O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI...

Autorstwa FSViturine

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LIVRO 02 "Eu queria chorar. Minhas lágrimas estavam presas em meus olhos e teimavam em não cair. Era a segund... Więcej

PRÓLOGO
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20 (PARTE 1)
Capítulo 20 (PARTE 2)
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30 (Por Lucas)
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37 - PENÚLTIMO
Capítulo 38 - ÚLTIMO
Capítulo Bônus - Felipe
EPÍLOGO

Capítulo 17

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Autorstwa FSViturine

Depois de ter passado o resto do dia inteiro fazendo amor com Lucas, nós finalmente havíamos voltado para o mundo real. Então na manhã seguinte, acordei com ele fungando meu pescoço e me dando beijos. Quando enfim resolvi abrir os olhos e o olhei, vi que Lucas já estava vestido para ir ao trabalhar. Era uma manhã de domingo, e estava muito cedo.

- Já vai? – perguntei sonolento. Ele estava arrumando sua mochila.

- Está na minha hora. – disse Lucas. – Ao meio dia estou de volta, ok? – fiz uma careta ao escutá-lo. Eu ficaria sozinho ali a manhã inteira, e Lucas percebeu que eu não havia gostado da ideia. – Porque não liga para Samantha, e a convida ficar aqui com você? – perguntou ele, se aproximando e sentando na cama. Eu já estava bem mais acordado.

- Tudo bem. – falei com um sorriso. Lucas então se aproximou de meu rosto e me deu um selinho, se despedindo em seguida.

- Fique a vontade! A casa é sua. – falou, colocando a mochilas nas costas e indo em direção à porta do quarto. – Ah! Vou jogar a chave por cima do portão, tá? – informou Lucas. Eu afirmei com a cabeça e ele se foi.

Não voltei a dormir, pois já havia perdido meu sono. Também estava sem a mínima vontade de me levantar, porque eu sabia que não ia encontrar ninguém. Então a única coisa que fiz, foi seguir o conselho de Lucas e ligar para Samantha. Sabia que ela ia me matar por eu ligar àquela hora, pois com certeza ela ainda estaria dormindo.

Seu mau humor me mostrou que eu estava certo.

- Quem é? – perguntou ela, azeda como limão. Eu ri baixo. Ela devia ter atendido o celular sem ao menos ver o identificador de chamadas.

- Bom dia, flor do dia! – eu disse, animado.

- Ai Gui! – falou ela, agora sabendo quem era. Eu ri. - Quem morreu? Ou sofreu acidente? – perguntou ironicamente, com a voz grogue.

- Para de ser chata, Samantha. Isso não é hora de dormir. – falei, escutando-a bufar.

- São sete e meia da manhã! Vá dormir. Eu sei muito bem que você deve estar cansadinho por causa de Lucas. – provocou. Eu ri.

- Ainda bem que tocou no assunto. Estou muito chateado por ter guardado esse segredo de mim. – eu disse e escutei seu risinho. – Então para provar que você ainda é uma boa amiga, vai ter que vim para cá, passar a manhã comigo. – eu disse, e ela gemeu, como se não tivesse gostado da ideia de ter que levantar.

- Ok, seu chato. Vou tomar banho e já chego. – disse Samantha. Nós nos despedimos e em seguida, levantei para tomar um banho. Quando saí, organizei todo quarto de Lucas e desci para o térreo.

As portas e janelas da casa ainda estavam fechadas, então eu as abri. Na varanda da frente, perto da garagem, a chave estava no chão. Como Lucas havia falado, ele jogou-a para dentro. E na cozinha, havia deixado torradas de queijo feitas em cima do balcão, querendo me deixar mal acostumado.

Enquanto tomava café da manhã sozinho, o interfone tocou e eu fui atender, com um pouco de receio de ser alguém da família de Lucas, pois havia esquecido que Samantha estava a caminho. Ela riu com meu tom de timidez ao atender a chamada, e ao ver que era ela, fui até o portão. Samantha estava lá, parada, com as mãos na cintura, uma mochila nas costas e usando um óculo escuro. Eu ri com a cena que eu via em minha frente.

