Capítulo 78

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Sorri como uma criança pequena, vendo a banheira transbordar ainda mais quando movimentei as pernas para me acomodar melhor. Meu cabelo estava preso num coque, e minha cabeça inclinada sobre o ombro do caipira, que traçava linhas imaginarias pela minha barriga por debaixo da água.

-Acho que você encheu demais. -digo, quando mais espulmas começaram a vazar pelas laterais.

-O plano era tomar banho sozinho. -explica.

Enrruguei a testa.

-Está me expulsando?

-Não começa, Natasha. -mesmo sem ver, sabia que ele estava revirando os olhos. -Sabe que adoro tomar banho com você.

-Aé? Por que será? -sorri maliciosa.

-Para com isso.

Levantei um pouco o rosto para encarar o dele.

-Quando você vai parar de ficar vermelho por essas coisas? É normal um casal fazer...

-Você adora me torturar. -intervém.

-Está ouvindo isso? -pausei. -Estamos sozinhos! E ninguém pode ouvir nada! Não precisa ficar com vergonha!

-Melhor, assim podemos conversar sem interrupções.

-Conversar? Estamos nús numa banheira cheia de espuma, e você quer conversar?

-É importante.

Reviro os olhos.

-Isso também é.

-Natasha...

-Fala logo...-bufo.

-Você ainda não me contou como se recuperou, e como conseguiu acabar com aqueles homens daquele jeito. Já te vi lutar muitas vezes e aquilo foi...impressionante.

-É uma longa história.

-Temos tempo.

-Foi na Inglaterra...encontrei com algumas pessoas do meu passado, precisei me defender e pela primeira vez em meses consegui.

-Por que não me contou?

-Porque foi só aquela vez. Depois daquilo simplesmente não consegui mais lutar! Fui ao médico, fiz exames e ele constatou que meus tímpanos já estavam curados. Totalmemte novos. Foi aí que uma hipotese surgiu: psicológico.

-Você tinha medo de lutar?

-Medo de precisar passar por mais coisas. -explica. -Lutar sempre me trouxe problemas...acho que uma parte de mim queria esquecer que ela existia para evitar mais percas...não funcionou.

-Acha que precisa ir ao psicólogo?

-Não. Já estou melhor. -suspirou. -Consigo lutar sem impedimento algum. Acredite, tudo foi solucionado.

-Solucionado? Tem certeza?

-Absoluta. -bufei, sabendo que ele queria mais explicações. -Foi quando perdi o nosso...filho...que...percebi que nada daquilo teria acontecido se tivesse lutado.

-Não foi sua culpa. -murmura.

-Não totalmente. - corrije.

Uma voz interrompeu a conversa:

-Mãe?!

-Aidan? -indaga Alfie. -Ele não deveria estar na casa do Simon?

-Pai? -outra voz chamou.

-Eddie...-Natasha suspirou. -Parece que os seus filhos descidiram fazer uma visita.

-Já estamos saíndo! -grita Alfie, respondendo as batidas deles na porta.

Agente Morgan 5Where stories live. Discover now