Agente Morgan 5

By ThaQuake

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Depois de todas as lutas dos livros anteriores, as confusões ainda não acabaram. Natasha ainda vai precisar l... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Recadinho
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Elenco
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulos 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62 -"Luta ou fuga"
Capítulo 63
Capítulo 64 -"Pegar ou Largar"
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Curiosidades
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Elenco 2
Livro 6
Livro 6 postado

Capítulo 74

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By ThaQuake

Alfie.

Dois homens me levantaram do chão com brutalidade, agarrando os dois lados do corpo para me arrastar para fora daquela sala, já que minha perna estava machucada demais para fazer isso sozinho.
Fernando já tinha saído daqui com seus capangas, arrastando minha mulher consigo e não poder fazer nada me fez sentir que era o pior homem do mundo. Não consigo nem cuidar das pessoas que amo! Natasha não merece passar por tudo isso de novo, ser espancada, torturada...estou aqui desta vez, mas mesmo assim não pude fazer nada para evitar que isso aconteça. E como sempre, ela nem ao menos resistiu, num provável medo de que esses idiotas discontassem tudo em mim. Ela carregava um peso, pra que outras pessoas não precisassem fazer o mesmo.
Meu coração doeu ao imaginar seu sofrimento, e minha própria mente começou a me torturar com cenas dolorosas do que poderia acontecer nessa tal "sala de tortura".

-Levem ele para a sela! -diz Anton.

-Espera! Espera! -grito, esquecendo momentâneamente a minha dor. -Faço uma proposta!

Anton cruzou os dois braços em cima do peito, sinalizando para que seus homens deixassem de me arrastar em direção à saída, e então se aproximou de mim com um olhar curioso.

-Que tipo de proposta você poderia fazer? Trabalhar pra mim? -riu, e chutou a minha perna.

Gemi de dor, mas não desviei meus olhos dos seus.

-Nessas condições você não me serve de nada!

-Vocês estão buscando alguém para descontar, não é? Fazer valer a punição da máfia por inteferir nos seus negócios, né? Então me escolha!

-Está se oferecendo pra ser o "boi" do próximo abate?

-Sim, desde que ninguém faça mal pra Natasha. Ninguém! -reforço.

-Eu posso torturar os dois! Por que faria isso só com um?

-Você pode. -suspirei.

Anton colocou a mão no rosto, coçando a barba com um semblante divertido.

-Então está querendo pagar pelos pecados dela? -riu. -Você sabe que Natasha não vai simplesmente aceitar ficar presa, não é? Pelo que conheço da fama dela, ela vai tentar fugir. E quando isso acontecer, você vai pagar o preço!

-Estou disposto à pagar!

Ele riu ainda mais alto.

-Ah! Isso com certeza vai ser divertido! Imagina quantas vezes ela vai tentar escapar, reagir, sem saber que o maridinho dela está sendo espancado por isso? Vou amar ver a cara dela quando souber que foi a causa do seu sofrimento! Ou melhor...-semicerrou os olhos. -Ela não vai saber, quero ver até quando você vai persistir nessa idéia. Um teste de amor! -gritou. -Será que ele resiste à morte? Estou louco pra descobrir!

Permaneci em silêncio, sabendo que nada do que dissesse poderia valer alguma coisa naquele momento. A proposta foi feita e aceita, e não penso em voltar atrás na minha decisão, mesmo que isso me custe a vida, Natasha não vai mais sofrer. Não se puder evitar.

-Bom...vou fazer uma lista dos nomes que sua mulher assassinou, ou machucou hoje...se prepare, a sua noite vai ser longa...

(...)

Cuspo sangue no chão branco da sala, que já não tinha mais essa cor graças à quantidade de manchas feitas pelo meu sangue. Meu corpo doia, minha cabeça latejava, mas continuava mantendo os olhos abertos, pronto para mais um soco do sujeito à minha frente.
Fechei os olhos quando vi sua mão traçar um novo percurso no ar até a minha costela, em cada dedo, havia um anel cravejado de pedras pontiagudas, que perfuravam minha carne como se fosse uma flor sensível. De encontro ao meu pulmão, o soco fez o ar sumir por alguns segundos e precisei erguer a cabeça em busca de oxigênio.
Uma tontura começava à me invadir, e tudo ao meu redor não fazia mais sentido à muito tempo, as coisas estavam confusas e a vontade de me entregar ao cançaso ficava cada vez maior.
Em menos sete horas, Natasha já tinha tentado escapar duas vezes e agredido dois guardas. Como? Não tenho a mínima idéia, mas eles faziam questão de me informar o motivo da próxima tortura toda vez que ela fazia alguma coisa.
Antes de receber mais um golpe, um homem de rosto conhecido adentrou a sala rindo de forma escandalosa, e interrompeu a tortura por alguns instantes:

-Ela fez mais uma! -riu. -Vai matar o próprio marido!