- Qual é a do óculo? O dia está nublado. – eu disse, franzindo a testa. Ela entrou e eu fechei o portão.

- Você não viu minhas olheiras ainda! – disse Samantha. Eu revirei os olhos. Nem sabia por que havia perguntado, pois no fundo, já sabia qual a resposta que ela daria.

Nós entramos na casa e subimos para o quarto de Lucas. Ela deixou sua mochila num canto e logo correu, deitando-se na cama.

- Começa logo a me contar tudinho. – disse Samantha, com um sorrisinho malicioso que me deixou encabulado. Então eu bocejei, tentando não demostrar minha vergonha. Não gostava de falar sobre minhas intimidades com Lucas para ninguém, principalmente com Samantha, que não palpava nenhum tipo de comentários inapropriados. – Ai, eu participei de toda armação para depois não saber de nada que rolou? – perguntou ele ao perceber que eu não falaria.

- Nós jantamos aqui, e conversamos bastante durante o jantar. – falei. Ela me olhava ansiosa, como se quisesse ir bem mais além. Tentei não rir com sua expressão ansiosa.

- E depois?

- Depois o quê? – perguntei.

- Ai Gui! Depois da conversa, o que rolou?

- Nós viemos dormir! – falei tranquilamente. Samantha logo fechou a cara para mim. Segurei-me para não cair em risadas.

- Até parece! É óbvio que Lucas é um tarado, e eu também não acredito muito nessa sua carinha de santo. – disparou ela. Acabei dando risadas com seu comentário.

- Samantha, isso é uma coisa muito pessoal. O que você me diria quando te perguntasse o que você e Renan fazem quando estão sozinhos num quarto? – eu disse, tentando defender minha razão.

- Quer mesmo saber? – perguntou ela com um largo sorriso estampado no rosto. Eu desviei os olhos rapidamente.

- Deixa pra lá. – eu disse com uma carranca, fazendo-a rir de mim.

- Que fofo! Você está todo vermelho. – zoava Samantha, jogando um travesseiro em mim. Eu ficava cada vez mais sem graça, pois ela realmente não perdia uma oportunidade se quer.

••

 Samantha e eu passamos a manhã inteira dentro do quarto, vendo TV, mexendo no computador e conversando. Contei tudo o que eu podia falar sobre minha noite com Lucas. Ela insistia em saber das partes quentes, mas eu sempre mudava a conversa de rumo, pois aproveitava a ocasião para ficar falando sobre suas intimidades com Renan, e não podia negar, eu era ciumento em relação à Samantha, talvez sentisse mais ciúmes dela, do quê de Lucas. Ela era como uma irmã para mim, e acho que esse era o real motivo por não ter conversas pessoais com ela.

Já perto das onze da manhã, nós fomos para cozinha, começar a fazer alguma coisa para o almoço, pois Lucas chegaria ao meio dia. E claro que Samantha é quem cozinhou, e eu apenas a auxiliava.

- Renan falou que vem almoçar com a gente. – disse ela enquanto preparava a comida.

- Onde ele está? – perguntei.

- Onde mais estaria? – disse ela, de cara feia. Eu franzi a testa.

- Onde?

- Com quem ele vive grudado, Gui? – perguntou Samantha. E ao entender de quem estava falando, eu me virei, tentando disfarçar meu desconforto. Fui até a geladeira.

- Não faço a mínima ideia. – menti, de costas para ela. O incomodo de estar escondendo um segredo de Samantha atingiu-me em cheio.

- Estou falando de Rodrigo, claro. Renan está na casa dele, e eu já estou começando a ficar desconfiada. – comentou ela, enquanto cortava verduras com uma força desnecessária. A faca fazia um barulho alto a cada cortada. Senti minha barriga embrulhar um pouco.

