook. Eu não vou te deixar, não importa a merda que você faça. - Ele maneou a cabeça, concordando, como se aceitasse isso, esfregando os olhos, que recentemente haviam parado de derramar lágrimas. Era idêntico a uma criança, uma criança de quase 1,80 de altura.

- Não me deixa mais... eu meio que, não sei... não sei viver sem você. - Me olhou, brevemente, logo fechando a boca, como se tivesse criado muita coragem para falar.

- Fala como se a gente fosse casado... - Eu ri, tentando esconder a minha surpresa, como uma fuga do assunto, apesar de que o riso ou a ironia como mecanismo de defesa, talvez nem sempre seja a melhor arma. Ele pode ser usado contra você.

- Eu não me importaria de me casar com você. Você quer se casar por acaso? - Falou já se levantando e olhando para mim, que apenas estava com os olhos arregalados.

- J-jungkook... eu só estava brincando.

- Você se importaria de se casar comigo? - Ele veio chegando mais perto. Fala sério, o que está acontecendo com a minha vida? Pelo visto tem uma pessoa bem sem noção no controle.

- Jungkook!

- Você quer um diamante? - Insistiu, com o rosto sério.

- Ficou doido?! Eu não vou me casar com você.

- Fechou, tudo bem! Nós nos casamos em Setembro. Setembro é um bom mês. É um bom mês para você meu menino? Não é quente, não é frio, e você vai poder escolher  vestido que quiser.

- E-eu, eu não sei mais o que tá acontecendo. - Namjoon vinha subindo a arquibancada já de roupas trocadas.

- Vocês vem?! - Ele falou parando perto da gente.

- Namjoon, o que você acha de Setembro? - Jungkook perguntou para ele.

- É um mês legal, não tenho nada contra ele, nem contra a família dele, por que? - Falou revezando o olhar entre nós dois, como se procurasse saber se estava tudo bem, coisa que eu apenas respondi com um aceno de cabeça.

- Eu e o Jimin vamos nos casar. Parece que ele quer que seja em Setembro, eu discordei, mas ele insistiu tanto... Eu não quero estragar o dia mais feliz da vida dele, sabe? No fim das coisas o dia nunca é do noivo, e sim da noiva então... - Jungkook respondeu normalmente, se levantando, enquanto digitava no celular como se marcasse a data realmente.

- Ah! Vocês se acertaram? Que ótimo! Onde vai ser o casamento? - Namjoon respondeu entrando na pilha dele, e eu fiquei vendo a cena, de boca aberta.

- No lugar mais caro que tiver, eu quero dar bastante luxo ao meu garoto. - Jungkook disse dando uma piscadinha e uma mordida no lábio, de relance eu consegui ver Jackson e Kai subindo a arquibancada, logo chegando juntos. Era só o que me faltava.

- Mas espera aí, eu sou o pai, você não pediu a minha benção. - Namjoon disse, cruzando os braços interrogativo, com a sobrancelha arqueada.

- Namjoon peraí... - Eu falei me levantando também.

- Senhor, eu gistaria de me casar com o seu filho, tenho a sua Benção? - Jungkook continuou, esticando a sua mão em direção ao Nam que logo sorriu, e o abraçou, me ignorando.

- Tem toda a minha benção meu garoto! Eu sempre soube que vocês iam levar esse relacionamento a diante! É bom cuidar bem do meu menino, se não você já sabe. Escovo os seus dentes no asfalto.

- Mas que bosta viu. - Falei abobado com a junção de mané que existe por aqui.

- Tinha fé? Mesmo depois do décimo sétimo termino? - Jackson se intrometeu, como é de costume.

- Mesmo depois do décimo sétimo. - Nam concordou.

- Depois do trigésimo quarto? - Foi a vez de Kai entrar no assunto.

- Vocês precisam sair de dentro dessas cabeças, imagina só o eco que não faz aí dentro? - Falei me pondo a andar ignorando os outros.

- Bebê, não fala assim com o seu pai.

- É, não fala assim comigo. Minie malvado! - Disse dando um coque na minha cabeça.

- AÍ! Namjoon!?

- Namjoon não! Papai. -Corrigiu, me ignorando de novo.

- É, papai. - JK concordou.

- Senhor tem que me dar paciência, porque se der força vocês tomam uma facada.

