The Real Side II: Dark Times

بواسطة hiddles-evans

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"Tudo mudou depois de NY". Tony Stark gostava de repetir aquilo e, embora sua filha sempre revirasse os olhos... المزيد

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo

Capítulo 21

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بواسطة hiddles-evans

Quando se tratava de Londres, um dia nublado estava longe de ser considerado uma anormalidade, mas mesmo assim Avril se sentiu no direito de refletir seu espírito abatido no céu fechado.

Toda a viagem de NY até a capital inglesa fora feita no mais absoluto silêncio. Por não atenderem ao funeral, Natasha, Petr e Tony iriam apenas algumas horas mais tarde para o velho continente, o que deixou Avril, Steve e Sam sozinhos no quinjet. No fundo a mulher esperava que a comunicação entre eles não fosse melhorar em um momento como aquele, mas tal consciência não fazia com que ela se sentisse melhor. Na verdade, estava a endoidando aos poucos. Avril tinha a sensação de que a qualquer momento Steve perceberia seu batimento acelerado ou o batimento extra.

Era pressão demais.

Algo que não melhorou quando chegaram na igreja.

O ar estava um tanto abafado naquela manhã, mas não era isso que parecia sufocar a mulher. Eram os rostos familiares, a realização lenta de que aquela era sua realidade agora.

Seu principal instinto era parar ao lado de Steve, como se apenas dividir o mesmo espaço fosse o suficiente para lhe trazer algum conforto e segurança. Só que a áurea do soldado nada mais era do que distante. As chances de Sam ter compartilhado informações distorcidas nunca foram descartadas, mas não havia o que a mulher pudesse fazer a respeito. Steve não iria assinar o Tratado, aquilo já era um fato, mas isso não diminuía a confusão que iria causar se soubesse o que estava em jogo para o lado dela. Eles podiam estar em um momento difícil e mais longe um do outro do que nunca, mas ela não queria acreditar que Steve não tomaria a dianteira na sua defesa se a julgasse injusta. Se a transição já estava sendo conturbada, definitivamente não ficaria melhor se fosse exposto a todos como Avril tinha sido jogada sob gelo fino.

Então ela precisava controlar a situação primeiro, depois poderia recorrer ao conforto de quem quisesse.

Ela precisar do conforto agora era o menor de seus problemas.

- Se não é minha Vingadora favorita... – uma voz desconhecida pela parte masculina do trio chamou a atenção pelas suas costas, os dois homens assistindo o desconhecido mostrar um sorriso largo e abrir os braços abertos para acolher a parte feminina, que não hesitou em o abraçar, escondendo o rosto na curva de seu pescoço – Como você está, Av?

- Bem – a resposta não teve muita firmeza, mas o homem não pareceu surpreso com isso. Quando Avril se afastou para iniciar as apresentações, ele manteve o braço esquerdo ao redor da mulher, mantendo a lateral de seu corpo como apoio para ela – Esses são Steve e Sam. E esse é Stuart Carter, um dos sobrinhos mais velho da tia Peggy.

- Eu meio que já sabia os nomes, mas tudo bem... É um prazer conhecê-los – riu ele, esticando a mão para os dois heróis, que o cumprimentaram com um sorriso educado. Stuart tremia de leve enquanto esteve sob o aperto de Steve, algo que não passou despercebido por Avril, que escondeu o sorriso divertido ao virar o resto em seu ombro. Para disfarçar seu nervosismo por conhecer um de seus heróis de infância, ele se voltou para a mulher – Seu pai veio? Seu irmão? Ainda não conheci a peça.

- Eles ficaram no complexo, vendo como lidar com toda a zona do Tratado.

Steve sentia que precisava dizer algo, mas de repente ele era incapaz de formular a mais simples das frases. Todas as pessoas ali estavam presentes pela Peggy, e ele se sentia um tanto deslocado, mais do que de costume. Em meio a tantos parentes e amigos de família, quem era ele ali? Como ele podia estar ali da forma que estava, enquanto ela...?

Vez ou outra ele sentia o instinto de buscar apoio em Avril, só que não era o nervosismo e a tensão em seus gestos que faziam ela parecer tão distante, mas principalmente a imagem da mulher sentada despreocupada em um sofá ao lado de um homem que ele não conhecia, organizando papeis que ele não tinha ideia do conteúdo, mas que fazia lembrar incontáveis cenas de ele junto a Avril estudando informações para missões futuras. Sam passara a informação que a própria dissera não ser o que o moreno imaginava, e Steve quase se via concordando com ela.