- Desconfiada?

- Eles não se desgrudam mais, e quando Renan está em minha casa, Rodrigo sempre fica ligando a cada vinte minutos. Isso é chato! – explicou Samantha. Eu fiquei calado, e esse foi meu erro. – Não vai dizer nada? – perguntou, vendo que eu não falaria.

- Falar o quê? – perguntei.

Não entre em pânico, Guilherme.

- Você sempre comenta o que falo, por mais que seja besteira. – disse ela com razão. Se eu não disfarçasse que sabia de alguma coisa, ela ia acabar descobrindo.

- É que estava lembrando o jantar de sexta. – menti. Ela sorriu, para meu alívio.

- Gui, o que acha de casarmos juntos? – perguntou ela, me fazendo rir.

- Quê?

- Você e Lucas estão noivos, Renan e eu também, e nós somos um quarteto. Seria lindo casarmos juntos! – disse ela. Eu continuava rindo com a ideia.

- Samantha casamento gay ainda não foi aprovada no Brasil e, além disso, já me decidi! Só irei casar quando estiver independe de meu pai. – falei, e ela fez bico. – Você também não devia pensar em casamento agora. Você só tem dezessete anos, e nós já conversamos sobre isso. Sem falar que você ainda cheira a leite, Samantha! – retruquei e ela deu uma risada irônica.

- Estou mais experiente do que você pensa meu amor. – disse ela. Eu a fuzilei com o olhar e ela só ria de meu jeito enciumado.

Então pouco mais do meio dia, nós já tínhamos terminado o almoço. Em seguida, fomos nos sentar da varanda da frente, e em questão de minutos, o interfone tocou. Era Renan. Samantha foi abrir o portão para ele, e de onde estava, fiquei observando os dois. Podia ver que eles se gostavam muito, tanto quanto Lucas e eu, mas sabia que Renan nunca teria coragem de trair Samantha, ainda mais com um homem. O que me incomodava, era que ela parecia ser bem dependente dele. Eu também não achava correto Renan continuar iludindo Rodrigo, mesmo sabendo que aquela não era sua intenção, mas ele não parecia estar fazendo as coisas da maneira certa, pois Lucas havia me dito que Renan e Rodrigo estavam mais afastados, mas não era isso que eu estava vendo, e nem era isso que Samantha se queixava.

- E aí, cadê Lu? – disse Renan se aproximando de onde eu estava sentado.

- Deve está chegando. – falei. Renan estava com um sorriso malicioso para mim, e logo vi do que se tratava.

- Então, como foram essas duas noites? – perguntou ele. Eu revirei os olhos.

- Diz pra ele! – falei para Samantha, que riu. Ela fez Renan se sentar e logo ficou em seu colo.

- Ele não quis me falar das partes intimas. – disse Samantha, com uma voz mimada. Eu fiz uma careta, pois não me agradava em nada ver aquelas cenas.

- Claro! É algo muito pessoal, . – disse Renan, me dando razão.

Nós três ficamos mais algum tempo conversando na varanda, até que Lucas também chegou. Fui às pressas abrir o portão para ele, e foi aí que acabei me dando conta da saudade que eu estava sentindo. Samantha e Renan riram de mim, enquanto eu abria o portão meio desesperado. Mas logo mudei minha expressão quando o abri, pois não queria que Lucas visse minha ansiedade. Então ele entrou, e como sempre, estava sorridente. Deu-me um beijo rápido no rosto, e em seguida notou Samantha e Renan na varanda, nos olhando e rindo.

- Do que eles estão rindo? – perguntou Lucas, estranhando a cena. Eu fiquei sem graça.

- Nada! É Samantha e Renan, lembra? São malucos! – disfarcei, e ele riu. Lucas então segurou minha mão e me levou até onde nossos amigos estavam. Quando nos aproximamos, ele largou sua mochila no chão e sentou, parecendo um pouco cansado. Eu fiquei de pé.