- O que é que tá pegando? - Esse foi Kai.

- Jimin e o Jungkook vão se casar. - Jackson respondeu.

- Nós vamos nos casar. - Jungkook reforçou, apontando para si mesmo e para mim.

- Eles crescem tão rápido... - Namjoon falou, limpando uma lágrima falsa.

- Meus parabéns! - Kai falou, sem muita expressão, com era de seu costume, porém me levantando no colo e repetindo "Parabéns" várias vezes.

- Ei! Solta o homem dos outros cara! - Jung encrencou falsamente, rindo do meu desespero.

- Me solta gigante.

- Mas e a Madelaine, Jungkook? - Jackson frisou, enquanto Kai me punha de volta no chão, onde era o meu lugar de direito.

- É, e a Madelaine? - Nam reforçou com os olhos cerrados, completamente inquisitivo, me fazendo rir dessa vez.

- Ah! Ela pode ser a dama de honra... - Disparou gargalhando com os outros, eu apenas revirei os olhos, rindo junto.

- Jimin, você vai ficar incrível de branco, que estilo você quer? Fluido, curto, princesa, sereia...? - Jackson continuou, passando a mãos pelo meu ombro.

- Eu acho que ele vai ficar bem de princesa. - Kai falou, sem esboçar nenhuma reação, era cômica a sua falta de expressão. - Uhuull... - Disse sem ânimo, me fazendo rir.

- Eu prefiro sereia, valoriza as suas curvas. - Jackson discordou, movendo as mãos em forma de um silhueta enquanto falava. Nesse meio tempo adentramos a escola de novo, estávamos todos pelos corredores, que não estavam tão cheios.

- Sereia, com certeza sereia. - Nam concordou com o outro sem noção.

- E quem disse que eu é quem vou usar o vestido? - Falei finalmente entrando na brincadeira.

- O JK não tem bunda, ia ficar bem estranho. - Jackson falou, desmotivando a noiva que existe dentro do Jungkook.

- Com certeza, sem bunda total. - Kai concordou, conferindo o traseiro do outro.

- Jackson, de que lado você está? - Jungkook perguntou, com a mão no peito, falsamente ofendido.

- Do da noiva? É meio óbvio. - Mais a frente Madelaine vinha andando junto com as duas Madelaines dois e três, de quem ninguém sabe o nome.

- Quem vai se casar? - Ela se intrometeu, quando nos alcançou.

- É-éh... - Jungkook começou.

- Jimin e o Jungkook. - Jackson disparou, entrando entre eu e o "noivo" que estava ao meu lado.

- É o que? - Ela falou, com cara de desgosto. - Bom eu não me importo, Wang, o meu assunto não é com nenhum de vocês, então já podem ir. - Ela dispensou, abanando a mão.

- Eu vou porque eu quero, não porque você mandou, fedorenta. - Jackson falou indo na frente, arrancando risadas de todos, inclusive do JK.

- Que bando de animais. Park, é com você que eu quero falar. - Nessa hora até os meus passos desacreditaram, se recusando a me deixar parar de andar. - É sobre o seu amigo, Taehyung.

- O que foi, Madelaine? - Eu me virei, sobre os calcanhares. E os meninos a minha volta pararam junto.

- Eu vim em paz, dessa vez. É apenas um conselho.

- Que conselho? - Eu a instiguei a continuar.

- Diga para ele tomar cuidado naquele emprego dele.

- Como assim? - Perguntei, franzindo a testa, confuso.

- É só o que eu tenho para te dizer. Adeus.

Ela se virou jogando os cabelos vermelhos e saiu, ignorando até o Jungkook que estava perto dela, me deixando com a pulga atrás da orelha.

- Chim... onde é que o Tae está? - Namjoon veio, colocando a mãos sobre um dos meus ombros, me acordando do transe que eu estava, olhando para o chão sem entender.

- Eu não sei, ele disse que ia sair cedo, para se encontrar com o tal "namorado secreto" dele. - Falei sentindo a minha testa enrugar inconscientemente.

- E você por acaso sabe onde é que o Tae trabalha, tampinha? - Dessa vez foi o Jungkook, que chegou mais perto.

- Eu não sei, realmente não sei. - Falei, passando as mãos sobre o cabelo, e mordendo a boca, preocupado.

