Quando nos Vênus, juro a Mart...

By -bullshift

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Jimin amava olhar as estrelas e pedia pelo amor de sua vida através delas. Acreditava que sua alma gêmea era... More

avisos.
prólogo: entre tsurus e almas gêmeas.
a velha melodia sempre retornava.
a garagem do papai.
pré-conceito e expectativas.
ter uma metade.
tornar pessoal.
isso não é valsa.
lugares errados, pessoas erradas.
o mediano entre excesso e falta de expressão.
lista de músicas.
a hipnose dos olhos.
não merecer.
atração interdimensional.
morrer de amores.
asteroides favoritos.
piscinas rasas e vazias.
completamente seu.
um universo, uma casa e um asteroide.
o universo é o limite.
colisão ou conciliação.
a existência deforma o universo.
wish the world away.
no fim da linha.
teoria do globo.
cigarros e origamis.
luas de Galileu.
a noite estrelada.
plutão já foi planeta.
na abóboda celeste.
comicamente assustador.
nunca é realmente o fim.
Vênus de Milo.
pluto projector.
mil tsurus.
nota da autora.
romance planetário.
lançamento do livro físico!

solidão acompanhada.

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By -bullshift

BULLSHIFT WEEK!

Não sabia explicar o que estava sentindo, mas era algo novo. Bom. Ruim.

Ver ele em meio a tantas pessoas, as luzes azuladas e noturnas tornando a pele macia num tom tão único... Era de tirar o fôlego. Jeongguk não sabia dizer o que mais lhe chamava atenção naquele lugar, mas ver Jimin o encarando era como reverter a explosão do Bigbang bem ali – dentro de seu próprio peito.

Sentia que seus míseros pedaços perdidos por todo o mundo, universo, voltavam todos para si, se reunindo e transformando-o em alguém completo novamente. Era uma sensação tão boa de se pertencer ao mesmo tempo que o encarava e sabia, lá no fundo Jeongguk tinha certeza de, que também era dele.

Era seu e dele ao mesmo tempo.

E a banda tocava uma das novas do The Maine, Jeon não teve tempo de escutá-la muitas vezes, mas já gostava. Amava tudo que vinha de sua banda favorita.

Então, ao som de Broken Parts, com o olhar tão confuso e surpreso de Park Jimin, em meio à tantas pessoas e muito solitário também, naquela noite estrelada, Jeongguk percebeu.

Talvez tivesse demorado tanto porque era o que o universo queria. Talvez, o universo até mesmo não quisesse que Jeon percebesse. Porque era novo demais, confuso, triste e inseguro demais, renegado demais para gostar de alguém. Mas ele gostava.

Na verdade, suspeitava até mesmo que amava.

Mas, ah, como seria possível não amar Park Jimin?

Deu alguns passos na direção dele, a letra da música zanzando por entre seus pensamentos como se dançasse em um salão lotado de pessoas avulsas. Jimin ainda o encarava, estático, quando Jeon chegou perto o suficiente para fitá-lo nos olhos brilhantes, vendo nas orbes todas as estrelas que o céu ousou esconder enquanto ele e Park estiveram afastados.

So gather up yourself now, love. Just as you were before. — cantou baixinho, vendo o mais baixo piscar repetidamente, não escutando sua voz mas sabendo que ela estava ali, presente.

Era um lugar barulhento, mas Jimin sentia-se satisfeito (porque Jeongguk estava ali). Seu desejo era aquele mesmo: ir para um lugar barulhento para encontrar alguém com quem ficar em silêncio.

E Jeon era (e sempre seria) aquele alguém.

Era estranho estarem ali, após tanto tempo. Mesmo que não fosse um período realmente longo, para eles, astros, era tempo demais, que significava mudanças ao extremo.

Isto é, eram eles ali, sim, mas também não eram. Não os mesmos que se beijaram uma última vez em frente a casa de Namjoon. Não os mesmos que se encararam enquanto mil tsurus os separavam dentro de uma capa de guitarra. Eram eles, mas não eram.

E estava tudo bem.

A luz noturna iluminou a pele do mais novo, fazendo Park se aproximar sem nem ao menos pensar. Com isso, o vocalista ergueu a mão num impulso, rapidamente tentando abaixá-la, mas não rápido o suficiente para impedir que Jimin a tocasse com a ponta dos dedos.