- Trabalho duro? – perguntou Renan para Lucas, que sorriu, afirmando com a cabeça.

- Hoje estava bastante movimentada, a loja. Muita menina fresca tirando minha paciência. – disse ele para Renan. Eu logo ergui minha sobrancelha e Samantha reparou.

- Não é uma loja masculina? – perguntei, tentando não demonstrar ciúmes, mas foi inevitável.

- É! Mas homens têm esposas, filhas... – disse Lucas. Renan e Samantha já tinham reparado minha expressão, menos Lucas.

- Sei. – revirei os olhos, e foi nesse instante que ele percebeu e logo abriu um enorme sorriso, pois adorava me ver com ciúmes, então não perdeu a chance de me provocar.

- Tem algumas garotas que são bonitas, e hoje até ganhei o número do celular de uma delas. Foi colocado no bolso de minha calça! – disse Lucas, e por alguns segundos, achei que ele tivesse inventando aquilo, até que ele colocou a mão no bolso de trás e tirou um minúsculo papel de dentro dele. Eu era muito calmo, mesmo quando estava com ciúmes.

- Meu celular tem crédito, se quiser emprestado. – falei, dando algumas tapinhas de leves em seu ombro. Samantha e Renan caíram na risada, então sorri cinicamente para Lucas e entrei na casa.

- Amooooooooor! – disse Lucas, com uma voz de desespero, e quando olhei para trás, vi que ele corria atrás de mim. Eu não dei bola e entrei na cozinha, mas antes que chegasse perto do balcão, ele me abraçou por trás e começou a beijar minha nuca. – Eu estava brincando, Gui! Olha só. – disse Lucas, mostrando o tal papel, que era apenas um cartão da loja que ele trabalhava. Mas mesmo assim, não falei nada. – O que eu faço para você me desculpar? – perguntou Lucas, dando mordidas em meu pescoço. Eu estava arrepiado e com medo dele perceber que eu estava gostando, mas quando me virei para lhe dar um beijo, Samantha e Renan entraram na cozinha, e ficaram parados na porta, nos olhando. Dei uma cotovelada na barriga de Lucas e ele me soltou em meio a risadas.

- Foi mal! – disse Renan, vendo nosso jeito desconfiado. Samantha tentava segurar o riso, isso estava claro em seu rosto.

- Vamos comer? – perguntei, mudando rapidamente o rumo que aquele constrangimento levaria. Todos deram um riso.

- Vou tomar banho, mas podem ir começando. Volto rapidinho! – disse Lucas. Eu então me virei para pegar os pratos, quando ele segurou minha mão. – Você não vem? – perguntou ele.

- Hum... – fizeram Renan e Samantha, deixando-me encabulado. Então Lucas saiu me puxando com ele.

Subimos até seu quarto e chegando lá, ele logo abraçou minha cintura e me beijou. Era um beijo de saudades, calmo e carinhoso, mas não durou muito. 

- Tomou café de manhã? – perguntou Lucas, tirando a camisa. Eu estava sentado na cama, o observando.

- Uhum. – falei, vendo-o terminar de tirar tudo, ficando somente de cueca. Em seguida, entrou no banheiro, enquanto eu ficava no quarto, esperando ele tomar seu banho, que não demorou mais que dez minutos. Lucas saiu do banheiro enrolado na toalha, e esperei ele se vestir para descermos. Samantha e Renan nos esperavam na cozinha.

••

Depois do almoço, nós fomos para o jardim. O dia continuava nublado, sem nenhum sinal do sol, nos fazendo achar que uma chuva apareceria à tarde. Ficamos a beira da piscina, e Lucas continuava tentando me provocar com ciúmes, mas consegui me conter e mostrar que não estava ligando para aquilo.

- Porque vocês nunca chamam Rodrigo para ficar com a gente? – perguntou Samantha, nos pegando de surpresa. Foi bem nítido a troca de olhares entre Lucas, Renan e eu.