- Não deve ser nada, a Madelaine é bem dramática, você sabe.

- E é isso o que me preocupa, ela não fez drama dessa vez.

Depois de ligar para Taehyung, descobri que ele estava mesmo junto do namorado, até me deixou falar com ele para comprovar, e até que, por incrível que pareça, a voz era bem familiar. Por fim isso me acalmou, talvez seja mesmo, só mais um dos surtos da Madelaine, ou sei lá.

Após as aulas, nós nos reunimos em um restaurante para almoçar, e depois nós fomos nos espalhar pra entregar os meus currículos, para que mais servem os amigos se não for para isso. A única parte ruim, foi admitir que não tinha nenhum lugar disposto a me aceitar, então eu continuo desempregado.

- O último lugar onde eu poderia talvez encontrar o meu último raio de esperança, era no endereço que aquele garoto, J-Hope, se não me engano me entregou. - Eu disse, enquanto me despedia dos garotos ao meu redor, já era fim de tarde, e até agora estavam todos aqui. - Muito obrigado galera, vocês são demais. - Eu falei, sem ânimo, tomando um pouco do milkshake gelado que estava a minha frente, o qual Namjoon e Jungkook brigaram para ver quem ia pagar.

Namjoon acabou ganhando, com a justificativa de que ele é o meu progenitor e que nenhuma opinião além da dele importa, nem mesmo DNA.

- Você deve ter feito ele quando ainda era um espermatozoide... - Jungkook resmungava com uma carranca, tomando do próprio copo.

- Exatamente, quando você fizer o seu, você pode sustentar. - Nam respondeu, com uma expressão de vitorioso no rosto.

- Olha, se é assim eu não sei nem porque é que eu estou procurando emprego. - Eu disparei, já sem paciência com os dois.

- Viu só? Tomaram. - Jackson falou rindo da cara de tacho dos dois.

- Você também. Fica na tua, te arranco o couro.

- Oxe...

- Olha, obrigado de novo, mas eu só tenho mais um lugar para ir, e eu vou sozinho.

- A mas não vai mesmo. - Jungkook, falou já se levantando juntamente a mim.

- Você tem uma missão, primeiro: me deixar em paz, segundo: ir para a sua casa, e descobrir o que é que a Madelaine queria dizer com aquilo mais cedo, eu não fiquei convencido da história dela.

- Então eu te levo... - Nam se ofereceu, e só de imaginar ele me colocando no colo e me botando para dormir eu já sinto arrepios, então:

- Dispensado também: Você tem coisas para fazer, eu vou em casa e depois vou para o Hoseok. - Expliquei, tendo os olhares atentos de todos me escutando.

- Que coisas eu tenho para fezer? - Ele retrucou atrevido.

- Coisas, sei lá, coisas que Namjoons fazem quando não estão me tratando como se eu fosse uma criança. - Eu disse, simplesmente.

- Quem é Hoseok? - Nam e Jungkook disseram juntos.

- Não importa, amo vocês. Tchau. - Disse resignado, passando as informações de forma comedida é mais fácil de colocar freios nesses dois. Saindo da mesa e ignorando as reclamações deles eu fui direto para o metrô.

Então, chegando em casa eu fui direto tomar banho de me trocar.

- "Venha todo de preto. O patrão prefere assim." - Foi o que Hoseok disse, quando eu liguei em seu número entre um estabelecimento e outro onde eu entrava, ele atendeu com voz de quem havia acabado de acordar.

- Todo de preto, beleza, o que eu visto? - Eu disse, para mim mesmo retoricamente, olhando para a comoda antiga no canto do quarto verde. Horripilante, fiquem felizes por não presenciar.

Peguei uma calça bem rasgada nos joelhos, uma bota modelo Chelsea preta e uma blusa de malha também preta, que eu coloquei por dentro do cinto.

- Preto? Preto, mais do que isso não dá. - Peguei as chaves e o celular em pedaços e fui, seja o que o destino quiser.

Ao chegar na rua indicada por Hoseok, era algo que eu não esperava presenciar.

Era incrível, como mesmo vivendo quase a minha vida toda aqui, eu nunca tive conhecimento desse lugar. Era intrépido de uma forma monstruosa, completamente discreto por fora, de forma a chamar atenção apenas ao enorme letreiro reluzente que iluminava a faixada em tons de roxo.