E se é a experiência que move o ser humano além do físico e sábio, Jeongguk, naquele momento, sentiu-se experienciar algo que estava além do físico, sábio, sutil e cósmico. A mistura da saudade com o desespero da ideia de o professor se afastar outra vez, uma mescla que o assustava tanto por dentro que chegava a perder o ar. Por isso, não hesitou antes de entrelaçar os dedos com os dele, confuso, triste, sozinho.

Jeongguk apenas queria entender. Queria que o universo o explicasse o motivo pelo qual Jimin o atravessava pelo peito com tantas experiências e sentimentos sendo que, no fim, eles não deveriam pertencer um ao outro. Queria uma resposta para aquela lógica cruel que somente prolongava um sofrimento que não deveria e muito menos era eterno.

Queria que o universo o entregasse respostas, não mais perguntas.

Se aproximou um pouco mais, os olhos de Jimin observando atentamente os olhos brilhantes do tatuado. Os dedos de ambos se pressionavam com certa força, como se tivessem medo que o outro fosse embora. E a ideia de que Park se afastasse sem finalmente entender o que acontecia dentro de si deixou Jeongguk triste, abalado, desesperado.

— Nós podemos conversar, hyung?

Não sabia se ele havia mesmo o escutado, mas seguiu o corpo um pouco menor para o que parecia ser uma área externa do bar. Algumas pessoas fumavam por ali, mas era um número pequeno em comparação com todas que estavam do lado de dentro; então, assim, poderiam ter privacidade.

Porém, o tatuado não pensou direito quando o chamou para conversar, afinal, não havia pensado concretamente em nada que pudesse dizer para amenizar ou justificar seus atos. Isto é, ao menos achava que era algo justificável, mas queria mostrar seu lado da história. Jimin merecia, ele também.

— Eu... Sinto muito. — finalmente disse.

Por sua vez, Jimin estava com o olhar preso no chão, o corpo encostado na parede de tijolos azuis escuros, meio acanhado. Ele também não esperava por aquilo, pelo encontro de ambos, por toda a situação.

Tudo o que conseguiu dizer, mesmo que num tom baixo, foi:

— Eu também.

O mais novo não sabia se afastava-se ou se tentava uma aproximação cautelosa, até porque seu corpo praticamente tremia na ideia de estar tão perto e tão longe de Jimin ao mesmo tempo. Os dedos gélidos tocaram a nuca, puxando os fios enquanto pensava no que dizer.

— Não queria ter me afastado. — disse, apressado. Suspirou fundo e voltou a falar, agora de forma mais calma. — Eu... Eu não quero atrasar sua vida.

Apesar de tudo, Jimin sentia-se cansado. Ele estava triste, magoado, tentava à todo custo seguir sua vida de forma independente. Mas não conseguia suportar a ideia de Jeongguk ainda estar se culpando. Sabia que ele era daquela forma porque passou a vida toda ouvindo todos ao redor dizendo que era o responsável pelas coisas ruins, pelos problemas, pelos sentimentos tristes. E ele ainda se lembrava do que pensou quando conversou com Gook.

Jeongguk era tudo, menos vítima do universo. Jeongguk era tudo, menos o culpado pelas porcarias do universo.

— Você não atrasa nada, Jeongguk. — disse, se afastando minimamente da parede enquanto suspirava, puxando os fios para trás. — Se eu estou perto de você, é porque eu te quero por perto. É simples.

Mas Jeon também não parecia suportar a ideia de que as coisas eram diferentes de como Jimin pensava. Isto é, até mesmo queria que fosse daquela maneira, como um filme romântico onde os personagens descobrem seus sentimentos e acabam juntos. Ele sabia que não seria assim. Afinal, Jeongguk era uma coisa e Jimin era outra.

Não eram compatíveis.

— Não. Não é tão simples, hyung.

Jimin ergueu o olhar machucado e intimidador para ele.

— E por que não?

— Jimin... — instintivamente se aproximou.

Park voltou a colar-se na parede de tijolos azuis.

— Por que, Jeongguk? Como você tem tanta certeza?

Ele suspirou, já sentia a garganta fechando-se devido as lágrimas que subiam, mas não poderia mais esconder. Não dava mais.

Jimin merecia e precisava saber.

— Eu não sou a sua alma gêmea. — finalmente disse, vendo os olhos de Jimin arregalando-se no mesmo instante. Seu peito doeu e ele voltou a falar: — Digo, não tem como eu ser. Sou renegado, igual meu pai.

O mais velho virou a cabeça levemente, confuso e um tanto quanto assustado.

— Como... Como você poderia saber?