- Acho que ele se sentiria deslocado. – falou Lucas, dando uma desculpa. Renan estava de cabeça baixa, parecendo observar a água da piscina.

- Verdade! Não tinha pensado nisso. – disse Samantha, parecendo acreditar naquilo.

- Lu, posso usar seu banheiro? – perguntou Renan, levantando de onde estava. Lucas afirmou com a cabeça para ele, que saiu em seguida. Depois disso, Lucas passou a me encarar, e eu achava que ele estava brincando, já que fazíamos isso sempre. Mas seu olhar apontava para algum lugar, e eu demorei um pouco a entender, até que numa distração de Samantha, ele sussurrou em meu ouvido, dizendo para que eu fosse conversar com Renan. O olhei com receio, claro. Não sabia bem como conversar com ele, pois nunca havia tido conversas muito sérias com Renan.

- Já volto! Vou buscar meu celular. – falei, dando uma desculpa. Samantha estava distraída, e nem deve ter notado minha ausência.

Já dentro da casa, fui direto atrás de Renan, e o encontrei na escada. Ele me olhou desconfiado, como se quisesse me falar alguma coisa. Estava claro em seus olhos que algo lhe incomodava.

- Quer falar? – perguntei. Ele só afirmou com a cabeça e subiu a escada. Eu o segui até o quarto de Lucas, fechando a porta só por precaução. – Está tudo bem? – perguntei. Renan havia se sentado na beira da cama, com as mãos cobrindo seu rosto.

- Lucas te contou? – perguntou ele, depois de segundos calado. Ele não me olhou.

- Sim.

- Não vai me xingar? – perguntou Renan, erguendo sua cabeça e me olhando. Eu franzi a testa, espantado com a pergunta.

- Xingar?

- É. Eu sei o quanto você gosta de Samantha. – disse ele.

- Por acaso você fez alguma coisa com Rodrigo? – perguntei sério. Achei que ele estava se culpando demais, apenas por um cara ter se apaixonado por ele.

- Como assim? – perguntou Renan.

- Você sabe do que estou falando, Renan. – eu disse, revirando os olhos. Ele ficou um pouco pensativo, e logo me veio uma decepção. Tive quase certeza de que tinha sim rolado algo entre os dois.

- Não. Não rolou nada. – disse ele, um pouco assustado. O olhei com um olhar duvidoso e ele percebeu, mas não disse nada.

- Se não fez nada, porque fica se culpando? – perguntei.

- Porque eu devia ter acabado com isso desde o começo. – explicou Renan.

- E porque não acabou?

- Por que não queria machucar Rodrigo! Ele é um cara legal, e eu gosto dele... Como irmão. – falou ele. Eu fui até uma poltrona pequena que havia no quarto de Lucas e me sentei. Ele ficou me olhando.

- Ok, mas e Samantha? Como fica? Você a ama ou não? – perguntei sério. Pude notar que ele engoliu o seco ao meu ouvir.

- Mais do que você imagina, Gui. – disse ele, agora com uma voz de choro. Senti-me um pouco culpado, pois começava a achar que estava sendo um pouco duro demais com ele.

- Renan... Tenta acabar com isso de uma vez, e cortar o mal pela raiz. – eu tentava falar com a voz mansa. - Não estou falando para você deixar de falar com Rodrigo, mas sim colocar um limite. Como você quer que Rodrigo acabe com esse sentimento, se você não faz isso acontecer? Renan, você está sempre na casa dele, ou ele na sua, e não se desgrudam. A própria Samantha reclama muito disso, se você quer saber. – eu disse. Ele ficou um pouco calado, e pensativo.

- Vou tentar... Mas eu tenho medo. – afirmou ele.

- De quê?