- "Sunset CABARET Lounge"... - Eu li, e engoli em seco, como ainda era relativamente cedo da noite, só haviam algumas pessoas do lado de fora, carros luxuosos e nada menos do que isso parecia estar presente por ali.

Sua impavidez era indiscutível. O lugar parecia ser da mais alta classe. O som da música podia ser ouvido levemente do lado de fora, mas era perceptível que era Haunted, Beyoncé. O que dava um ar ainda mais sensual ao ambiente. E olha que eu ainda estava do lado de fora.

Tudo bem. Está tudo bem.

Liguei o meu celular e tratei de discar o número mais recente da minha lista de chamadas, e assim que a discagem automática se mostrou ativa fui prontamente atendido.

- Alô?! Jimin?! - Ele gritava do outro lado, de forma que precisei tampar o outro ouvido para conseguir focar em sua voz e não na música alta do fundo, que comprovava as minhas expectativas.

- Sou eu! Eu estou aqui na porta! - Respondi alto também.

- Você chegou?!

- Cheguei! - Respondi de novo, dessa vez mais alto.

- Que horas você chega? Se demorar muito não vai conseguir entrar. - Isso porque era uma quinta-feira.

- Eu já cheguei Hoseok caralho.

- Já chegou? Estou indo aí.

- Tá bom! - Lerdo.

Pensei, atravessando a rua, chegando agora realmente na porta, onde o pavimento do lugar parecia ainda maior.

- Oi. - Hoseok tocou o meu ombro me fazendo virar para si.

- O-oi. Você está maquiado. - Eu ri vendo os olhos dele contornados de preto.

- Éh... exigências da chefia. - Ele disse, me guiando até uma das várias entradas frontais, haviam vários seguranças por ali. Tanto que um deles nos parou.

- Quem é Hoseok? - O homem perguntou, ele era moreno, e muito alto, como um jogador de basquete.

- Ele está comigo Simon, pode deixar. - Hoseok respondeu, segurando a minha mão e me guiando, assim que o segurança deu passagem.

O ambiente interno era incrível, completamente iluminado com led por um corredor escuro a meia luz que se estendia aos dois lados, e do lado de dentro as luzes eram predominantemente em tons de azul, rosa e roxo. Haviam diversas pessoas ali, a maioria sentadas. O ambiente era muito bem dividido tinham camarotes suspensos ao redor, uma enorme pista de dança e alguns palcos, com aqueles mastros de bombeiro.

Mais acima ainda, havia uma suspensão isolada dos outros camarotes, pouco dava para ver olhando daqui, o que me confundiu bastante.

O osso do meu maxilar travou por um instante, quando um homem de pé com uma taça em mãos me cumprimentou de longe com um movimento de cabeça e uma mordida nos lábios. Eu com certeza não estou em território conhecido.

- É incrível não é? - Hoseok me disse segurando o meu braço novamente. - É aqui que você vai me encontrar. - Ele falou apontando para um balcão de madeira iluminado que se estendia ao redor do ambiente, onde diversos homens e mulheres se encontravam, vestidos da mesma forma que ele.

- E-eu não sei nem o que dizer. Eu nunca vi nada assim. - Disse rodando sobre os meus pés, tentando processar aquela quantidade de informação.

- Pois é. Vem, eu vou te apresentar para quem é realmente importante por aqui. - Ele disse me puxando. - Não deixe que nenhum cliente te intimide, vai por mim, eles vão tentar. Tenha cuidado, qualquer coisa fale comigo.

Eu fui assentindo a cada informação dita, e realmente, o público era bem intimidador.

- Mas espera aí, você falou com o dono sobre mim? - Perguntei com medo do dono do lugar ser tão intimidante quanto o público.

- Eu falei, falei sim, ele te adorou! - Ele disse sem me olhar. Provavelmente é um homem bem velho e rico com roupas bem caras e arrogância para dar e vender.

Chegamos em um elevador de vidro e entramos, de dentro era possível ter uma visão privilegiada de tudo aquilo.

- Um térreo, uma área de jardim para fumantes externa, camarotes suspensos que fazem o trabalho de um segundo anda com uma visão privilegiada e bar particular, e também tem o submundo. Você ainda não viu nada. - Hope disse, puxando os cabelos pretos para trás. Ele é um cara bonito demais.