-O que foi desse vez? -indaga o meu torturador, retirando os anéis do dedo.

-Cuspiu na cada do Fernando e tentou enforca-lo! -diz, sorrindo. -Ela fez o que todo mundo aqui queria fazer!

-Ok. Pode sair agora. -diz, escolhendo um novo item da mesa.

-Não! Espera! Tenho um recado do chefe! -ele mostrou a tela do celular.

Minha visão estava embaçada demais, então mal pude distinguir o que havia nas suas mãos, quanto mais na tela?

-Está vendo isso? É um presentinho dele pra você! O julgamento deles vai ser em duas horas e o chefe quer que você deixe o cara aí bem apresentável para a esposa. -riu. -Ele disse pra usar isso...está na última sala à direita...

-Quantos graus? -intervém.

-Cinco graus abaixo de zero, mas você pode regular.

-Otimo. -o sujeito olhou pra mim. -Você deve amar mesmo essa mulher...

Ele riu e pediu ajuda ao outro cara para me levantar do chão.

-Sabe o que minha ex mulher fez comigo? -questiona, abrindo a porta da sala com uma das mãos. -Dormiu com o meu vizinho. Foi aí que aprendi que mulher nenhuma vale a pena! Você deveria repensar sua decisão sobre...

-Acredite...-interrompi, até falar estava difícil. -Ela vale...a pena...

-Um rostinho bonito a gente encontra em qualquer lugar! -disse. -Ninguém é insubstituível.

Suspirei audivelmente, tomando fôlego para responder a sua fala, mas percebi que não era inteligente continuar gastando minhas enegias num diálogo com aquele cara. O mais sensato agora é me preparar para mais sessão infindável de tortura e não ligar para as idiotices dele.
Desliguei minha mente do que estava acontevendo ao meu redor por alguns segundos, lembrando de uma técnica que minha mulher usou durante anos nos tempos que passou desaparecida. Um dia ela me disse que se entregar ao cansaço nos momentos certos não era um ponto negativo na hora de tentar permanecer vivo, ao contrário, isso dava ao corpo, mesmo que por pouco tempo, un período para recuperar forças.
Meus olhos se abriram novamente depois de algum tempo, graças ao choque que se espalhou pela minha pele. Acordei bruscamente, sentindo todo o meu corpo queimar: estava nú, dentro de uma banheira cercada de pedras de gelo.

-Quietinho ai! -branda o cornudo torturador, percebendo que a qualquer momento saltaria daquela banheira. -Não quer tomar um banho?

Pensei em responder, no entanto, ainda não tinha disposição o suficiente pra isso. Fechei os olhos, tremendo de forma involuntária pelo frio, e ouvi voz da Natasha ressoar na minha cabeça: "não morra".
Ótimo, agora estou ficando louco. Será que essa é a luz no fim do túnel?

"Não morra, idiota."

Bom...essa luz parece tão simpática quanto a Natasha. Enrrugo a testa, tentando ignorar as agulhadas percorrendo pelo meu corpo. Por favor...que isso acabe logo...

(...)

Abro os olhos de vagar, mal sentindo cada extremidade do meu corpo, minhas pálpebras estavam pesadas e apesar de aparentemente não estar mais no mesmo lugar, o frio parecia ainda não ter passado.

-Pai! -exclama Alisson. -Gente! Ele acordou!

Viro à cabeça alguns centimentro, demorando alguns segundos para conseguir focar a visão sobre o rosto da minha filha.

-Alisson...-sorrio un pouco, tentando dizer que estava tudo bem.

Ela estava séria, mas pequenas gotas de lágrimas teimavam em se acumular no canto do seus olhos, deixando claro que a minha pequena estava se esforçando em ser forte.
Um pouco mais recuperado, movi minha mão até a sua e acariciei ela com os meus dedos.

