CABARET

By JikookerTrouxa

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𝕵𝖎𝖐𝖔𝖔𝖐 𝖋𝖎𝖈! ⚣ A que ponto você conseguiria chegar por dinheiro? Ou mais precisamente, por necessidad... More

[E.L.E.N.C.O]
[P.I.L.O.T.O]
[2] MARGARITA
[3] MOJITO
[4] PIÑA COLADA
[5] SEX ON THE BEACH
[6] COSMOPOLITAN
[7] CUBA LIBRE
[8] PISCO SOUR
[9] NEGRONI
[10] MARTINI
[11] MOSCOW MULE
[12] WHISKEY SOUR
[13] VODKA
[14] MANHATAN
[15] APEROL
[16] RUM
[17] TOM COLLINS
[18] CAIPIRINHA
[19] SHERRY COOKING WINE
[20] CHIVAS COLLINS
[21] SAZERAC
[22] LADY WINTER
[23] WHITE RUSSIAN
[24] BELUGA
[25] PENICILLIN
[26] CLERICOT
[27] BERRI BLOSSOM
[28] LAGUNA
[29] CHAMPAGNE COCKTAIL
[30] PAINKILLER
[31] DARK 'n' STORM
[32] LONG ISLAND ICE TEA
[33] JUNGLE BIRD
[34] DU ALASKA

[1] BLOODY MARY

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By JikookerTrouxa

.°○◎˙● Confusão ●˙◎○°.

Ano após ano pessoas de todas as faixas etárias vem para os Estados Unidos em busca de duas coisas, estabilidade e amor.

Em outras vidas, outros casos, eu até poderia ser uma delas, mas já que eu não tive o privilégio de alguns de nascer com estabilidade e muito menos com amor, como o reles mortal que sou direcionei meu foco para a primeira da lista, já que encontrar o amor não é tão fácil quanto construir um bom currículo. Geralmente.

Os mirantes pesados me faziam sentir que as horas extras não planejadas e o trabalho de ontem refletiram no meu corpo da pior forma.

Piscadelas consecutivas eram consequência da luz forte que entrava pela janela do meu pequeno flat de esquina na cidade de Los Angeles.

O corpo cansado e amassado, sem falar nas péssimas condições em que eu me encontrava, roupas do trabalho, já que não consegui me trocar na noite anterior e sapatos ainda nos pés, um verdadeiro desastre.

Meia hora para estar na aula e eu nesse estado. Primeiro um banho, depois escovar os dentes, arrumar o cabelo, me vestir e comer, depois eu penso em sair de casa planejei o mapa mental na minha própria mente. A ironia da vida é que eu sou bolsista, ou seja pontualidade conta.

Dei um pulo da cama e tratei de já resolver as minhas pendências matinais. O celular vibrou na minha mão identificando uma mensagem recebida.

Jungkookie: BOM DIA TAMPINHA.

Jungkookie: Não viu a minha mensagem de boa noite, você dormiu cedo?

Apenas visualizei.

Jungkookie: Quer carona pra aula?

Jungkookie: Por que tá me ignorando? Da pra ver quando visualiza.

Não seja por isso: retirei as visualizações ativas.

Jungkookie: Não adianta tirar a visualização criatura eu sei que tá aí.

Jungkookie: Tanto faz, tô passando aí.

Saco de menino chato.

Me: Então vem rápido, estou atrasado.

Jungkookie: kkkkk sabia. Chegando aí.

Saí rápido de casa e desci o prédio velho quase me jogando da escada, literalmente. Hoje não querido, perco a bolsa mas não pego carona com o bundão.

Apesar do tempo a energia que eu gastei correndo até a primeira estação valeu a pena. Peguei o metrô a tempo, vitória, finalmente nessa vida de cão.

Jungkookie♡: NÃO vou te perguntar a razão de você não estar em casa, quando disse que estaria me esperando.

Jungkookie: Deve ter uma ótima explicação pra me dar.

Me: Nem a pau eu entro nesse carro.

Jungkookie:??????amada?????? Andou mais nele do que eu.

Me: Não quero saber, não sou seu amigo.

Jungkookie: QUE?

Me: Isso mesmo, não quero saber, nem de você nem do seu carro fedido.

Jungkookie: Ou devagar aí meu parça , de mim pode até falar, mas não fere os sentimentos do tumulto'.

A mas eu não vou discutir mesmo. Desci na estação que eu queria e é só mais um cooper até o colégio e eu tenho exatamente quatro minutos, para correr três quadras. O que pode dar errado?