- É uma coisa de louco... Submundo? - Perguntei curioso com o termo que ele usou.

- Muito cedo para saber sobre isso meu jovem, você precisa ver o patrão primeiro. Um passo de cada vez.

- Tá bem... então, por que "J-Hope"? - Perguntei olhando para o lado de fora, onde cada vez mais gente adentrava ao local.

- Bom, eu me chamo Jung Hoseok, e quando você trabalha por aqui, o principal é encontrar primeiro: uma forma de não ser reconhecido do lado de fora, sendo assim, o mais opropriado é não usar o seu nome real. Por isso que eu não uso Hoseok.

- E por que Hope? - Perguntei, vendo que o elevador havia parado, mostrando uma espécie de pequeno hall, onde haviam dois seguranças, ainda maiores do que os lá de baixo.

- Digamos que quando o assunto sou eu, a esperança é a última que morre... - Ele disse meio vago, resignado, me guiando para fora do elevador, onde os dois seguranças já fizeram questão questão de nos interceptar.

Honestamente, eu não costumo ter medo de qualquer coisa, mas é como se alguma coisa me dissesse que eu não devia ter pisado do lado de dentro.

- Viemos ver ele.

- Credencial. - A voz grossa do segurança se fez presente, tão bem como o seu rádio que não parava um minuto se quer.

- Aqui. - Hoseok falou, entregando em mãos uma espécie de cartão preto, com CABARET escrito em dourado, e um código atrás, que eles usaram para desbloquear a entrada.

- Podem entrar.

Eles deram passagem para que nós entrássemos, e ali era exatamente aquele lugar o qual eu supracitei antes, a sala suspensa isolada dos outros.

Era rodeada por grades baixas pretas, na altura da cintura, dali com certeza era a melhor visão de tudo. Haviam sofás espalhados assim como algumas mesas com bebidas diversas postas em cima. No centro, uma poltrona luxuosa solitária comportava um corpo.

- Ei, eu trouxe alguém... - Hoseok falou olhando diretamente para a cadeira.

Quebrando completamente as minha expectativas, quem se levantou dali, indo contra as minhas teorias, foi um homem jovem, muito alto, de ombros largos e imponentes.

Trajando um terno preto como a noite ele se virou, mostrando um rosto angelical, porém dono de uma expressão completamente contrária, dominadora, seus olhos eram levemente semicerrados a boca avantajada, bem vermelha, para onde ele levou um copo de Whisky com gelo sem tirar os olhos de mim.

Em passos lentos ele se dirigia como se os segundos se arrastassem, apenas para deixar cada vez mais sufocante, e confesso que apesar de intrigante e grandioso, o homem podia ser definido apenas como: - Completamente excitante... -

Ao chegar a uma distância rasoável de nós dois ele finalmente se pronunciou, tirando a mão de dentro do terno para puxar os cabelos castanhos para trás, ao som de Back to Black, de Amy Winehouse que tocava ao fundo, o que apenas tornava tudo pior.

A mão que antes deslizou por suas madeixas que mais pereciam as de um deus grego se estendeu para mim, firme, disse com a voz baixa, sensual e chamativa.

- Seja muito bem-vindo ao Cabaret, meu bem, você pode me chamar de Jin.

IAE GALERITAA!!! ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DO CAPÍTULO DE HOJE.

SE SIM DEIXE O SEU VOTO AÍ, O DEDINHO NÃO CAÍ, COMENTE E COMPARTILHE COM OS AMIGOS!! MUITO OBRIGADO!!

Finalmente chegou a fase do CABARET, para falar a verdade, eu não tinha a intenção de fazer o primeiro arco, que é o de introdução durar tanto, mas para ajudar a ter uma ideia da personalidade de cada um foi necessário. A história começa de verdade agora, que os sete apareceram.

O que acharam?? Me contem, vamos interagir no twitter. Usem a #!!

#vidadecoiote

Estou pensando em criar uma playlist no Spotify, se vc for ouvir me deixa um feedback aqui por favor. Até a próxima att!

SUNSET CABARET LOUNGE ●

Apenas para vocês visualizarem, mais ou menos, mas imagine da forma que preferir!!

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