A Maldição da Lua.

By JUNIOReLIANE

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Amélia Johansson Stohl, é apenas mais uma adolescente norte-americana comum, bem, isso é o que todos pensam... More

Primeiro capítulo
Segundo capítulo
Terceiro Capítulo
Quarto capítulo
Quinto capítulo
Sexto capítulo. - Voltando para Terra.
Sétimo capitulo. - Perdi minha avó.
Oitavo capitulo. - Eles também não!
Nono capítulo. - A minha morte.
Décimo capítulo. - Voltando a Cher Airns.
Décimo primeiro capítulo. - Desconfiança.
Décimo segundo capítulo. - Controle.
Décimo terceiro capítulo.-De novo.
Décimo quarto capítulo-O Resgate.
Décimo quinto capítulo.-O Resgate.-Part. 2
Décimo sexto capítulo.-Enfermagem.
Décimo sétimo capítulo.-A lenda da Maldição
Décimo oitavo capítulo. - Ele tem namorada!
Décimo nono Capítulo. - A aldeia.
Vigésimo capítulo.-A Bebedeira.
Encontro com Claus.
Vigésimo segundo capítulo. - Visão.
Vigésimo terceiro capítulo. - Eu matei ela!
Vigésimo quarto capítulo. - Briga de galinha?
Vigésimo quinto capítulo.-Lembranças.
Vigésimo sexto capítulo.
Vigésimo sétimo capítulo. - A Morte.
Vigésimo oitavo capítulo. - Você quer brincar?
Vigésimo nono capítulo. - Duelo.
Trigésimo primeiro capítulo.
Trigésimo segundo capítulo.
Trigésimo terceiro capitulo
Trigésimo quarto capítulo
Trigésimo Quinto Capítulo
Trigésimo Sexto Capitulo
Trigésimo sétimo capítulo
Trigésimo Oitavo Capitulo
Trigésimo nono capítulo
Quadragésimo capitulo
Quadragésimo primeiro capítulo
Quadragésimo segundo capítulo
Quadragésimo terceiro capítulo
Quadragésimo quarto capitulo

Trigésimo capítulo. - Contagem regressiva.

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By JUNIOReLIANE

A respiração serena e quentinha de Richard batia em minha orelha fazendo cócegas, foi impossível conter o riso. Ele me apertou contra seu peito nú indicando que também já havia acordado.

"Bom dia, anjo" - sussurrou ele com a voz rouca bem rente ao meu ouvido. Sorri.

"Bom dia."

Me virei de uma maneira um tanto desajeitada devido a estar enrolada em um turbilhão de lençóis brancos e acabei batendo com a testa no queixo de Richard.

"Au..." - sibilou ele antes de levar a mão ao queixo e sorrir enquanto acariciava a barba.

Um segundo depois, ou quase isso, eu estava sobre Richard beijando-o intensamente. Explorei todo seu corpo, parte por parte, atenciosa a todos os detalhes.

Ele não tardou a arrebentar os botões de sua camisa que ele me emprestara e que eu poderia usar literalmente como um vestido.

Seu corpo quente, sua pele macia, seus músculos se contorcendo enquanto me beijava e se movimentava dentro de mim.

Sua boca procurava a minha com desejo, eu podia sentir isso na força que ele colocava a cada beijo, a cada suspiro. Tudo estava bom, eu não queria parar. Não queria que acabasse. Meu corpo nú tombou ao lado do cara mais perfeito para mim, tanto nesse, quanto em qualquer outro mundo.

"Eu te amo" - sussurrou ele em meu ouvido.

O encarei por alguns segundos antes de responder a verdade.

"Nunca vou me cansar de ouvir isso."

"E eu de dizer" - ele me deu um leve selinho, antes de começar a gritar. "Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo..." - coloquei meu indicador em seus lábios fazendo-o parar.