Enquanto eu corria como o ordinário que sou um Boxter conversível reduziu a velocidade ao meu lado e um Jungkook sensual de óculos escuros às sete e muitas da manhã direcionou o olhar pra mim. Inferno.

- Quer carona? - perguntou com o cinismo característico da sua própria personalidade.

- Quero nada, sai de mim.

- Para de correr menino, entra no carro.

- Já falei que não - disse limpando o suor da testa, poxa estava bem difícil manter a pose.

- Você é louco, o que tá acontecendo com você? Pode me explicar? Seu ataque de pelancas?

- Não vai me deixar em paz?

- Não, nunca deixei - sorriu galante.

Na minha cara de cachorro velho não me deixava mentir nada mais do que raiva era a expressão que eu tinha.

- Faz o seguinte, pergunta para a sua namorada que passa o dia engolindo criancinhas e depois fala comigo. Antes disso não.

Desacelerei os passos para descansar e repousei as mãos nos joelhos, com a cabeça caída em cansaço. O carro parou e ele abriu a porta esperando que eu entrasse. Há! Tá fácil que eu vou.

Abaixou um pouco as lentes dos seus óculos escuros e me olhou por cima do mesmo, com aqueles olhos... aqueles olhos de galã filho da mãe que só ele tem. Mirou a mão para mim e moveu apenas o indicador na tentativa de me atrair pra perto.

Mas como nessa eu não caio faz anos eu apenas joguei o meu melhor dedo do meio e me coloquei a correr de volta ao colégio que estava localizado pouco a frente.

- Você fica lindo correndo - ouvi ele dizer por último e arrancar o carro ao lado, fazendo aquele barulho gritante de acelerador de carro de mauricinho.

- BUNDÃÃO! - gritei, e não me julguem, não teve nada que poderia me fazer um Park Jimin mais satisfeito.

Ao atravessar o grande arco que marcava a entrada do enorme Sierra Canion High School um belo prédio de época onde antes fora localizada a prefeitura da cidade e agora a mal assombrada escola em que eu sou bolsista.

A bela arquitetura da construção levava um ar mais puxado para os tempos do romantismo na arte. As cores bege brilhavam bastante em contato com o sol. Tão igualmente minha testa suada.

Logo em frente meu amigo me esperava com um livro nos braços e uma expressão desgostosa na cara.

- Correu uma maratona querido? - proferiu se referindo ao meu estado atual completamente combalido e exausto.

- Por aí - disse novamente abaixando tentando buscar a maior lufada de ar possível para dentro de mim.

- Por que não ligou para o Jungkook te buscar? - e em um deslize eu estava totalmente revigorado e armado com a minha total força anti-Jungkook.

- E-eu quero saber o por quê de todos acharem que eu preciso de um pamonha daqueles pra cuidar de mim.

- Eu com um pamonhão daqueles olha - apontou para o homem maravilhoso que se deslocava por dentro dos muros, assim como se tudo aquilo ali abaixo dos seus pés fosse dele, com todos os olhares voltados para si. Uma verdadeira cena de filme.

- Nós não somos amigos mais - disse convicto.

- Haham eu sei, até dar o primeiro horário e ele vier te dar um beijinho de desculpas.

- Não vai funcionar dessa vez - menti.

- Ai, eu amo um clichê - Taehyung falou baixo, com seus olhos sorridentes para mim.

- Disse o quê ? - falei limpando o suor do meu rosto.

- Disse que você tá um nojo - mentiu me puxando para dentro me tornando um tropeço ambulante - Vêm comigo, eu tenho uma blusa extra no armário, você está igual a um pano molhado.

- Ah, é só um dos grandes privilégios de ser eu.

- Olha só essas olheiras, garoto, vou ter que te levar pra eu cuidar, vê só esse desastre - falou empurrando a porta do vestiário masculino.

Me colocou em frente a pia e abriu sua bolsa tirando de lá uma das blusas sociais do uniforme obrigatório da escola.

- Eu não estou em uma ótima fase, digamos assim - falei.

Taehyung abriu seu armário tirando uma toalha de lá e ao fundo eu escutei a sirene do primeiro tempo de aulas.

- Acelera, toma um banho - jogou uma toalha de algodão em minha direção.

- Tá bem - fui andando até um dos chuveiros e já despido comecei uma esfregação rápida.

- Olha, não pode continuar vivendo assim menino. Deveria sair daquela cafeteria, já começou a afetar os seus estudos.