Mesmo que já tivesse pensado naquela hipótese, mesmo que tivesse se preparado para não ser a outra metade de Jeongguk, ou que até mesmo fosse um renegado, Jimin ainda sentiu. Seu peito doía e parecia tão vazio, tão... Só.

E, então, sentiu o toque quente dele contra seu braço.

Jeon deslizou e pousou a mão sobre a de Jimin, levantando-a até sua bochecha, onde fez com que o professor de dança passasse a ponta dos dedos, sentindo a marca mal cicatrizada.

— Meu pai me explicou que... Renegados têm uma cicatriz ou marca pelo corpo, algo que os faça saber que não possuem ninguém na outra ponta do fio. Bom, eu tenho essa marca desde muito novo, mas ela não veio por culpa de brigas, aventuras, nem nada disso. Gieun me confirmou que... Que eu tô sozinho.

Assim que o tatuado soltou a mão alheia, o loiro colocou ambas as mãos no rosto dele, a ponta dos dedos acariciando as bochechas e a cicatriz. Estava confuso e assustado, mas Jimin ao menos pensava na hipótese de Jeongguk estar mentindo.

Conhecia ele, sabia que o vocalista não faria isso. Então, num ato impulsivo e tão íntimo, Park se aproximou até os narizes se encostarem, para logo sussurrar:

— Você nunca vai estar sozinho.

E os lábios se encostaram, um misto de amargura e saudade dominava as bocas dos estômagos enquanto os tais tsurus voavam como borboletas.

Jeongguk prendeu o lábio carnudo entre os dentes, voltando a pressionar as bocas antes de envolver a língua quente do mais velho na sua. Ainda sentia os dígitos quentes contra seu rosto e prendeu a cintura entre os braços, temendo que ele pudesse se afastar novamente.

Porque, mesmo que entendesse que não fora feito para ele, Jeon não conseguia ficar longe, não conseguia evitar a radiação de sentimentos que emanava de seu peito. Porra. Gostava dele, gostava tanto dele. Achava que, no fundo, nunca poderia gostar tanto de algo e muito menos alguém como gostava de Park Jimin.

Nem mesmo o universo poderia explicar aquilo.

— Eu achei que você tivesse se afastado porque não gostava de mim. — o loiro segredou, baixinho, enquanto as testas continuavam coladas.

Jeongguk suspirou.

— Eu... Nossa. Eu gosto de você, Jimin, muito. Eu nunca me senti assim com alguém antes, nunca. — apertava a pele macia do mais velho por cima da roupa, o puxando para mais perto. — Mas eu quero que você encontre sua alma gêmea. Quero que seja feliz.

O professor de dança ignorou a existência de almas gêmeas naquele instante. Sentia-se tão completo ali, nos braços do mais novo, não queria pensar em destino e rótulos naquele momento.

— Então, nós concordamos? Sabe, que nos gostamos. — disse, baixinho, sorrindo sem motivo aparente. — Ou devemos continuar mentindo ao invés disso?

Jeongguk acabou sorrindo, e assentiu silenciosamente.

Park gostava de deixar as coisas claras e, naquele momento, o tatuado pareceu concordar com ele. Beijou os lábios do mais alto, suspirando baixinho.

— Se você gosta de mim e eu gosto de você, é isso o que importa, sabe, por agora. — seu tom de voz era baixo o suficiente para somente Jeongguk ouvir. Os olhares se encontraram. — Nós fazemos bem um ao outro, nós gostamos de coisas parecidas, nós... Nós nos completamos. Não! Completos nós já somos, então...

Sentia que seu coração poderia parar a qualquer momento.

— Nós nos transbordamos.

E os lábios se encontraram mais uma vez.

Jimin mostrava a si mesmo que, mesmo que buscasse tanto pela sua metade e tivesse passado anos de sua vida dedicando à isso, não era importante o suficiente. Não quando as mãos suavam de estar perto dele, os olhos ficavam fascinados em sua figura, o coração batia rápido pensando nele, a boca secava e seu mundo girava; tudo por causa de Jeongguk. O próprio âmago do professor de dança se revirava com a ideia de que aquilo tudo não deveria ser importante, não quando ambos estavam juntos.

Porque, no fim, Jimin não queria mesmo sua alma gêmea. Ele queria ser amado.

E Jeongguk estava o amando.

Era o suficiente.

O tatuado beijou os lábios carnudos mais uma vez antes de questionar, baixinho:

— Podemos terminar de conversar em outro lugar? Meu apartamento com o Jin-hyung é perto daqui.