Talvez não fosse.

Talvez o que eles planejavam não fosse nada importante.

Talvez fosse apenas Avril o retirando por completo de seu dia-a-dia, de suas tarefas e planos.

Talvez apenas fosse ela dizendo que não o queira mais por perto.

E sinceramente ele não sabia o que poderia fazer. A respeito de Avril e tudo.

O soldado quase agradeceu quando uma criança que não devia ter mais que quatro anos atraiu a atenção de todos, gritando por seu pai.

Quando ela percebeu que seu pai não estava sozinho, ela se escondeu atrás das pernas de Stuart, que riu em compaixão.

Avril sorriu para o rostinho assustado da criança antes de se agachar para que a altura entre elas não fosse mais tão contrastante. Como ela pareceu mais alerta pelo gesto, Avril desistiu de lhe estender a mão e apenas acenou.

- Olá?

Em dúvida se era uma boa ideia ou não, a garota buscou apoio no pai, que assentiu para que ela se apresentasse. Com uma leve confiança aparecendo em seu rosto, ela saiu de trás das pernas no pai, esticando a mãozinha enluvada para a mais velha, seu rosto corado ou de vergonha ou pelo nervosismo

- O-oi, eu sou Mary Margareth.

- Oi, Mary Margareth – a mulher sorriu para ela, apontando para si própria e depois para os homens que a acompanhavam – Eu sou Avril, e esse é o Sam e aquele é o Steve.

- Você é a Tia Av, não é? – arriscou a garota, recuando um passo como se não soubesse se estava ultrapassando limites ou não. A mulher tinha uma expressão amigável, mas, assim como todos os adultos ali, tinha algo nela que fazia com que ela sentisse vontade de chorar. Sua mãe tinha lhe explicado mais cedo que todo mundo que ela veria de tarde estaria muito triste, e que não tinha problema nisso, mas que ela podia ajudar conversando com os adultos. Por isso ela continuou – Eu sei quem você é, meu nome vem de você.

- Uhum, mas eu ainda queria que tivesse sido meu primeiro nome usado, não o segundo – comentou Avril, enquanto se colocava de pé mais uma vez. Mary Margareth timidamente se aproximou mais da mulher, seu ombro apenas relaxando quando ela sentiu a mão de Avril pousar sobre seu cabelos, a permissão silenciosa que ela precisava para abraçar as pernas da mulher enquanto ela voltava a falar com seu pai – Não ia reclamar nenhum pouco de ver sua mãe quase tendo um derrame.

- Ah, ela quase teve. Primeiro ela ficou confusa porque o Margareth não vinha primeiro, e depois veio perguntar de onde tinha saído o Mary – contou Stuart rindo, um sorriso misto de nostalgia e divertimento em seu rosto – Foi um ótimo dia, mamãe quase foi internada, tia Peggy riu tanto que até me expulsaram do quarto por perturbar a paz. Pensei que não me deixariam entrar para visitas pelo resto do ano.

- Acho que até hoje sua mãe deve ter pesadelos com o nome Avril Carter. Aposto que ela deve ter planos para tirar seu sobrenome caso você invente de continuar com essa ideia – continuou a mulher – Mas, na real, essa foi muito mais inteligente. Se a gente se casasse, eu perderia o Carter com um divórcio, mas você não pode se divorciar da sua filha.

- Veja, Capitão, uma mulher difícil de conquistar você conseguiu – Stuar se virou para Steve, apontando para Avril enquanto falava – Passei minha vida inteira querendo casar com ela apenas para irritar a minha mãe. Só que não tem nada que faça ela desistir do sobrenome de solteira.

- Fala sério, Stark tem seu charme.

- Podemos pensar em uma combinação – a sugestão saiu naturalmente, tanto que surpreendeu o próprio Steve, que teve que olhar para o seu lado vazio para fugir do olhar surpreso de Avril.

Não era apenas o fato de nunca terem tocado naquele assunto, mas sim entrarem naquele assunto no geral como se continuasse sendo algo tão corriqueiro e comum como meses atrás. De repente Steve tinha muito mais jogo de cintura do que ela, tinha respostas adequadas e rápidas, enquanto ela estava um tanto desnorteada, fosse pelo tópico que não previra ou por não ter tido uma boa velocidade de resposta. A aliança em sua mão esquerda parecia crescer de peso.