O óbvio finalmente saiu de um dos espelhos que eu não poderia evitar, Kim Taehyung, totalmente e claramente preocupado, sem contar um toque de irritação em teu tom.

Não é como se eu não pensasse nisso, essa ideia passa o tempo todo pela minha mente.

- Não é tão simples quanto parece Tae - reparei cabisbaixo.

- Eu sei que não - amansou a voz me olhando nos olhos com a feição ainda séria e tão firme quanto a minha.

- E se sabe, também sabe exatamente a minha posição. Não tenho aonde me apoiar se eu arriscar cair. Não tenho ninguém. Não tenho nem onde cair morto. Mesmo estando difícil pelo menos está estável, e assim eu pretendo ficar - completei torcendo a maçaneta e assim cortando a água que caia pelo meu corpo.

- Pode contar comigo, e com o Jungkook, e com o Namjoon, você pode achar que não, mas tem amigos- declamou ofendido.

- Eu tentei contar com o senhor perfeitinho Jeon Jungkook dono da porra toda ontem, mas adivinha?

Não obtive resposta alguma além de um olhar penoso e desistente.

Me dói sentir o tom do meu amigo tão sensível, mas verdade seja dita:

- Tae não é por nada não, amizade não paga contas, infelizmente.

- Eu sei - baixou o olhar cessando assim a conversa em um ponto final.

Alguns poucos minutos silenciosos se passavam enquanto eu me secava e colocava a roupa no corpo. No momento em que eu colocava a blusa do meu amigo no corpo eu vi seu olhar se levantar brilhante em minha direção.

- JIMIN!

- Aí, não grita caralho! Que isso meu pai.

- Jiminzinho - continuou macio, com a mesma empolgação precedente.

- Fala - exprimi incerto sobre deixar ele continuar - Ah não, eu conheço esse olhar, e conheço muito bem, é o mesmo de quando você tinha as ideias de pichar algum muro, ou invadir algum cemitério à noite, ou até pichar um cemitério à noite, então me erra.

- Não criatura, não tem nada disso - falou abotoando os botões de sua blusa em mim, que ficava bem grande por sinal - eu tive uma ideia brilhante.

- Lá vem - virei os olhos esperando a bênção da fada.

- E se eu, Kim Taehyung, seu melhor amigo, seu parceiro, seu lindo - fiz minha melhor expressão de tédio.

- E se você o quê garoto, agiliza.

- E se eu te arrumasse um emprego onde eu trabalho?

- Naquele carrapateiro onde você trabalha? - eu ri.

- Não é um carrapateiro, ridículo, você nunca nem foi lá.

- Mas já ouvi falar, não é um bordel?

- Ficou doido garoto? - a ofensa era palpável em si.

- Tô brincando tonto - ri - eu não sei Tae, e se não der certo?

- Se não tentar não vai saber.

- Se eu não tentar não vou ter prejuízo você quis dizer, certo? - sorri quadrado para o rapaz de olhos brilhantes e esperançosos a minha frente.

Já vi uma expressão mudar rápido, mas a cara de mau de agora me assustou.

- Pois então você vai passar o resto da sua vida servindo café naquele lugar que você odeia - praticamente cuspiu as verdades na minha cara, como eu disse, um irrefutável espelho, do qual eu não posso fugir.

Sabendo que seu argumento irrefragável e sua determinação estavam tão certos quanto poderiam sobre o que eu mesmo pensava lá no fundo decidi lhe dar a única resposta plausível.

- Ta bom - concordei.

- Ta bom?

- Sim. Pode tentar arrumar pra mim um serviço junto contigo.

- Eu não acredito que eu venci uma discussão contra Park Jimin - colocou as mãos para o alto em sinal de graças.

- Eu também não - ri em desistência.

Seu sorriso quadrado também aumentou para mim. Eu não acho fácil, mas no fim das contas ele quem tem razão.

São tantas marcas que me fizeram o que eu sou agora, as quais não tenho chance de apagar, um adolescente completamente apático e revoltado. Mas pelo visto a ideia é ter alguém para ajudar a substituir as velhas lembranças pelas novas.

Enquanto fechava o armário onde eu depositei a minha blusa suja o ecoar da sirene do prédio denunciava o fim do primeiro turno o que fez eu e meu amigo apertarmos o passo para sair de uma vez daquele banheiro.

Enquanto alguns garotos entravam nós nos dirigimos para fora do ambiente.

- Se a gente for rápido para dentro da sala o próximo professor pode não dar conta da ausência - falei ajeitando os punhos da camisa.