...

Encarava o céu estrelado e pegava se perguntando quando fora a última vez que viu o azul marinho tão contrastado com as centenas de estrelas. Claro, sabia que a resposta era quando estava com Jeongguk, mas apenas sorriu para si mesmo, encolhendo-se na cadeira apenas para se esquentar.

O tatuado logo voltou com duas garrafas de cerveja, entregando uma delas ao professor de dança antes de sentar-se ao lado dele, em silêncio.

Ele e Jin decidiram colocar cadeiras de praia ali, daquelas que poderiam ser inclinadas, afinal, era perfeito para olhar o céu. E, se perguntassem, Jimin concordaria prontamente.

Como sempre, era o silêncio confortável em que caíam com certa frequência, nunca ruim. Passava uma sensação boa de estarem juntos depois de tanto tempo, depois de tanta coisa. Porém, Jimin sentia que precisavam conversar, ele queria entender tudo o que aconteceu, tudo o que significavam.

Queria entender Vênus e Marte, de uma vez por todas.

— Quando você descobriu? — questionou baixinho, os dedos apertando a garrafa gelada entre as pernas. — Sobre... A cicatriz.

— Não faz tanto tempo, na verdade. — o tatuado abaixou a cabeça, evitando o olhar do loiro sob o seu. — Foi pouco depois que nos afastamos.

Depois que você me afastou, Park pensou – mas não disse.

— Seu pai te contou? — perguntou e Jeongguk assentiu.

— Tipo isso, mas ele tentou esconder. — suspirou com certa força, os dedos apertando a própria nuca com pouca pressão. — Ele disse que queria me ver encontrando alguém, não ficando sozinho. Mas, sei lá, eu tenho essa cicatriz desde que me lembro por gente, e eu me sinto sozinho todo esse tempo, também.

Jeon já havia superado a tristeza iminente que o atingiu ao descobrir o que o universo havia reservado para ele. Isto é, havia dito a vida inteira que era um renegado, por que ficava triste com aquela confirmação? Não deveria.

Sentia vontade de pertencer à Jimin, mas tinha plena noção de que, no fim, não pertencia a ninguém. Nem a si mesmo.

— Eu só te afastei porque senti que não era justo com você, hyung. Eu queria e ainda quero que encontre sua alma gêmea, do jeito como você sempre quis. E, sendo bem sincero, eu faria de tudo só pra poder ser a sua metade. — foi sincero, os olhos se enchendo de lágrima enquanto desviava o olhar para o céu estrelado. — Te afastar foi difícil, mas eu sei que errei. Eu sinto muito. Eu...

Jimin apenas percebeu que chorava junto com ele quando tentou falar e a voz falhou, fazendo as lágrimas escorrerem pelo rosto e pingarem na calça jeans. Se aproximou e segurou a mão do mais novo, acariciando com seu polegar enquanto se preparava pra falar.

— Não pense nisso, sim? Já passou... Deixa pra lá. — via os dedos bonitos secando os olhos por baixo do cabelo castanho e mais comprido do que era na última vez em que se viram. — O que importa é que nós estamos aqui, não é? Eu e você.

Ambos queriam muito acreditar naquilo, mas era difícil. Contudo, Jimin percebia que precisava acalmar o mais alto, até porque a ideia de ser um renegado mexeria fortemente com qualquer um.

Ergueu as mãos unidas e beijou as costas da maior, sorrindo antes de ouví-lo:

— Eu não quero mais falar sobre isso. — falou meio duro, mas Park parecia tranquilo. — Quero saber de você.

Os dois trocaram sorrisos singelos antes de o loiro encolher os ombros.

— Eu? Ah, nada demais.

Jeongguk revirou os olhos.

— Qual é, hyung. — deu um tapinha leve na coxa dele. — Você deve ter alguma novidade, além do cabelo loiro que, huh, ficou lindo.

Jimin riu, encolhendo os ombros antes de assentir de leve. Não sabia se deveria contar, mas sentia-se orgulhoso por procurar por coisas que o agradassem além de estar com o tatuado, ou procurando pela sua metade. E ele estava certo, afinal, estava evoluindo como pessoa e era incrível.

— Você gostou? Achei que seria legal mudar. — respondeu, meio tímido. — Bom, na verdade eu tenho sim novidades. — sorriu ao ver o olhar de Jeongguk atento sobre o seu. — Tentei começar uns hobbies diferentes nesse tempo e... Acho que comecei a gostar de luta, fiz uma aula experimental de Hapkido e foi bem divertido. É bem menos assustador do que eu esperava, e meus colegas de turma são legais.