- Viu? É por isso que eu vou casar com o Steve, não com você – para Stuart, as palavras não soaram nada mais do que naturais, mas o trio de ex-vingadores pareceu ficar ainda mais tenso, seus olhares desconfortáveis evitando se encontrarem.

- Não posso reclamar, vocês são incríveis juntos – continuou Stuart, alheio ao que acontecia na sua frente – Odiaria tentar ficar no meio. Ou adoraria.

Avril chegou a abrir a boca para retrucar, mas suas palavras viraram uma tosse surpresa quando a criança ao seu lado soltou "como assim?". Stuart e Sam tentaram controlar suas risadas para não atrair olhares irritados das pessoas ao redor que começavam a adentrar na igreja, enquanto Steve apenas assistiu sua noiva cobrir os ouvidos da criança enquanto ralhava com seu pai.

- Papai, preciso ir no banheiro!

- Ah, eu também preciso – Avril se juntou à criança – Leva a gente.

- Você foi no banheiro no hotel – lembrou Sam, olhando desconfiado para sua antiga superior – Faz uns dez minutos.

- Sim, mas eu tomei muito líquido.

- Não, não tomou.

- Quer parar de querer controlar minha bexiga?

Stuart acabou intervindo no caso, brincando que eles não precisavam se preocupar, que ele devolveria a mulher em alguns minutos. Ele não sabia dizer o motivo da hostilidade entre a dupla, ou o motivo do Rogers não ter interferindo ele próprio, e, como não parecia um bom momento para perguntar – além de não conhecer os homens o suficiente para isso –, o mais seguro era levar as duas garotas logo ao banheiro. Ainda mais que uma delas não estava completamente habituada a ficar sem fraldas e ele teimara em não trazer roupas extras para a criança.

Depois da saída do trio, algumas pessoas se arriscaram a se aproximar da dupla de ex-vingadores, basicamente conhecidos antigos e novos.

Entre elas a outra metade dos irmãos Carter que eles conheceram minutos mais cedo, acompanhada de uma mulher aparentemente mais velha do que ela, com o mesmo tom de cabelo loiro.

- Mãe, esse é o Capitão Rogers, e esse é Sam Wilson – Sharon assumiu as apresentações, Steve logo estendendo a mão para a mulher que logo envolveu entre as suas.

- Senhora.

- Um prazer finalmente o conhecer, Capitão – disse ela, a voz baixa e pouco expressiva – Mesmo que em uma situação tão triste.

- Sinto muito por sua perda – as palavras pareceram estranhas em sua voz, mas a cunhada de Peggy pareceu contente com elas, lhe forçando um sorriso agradecido antes de se virar para a filha e perguntar pelo irmão. Sharon olhou ao seu redor antes de responder.

- Acho que ele já está lá dentro com a Avril e a Mary Margareth.

- Já? Aquela fedelha não consegue ficar cinco minutos longe? – grunhiu a mulher, ignorando o olhar reprovador da filha e seu tom de aviso enquanto chamava por ela – Aquela garota traz nada além de problemas, o que ela está fazendo aqui?

- Avril é noiva do Cap. Rogers, mãe.

- O que significa que ainda tem tempo de desistir – insistiu ela, se virando para Steve com a expressão menos agressiva, mas a voz ainda carregada – Com todo respeito, Avril não vale as dores de cabeça que causa, Capitão. Mas acho que você já percebeu isso sozinho, ou estaria ao lado de sua noiva.

Sam esperou que Steve fosse se pronunciar, mas ele manteve a expressão neutra o tempo todo, mesmo quando a mulher deu as costas ao grupo a pedido da filha, indo buscar por conhecidos na parte oposta do pátio em que estavam.

- Me desculpe pela minha mãe – suspirou Sharon, assim que a mulher se afastou. Assim como Sam, ela também estranhava a falta de ação do soldado, mas optou por não tocar no assunto – Ela nunca gostou muito de nenhum dos Stark, não importa a geração.

- Não a julgo – soltou Steve depois de respirar fundo, seguindo para o grupo que o chamava para começarem a se preparar para a cerimônia.

Sharon acompanhou a movimentação de Steve com os olhos levemente arregalados, até voltar para Sam, que não estava nem um pouco surpreso.