- Tá bem - acelerou junto a mim em passos grandes - mas a gente ainda não pegou nada nos armários.

- Merda - dei meia volta - vamos - disse fazendo o retorno segurando seu pulso.

Abri o meu enquanto Taehyung foi até o dele que era do outro lado do corredor.

- Peguei os meus. Pronto?

- Pronto - confirmou enquanto batia a porta metálica.

- Ok.

O volume de alunos no corredor na vinha diminuindo, exceto o bonde dos famosinhos que estavam em sua famosa rodinha em torno de nada, enquanto falavam de adivinha?também nada.

Passei direto com a intenção de não ser percebido. Mas me pergunto se algo passa despercebido por Jeon Jungkook.

- Tampinha! - chamou próximo porém sem resposta da minha parte.

- Acho que o Jungkook te chamou Jimin - falou Tae com expressão de confusão.

- Tem certeza? Pois eu acho que não - continuei andando normalmente.

- Jimin! - de novo, insistente esse garoto - Eu estou falando com você.

- Me erra - respondi ao longe enquanto acelerava meu andar com Taehyung ao meu encalço sem entender nada.

Os passos atrás ficaram mais rápidos aos meus ouvidos e meu corpo deu meia volta de forma brusca devido a mão segurando meu braço.

- O que foi Jungkook? - vigorei levemente aborrecido e excessivamente desgostoso.

- Oi - ele sorriu ainda com a mão no meu braço.

- Oi, o que foi? - vi Tae se afastando de fininho.

- Tudo bem? - continuou.

- Olha, eu tenho certeza que você não veio aqui perguntar como é que eu estou.

- Para falar a verdade, vim sim - riu e eu revirei os olhos - Tá tudo bem com você? - sorriu com carícias no lugar onde segurava.

- Quer saber? Bem não está não.

- Por que? Posso te ajudar?

Seus olhos iam fundo nos meus, o que me passava segurança, desde sempre. Porém, a única coisa que se passava na minha cabeça era a forma como a namorada dele desfez de mim no telefone dele tendo total segurança de que ele não faria nada quanto a isso.

Você deve estar se perguntando, "Ah mas qual a culpa dele nisso tudo?", e não tem problema, eu também estaria.

O único fundamento gerador da minha revolta é que não é a primeira vez que isso acontece, e ele não faz nada, e pelo visto não vai ser a última, sendo assim, o mais fácil é cortar o mau pela raiz. Todas as vezes funciona da mesma forma, ela faz o que quer, e ele como o bom banana que é aceita e passa por cima calado.

- Não, não pode ajudar. Sempre acaba do mesmo jeito - disse enquanto cruzava os braços fugindo do seu toque.

- Mas como assim? Funciona o quê? O que aconteceu?

Ah, o charme que só homem sonso tem meu pai.

- Bom, de agora ou de sempre? - continuou em silêncio - Meu trabalho está uma droga, minha vida pessoal está em dobro, e pelo visto a minha vida estudantil pretende ir de finquete para o lixo, então de qual parte você prefere que eu faça um monólogo?

- Tá bom calma, primeiro me fala do seu problema comigo, depois a gente fala dos outros, já que com você com raiva não adianta eu tentar te ajudar em nada - pontuou o óbvio.

- Sensato. Tá bem - disse ainda olhando fundo em seus olhos.

Me mantive pensativo por alguns segundos, pesando se deveria ou não encher a cabeça dele com isso, ele já tem problemas o bastante sozinho.

- E então? Pode começar. - incentivou.

Quando a minha boca abriu para começar a falar uma voz feminina, doce e melodiosa foi ouvida no fundo. Claro, na frente dele às vezes ela finge ser um doce, frisando, apenas às vezes, ele sabe muito bem do que Madelaine é capaz.

- Ursinho, onde você estava? Te procurei a manhã toda - disse passando o braço pelo pescoço de Jungkook, enquanto exalava seu doce perfume de marca.

- E-eu - partiu as palavras visívelmente nervoso e sem jeito, sem devolver o abraço que ela depositava em si.

Eu ainda estava lá, com os braços cruzados, justamente assistindo o casal, igual a um dois de paus. Quando vinha a virar as costas para os dois, antes de vomitar ali mesmo eu escutei a seguinte frase.

- Eu estava atrás do Jimin - falou soltando os braços dela de seu pescoço, de forma educada - Não vi ele na sala de aula, mas sabia que ele estava na escola - disse enquanto ainda segurava os braços recém tirados de seu pescoço distantes de seu corpo, ele respondia a ela, porém não olhava para ela.