Lembrou-se da conversa que teve com Jooheon, esperava que pudessem se tornar bons amigos.

— Sério? Isso é muito maneiro. — o tatuado respondeu, sincero. Ficava feliz de ver que o mais velho estava feliz. — Eu fazia Muay Thai quando era pequeno, não sei porque parei.

— Deveria voltar. — Jimin disse sincero.

Queria que Jeongguk fizesse como ele, indo atrás de coisas que poderiam deixá-lo mais tranquilo, mais feliz. Agora que ele morava longe de pessoas tóxicas, talvez pudesse focar em autocuidado e amor próprio. Afinal, nunca era demais, o faria bem.

— Quem sabe, né? — olhou ao redor, suspirando. — Por enquanto tô satisfeito assim.

Os dois começaram a olhar para dentro, encarando a mobília, as decorações e tudo com que faziam aquele lugar ser seguro e confortável para os dois tatuados que moravam ali.

Jimin conseguia imaginá-los se divertindo, conversando, comendo, dormindo, vivendo. Era bom demais, ele ao menos saberia explicar.

— É um apartamento bem legal, na verdade. — comentou, apertando a perna alheia na altura do joelho. — Combina com você.

O moreno sorriu, acariciando a bochecha do outro antes de responder, satisfeito:

— Sinto que finalmente sou bem-vindo em algum lugar.

Então as mãos, como se possuíssem imãs, se uniram e entrelaçaram os dedos confusos.

— Bom, você sempre será bem-vindo na minha casa. — disse baixinho, os lábios fazendo aquele bico involuntário.

Os olhos do vocalista brilharam e Park pensou que estivesse olhando para o céu estrelado, mas então lembrou que bem ali, naqueles olhos escuros, estava guardado o seu céu.

O mais brilhante de todos eles.

— E você na minha, hyung.

Os dedos se apertaram uns nos outros antes de Jeongguk se inclinar e resvalar os lábios nos do mais velho. Jimin apertou os olhos com força, o coração tentando fugir da caixa torácica enquanto o mundo parecia parar lentamente.

Há quanto tempo esperava por aquilo?

Fora deitando na cadeira inclinada até que conseguisse sentir os dedos gélidos do vocalista contra sua bochecha. Os fios dele fazendo cócegas em sua testa à medida que os rostos se aproximavam mais. O tatuado apertou sua cintura levemente, o suficiente para que Jimin suspirasse e as línguas se encontrassem. E era um beijo cheio de saudade, de desejos e confissões que guardavam dentro de si mesmos desde que se afastaram em primeiro lugar.

Havia mais do que apenas o carnal, o sentimento de falta. Era como se ali, entre as bocas, uma sensação de que tudo e nada fazia sentido ao mesmo tempo fosse real. Fosse avassaladora.

Park prendeu os dedos curtos nos fios da nuca do outro, puxando o corpo para mais perto.

E eles apenas se afastaram quando o ar se fez rarefeito, mas os narizes se encostavam levemente e os peitos doíam com a força da batida dos próprios corações.

— Quer conhecer o meu quarto? — Jeon disse baixinho, tímido e nervoso.

Poderia passar quanto tempo fosse, Vênus sempre o deixaria nervoso.

Mas o loiro apenas assentiu, a voz grossa do mais novo causando arrepios por todo o seu corpo. Acabou abraçando-o como um pedido mudo para que fosse carregado. E Jeongguk obedeceu.

Ao que caminhava pelo corredor, o vocalista não conseguia conter o sorriso por ter Jimin tão perto, sendo tão seu. Por sua vez, o professor de dança puxava os fios suados e compridos para trás, deixando a testa de Jeon exposta à medida que enchia o rosto dele de beijos. Os braços se agarravam com força no corpo um pouco maior, Jimin sentia que poderia morar ali. Poderia morar nele.

Sorriu quando o moreno sentou na cama, ajeitando as pernas grossas do mais baixo ao lado das suas para, então, voltarem ao beijo. Jimin puxava a camiseta preta do mais novo de dentro da calça afivelada com o cinto, desejando poder sentir um pouco mais dele.