- Cara, se Samantha descobrir isso, mesmo que eu não tenha feito nada, ela vai terminar comigo. – disse Renan, um pouco desesperado. O pior veio depois, quando a porta do quarto abriu. Meu coração disparou ao ver Samantha, nos observando com uma expressão séria no rosto. Minhas pernas tremiam, pois eu sabia que um problema enorme havia surgido naquele momento.

Lucas apareceu logo depois, atrás dela, e logo percebeu que algo tinha acontecido. Samantha não desviava o olho de Renan, nem ele dela. Fiquei ainda mais preocupado quando vi lágrimas escorrerem de seus olhos. Ele estava entregando o jogo de vez.

- Eu vou terminar com você, se você não me falar o que está acontecendo aqui! – disse Samantha, muito séria. Parecia estar brava. Eu não sabia se ela tinha escutado toda conversa.

- Gui, vamos descer. Deixe eles conversarem. – disse Lucas, me esperando fora do quarto. Fiquei preocupado com Renan, pois nunca havia o visto daquela forma. Ele praticamente implorava com os olhos para que eu não saísse, mas eu não podia me meter naquilo. Tinha que deixar acontecer, então fui em direção a Lucas. Samantha estava no meio da porta, e esperei ela sair da minha frente, mas ela ficou me olhando feio, com um olhar acusador, e vi logo que ia sobrar para mim também.

- Pega leve! – falei, olhando para ela. Samantha pareceu não dar muita bola para o que falei e saiu da frente.

Eu estava com muito medo dela fazer besteira, pois sempre costumava fazer as coisas sem pensar. Se fosse algo que a fizesse passar como idiota, aí sim ela ficaria ainda mais brava. Samantha não tinha absolutamente nada de ingênua em si mesma. Era estranho que ela não tivesse descoberto tudo antes, e esse deve ter sido o motivo por ela ter ficado tão irritada.

••

Meia hora já havia se passado. Lucas e eu continuávamos sentados na sala, sem saber o que fazer. Ficamos a maior parte do tempo calados, pois não sabíamos o que dizer. Nós só torcíamos para que tudo desse certo entre os dois. E foi então que, minutos mais tarde, o interfone tocou. Lucas estranhou aquilo e foi até a cozinha, atender. Quando ele voltou, me olhava com uma expressão assustada, me fazendo sentir um frio na barriga.

- O que foi? – perguntei. Ele parecia um pouco nervoso.

- Rodrigo está aí. – disse ele, com uma expressão preocupada.

Acompanhei Lucas até o portão, e quando ele abriu, Rodrigo estava lá, todo brincalhão como sempre.

- E aí, o que estão fazendo? – perguntou ele, animado. Lucas e eu estávamos confusos.

- Como sabia que estávamos aqui? – perguntei, tentando descobrir o que ele fazia ali. Rodrigo pareceu ficar confuso.

- Renan ligou, e me disse para vir. – explicou Rodrigo. Lucas e eu trocamos novamente olhares preocupados. Rodrigo percebeu, é claro. – O que foi? – perguntou ele.

- Ele está lá em cima, no último quarto à direita. – disse Lucas, sem dar mais detalhes. Rodrigo ainda ficou parado, nos olhando desconfiado. Ele queria que falássemos mais alguma coisa, mas quando viu que não falaríamos, entrou na casa. Lucas e eu fomos atrás e ficamos na sala enquanto ele subiu, olhando sempre para trás, e nos observando.

Estava bem claro que as coisas estavam feias no andar de cima. O clima estava pesado e eu já estava para enlouquecer, querendo saber o que estava rolando no quarto. E se não fosse Lucas, que estava me impedindo, eu já teria subido para saber o que estava acontecendo.

- Acho que devíamos ter dito a Rodrigo o que estava acontecendo. Iram pegá-lo de surpresa! – eu disse, preocupado com ele. Seria um grande baque para ele.

- Agora é tarde! – disse Lucas, com uma careta. Ele puxou a mim, abraçando-me de lado, e me colocando entre suas pernas. E para passar o tempo, ligou a TV, mesmo sabendo que não conseguiríamos ter cabeça para ver nada que estava passando naquela tarde.