Girei meu corpo sob os calcanhares 360° de volta ao ponto onde segundos antes eu mantinha meu olhar, encontrando assim os olhos alheios conectados aos meus, escuros e profundos.

- O quê? - eu e Madeleine proferimos ao mesmo tempo, porém não usando o mesmo tom, o meu era de surpresa, enquanto o dela era de pura gana.

Ao longe e sem me desviar de Jungkook eu sentia o olhar da ruiva queimar meu corpo, junto de sua postura de superioridade, que quase caiu por terra quando a última foi dita.

- Esteve me procurando? - perguntei ainda incerto sobre o que tinha ouvido.

- Sim, não quero você metido em problemas - assegurou com sinceridade.

- Não precisava - respondi como se estivéssemos os dois a sós naquele local, infelizmente não estavamos. Nós nunca estavamos.

- É, Jungkook, não precisava - pude sentir a cólera contida em seu corpo no mesmo instante - Jimin é adulto, e sabe muito bem se cuidar sozinho. Afinal, ele se virou muito bem noite passada, enquanto estávamos juntos - falou tocando novamente no corpo alheio, agora com ambas as mãos em seu braço direito de forma a insinuar algo.

Meus olhos se voltaram para baixo nesse momento enquanto um nó sôfrego se formou ao pé da minha garganta. Pude ver a expressão de Jungkook ir de seriedade, a pura confusão e em seguida a descontentamento enquanto ele pela segunda vez se desviava do toque feminino, mas dessa vez sem toda a delicadeza que sua personalidade galante oferecia.

- O que é que você está querendo dizer com isso Madeleine? - o tom sério de Jeon a muito desconhecido por meus ouvidos, se fez presente.

- Ah, não é nada, não é mesmo Jimin? - a ruiva se dirigiu a mim, ruidosa e com o seu toque característico de crueldade.

- Não - respondi curto em baixo tom, olhando para o chão.

- Como assim? Alguém pode me explicar o que está acontecendo - falou olhando para ambos os presentes ali, ainda em confusão.

- Não foi nada meu ursinho, deixa para lá - depositou um beijo em sua bochecha - vocês tem muito o que conversar, vê se não demora, já perdeu muito tempo por causa dele.

A ruiva se virou e saiu andando, ainda deixando o seu rastro de perfume pelos corredores, agora com suas "operárias", que de antemão aguardavam mais atrás, em seu encalço.

O meu olhar ainda estava preso ao chão, diferente do outro, que se mantinha preso a mim.

- Olha, você devia ir pra aula - fui o primeiro a usar a voz - Não pode perder as aulas, nem o conteúdo, senão não vai ter créditos para jogar a temporada.

- Que se fodam às aulas. Que se fodam os créditos. - falou sem tirar os olhos dos meus, o que me ocasionou arrepios.

- Mas e o seu time? - perguntei sem jeito, apertando meus braços, que foram cruzados novamente.

- Que se foda o time. A única coisa que me importa agora é você. - completou dando um passo em minha direção.

- Não é assim que funcionam as coisas Jungkook, e o seu pai? O que ele vai dizer se perder a temporada? Vai logo pra sala. - disparei meu nervosismo em forma de perguntas, na tentativa de fugir dessa situação.

- Droga Jimin! - bradou fazendo sua voz ecoar pelo corredor agora vazio - Para de pensar nas pessoas. Escuta, que se danem a droga das pessoas, pensa em você. E em mim.

Deu outro passo para perto enquanto eu recuei de recusa, dando de encontro ao armário.

- Eu te adoro tanto - disse me olhando.

Meus olhos marejaram e agora comigo sem saída Jungkook deu mais um passo. Pude sentir seu corpo próximo, sua respiração próxima.

- Não faz isso com você - ele disse, tocando com uma mão a minha cintura.

- Não faz você isso comigo Jeon - falei baixo mordendo o meu lábio inferior, na tentativa de calar o choro eminente.

- Para de me afastar - tocou com a outra mão o meu rosto - Me deixa fazer parte de você, não tem nada entre nós dois, então não seja essa coisa. Por favor.

- Jungkook, entre nós dois tem um mundo inteiro, só você não vê - sofreguei afastando de mim seu toque.

Com a minha mão afastando a sua ele usou o toque a seu favor e entrelaçou nossos dedos, sua coxa foi parar entre minhas pernas. Sua cabeça ficou ao lado da minha apoiada em meu ombro.

Deixei que as lágrimas descessem por minha face enquanto minha cabeça se voltou para trás e de leve tocou o alumínio do armário atrás de mim.