E o vocalista, por sua vez, não ficava para trás. As mãos tentavam trazer o corpo sob o seu para mais perto, uma vontade quase irracional de aproximá-los. Jimin rebolava de forma meio manhosa, um pouco tímido, mas totalmente levado pelas próprias vontades. Afinal, ele queria Jeongguk, de todas as maneiras. Queria sentí-lo, queria que pudessem fundir os corpos e nunca mais se afastarem, nunca mais sentirem tanta falta um do outro.

Então, num impulso, acabou fazendo com que o tatuado caísse deitado, as mãos adentrando a fina camiseta do loiro para tocá-lo nas costas, arranhando levemente enquanto o provocava.

— Eu senti tanto a sua falta... — Jimin disse baixo, com certo medo, mas nenhum arrependimento.

Jeon suspirou, quase gemendo.

— Eu também... Hyung. — afundou o rosto na curvatura entre o pescoço e ombro do mais velho. Os lábios apressados mordendo, lambendo, chupando. — Eu também.

A única luz acesa no quarto era da fita de LED percorrendo a parte superior das paredes do quarto, um tom azul escuro que só colaborava para aqueles mais os corpos, os sentimentos e os corações.

Logo, o cinto e a camiseta de Jeongguk estavam no chão, para onde o jeans claro de Jimin iria logo em seguida.

Sentia beijinhos em seu pomo de adão enquanto as mãos grandes do mais novo desciam pelas suas costas, apertando sua cintura e, por fim, entrando na calça já desabotoada. Apertava e descia o tecido à medida que sentia Jimin se contorcer sobre seu colo, as mãos pequenas ocupadas nos mamilos rígidos e o lábio inferior preso entre os dentes.

Os olhos estavam apertadinhos, mas Park sentia ver estrelas.

Apenas se permitiu abri-los quando sentiu uma das mãos ser segurada pela do mais alto, sendo arrastadas para cima, ao lado da cabeça do tatuado. Os dedos estavam entrelaçados e Jeongguk pendeu a cintura para cima, forçando o contato que ambos queriam tanto. Park não conseguia pensar direito, o corpo apenas se movia como queria e, então, ele se viu ajudando o tatuado a tirar sua calça, jogando-a sobre o resto de suas roupas.

Voltaram para a cama, as mãos unidas contra o lençol enquanto se esfregavam sem pudor algum, sem medo de se entregarem, sem medo do que o universo pensaria deles naquele momento.

Porque, de repente, o destino já não parecia tão importante assim.

Isto é, como poderiam se preocupar tanto com as fatalidades da vida se nada parecia grande o suficiente para barrar todos os sentimentos que tinham guardado no peito? Nada estava a altura.

Deixou os lábios passearem pela pele tatuada do pescoço alheio, os dentes roçando de leve na epiderme quente à medida que Jimin ajeitava-se sobre o volume abaixo de si. Gostava da sensação, conseguia sentir o corpo esquentando e o desejo falando mais alto. E quando Jeongguk o pegou pelos fios loiros da nuca, puxando seu rosto na direção do dele para apenas beijarem-se, Park se viu enlouquecendo.

— Porra, Gguk... — balbuciou, pressionando a bunda contra o membro que latejava dentro da calça preta de Jeongguk.

E ele, por sua vez, pendia a pélvis para cima, fazendo movimentos repetidos que faziam-nos sentir que estavam, de fato, fazendo sexo. O professor de dança não se preocupava em ajudá-lo no ritmo, gemendo de forma arrastada enquanto observava o moreno de fios bagunçados, peito tatuado e avermelhado, além dos lábios inchados. Ele estava lindo, perfeito, fazendo-o quase explodir de tanto desejo.

Jeongguk deitou a cabeça na cama, as mãos se prendendo imediatamente contra a cintura do rapaz em seu colo antes de investir contra ele com força e necessidade. O piercing brilhava no canto da boca, a língua umedecendo os lábios enquanto gemia arrastado.

— Jimin... Porra. — grunhiu, abrindo os olhos deliberadamente. — Vem...

Park fitou-o, mas não teve tempo de responder antes que Jeongguk o puxasse pelas coxas, o encaixando em seu colo. Com Jeon sentado, o loiro suspirou com a fricção que fazia de seu volume contra o tecido grosso.

Porém, ainda não era o suficiente para que não conseguisse sentir o membro alheio, além do desejo nítido que transbordava dos olhos brilhantes dele. As bocas sedentas voltaram a se encostar, as línguas se esfregando uma na outra enquanto tudo o que poderia ser ouvido eram as lamúrias e respirações pesadas.