Tudo isso era louco demais. Confuso demais. Eu até que gostava da ideia de ouvir alguém dizer que me ama o tempo todo, mas...eu não ligava pra isso, não agora.

Não sei quando, nem como, mas nossos corpos se encaixaram novamente com uma perfeita conexão em um ritmo calmo, e a mesmo tempo desesperado.

*****

Eu estava dormindo quando senti a presença. No fundo da minha mente, algo havia despertado, algo não, alguém. Lara. Abri os olhos e uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho, passou sobre meu nariz e caiu no travesseiro.

*****

Eu literalmente sai correndo quando Austin bateu na porta do quarto e confirmou minhas suspeitas. Lara realmente havia acordado, caramba! Não me importei em xingar Joe no caminho por parecer um poste na minha frente quando virei o corredor, estava ocupada demais chamando por Lara mentalmente.

Meus passos eram leves, eu parecia estar levitando sobre o chão enquanto corria, já os três atrás de mim, pareciam mamutes debandando.

Foram apenas alguns dias, mas parecia fazer séculos desde que conversei com Lara pela última vez. Lara não é apenas minha amiga, ela é minha irmã, a irmã que não tenho.

Não parei quando cheguei na porta, eu literalmente, bati de cara, mas por sorte ela não estava trancada o que facilitou na minha entrada. E então eu parei. Parei quando vi o corpo de Lara encolhido em um canto no chão encostado na parede, ela abraçava as pernas cada vez mais forte enquanto se balançava. Queria perguntar o que houve, mas eu já sabia. Não era necessário nenhuma palavra, nem telepatia pra isso.

"Ela não quer fazer nada além de se balançar antes de falar com você" - disse Angel passando pela porta e a fechando logo em seguida, deixando-nos a sós.

Richard se materializou ao meu lado por alguns segundos, depois sumiu de novo. Me aproximei de Lara, mas minhas pernas vacilaram e quase cai.

"Temos que salvá-lo, Amy" - a voz dela estava rouca e cansada. - "Não podemos deixá-lo nas mãos de Claus."

Me apoiei em uma mesa com frascos de vidro cheios de ervas-medicinais verdes. Por um segundo senti toda a força do meu corpo desaparecer, ela parecia estar sendo sugada, como se alguém estivesse se alimentando de minhas energias. Respirei fundo quando essa sensação passou.

"É temos, Claus não é nada amigável com ninguém. Mas tanto você quanto eu sabemos que não podemos ir."

Tive de resistir ao desejo de correr e abraçá-la. Eu precisava fazê-la entender que ir atrás de alguém na super prisão de Claus pela segunda vez era uma missão suicida.

"Como não? Amy, ele é meu pai. Eu passei os últimos dez anos da minha vida achando que ele estava morto, não posso deixá-lo morrer duas vezes."

"Ele está morto. Você mesma viu quando ele puxou o gatilho. Por mais que ele esteja vivo aqui, ele não está vivo na Terra, ele não pode fazer a passagem, não pode voltar para a Terra" - gritei e tive novamente a sensação de que algo sugava minhas energias.

Dessa vez quase cai. Minhas forças foram totalmente sugadas em questão de segundos, o ar parecia me sufocar ao mesmo instante que parecia não haver ar, se é que tinha ar mesmo. Respirei fundo e senti calafrios quando o ar voltou a invadir meus pulmões. Me apoiei com mais firmeza na mesa antes de retornar a falar como se nada tivesse acontecido.

"E não podemos abandonar o palácio novamente e simplesmente ir para a prisão de Claus como fizemos da última vez. Você viu no que deu."

Uma lágrima escorreu de seus olhos azuis, mas ela a limpou antes que terminasse seu percurso.

"Amy, por favor" - choramingou enquanto secava mais lágrimas com a manga de sua camisa.

Lara, não me coloque numa corda bamba.

Eu preciso dele, Amy.

Eu sei que precisa.

E porque não quer me ajudar?