- Me fala o que você precisa. Só isso. Como eu posso te ajudar? - murmurou ainda com a testa em meu ombro.

Suspirei fraco, secando às lágrimas que insistiam em rolar.

- De você. É só isso que eu preciso agora - confessei.

- Ta bem.

Abraçou o meu corpo com força, e assim ficamos por um tempo.

- Obrigado - falei me desvencilhando aos poucos de seus braços, que me soltavam relutantes.

Seus olhos e nariz levemente avermelhados mostravam que nossos sentimentos estavam de acordo, e que ele respeita o meu tempo acima de qualquer coisa.

- Nós vamos para a sala? - perguntou sem parecer querer ouvir um sim, suas mãos ainda estavam em minha cintura.

- Vamos sim - vi um biquinho triste se formar em seu rosto.

- Queria ficar mais com você - riu, limpando de leve o nariz.

- Sou seu amigo - falei dando um soquinho leve em seu peito - você pode ficar comigo depois.

- Por que tudo entre nos termina sempre em depois? - riu de olhinhos fechados.

- A gente nunca tem tempo - sorri de volta.

- Claro, você me deu um gelo.

- Desculpa - gargalhei - mas eu já te tirei da geladeira, não se preocupe.

- E eu ainda nem sei o que eu fiz - comentou brincalhão.

- Você sumiu, só isso. Na verdade o problema nem foi você, não foi culpa sua, quem te deve desculpas sou eu - disse com as mãos espalmadas em seu peito forte.

- Não tem problema - mandou a cabeça em negação - Prometo que não sumo mais - assegurou.

- Tem sim poxa, não tá tudo bem. Meu orgulho não tem a ver com você.

- Deixa, não perde o sono por isso - trabalhou - pode me pedir desculpas de uma forma.

- Qual?

- Com um beijinho, vem aqui - me puxou enquanto eu afastava seu peito.

- Ficou louco garoto? - gargalhei.

Por fim ele me abraçou novamente.

- Eu senti saudades.

- Eu não fiquei nem 24 horas sem falar contigo, dramático.

- Nem pediu desculpas e já está pisando de novo, eu mereço.

- Merece. Pra sala, vamos - virei seu corpo e sai empurrando suas costas resistentes.

- Nãoo - murmurou.

- Anda logo menino.

Ao chegar na porta da sala, dei três batidas e pedi licença, infelizmente era a Sra. Han, uma senhora bem velha que lecionava cálculo na nossa turma.

- Cabulando aula Sr. Park Jimin? - perguntou com sua característica voz grossa e rouca.

- Não exatamente Sra. Han.

- O Sr. deve ter uma boa explicação para isso - disse ainda sem me olhar, escrevendo com a sua caneta no quadro branco.

Uma vaia coletiva veio do fundo da classe na tentativa de transformar aquilo em uma situação vexatória.

Cursei o meu corpo para baixo em sinal de desculpas na direção da senhora - Não vai se repetir.

- Ah, mas não vai mesmo. - me assegurou pegando o seu bloco de advertências e assinando uma das folhas para mim.

Jungkook veio logo atrás de mim pegando a situação pela metade, porém mantendo o olhar atento.

- Detenção Senhor Park. Para não se esquecer do seu erro.

- Sra. Jan, por favor, não pode fazer isso, eu sou bolsista, e trabalho após às aulas - supliquei com as mãos unidas.

- Eu posso, e eu vou, deveria ter pensado antes de matar aula, bolsistas tem de honrar a esmola que essa escola oferece - cuspiu as palavras ríspidas sem o menor pingo de remoso.

Peguei o papel em minhas mãos e assenti com a cabeça, era uma decisão irredutível.

E eu que lute.

- Que pena, o garçom não pode pegar detenção? - Madelaine disparou do fundo da classe - Devia tentar não se meter comigo.

- Escuta aqui Madalena - falei deixando um coro de risos pela sala - Não precisa tentar levar mérito por toda e qualquer coisa ruim que acontece na minha vida, você não é responsável nem pela metade. Vê se acorda.

- SILÊNCIO - a voz senil se fez presente em um esbravejo - Park, para o seu lugar - e assim eu fiz, me sentando em uma das carteiras frontais como de costume.

- E você senhor Jeon, vai ficar aí até o final da aula ou vai se sentar? - falou apontando para a cadeira dele no fundo da sala, ao lado da ruiva.

- Ué, e a minha advertência? - perguntou vendo a mulher cerrar os olhos.

