Capítulo 65

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     Adentro a cozinha da base descalça e sem me importar de ainda estar de pijama, já que é cedo demais pra alguém aparecer por aqui. O cheiro de café invadiu minhas narinas assim que atravessei o batente da porta, e meus olhos rapidamente captaram Alfie de costas pra mim.
     Apoiei o peso do corpo na bancada que separava a cozinha das mesas, e encarei seu tronco sem camisa. Como ele consegue? São musculos demais pra um corpo só.

-Bom dia. -murmura Alfie, sem se virar.

-Como sabia que estava aqui? -estranho.

-Aprendi com a melhor. -ele virou, despejando café na xícara em cima do balcão. -Não funciona sempre...mas as vezes consigo sentir a sua presença...

    Semicerro os olhos, analisando suas expressões.

-Você está mentindo. -falo, vendo ele rir levemente.

-É o seu perfume. -explica, sincero.

     Reviro os olhos.

-Conta outra, Kansas.

-É verdade! Foi presente meu, lembra?

-Então tenho um farejador ambulante? -ri, pegando a xícara que ele ofereceu.

-Já acordou chamando o seu marido de cachorro?

-É você quem está dizendo...-sorrio de lado. -Por que está acordado à essa hora?

-Você também está. -revida.

-Estava procurando você. Senti a sua falta na cama.

-Vim fazer o café. -mente descaradamente.

-Por que desconfio que você nem dormiu? -semicerro os olhos

-Passei a noite em claro. -admite, num suspiro.

-E posso saber o porquê?

-Estava procurando uma solução para o seu problema...-explica, levando a xícara de café aos lábios. -Mas ainda não encontrei nenhuma saída que leve à sua cura.

-Não deveria rachar a cabeça por conta disso.

-É involuntário. Acho que não vou conseguir descançar até achar.

-Pode ser que isso nunca aconteça.

-Por que está sendo tão pessimista?

-Não é pessimismo. Só prefiro não aumentar as minhas expectativas. Já imaginou se coloco todas as minhas esperanças nisso e no final não da certo?

-É...seria mais um baque... prefere que não comente mais isso com você?

-Eu agradeceria.

-Só tem uma coisinha que preciso antes não precisar falar mais no assunto...-sonda.

-Que seria?

-Algumas amostras do seu sangue...

-Kansas...

-Já sei! -intervém. -Você odeia brincar com essas coisas, mas dessa vez é necessário, ta? Prometo tomar cuidado e não deixar nenhum maluco com ela!

    Bufo.

-Quando tiramos?

-Pode ser depois do almoço, todo mundo vai estar ocupado demais conversando, e nós podemos sair pra fazer isso.

-Você sabe tirar sangue? -estranho.

-Quem você acha que vacinava as vacas?

-Espero que não esteja me comparando com uma vaca.

Agente Morgan 5Onde as histórias ganham vida. Descobre agora