"A questão não é querer, é não poder" - a situação toda de conversa telepática estava se saindo um tanto estranha.

Ela cruzou os braços sobre os joelhos, afundou o rosto entre os dois e chorou. Eu queria desistir de tentar convencê-la a mudar de ideia, não sei nem porque estou tentando, se fosse no lugar dela faria o mesmo. Me aproximei de Lara com cautela para não cair.

"Lara o que você pretende fazer quando tudo isso acabar? Seu pai pode estar vivo aqui em Cher Airns, más ele está morto lá na Terra, e quando voltarmos? E quando tudo isso acabar?"

Ela parou de chorar, secou as lágrimas e levantou a cabeça para me fitar e acabei me assustando. Seu rosto estava vermelho, seus olhos estavam vermelhos, mas não vermelho de quem chora por muito tempo, era um vermelho mais intenso, igual aos olhos negros de Richard. Engoli seco.

"Se tudo isso acabar, eu fico aqui, não quero voltar se ele" - Lara balançou a cabeça em negação ainda com aqueles olhos vermelhos me fitando enquanto eu era dominada novamente pela sensação de fraqueza, mas dessa vez a sensação foi embora tão rápido quanto veio.

"Você está me dando mais motivos para não irmos."

As lágrimas em seu rosto vermelho pararam de se movimentar, assim como todo o resto ao nosso redor, até as moscas imaginárias que criei.

"Se você não quiser me ajudar diga que eu vou sozinha."

Suspirei, o ar parecia pesado. Por essa eu não esperava. Lara continuou me encarando e comecei a me sentir sufocada. O ar entrava com dificuldade, e algo parecia pressionar minha cabeça, esmagando-a. Seringas em uma bandeja começaram a tremer e se viraram em minha direção, enquanto eu começava a levitar no ar.

Lara estava imóvel no chão, seus olhos vermelhos mal piscavam. A bandeja foi arremessada para longe, sem as seringas que continuavam apontadas para mim. A essa altura eu já não conseguia mais respirar, o ar parecia ter sido congelado.

"Lara..." - sussurrei, mas minha voz saiu rouca demais e quase inaudível.

Lara, pare!

E-eu não sei como parar. Não consigo Amy. Não sou eu, não consigo controlar.

Vi as lágrimas percorrerem sua face inexpressiva. Estiquei a mão e tentei pegar as seringas antes que acabasse me sufocando, eu precisava de uma arma. Eu não iria ferir Lara, não mesmo, preferia morrer a ter de feri-la.

Lara, você...

Estiquei novamente o braço e consegui tocar em uma das seringas que pareciam estar pregadas no ar, era impossível pegá-las, ou arremessá-las. Dessa vez toda a energia de meu corpo foi sugada definitivamente, eu não tinha mais forças para continuar resistindo, então deixei Lara terminar o que começara.

Amy, não sou eu.

Eu sei. É Claus e, seu pai.

Eu não quero, não quero te ferir.

Nem eu.

Fechei os olhos. Depois voltei a abri-los.

Foi tudo tão rápido. Richard se materializou ao lado de Lara antes de Joe aparecer ao lado da porta com uma Cheran cheia de cicatrizes e tatuagens.

Meu corpo caiu no chão, mas minha mente já estava vagando em algum lugar do multi-verso*. Antes de perder a consciência pude ver Richard segurar o rosto de Lara entre as mãos e ela tombar o corpo para lado, inconsciente. Depois Richard sumiu e se materializou ao meu lado, sorriu e me pegou no colo, ele me deitou em uma das macas antes que eu perdesse a consciência, como Lara.

* Multi-verso: nome dado à junção de todos os universos.

***** Parte II. *****

Ele estava em choque, o que acabara de fazer com a filha era algo monstruoso. Ele quase a matou, sabia que ela não era forte o suficiente para aguentá-lo em sua mente, e ela havia acabado de acordar de um coma temporário. Mas o que ele podia fazer? Estava sobre o controle de persuasão de um demônio.