O tempo continuou passando, e nada de escutarmos qualquer ruído que fosse. A conversa entre eles estava sendo muito longa, pois já fazia mais de uma hora e meia que estavam lá, trancados. Só por volta das três da tarde foi que escutamos o barulho de alguém descendo a escada. Lucas e eu nos posicionamos rapidamente para ver quem era, e encontramos Rodrigo, completamente pálido. Parecia nervoso e um pouco envergonhando. Quando nos viu, ele apenas deu um sorriso sem ânimo algum e passou por nós, indo embora.

- E agora? – perguntou Lucas, me olhando. Foi só ele terminar de fechar a boca para Renan também descer a escada. Ele parecia ainda pior que Rodrigo. Não estava chorando, mas estava com cara de quem esteve chorando. Ele então se sentou num dos últimos degraus da escada e ficou lá, alguns segundos de cabeça baixa, até que Lucas e eu nos aproximamos. – O que aconteceu lá em cima? – perguntou Lucas, sentando ao lado dele. Eu continuei de pé, os observando.

- Ela terminou. – disse ele, segurando o choro, e vê-lo daquele jeito, fez eu me sentir mal. Sabia que ele era apaixonado por Samantha. E aquela notícia parecia ter chocado não só a ele, mas a mim e a Lucas também, já que não soubemos o que dizer, até eu cortar o silêncio.

- Porque ela terminou? –perguntei. Aquele término não estava fazendo sentido algum. Rodrigo estar apaixonado por Renan não poderia ser o que levou Samantha a terminar o namoro. Eu tinha certeza!

- Ela não acredita que eu não tive nada com ele. – disse Renan.

- E você realmente não teve? – perguntei, por impulso. Lucas então me olhou com reprovação, mas não dei bola para ele. O que chamou minha atenção, foi que Renan não me olhou, e muito menos se defendeu. - Já volto! – eu disse para eles, e aquela foi a primeira vez que Renan me olhou. Ele já sabia aonde eu iria.

Então eu subi a escada e fui direto para o quarto onde Samantha estava, e quando entrei, a encontrei sentada na cama, calada, séria, e sem nenhuma expressão no rosto. Quando me viu, logo virou o rosto, mostrando claramente que estava brava comigo. Então eu não enrolei, fui direto ao ponto com ela, pois sabia como enfrentá-la. – Pode chorar! Eu sei que você quer fazer isso. – afirmei. Ela ficou quieta, ainda com o rosto virado.

- Me deixa sozinha, Guilherme. – disse ela, num tom revoltado. Respirei fundo, pois sabia que precisava ter paciência.

- Para com isso, Samantha! Se fazer de forte comigo, para quê? – perguntei, me aproximando e sentando na cama, e foi nesse momento que ela me olhou. Seus olhos estavam cobertos de lágrimas que não caíam, mas a raiva não sumia de sua face.

- Me diz uma coisa, Gui. Se Lucas te traísse, você o perdoaria? – perguntou ele, me olhando séria. Eu engoli o seco, pois havia tocado em minha ferida, e ela sabia disso.

- Você sabe que isso já aconteceu, e nós ainda estamos juntos. – eu disse, observando a primeira lágrima escapar de seus olhos e escorrer pela sua bochecha. Eu não suportava vê-la daquele jeito.

- Não foi o que perguntei! Quero saber, você perdoou ele? – perguntou Samantha novamente. Eu engoli o seco.

- Não. – falei baixo, negando com a cabeça ao mesmo tempo.

- Então não me peça para perdoar ele, pois isso não irá acontecer. – seus olhos estavam fixos nos meus, e eu lutava contra as lágrimas que queria surgir em meus olhos. - Não perdoo traição! – disse ela, tentando conter o choro. Fiquei algum tempo calado, já que não sabia o que dizer, pois Samantha tinha todas as respostas afiadas na ponta da língua.