-Alfie! -diz Jamie, se aproximando. -Você está bem? Está com dor?

-É claro que ele não está bem, idiota. Não está vendo? -resmunga Natalia, buscando um lugar naquela confusão de rostos sobre mim. -Consegue sentar, pai?

Movimentei a cabeça, concordando.

-Preciso de ajuda.

Jamie se propôs à ajudar, colocando uma mão nas minhas costas e empurrando de leve o meu troco até que estivesse apoiado na parede.

-O que fizeram com você? -indaga Natalia.

-Não é óbvio, gênia? -murmura Jamie

-Parem de brigas. -interrompe Alisson, seca.

-É o cúmulo, agora a pirralha é a voz da razão. -ironiza Jamie.

-Estou bem...-intervenho, antes que eles começassem uma briga ali mesmo. -Onde está a mãe de vocês?

-A mamãe está aqui?! -indaga Natalia, surpresa.

-Sim...era pra ela...

-Colocaram ela em outra sala. -responde Alisson.

-E como sabe disso? -Jamie enrrugou a testa na direção dela, confuso.

-Ouvi a voz dela...muito longe daqui, gritando...-responde Alisson, apreensiva. -Vocês teriam ouvido isso se não estivessem brigando o tempo inteiro.

-Gritando...? Tem certeza...? -indago.

Meu coração acelerou.

-Não...-admite. -Mas parecia muito a voz dela...

-Onde está o resto do pessoal? Jessica?

-Em outra sela. -responde Natalia.

-Precisamos armar um plano e sair daqui! -falo, certo de que em breve as coisas ficariam ainda piores.

-Ah, quanto à isso...um cara apareceu aqui... -diz Jamie. -Foi ele quem colocou nós três na mesma sela...parece que ele trabalha com um tal de Mancini.

-Mancini? -enrrugo a testa. -Por que ele está interessado em nos ajudar?

-Não sei...mas me pareceu sincero. -diz Natalia.

-E devemos acreditar? -fala Jamie. -Tenho minhas desconfianças...

-Precisamos. -responde. -É a nossa melhor chance...

-Ele disse mais alguma coisa? -indago.

-Disse que vai tirar a gente daqui. Que o pessoal deles está à caminho, mas que vão precisar de algum tempo para se infiltrar no prédio e conhecer todas as entradas e saídas.

-Quantas horas?

-Ele não disse...

Bufo, meu coração se apertava dentro do meu peito. Se Alisson ouviu o grito da mãe, provavelmente Natasha esteja ainda pior do que eu...não tinha certeza se eles realmente cumpririam a palavra sobre deixar ela em paz...apenas torci para que isso fosse real. Mas agora o meu coração era mais uma parte dolorida do meu corpo, com o simples maginar de ver ela lidar novamente com todo aquele sofrimento de meses atrás. Por que as coisas nunca podem ser mais simples pra gente?

-Pai? -chama Alisson, passando uma mão em frente ao meu rosto. -Terra chamando!

Pisco duas vezes, retornando à realidade. Independente do que ela estivesse passando, não havia mais nada que pudesse fazer à seu favor, a única coisa ao meu alcance é proteger os nossos filhos. E nisso não vou falhar.

-Ei! Ainda bem que você acordou! -murmura uma voz.

Nós olhamos em direção às grades, e imediatamente reconheci a figura do homem que passou tantas horas me proporcionando dores inimagináveis.

-Ele está fraco! -diz Jamie, se colocando na minha frente.

-Calma, rapaz. Não vim chamar ele, preciso levar todos vocês dessa vez. O chefe quer falar com todo mundo!

-Pra onde?! -indaga Natalia.

-Não tenho que dar satisfações, garota. Saiam dessa sela, antes que descida tira-los daí à força! -murmura sem paciência, abrindo as grades.