Claus entrou aplaudindo em sua cela, com tantas, Claus o aprisionara na pior de todas.

"Muito bom, muito bom. Devo admitir que eu não tinha certeza sobre se iria realmente cumprir minhas ordens. Apesar de ter precisado de uma ajudinha, você conseguiu Deyvi Drucker."

Deyvi se levantou em questão de segundos, mas as correntes presas em seus pulsos não permitira que ele se aproximasse de Claus um só milímetro sequer.

"Naninão. Sabe do que você precisa Deyvi? De companhia, que tal sua filha? Acho que a amiga dela iria ficar muito abalada, o que me ajudaria muito."

"Não ouse tocar em Lara!"

Claus sorriu, estava satisfeito, tinha conseguido o que queria, Deyvi iria lhe ser um bom servo por mais algum tempo, enquanto a ameaça de Claus sobre raptar Lara ainda estivesse de pé.

"Sua filha estará segura até o raiar da Lua-do-meio-dia eu prometo, depois disso não prometo nada. Talvez a garotinha do papai queira acompanhá-lo nessa linda cela."

Claus observou o local, havia sujeira em toda parte, e a cela estava literalmente caindo aos pedaços. Deyvi começou a rir, era difícil conter, mas quem não riria em um momento de tanto desespero? Irônico não? Até no desespero podemos encontrar um notável senso de humor.

"E o diabo cumpre suas promessas?"

Antes que ele pudesse piscar um punho lhe acertou a face, fazendo-o cair ao chão, mesmo assim ele não parava de rir. Ele ria, mas queria chorar, não queria que sua garotinha passasse pelo mesmo que ele tem passado nos últimos dez anos. Nem ele sabe como resistiu a tanto.

"Não, o diabo é bem traiçoeiro" - Claus esfregou as juntas dos dedos da mão humana com a outra, a não humana. - Tenho um presente pra você Deyvi, pelos anos de servidão."

Claus fechou seus olhos negros e profundos, e algo, um cão talvez, se materializou entre suas pernas, não era um cão qualquer, era O Cão. Alguma raça traçada com algo que parecia um Pastor Alemão, mas que jamais fora um. Dentes enormes e afiados à mostra, os pelos das costas eriçados, as garras firmes no solo de areia vermelha. Um monstro capaz de assustar tanto quanto o próprio Claus.

"Não faça nenhuma besteira Deyvi, meu cão está com fome, ele nunca comeu na vida, você e sua filha seriam um ótimo primeiro banquete" - Claus acariciou o pelo espetado de seu cão ridiculamente espantoso.

O cão ficou parado no mesmo lugar depois que Claus saiu. Com os caninos e todos os outros dentes a mostra, ele agora era o guarda da cela, Deyvi não poderia mais ajudar sua filha, nem Amy, como tanto havia planejado.

"Não deixe que a machuquem. Não a traga para cá. Cuide dela, da mãe dela também, elas precisarão de você. Promete que irá cuidar delas, Amy?"

A garota saiu do canto da cela, a parte escura onde a luz nunca se focalizava. Ela não tinha ideia de como fora parar lá, mas sabia de que Deyvi era o único capaz de vê-la.

"Promete que vai tomar conta de Lara por mim, garota?"

Ele estendeu uma das mãos em que segurava uma chave estranha. Aquela chave era a única ajuda que ele poderia dar no momento. Amy hesitou antes de pegar a chave, pra que ele lhe daria uma chave? Que porta aquela chave abriria?

"Sim senhor, eu prometo" - ela pegou a chave mesmo sem saber para o que servia, ela iria descobrir, quando a hora de usá-la chegasse, e não estava longe.

*****

"Como assim, Claus é mais poderoso do que imaginava Travor?"