- As coisas em NY não parecem estar muito boas – comentou ela por fim, e Sam riu.

- Nem te conto...

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As pessoas aos poucos começavam a tomar seus lugares nos bancos, e Avril estava mais ocupada em manter sua respiração em um ritmo saudável. A cada passo que dava, as paredes pareciam se aproximar mais, a luz no ambiente parecia mais escassa. As vozes diversas, baixas e simultâneas ainda pareciam invadir a sua mente, abafando seus próprios pensamentos de que precisava manter a calma.

E então seu olhar recaiu sobre o púlpito em frente às fileiras de bancos, a foto ampliada de Peggy em um suporte.

E então ela não conseguiu mais suportar.

- E-eu não vou conseguir... – sussurrou Avril com a voz trêmula, a mão se agarrando ao braço do homem ao seu lado – Stu, me tira daqui.

Stuart não hesitou por um segundo sequer, afastando a mão de Avril do braço que ela segurava para que segurasse o outro, deixando aquele livre para que ele pudesse passar alguma sensação de proteção e deixar o outro braço ao seu redor, a guiando para fora da igreja pela saída lateral. Eles provavelmente já tinham atraído um pouco de atenção do lado de dentro, era melhor tentarem manter a descrição do lado de fora, e isso se fazia sem criar oportunidades para que alguém fotografasse a antiga vingadora no meio de uma crise.

Com cuidado, ele sentou Avril nos degraus que eles desceram instantes antes, mantendo um aperto confortável em suas mãos enquanto acompanhava a movimentação excessiva de seus olhos baixos.

- Respira, devagar... Quer um saco de papel? – brincou ele, mais aliviado quando notou ela rindo de leve. Avril não tinha ido tão longe assim, não precisava se preocupar tanto – Você não vai querer voltar, não é?

- Quão ruim eu seria se pedisse para você ficar aqui comigo? – arriscou ela, os olhos agora fixos no amontoado de folhas secas que se mexiam vez ou outra no ritmo da brisa que ia e vinha.

- Ah amor, você não me tira do seu lado nem com tiros... – brincou ele, se jogando no degrau ao seu lado – Faz ideia do castigo infinito que a Tia Peggy me colocaria se eu te deixasse aqui sozinha nesse estado?

Avril sorriu agradecida, seus olhos idiotas voltando a arder.

- E a Mary?

- Minha mãe e Sharon cuidam dela, sem problemas.

Ela chegou a abrir para encontrar algum outro empecilho, mas Stuart lhe ofereceu a mão, e Avril não teve coragem de recusar, logo sendo puxada quando o homem se colocou e pé e passou a guia-lo pelas ruas, em busca de um lugar quieto e amigável.

- Vá em frente, converse comigo – incentivou ele depois de um tempo, depois de alguns quarteirões percorridos. Do que conhecia de Avril, sabia que ela não falaria por livre e espontânea vontade, mas algo lhe dizia que tudo que ela precisava era de um leve empurrãozinho e alguém que soubesse andar naquele campo minado. E felizmente ele era alguém bastante experiente – Diga o que te atormenta.

- Tudo – respondeu ela, em uma sinceridade que a própria teve dificuldades em acreditar – Está tudo desmoronando.

Com suas habilidades desreguladas, Avril não se surpreendeu ao perceber que já fungava de leve, que sua mão direita ainda tremia de leve. Apenas sua mão esquerda envolvida pela mão de Stuart se mantinha estável, o calor que emanava do mais velho sendo o suficiente para controlar minimamente pelo menos aquele lado.

- Sabe, era difícil eu conseguir fazer uma visita quando eu precisava, mas eu sempre ia quando a situação ficava difícil – comentou ela, e Stuart assentiu, ele próprio tentando disfarçar os olhos que ameaçavam ficar marejados. Ele também entendia aquele sentimento, se sentia na mesma posição que a mulher. Eles sentiam que precisavam correr para alguém, e era exatamente para esse alguém que eles não podiam pedir mais socorro – Ela quis me socar quando eu disse que tinha entrado para a S.H.I.E.L.D., você lembra.

- Ela estava com medo de não ser o melhor para você, não que você não seria capaz – lembrou ele – Você sabe que ela sempre foi mais protetora com você do que comigo, ou até mesmo com a Sharon.