Suspiro pesadamente, aceitando mais uma vez a ajuda de Jamie, e usando o seu corpo como apoio para permanecer em pé. Do outro lado, estava Natalia, que se ofereceu para me ajudar assim que consegui levantar completamente. E Alisson, caminhava à nossa frente com os braços rentes ao corpo, mantendo os olhos uma hora no homem desconhecido e na outra em nós três.
Sorri internamente quando percebi minhas duas filhas olhando ao redor de modo disfarçado, claramente decorando os máximo de detalhes possíveis do caminho. Uma parte de mim estava feliz por saber que elas tinham aprendido e ouvido os conselhos que Natasha e eu damos em casa. Um deles sempre foi: "nunca deixe que um lugar seja deconhecido pra vocês, as informações estão nos detalhes".
Não demorou muito, e nós saimos dos corredores e adentramos uma nova sala, mas essa era diferente de todas as outras que vi durante minha curta estadia aqui. Como as outras, era extremamente espaçosa, porém metade dela estava separada por um vidro que se estendia de uma parede à outra, sem deixar uma única brecha de passagem para o outro lado. Provando que o que havia depois do vidro era um salão de treinamento, um grupo de homens adentrou por uma das porta laterais e em questão de segundos, já estavam lutando entre si.
Meus olhos se desprenderam da briga quando duas figuras adentraram por uma porta lateral da sala, minha primeira reação foi saltar de felicidade ao perceber que aparentemente Natasha não tinha nenhum dano físico, mas foi somente quando nossos olhos se cruzaram que identifiquei que alguma coisa estava errada. Enrruguei a testa na sua direção, usando da típica linguagem silenciosa que nós dois tinhamos desenvolvidos ao longo desses anos para perguntar o que estava acontecendo, no entanto, ela simplesmente desviou os olhos frios de mim e encarou o sujeito ao lado dela. Todos estavamos na sala, a espera que alguém tomasse a iniciativa de falar.
Continuei observando a minha mulher, sua postura estava rígida, e os seus olhos refletiam o seu estado de ânimo: raiva, pura raiva. Algo nela estava diferente, como se tivesse sofrido a pior de todas as dores, mas meu cérebro cansado não conseguia saber o que era, ainda mais porque seu corpo não parecia ter sido alvo de torturas.

-Ei? Porque esses rostos sérios?-indaga Anton, rindo. -Alegrem-se! Porque a amiga de você conseguiu o que tanto queria! Um duelo!

-Um duelo?! -indaga Diogo, impulsivo como sempre. -De novo?

-Isso mesmo...nós fizemos um trato.

-Que tipo de trato? -indaga Natalia.

-Esse não era o combinado. -diz Natasha, irritada.

-Agora é...-Anton sorriu. -Podem trazer ele!

Dois homens entraram na sala arrastando Aidan, que se debatia nos braços dos brutamontes tentando ficar livre do agarre, movendo os braços com brutalidade. Natasha arregalou os olhos, aparentemente surpresa.

-Seu filho da...

-Isso se chama inteligência. Minha querida. -intervém Anton. -Achou mesmo que não conseguiriamos entrar naquela sala? Seu filho nem tem treinamento! Foi tão fácil como tirar doce de uma criança!

Ele fez uma pausa dramática, se aproximando do rosto dela.

-Agora é você quem está nas minhas mãos...o jogo virou, não é?

Não estou entendendo mais nada, o que Aidan faz aqui? e de que assunto eles estão falando?

-Para esclarecer aos telespectadores. -granceja Anton. -Você estão prestes à ver a luta do século! Vinte homens contra uma mulher!- riu, e apontou uma câmera dentro da sala do outro lado do vidro. -Não só vocês, a máfia inteira também verá. Isso vai gerar um bom lucro na rede de apostas...um duelo até a morte!

Meu coração acelerou.

-Ela não vai lutar! -me adianto.

-E você vai lutar no lugar dela? -debocha Anton. -Não consegue nem se manter me pé!

-É suicídio! -diz Sara. -Ela não pode porque...

-Nós já sabemos das condições dela, loirinha. -interrompe ele. -É justamente isso que torna as coisas mais divertidas!

-Você é louco! -mumura Agus.

-Um pouco, talvez...mas uma morte sempre foi mais fácil de acobertar...e decidimos que no momento, Natasha é a única que apresenta riscos evidentes. O resto de vocês vão ser dispensados. Quero que vejam a amiga, mulher, ou mãe de vocês sendo espancada até a morte e aprendam que não devem se meter no nosso caminho! -ele encarou o rostinho assustado de Alisson. -Mas, como não sou um monstro, vou deixar vocês se despedirem! Fiquem calmos, não são 20 pessoas ao mesmo tempo, afinal nós queremos que isso dure pelo menos alguns minutos! A proposta é que sejam 20 duelos! A luta começa em dez minutos!