"Ele conseguiu invadir a mente de Lara. De todos nós aqui, o dom dela é o mais poderoso, e mesmo assim Claus conseguiu dominá-la."

"Na verdade não foi ele não, senhor" - era uma voz feminina e desconhecida. - "Ele não tem esse poder. Foi um de seus servos, um que esta com ele a muitos anos, o pai da garota."

Servos? Então Claus podia mesmo ser o diabo dessa trama toda. Voltarei a ir aos cultos de domingo com minha mãe assim que voltar pra Terra, isso é uma promessa a mim mesma.

"Sim, sim, é óbvio. Claus é um ilusionista, não podeis invadir uma mente tão poderosa."

Um dos melhores que já vi em dezessete anos. Aquele cão... parecia tão real. Ele era real! O pai de Lara, Deyvi, eu o vi provavelmente eu estava sonhando.

Me movimentei na cama, Lara estava em uma outra maca com Joe deitado ao seu lado. Senti algo espetar meu abdômen, tateei a cama até encontrar o objeto. Uma chave, a chave que ganhei de Deyvi. Então não era apenas um sonho, era real, mas como? Como fui parar na prisão de Claus, e como ele não me viu?

"Eu prometo" - sussurrei para mim mesma automaticamente.

"Senhor, não temos mais tempo, as garotas já deviam estar preparadas, agora já é tarde, faltam apenas cinco dias para a Lua de Sangue, e então, teremos apenas mais algumas horas antes da batalha, Claus já está pronto para declarar guerra. Ele tem os melhores homens senhor, e o senhor sabe como é ganancioso, não consegue esperar."

"Não temos a menor chance, Úrsula. Não tínhamos, nunca tivemos chance contra Claus, está escrito na profecia. O errado vencerá, e o certo irá cair. Não posso fazer mais nada."

"Claro que pode. E os Rains? Eles podem ajudar."

"Eles são mais traiçoeiros do que o próprio Claus, minha irmã."

"São nossa única solução."

Guardei a chave no bolso da calça. Eu ainda vestia a camisa que Richard me emprestou, mesmo faltando nela dois de seus botões. Eu aqui, pensando em Richard enquanto as coisas vão de mal a pior nesse planeta.

"Amy, que bom que acordou" - disse Travor. - "Essa é minha irmã, Úrsula, ela e sua avó já foram grandes amigas."

"Ela tinha um crânio e tanto."

Sorri, essa era minha avó. Uma cientista maluca com uma risada mais maluca ainda que acabou em um sanatório. Que irônico!

*****

Amy, isso é nojento.

Lara, porque você não vira de costas?

Porque não dá. Simples assim.

"Fale pra sua amiga nos dar privacidade. Isso é idiotice" - sussurrou Richard.

Fale pro Catboy que posso ouvir quando ele sussurra.

"Ela pode te ouvir, sabia?"

"Ela que se dane" - ele me beijou novamente.

Amy!

Eu mandei você virar.

Por um minuto eu pensei que Lara tivessem realmente se virado para o outro lado, mas eu estava errada, ela nunca saira da minha mente, nem quando não podíamos nos comunicar telepaticamente.

"Chega. Chega dessa safadeza toda. Não sei vocês, mas eu ainda sou menor de idade. Nada de ver sexo antes dos dezoito, ordens da minha mãe."

"Você fala como se cumprisse as ordens dela" - retruquei.

"Sempre tem uma primeira vez pra tudo."

"Mas você tinha que começar logo agora?" - choramingou Richard enquanto tentava parar de rir.

"Quanto mais cedo melhor"- ela fechou a porta e se sentou em sua cama.

"Você teve dezessete anos pra começar..." - revirei os olhos.

"Tá legal. Mas vocês não vão ficar de safadeza enquanto eu estiver presente, nada de beijos, nada de sexo, nada de nada. Agora solta ela Catboy!"