- Às vezes temo que ela estivesse certa, que a sua mãe também esteja certa – a confissão depois de um longo suspiro não pegou o homem despreparado, embora o nível de sinceridade talvez fosse algo novo – Que eu seja a origem dos problemas.

- É sobre o Tratado? – arriscou ele, estudando atentamente as reações de sua interlocutora – Ouvi a história por cima, não parece nada fácil para o lado de vocês.

- De certa forma, sim. É sobre o Tratado – foi a visão que Avril optou por abordar, que não estava por total errada. Aquela era uma fonte de suas dores de cabeça dos últimos dias, ou talvez apenas um bom agravante – Me colocaram em uma posição delicada demais, não sei mais se estou fazendo a coisa certa.

- Você acredita que seja?

- Tenho que acreditar – respondeu ela de prontidão, deixando claro a resposta pronta e sem mais convicção – Mas acho que falhei, de qualquer forma. Era crucial que toda a equipe assinasse, mas... Eu poderia tentar convencê-los, mas alguns estão fora do meu alcance, e eu nem tenho emocional para isso no momento.

Stuart assentiu e deixou que o silêncio se instalasse ao gosto de Avril, o único som produzido pela dupla sendo o barulho de seus sapatos na calçada. Avril parecia minimamente mais relaxada agora, mas ainda era visível todo o excesso de peso em seus ombros, e isso não fazia com que ele se sentisse melhor. Estava fora de seu alcance resolver os problemas da mais nova, o máximo que ele podia fazer era a ouvir.

Por isso ele resolveu testar a sorte.

- De quantas semanas você está? – a pergunta repentina fez com que Avril parasse de caminhar, Stuart ainda avançando dois passos até suas mãos entrelaçadas o puxar para trás. O homem até planejava manter a expressão neutra, mas o olhar amedrontado de Avril o obrigou a rir em compaixão – Que foi? Te conheço melhor do que você pensa. E eu tenho duas crianças e uma esposa grávida em casa. Já virei um expert em perceber isso. E não adianta me dizer que não sabe. Você sabe tudo.

- Cinco, eu acho – respondeu ela por fim, depois de abrir e fechar a boca diversas vezes e desistir de desconversar – A situação é mais problemática do que você imagina, e ela só piorou. Pensei que poderia resolver tudo antes de me preocupar com isso, mas... Algumas coisas acho que não tem mais conserto.

- Steve não sabe – assumiu ele, assobiando quando Avril assentiu – O timing dos acontecimentos está ótimo.

- Nem me fale...

- Você vai ter um filho com o Capitão América... – disse Stuart depois de um tempo em silêncio, um vestígio de riso em sua voz que atraiu o olhar nada humorado da mulher – Ah, não me olhe assim! Me deixa apreciar o momento!

O celular vibrando em seu bolso ganhou a atenção de Avril, que deixou Stuart falando sozinho para checar a notificação, levando o aparelho ao ouvido quando viu que era uma chamada de Sexta-Feira.

- Srtª Stark, acredito que queria checar as notícias.

- O quê?

- Avril – antes que a Inteligência Artificial pudesse responder, a mão de Stuart em seu ombro e seu tom de voz alerta fez com que ela esquecesse do aparelho que segurava, se virando para a mesma direção que o homem encarava. Do outro lado da rua havia uma loja de eletrônicos, com todas as telas da vitrine ligadas em um noticiário local – Meu Deus.

Em um piscar de olhos eles já tinham atravessado a rua, e Avril não sabia sequer dizer se Stuart tinha checado a movimentação dos carros. Os olhos da mulher estavam travados nas imagens aéreas e da destruição do ataque ao prédio da ONU.

- Stuart, preciso que me leve para o aeroporto. Agora.

- Você não pode ficar passando por estresse, Avril – argumentou o homem, institivamente segurando a mão de Avril com mais vontade, como se com algo tão simples fosse conseguir pará-la – Faz mal.

- Estresse já está na minha composição básica, a genética não falha.

Stuart acabou se dando por vencido, com ambos praticamente correndo para onde tinha deixado seu carro. O estacionamento já estava bastante esvaziado, o que significava que o funeral terminara a algum tempo, mas nada disso passava pela mente de Avril. Seus dedos não pareciam mais responder aos seus comandos, então ela passava todas as instruções verbalmente para Sexta-Feira. Ela não conseguia completar a ligação nem com Natasha nem com Petr, e Tony não atendia.