Aquela sensação de se pertencerem era tão boa, principalmente quando estavam um nos braços do outro, entregando não só o corpo como os desejos, segredos e sentimentos mais íntimos. O loiro não se importava de rebolar, mordendo o lábio inferior macio de Jeongguk à medida que se apoiava nos ombros dele apenas para esfregar os corpos ainda mais.

— Gguk... Isso... Eu tô quase...

Abraçou o pescoço com força, as unhas se arrastando sem cuidado algum na nuca de Jeongguk enquanto sentia os jatos quentes sujando sua peça íntima. E as mãos grandes segurando suas nádegas, o modo como se mexia como se estivessem, de fato, fazendo o que tanto queriam.

Não se recordava de sentir tanto prazer, seu corpo sofria alguns espasmos e acabava mole entre os braços de Jeon.

Suspirava pesado contra o pescoço dele, a testa suada e os gemidos inconscientes fugindo dos lábios enquanto o tatuado molestava sua bunda, apertando-a ao mesmo tempo com que se esfregava ali, quase impaciente.

Apertou os olhos quando mordeu o pescoço de Jimin, investindo contra ele e apertando a pele macia entre os dedos quando finalmente se desfez. O atrito gostoso de seu jeans contra o corpo acima do seu fazia sua própria pele se arrepiar, fazendo Jeon suspirar de forma quebrada e instintiva.

Jimin ainda se apertava contra o mais novo, o corpo esfriando muito lentamente e ele percebendo, por fim, o que haviam acabado de fazer.

— Eu não acredito... Nossa... — Jimin disse, risonho, sem fôlego.

Acabaram caindo numa espécie de risada tola e preguiçosa, os corações palpitando e os rostos vermelhos. Desde quando pareciam tão bobos quando estavam juntos?

— Parecemos dois adolescentes... — Jeongguk comentou e o loiro prontamente assentiu.

— Bom, faz sentido. — deu de ombros, se afastando apenas para que conseguisse encarar o outro nos olhos. — Eu sempre me sinto um adolescente quando tô com você mesmo.

O tatuado acabou rindo outra vez, avançando o suficiente para beijar os lábios carnudos e tão vermelhos. Fitou os olhos pequenos tão de perto e riu soprado, selando as bocas mais uma vez.

— Tô todo sujo e a culpa é sua. — Park falou perto demais do rosto alheio.

Jeongguk engoliu em seco, se segurando pra não respirar profundamente.

— Nós... Podemos tomar banho... — ofereceu, os olhinhos ansiosos e inquietos. — Juntos...

O loiro apenas sorriu, beijando-o antes de assentir, os narizes quase se roçando no ato. Então o tatuado se levantou meio desajeitado, desconfortável com a roupa suja e gosmenta; foi até o banheiro e acendeu uma das luzes, encostando a porta de leve.

Naquele momento, Jimin tirou alguns minutos para reparar no quarto do mais novo. Estava escuro, tirando pela luz que a luminária em forma de planeta emanava na prateleira que dividia com alguns livros e CDs de bandas alternativas. As paredes pareciam claras, mas os posteres e fotos colados nas paredes faziam o ambiente ser completamente a cara de Jeon Jeongguk.

Contudo, achava que não poderia se surpreender mais quando viu, no canto do quarto, vários fios colados ao teto que possuíam passarinhos de origami presos à eles. Eram... Seus tsurus? Como... Por quê?

Ergueu-se e se aproximou de lá, mas antes que pudesse de fato analisar, ouviu a porta do banheiro se abrindo novamente.

— Pode entrando, Chim, vou pegar uma roupa pra você. — o tatuado disse meio baixo, indo até o armário.

Sorriu levemente quando viu uma lâmpada azul conectada à tomada acima do espelho do banheiro. A luz principal estava desligada e o ambiente ficava muito mais gostoso, tranquilo. Jimin sorriu, porque aquilo também só poderia ser ideia do tatuado. E os azulejos brancos pelas paredes ajudavam a não deixar o local tão escuro, dando a iluminação perfeita para tomar banho em paz.

Jimin deixou as roupas sujas dobradas sobre o canto da pia, entrando no box e deixando a água morna cair primeiramente contra o rosto.

Permitiu-se relaxar, fechando os olhos e apreciando a pressão da água contra sua cabeça, nuca e costas. Estava tão feliz, sentia-se tão bem... Há quanto tempo não estava daquele modo? Jimin sabia dizer, principalmente porque o motivo principal de tudo – da tristeza e da alegria – estava bem ali, no cômodo ao lado.