A quanto tempo eu não via Lara assim? Toda estressada? Foi impossível conter o riso quando ela fez uma careta ao ver Richard me beijar novamente.

"Tudo bem, não precisa gritar estressadinha" - disse ele.

Richard me apertou em um abraço antes de me soltar completamente, e depois de me dar um selinho.

"O que eu disse sobre beijos?"

"Isso não foi um beijo. Quer que eu te mostre como é um beijo de verdade?"

Ela fez outra careta. E eu bati em Richard com o travesseiro.

"Eu rejeito, obrigada."

"Que história é essa, senhor Richard?" - perguntei séria por fora, mas tendo convulsões de risos por dentro.

Estávamos todos sorrindo. Ninguém preocupado com nada.

"Nada não, anjo. É que acho que sua amiga não sabe o poder que tem um beijo de verdade."

"Não precisa demonstrar, não Catboy" - gritou Lara do outro lado do quarto.

Richard piscou um olho, eu não fazia ideia do que ele estava pensando.

"Acho que vou te dar uma aula" - meu queixo quase foi ao chão. - "Amy é minha melhor aluna, ela vai me ajudar."

Ele me beijou. Lara não gritou, acho que ela iria sair do quarto pois ouvi o som de seus passos no chão enquanto a intensidade do beijo aumentava.

"Eu disse: nada de beijos!" - Gritou Lara antes de nos bater com o travesseiro.

Não esperei o segundo golpe, peguei meu travesseiro e a ataquei. A cada golpe, Richard soltava uma nova gargalhada. Ainda estávamos brigando quando Joe entrou no quarto, bastou ele nos ver para se juntar à Richard e rir da nossa cara.

Recebi tantas travesseiradas na cabeça que acabei ficando tonta. Lara também não aguentava mais apanhar, e rir. Era impossível distinguir qual das duas estava mais vermelha, eu ou ela. Sem falar nos cabelos, pareciam mais aquelas vassouras de bambu que as bruxas usam nos desenhos animados que tanto odeio para voar. Os fios pareciam se amar, estavam todos se abraçando de formas estranhas. Mesmo assim não paramos, continuamos a dar travesseiradas uma na outra. O último golpe quase me derrubou.

Bem feito, Amélia.

Ha-ha.

"Tudo bem meninas, já chega de brincadeira" - ordenou Joe se levantando da cama onde havia se sentado depois que entrou. Péssima ideia.

Olhamos as duas pra ele, estava estampado na nossa cara o que estávamos planejando. E Joe pareceu perceber logo de cara.

Richard caiu na gargalhada quando demos a primeira travesseirada em Joe que saiu correndo por todo o quarto, fugindo de nossa fúria.

Depois de uns dez minutos meus dedos já estavam começando a doer, então deixei que Lara se resolvesse com Joe, e voltei pra perto de Richard.

Me sentei ao seu lado e ficamos observando Joe levar uma surra de Lara e seu travesseiro.

"Esses dois ainda se acertam" - disse Richard.

"Tomara, Joe não aguenta mais apanhar."

"Coitado" - Richard riu e eu o beijei.

Mas antes que o beijo pudesse fazer jus ao nome beijo, Lara gritou na minha mente.

Amy!

Comecei a rir, mesmo brigando com Joe, Lara ainda se preocupava com isso. Richard começou a aplaudir.

"O que eu disse?"

Olhei para os dois seres se beijando na minha frente.

Depois fala de mim.

Continuei rindo. Lara tentava resistir ao beijo, mas não conseguia. Então ela o empurrou, quebrando a conexão do beijo que ambos haviam gostado.

"Droga Joe!" - Gritou ela.

"O que foi?"

"Droga, droga, droga... e-eu te odeio!" - gritou Lara penteando a cabeleira loura com os dedos.

Droga.

Calma Lara...

Que mané calma o que Amy. Não acredito que ele fez isso de novo.

Espera.

De novo? O que você não andou me contando?

Nada.