Apenas quando já estavam dentro do carro que Tony a atendeu, a mulher gritando assim que ouviu a voz do homem, ele soando um pouco menos alterado do que ela.

- Pai, o que aconteceu?!

- Onde você está? – Tony ignorou a pergunta da filha, disparando as suas próprias – Steve está com você?

- E-eu não sei onde ele está – respondeu ela, estranhando a motivação de Tony e aquela sensação de ter algo ainda mais errado fazendo com que ela se agitasse mais – Natasha. Ela está bem? Pete foi para a assinatura?

- Acabei de falar com ela, ela está bem. Pete ficou comigo, está todo mundo bem – Tony respondeu rápido demais, parecia querer apressar a ligação e ela não sabia dizer o motivo. Apenas quando foi continuar que o vingador diminuiu o ritmo, tomando cuidado de por o devido peso em cada uma de suas palavras para que não houvesse desentendimentos – Avril, quero que encontre o Rogers e fique com ele. Desliguem a TV e a gente cuida de tudo. Não dá para envolver vocês, ainda mais na sua situação.

- O caramba que eu vou fazer isso. Já estou indo para o aeroporto.

- Avril, não.

- O que você não está me contando?!

- A polícia já sabe quem foi o atacante, logo mais vai sair na mídia.

- E quem foi?

- James Barnes.

Avril em um primeiro momento ficou confusa, um breve silêncio se estendendo até entender o que acontecia.

- Bucky James Barnes?! Isso é ridículo, claro que não foi ele – sinalizando para Stuart entregar seu celular também, digitando com agilidade o número já decorado e colocando o aparelho na outra orelha – E agora é certeza que eu vou.

- Não é mais sua área, Avril. Você se aposentou.

- Me manda o Tratado e eu assino agora – respondeu ela de imediato – Se realmente foi ele, eu sou a mais indicada para a operação.

- Você é a menos indicada, ou já esqueceu que não pode mais de maneira alguma entrar em ação?

- Estamos falando do homem que me protegeu da HYDRA, que teria me devolvido para você sem pensar duas vezes se eu não fosse tão teimosa. Isso não vai ser discutido, eu sou a mais indicada – retrucou ela – Ele já me conhece, confia em mim, e eu tenho a vantagem de adiantar as ações dele. Mesmo se Steve assinar, não sabemos como ele vai reagir na presença dele.

- Você sabe que pelo o que ele fez, não vão tentar conversar, não é?

- Outro motivo para eu interferir – insistiu ela, grunhindo alto quando o outro aparelho da sua orelha cancelou a ligação pelo tempo de tentativa – Bucky não está me atendendo, mas não foi ele, pai. Eu sei o que eu estou falando.

- O que você quer dizer com...? Eu não acredito que você tem o número dele, Avril!

- Realmente pensou que eu deixaria ele solto no mundo sem supervisão? – devolveu ela – E ainda bem que eu não deixei, já que tem alguém tentando incriminar o menino!

- Onde ele está, Avril? – perguntou Tony, a voz séria deixando claro que não era momento para brincadeiras e jogos. Era questão de política internacional agora.

- Digo quando chegar em Viena, enquanto isso, você arruma meu retorno para a equipe – continuou ela, um pouco mais confiante quando ouviu o pai bufando do outro lado da linha, se dando aos poucos por vencido – Se você me deixar fazer isso por dentro da lei, talvez Steve aceite ficar no banco. Você sabe que ele vai ficar fora de si assim que souber o que está acontecendo, ele não vai nos dar ouvidos.

- É arriscado demais, Avril. Pare e pense no que está sugerindo. Você vai ser processada se assinar, você fez um acordo.

- Eu lido com o processo depois, sem problemas – devolveu ela, uma firmeza em sua voz que não condizia com o tremor que voltava para as suas mãos – Não é nada arriscado, fico só na conversa dessa vez. Barnes nunca me machucaria, pai. Grávida ou não.

- Você está dizendo isso em voz alta agora.

- Tentando me acostumar com a condição – respondeu ela, arriscando um breve olhar para Stuart, assentindo para ele continuar o caminho para o aeroporto – Não está ajudando.

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N/A: SEI LÁ VELHO, SÓ TO TORCENDO PELO MENOS PIOR CENÁRIO

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