- Não está pedindo por isso, não é senhor Jeon?

- Não, só acho injusto, por que deu ao Jimin e eu não recebi, se nós estávamos juntos - e mais uma vez um coro de vozes foi ouvido, dessa vez em insinuação.

- É bom não me desafiar Jeon Jungkook - gruniu a velha relutante - uma advertência pode te fazer perder a temporada do futebol. Tem certeza disso?

- E daí? Eu deveria ter pensado nisso antes de matar aula, certo? - fez das palavras alheias as dele mesmo.

E pela primeira vez as palavras de Jungkook me fizeram refletir, o pai dele é um dos maiores contribuições da escola, o luxo do ambiente, e toda a disponibilidade tecnológica do lugar não vem apenas do Estado. Por isso ela não quer se meter com ele, o pai é um magnata de bolsos recheados e reputação agressiva.

Quem em sã consciência tem a audácia de entrar no caminho de um dos homens mais poderosos da Coréia? Quem teria coragem de tocar um fio de cabelo da joia da família, o herdeiro do sangue Jeon?

O corpo da velha tremia até a última terminação nervosa.

- Ouviu bem - ele falou sério e baixo, ríspido, de forma que eu nunca o vi fazer - eu estou esperando, a minha advertência, na mesma sala, e no mesmo horário que os de Park Jimin - o tom era ameaçador até mesmo pra mim que o conheço bem.

A senhora tinha o olhar baixo e as mãos mais do que suadas.

- Jungkook, o que você está fazendo? - a ruiva disse, se levantando com as mãos apoiadas sobre sua mesa.

- Agora não Madelaine - disparou.

- Jungkook, não precisa fazer isso - dessa vez fui eu quem falei.

- Jimin, por favor - pediu sério ainda com um olhar cortante e ameaçador para a professora que não falhou em me humilhar em frente a todos - só me deixa fazer isso por você, uma vez.

- Não precisa. É sério.

- Você me deixa doente Park Jimin - disse ele ainda sério, mas de outra forma.

Apenas fiquei em silêncio, assim como toda a sala - É bom não ter nenhuma detenção no nome dele, ou a Sra vai se ver com a justiça por danos morais - terminou assim indo até o seu lugar e se sentando.

O sinal de troca de turno foi ouvido novamente e assim terminou o horário. Um Jungkook carrancudo e super protetor sentado de qualquer jeito na carteira, eu vermelho como um pimentão, uma professora colocada na beira do precipício, e uma tensão completamente palpável pairando no ar.

Todos os alunos saíram de forma rápida e desordenada, provavelmente correndo do ambiente que tinha se tornado. Eu continuei ali sentado, tentando absorver tudo que tinha acontecido na última hora.

E uma pergunta que pairava como uma nuvem negra sobre a minha cabeça, quem era aquele Jungkook que eu tinha visto ali?

Porque a única coisa que eu consegui enxergar ali foi uma cópia tão assustadora quanto Jeon Kwan pai de Jungkook, uma figura tão temível e pérfida quanto o próprio Mario Pozo descreveria um mafioso.

As únicas pessoas que ainda permaneciam naquele ambiente eram a professora, Jungkook, Kai que dormia no fundo sobre a carteira e eu mesmo.

- Sr. Park, vim em frente ao Sr. Jeon te pedir desculpas pela minha conduta, me perdoem, não vai se repetir - disse a mulher ainda embasbacada pelos últimos minutos olhando para ambos nós dois.

Eu apenas assenti, Jeon liberou uma pesada lufada de ar antes de levantar os olhos mais escuros do que o normal para a professora.

- Eu tenho certeza de que não vai. Vou tomar as providências para que não.

- Não me ameace Jeon, conheço sua família a muitos anos.

- Não te ameacei ainda Sra. Han. Não se dê tal importância.

- Pois bem - a mulher se virou e levou consigo o que ainda lhe restava de coragem aos frangalhos.

- Jungkook - esse fui eu.

- Hum? - murmurou, riscando algo em seu telefone.

- Jungkook! Olha pra mim - e ele finalmente levantou seu olhar.

- Fala tampinha.

- Tá fazendo o quê?

- Ligando para o meu pai - aí está, a resposta que eu temia.

- Não faz isso JK, nem inventa - falei já me levantando tentando tomar o aparelho em suas mãos.

- Por quê? Ela te humilhou na frente de todos.

- Eu estou acostumado, não quero ficar marcado nesse lugar, e muito menos quero alguém sei lá... morto, por minha culpa - completei apos uma pausa.