"Eu disse que eles se acertavam."

"Acho que ainda vai demorar um pouco" - respondi enquanto Lara recuava para longe de Joe.

"Você... me odeia?" - perguntou Joe com um olhar sério, ele realmente acreditou no que Lara disse, se ele soubesse...

"É, eu te odeio, com todas as letras. EU TE ODEIO, Joe."

Lara, você está agindo sem pensar, vai se arrepender...

Não começa Amy. Eu posso amar, mas também sei odiar.

"Você me odeia?" - Perguntou Joe deixando seus dedos escorregarem pelo braço de Lara, ele procurou o olhar dela que estava focalizado em algum ponto no espaço atrás dele, depois sorriu. - "Você me ama, isso sim" - e então ele a beijou.

Se a um ano atrás alguém me disse que um dia eu veria Lara se render desse jeito ao beijo de Joe eu não iria acreditar, mas agora, vendo com meus próprios olhos, é impossível não crer. Ela só faltava cair de joelhos pois aquele beijou lhe estava roubando as forças, ou era outra coisa?

Novamente o ar parou, não o ar exatamente, mas tudo ao seu redor. Até os raios da luz da lâmpada pareceu parar de refletir, se eu me esforçasse, conseguiria encontrar o verdadeiro raio de luz que refletia em tudo, iluminando o ambiente.

Uma fraca luz vermelha atravessou a pequena fresta aberta da janela e o cômodo foi iluminado por uma luz vermelha. Tudo havia parado de se movimentar, menos nos quatro. Richard se levantou da cama no mesmo instante que Joe soltou Lara, e então puderam os dois perceber que não eram os únicos seres existentes no universo.

Lara você fez isso?

Não. O que houve?

Não sei, mas de repente pareceu que o mundo parou de girar. Tudo parou. Menos nós.

"Gente, venham ver isso" - chamou Joe enquanto se curvava sobre o parapeito da janela.

Nos aproximamos de Joe e Richard, mas paramos a uns dois passos atrás. Era chocante. Eu não havia visto algo daquele jeito nunca em toda minha vida, nem imaginara existir.

"O que. É. Isso?" - perguntou Lara dando ênfase a frase.

"Uma contagem regressiva" - respondeu Richard.

"Contagem regressiva?" - perguntei.

"Sim. Os Airnstens declaram guerra."

"Con-contra a gente?- gaguejou Lara.

Richard abriu espaço na janela para que eu me aproximasse e visse a enorme lua vermelha encobrindo o céu. Se o céu fosse um enorme relógio de ponteiros, a lua estaria exatamente onde deveria estar o número onze.

"Eles não podem fazer, podem?"

"Eles não só podem, como fizeram Lara." - respondi ainda observando a lua.

Uma lâmpada se ascendeu na minha cabeça. A Lua de Sangue. A Lua do Meio-Dia.

"Falta uma hora" - eu estava pensando alto demais.

"Não. Aqui as horas não passam assim. Hoje tem eclipse solar na Terra, e falta apenas uma hora. Aqui faltam cinco dias para a Batalha" - interveu Richard.

"Não estamos prontos."

"Nunca estaríamos mesmo Joe, Claus vem treinando seu exército a séculos. Nunca iríamos ganhar. Esse é o nosso destino, simples assim" - a voz de Richard estava rouca, mas audível.

"O quer faremos?" - perguntei.

Podem até terem me dado o título de líder, mas eu não sabia nem por onde começar, tanto quanto os outros.

"Não sei, mas sei qual é a única coisa com que posso ajudar no momento" - respondeu Richard.

Segundos depois todos nós, nos desmaterializados no ar. Nossos corpos se transformaram e milhares de cutículas do tamanho de uma célula, depois se uniram todas, uma sobre a outra e reapareemos no único lugar onde eu quis estar todo esse tempo. O lugar de onde não devia ter saído. Meu quarto.

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