- Ele confessou se alguma coisa rolou entre eles? – perguntei, com um medo claro da resposta. Samantha não parava de tentar prender suas lágrimas, que queriam cair a qualquer custo.

- Estava nos olhos dele que alguma coisa tinha acontecido, Gui. – disse ela, baixo, e um pouco mais calma. Eu suspirei, pois sabia que Renan realmente estava ocultando alguma coisa.

- Quer ficar aqui? – perguntei. Sabia que ela não tinha condições de ir para casa daquele jeito. Samantha não disse nada, apenas afirmou com a cabeça e novamente virou seu rosto para o outro lado, e eu fiquei um tempinho ali com ela. Sabia que no fundo ela queria desabar em chorar, e que isso aconteceria a qualquer momento.

••

Alguns minutos depois, saí do quarto sem dizer uma palavra, deixando Samantha no quarto de Lucas, sentada imóvel na cama. Ao sair, e chegar no alto da escada, vi que Lucas e Renan ainda estavam sentados no último degrau. Havia chegado ao exato momento em que Renan dizia a Lucas o que havia acontecido entre ele e Rodrigo, numa noite em que ele havia dormido em sua casa, e nenhum dos dois notaram minha presença, pois estavam sentados de costas para mim.

Escutei absolutamente tudo o que Renan contava para Lucas, no mais perfeito áudio. Na noite em que ele havia passado na casa de Rodrigo, algo aconteceu durante a madrugada. Renan estava dormindo, quando sentiu alguém lhe tocando, e segundo sua história, ele ficou sem reação com o que viu, e por esse motivo, fingiu continuar dormindo, até Rodrigo começar a lhe fazer sexo oral. O pior foi que Renan confessou ter gostado, e por isso continuou o fingimento. Ele explicou a Lucas que nunca contou para Rodrigo que estava acordado naquela noite, e que aquilo aconteceu no mesmo dia em que ele e Samantha estavam brigados. Em suas palavras, foi um ato de carência.

Depois de escutar tudo, esperei para ver se Lucas falaria alguma coisa, e o que saiu de sua boca me deixou chocado por alguns instantes.

- Eu entendo!

Como diabos ele poderia entender aquilo?

Lucas não se espantou quando notou minha presença e me viu ali, ao contrário de Renan, que ficou assustado e logo levantou. Dos olhos dele, começou a cair lágrimas, pois ele sabia que a partir dali, as coisas para ele haviam piorado em dobro.

- Falou com ela? – perguntou Lucas, numa tentativa de mudar o assunto. Eu estava sério, encarando Renan.

- Ela está mal, e agora eu sei qual a razão. – eu disse, ironicamente. Renan continuou me olhando por mais alguns segundos e depois se virou, saindo apressado. Lucas pensou em ir atrás dele, mas vi que ele desistiu.

- Não podia ter pegado leve? – perguntou Lucas, enquanto eu descia a escada. Fuzilei-o com o olhar e ele ergueu suas mãos para cima, como sinal de inocência.

- Eu disse para Samantha que ela podia ficar aqui. Tem algum problema? – perguntei. Lucas me abraçou pela cintura, e pela primeira vez, não me senti confortável em seus braços, mas tentei disfarçar, deixando que ele me abraçasse.

- Não vejo nenhum problema. – disse ele, dando um selinho em meus lábios, e eu forcei um sorriso. Não sabia exatamente o que eu estava sentindo naquele instante. Só sabia que ter escutado Lucas defender Renan daquela forma, havia me deixado confuso. 

ATENÇÃO: Pessoal, votem na história, clicando na estrelinha que fica na parte superior da página (caso esteja usando computador), ou na parte inferior (para quem estiver usando o aplicativo no celular). E sigam a página oficial da história no Facebook (www.facebook.com/ofilhodoamigodomeupaioficial), onde notícias sobre a história e SPOILERS são soltos diariamente. Abraços para todos e boa leitura!

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