Puxou os fios já molhados para trás, rindo sozinho quando sentiu a água levando os resquícios do que ele e o tatuado haviam acabado de fazer. Ao menos acreditava que, de repente, o encontraria, conversariam sobre tudo e, como se não bastasse, matariam a maldita saudade que os assombrava. Estava se sentindo tão leve, tão feliz.

Logo, Jimin prendeu a respiração quando sentiu os toques do outro em sua cintura, o som da porta do box se fechando e ele tocando seu ombro molhado e nu com a boca quente.

Eles permaneceram em silêncio, mas os corações quase podiam ser ouvidos por baterem com tanta força e emoção.

Sentiam como se estivessem se curando de algo que durou semanas, meses. Era como acordar e ver que a gripe forte havia acabado, finalmente.

— Ah! Que isso? — Jimin disse exasperado quando sentiu algo gelado sobre a própria cabeça.

— Shampoo. — Jeon riu, esfregando os dedos ali enquanto ainda beijava o pescoço do outro.

Subia os lábios e tocava-o abaixo da orelha, mordendo o lóbulo de leve antes de se afastar e terminar de esfregar os fios dele. Park se virou e pegou o sabonete, passando-o pelo tronco tatuado, deslizando as mãos ensaboadas até os ombros e pescoço dele. Acabaram rindo, mas continuavam com o banho como se fosse a coisa mais divertida que faziam há tempos.

E, mesmo que a água quentinha e todo o divertimento estivesse interessante, Jimin terminou de tirar a espuma do próprio corpo para sair do box, se enrolando na toalha cinza. O mais novo o seguiu logo depois, beijando a bochecha dele antes de sair do banheiro.

— Vou me trocar aqui no quarto, pode ficar à vontade. — apontou para a roupa dobrada em cima da pia, Jimin entendeu o recado.

Vestiu a camiseta branca e o shorts, aproveitando que achou uma escova perto da torneira para escovar os fios molhados. Se fitou no espelho e acabou sorrindo, completamente bobo e... realizado.

Afinal, era difícil não ficar daquela forma após sentir-se tão bem, fazendo coisas que o deixavam alegre com a pessoa que mais gostava naquele mundo.

Saiu do banheiro e suspirou ao ver o mais novo de costas, a calça de moletom um pouco caída e as costas largas ainda nuas. Ele vestiu uma regata preta e o loiro continuou sorrindo quando deitou-se e sentiu Jeon deitar ao seu lado. Não pensaram muito sobre aquele dia e os acontecimentos presentes nele, mas não importava. Jeongguk não sentia o medo que o apossou quando Jimin o disse sobre os origamis. Jimin não sentia o desespero de ter certeza que ele era sua alma gêmea.

Não havia nada além dos corpos relaxados e juntos, em meio à cama grande.

Jeongguk passou o braço pela cintura do mais baixo, apertando-o contra seu corpo.

— Você se arrepende? — perguntou à Jimin, baixinho.

— Não. Não mesmo. — disse de forma atropelada. Após uma pausa silenciosa, suspirou e perguntou: — E você?

O tatuado então enfiou o rosto nos fios macios e úmidos do loiro, cheirando-o antes de sorrir.

— É impossível de eu me arrepender de alguma coisa quando tô com você.

Jimin mordeu o lábio, tentando conter o sorriso gigantesco que acabou estampado no rosto.

Estava pronto para virar e beijá-lo quando ouviu seu celular tocando na cômoda ao lado de Jeon. O mesmo pegou e alcançou ao mais baixo que, assim que viu o nome escrito no display, sentou-se no colchão.

— O Tae tá me ligando... — tentou se erguer, mas Jeongguk o puxou pela barra da camiseta larga. — Espera, eu...

— Só fica aqui comigo. — abraçou o corpo menor, uma das pernas passando por cima de Jimin. Beijou o rosto dele e suspirou o cheirinho gostoso. — A gente resolve o resto depois.

Pressionou os lábios, abrindo o aplicativo de mensagens antes de responder rapidamente ao amigo que estava bem e voltaria para casa no dia seguinte.

Sem perceber, Jimin omitiu que estava com Jeongguk, mas não parecia tão relevante assim avisar ao outro. Então largou o aparelho na cômoda ao seu lado e se aninhou ao corpo quente.

Jeongguk o pediu para ficar e ele ficou. Porque o resto ao menos importava quando estava lá, entrelaçado à Marte.

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