- O quê? - gargalhou forte.

- É sério, não mete o seu pai nisso - susurrei ao ver o aluno ao fundo se mexer na carteira.

- O que você acha que o meu pai faz Park Jimin? - continuou debochando da minha cara.

- Eu não sei, só não complica a droga da minha vida mais ainda.

- Tá bem - me assegurou.

- Promete?

- Eu prometo vida.

Puxou a minha mão que antes de encontrava na carteira dele me levando ao próprio colo.

- Que susto Jungkook - despejei um tapa no seu braço - palhaço.

- Eu prometo SE, me der um beijinho - frisou o "se" e fez um biquinho pra mim.

- Quê isso, ficou doido, você é hétero garoto, me solta.

- Eu sei, mas um beijinho não mata ninguém - disse me segurando enquanto eu me debatia - anda logo, e aí eu te solto.

- Tá! Chato, mas vai me levar para o serviço hoje.

- Eu te levo e te busco tampinha.

- Fechado - gargalhei - vira o rosto.

Pedi sentindo suas mãos quentes que seguravam as minhas em um aperto bom.

- Que vira o rosto o quê? É na boca, eu quero.

- Fica esperto, você não está em posição de exigir nada meu brother.

- Aish, acho que eu vou ter que falar com o meu pai mafioso então - proferiu zombeteiro.

- Toma - falei puxando o seu rosto e dando um beijo em sua bochecha - e não reclama.

Volveu o rosto em minha direção e sorriu - acho que eu me apaixonei - me puxou em sua direção em um abraço.

- Credo saí - com o meu rosto já vermelho consegui me soltar de si.

Já de pé, juntei os poucos materiais que eu havia trazido para a aula que eu não tive o prazer de assistir e meu amigo fez o mesmo. Seus passos o levaram para fora do ambiente antes de mim, e por fim só restamos eu e o outro aluno no fundo da sala.

Kim Jong-in, Kai para ser mais íntimo e exato, 18 anos, mas com uma fisionomia de alguém mais velho, um garoto exemplar. Só tira notas altas e anda com o Jungkook grande parte do tempo.

Dei uma última olhada para o fundo da sala antes de me retirar, sua cabeça continuava baixa sobre a carteira. Durante alguns segundos até cheguei a pensar se eu deveria o chamar, decidi por não já que os amigos do Jungkook costumam ser meio estranhos.

O som alto de vozes no corredor quase não me deixou lembrar do livro que eu deixei na mesa. Quando fiz a volta e entrei na sala, lá estava ele, Kim Jong-in, com o livro em mãos.

Puts, o cara não estava dormindo agora?

- Ah, é meu, eu esqueci aqui. - sorri simpático.

- Oi, Jimin não é? - perguntou sem esboçar expressão alguma.

- Isso. Pode me devolver por favor? - fui até ele na intenção de receber de volta.

- Tudo bem. - entregou em minhas mãos.

- Obrigado.

- Não por isso.

- Até mais. - tornei meu caminho de volta para a muvuca do corredor, mas não sem antes ouvir sua voz mais uma vez.

- Você é importante para o Jeon, não é?

Parei no meio do curto percurso e olhei de volta em sua direção - Desculpa, pode repetir? - falei sem entender onde ele queria chegar com isso.

- Pode deixar. Eu vou me lembrar muito bem desse rosto. - se aproximou em passos lentos e intimidadores - Eu vou ficar feliz se lembrar do meu também Park Jimin.

- Eu não estou entendendo onde quer chegar.

- Não precisa entender. - falou passando direto por mim.

Ao chegar no batente da porta deu me apenas um aviso.

- Ah! E se puder, não fale para o Jeon sobre essa nossa conversa, tudo bem? - disse enquanto suas feições mudaram pela primeira vez, para um leve sorriso de olhos fechados.

Sem esperar resposta levou o corpo alto para fora do ambiente, de onde eu não me toquei de sair. Permaneci ali estático pensando.

- Que droga aconteceu aqui?

Opa pessoas, tudo bem? Se esse capítulo está sendo postado quer dizer que o piloto está próximo das 100 visualizações ou já passou das 100, espero que já tenha passado!

Novamente, esse projeto vem sendo desenvolvido com muito carinho, e espero de coração que estejam gostando!

Se sim: clica na , o seu voto me ajuda muito a saber se está curtindo o meu trabalho, compartilhe com os seus amigos e mais importante, comente para eu saber o que está achando!

Muito obrigado, você é um(a) leitor(a) muito importante!

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