Dizendo isso, ele sinalizou com a cabeça a porta atrás de si e arrastou os homens que seguravam Aidan consigo, fechando as portas com força e chaveando elas por fora.
Natasha continuava com as mesmas feições, mesmo depois de estarmos apenas entre amigos. Todos já tinham percebido que alguma coisa estava errada, mas ninguém ali quis perguntar o que era.
Alisson foi a primeira à se manifestar, correu ao encontro da mãe e se agarrou à ela num abraço apertado, contendo soluços de choro. Ela estava assustada.

-Vai ficar tudo bem...-sussurra Natasha, no ouvido dela.

No silêncio, todos conseguiamos ouvir:

-Mãe! Não entra lá! Por favor!

-Ei...Lis...-Natasha se afastou dela, com um rosto um pouco mais ameno. -Eu já prometi alguma coisa que não cumpri?

Alisson confirmou com a cabeça, e Natasha revirou os olhos.

-Você me prometeu um porco!

-Era um javali. -corrijo.

-O porco não conta. -se defende Natasha. -Escuta...prometo dar o meu máximo lá dentro...ok?

-Não minta pra gente, mãe. -diz Natalia. -São vinte homens!

-As chances são estatisticamente baixas. - diz Jessica, se aproximando dela.

-Crianças...-sorri fraco. -Quando era mais novo...aprendi que com essa mulher...nada é impossível....

Natasha sorriu minimamente na minha direção, e notei a dor presente nos seus olhos.

-Você volta?-indaga Jéssica, sussurrando tão baixo que mal conseguiamos ouvir. -Tem que prometer pra mim...

-Prometo que vou tentar...

-Tentar não é o bastante! -reclama.

-Mas é o que posso fazer.

-Mãe? -chama Aidan. -Desculpa por ter falhado...é culpa minha...totalmente minha...se não tivesse falhado você não precisaria entrar lá! Nós teriamos o controle da situação e...

-Eu te pedi pra apontar um arma pra cabeça do presidente.

É o quê?!

-Num prédio cercado de agentes com anos de carreira! Não se cobre tanto, Aidan. O plano tinha grandes chances de dar errado, e eu sabia.

-Mesmo assim... -suspirou.

Me aproximei um pouco mais dela, sentindo e aquela era a minha hora de poder falar:

-"Não morra, idiota".

Ela franziu a testa.

-Eu ouvi você dizendo isso na minha cabeça.

-Quantos socos você tomou, Kansas? Tem certeza que está bem?

-Deixa pra lá...-peguei a mão dela.

Eu não queria que fosse assim, mas toda essa conversa parecia uma despedida. Todos os fatos indicavam que provavelmente Natasha não sobreviveria aos duelos, e isso doía mais do que as surras que tinha levado. Meu coração parecia estar sendo esmagado, mas não podia derramar lágrimas naquele momento, isso só desesperaria ainda mais os meus filhos.

-Não esqueça de lutar. Ta? -digo.

-Não vou desistir...-garante, e depois se virou para os nossos amigos.

A maioria estava chorando.

-Não chorem. -murmura séria. -Isso não é um enterro! Coloquem um pouco mais de créditos em mim, poxa!

Sara se jogou no pescoço dela chorando e ignorou totalmente os protesto da amiga.

-Loira, vou voltar e você ainda vai me torturar semanas dentro de um shopping, ok? -fala.

As duas se afastaram, rindo baixinho.

-Toda loira tem a sua morena. -diz Sara, se afastando para dar lugar ao resto do pessoal.

Natasha revirou os olhos, provavelmente percebendo que teria de se despedir de cada um como se correspondia. Ela definitivamente odeia essas coisas.

-Não morra, docinho. Você ainda me deve uma garrafa de vinho. -diz Oliver.

Um à um, cada pessoa da sala foi se despedindo com lágrimas nos olhos, tornando o clima ainda mais triste do que já estava. Faltando uma única pessoa para encerrar as despedidas, nós olhamos para Katye, esperando que ela dissesse alguma coisa.

-Por que estão me olhando? -indaga, de braços cruzandos. -Odeio despedidas. Todo mundo aqui está chorando como se ela fosse morrer! Eu em! Ela é uma Brook, e nós não desistimos fácil! Então enxuguem essas lágrimas e coloquem um sorriso no rosto minha gente! Chega de drama!

-Finalmente alguém sensato nessa sala! -comemora Natasha.






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