Capítulo 14

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 Lucas e eu continuamos em meu quarto por mais alguns minutos. Já eram quase nove da noite quando senti finalmente falta de Samantha e Renan. Fazia algum tempo que eles já haviam sumido. Então com muita relutância, já que Lucas me prendia, eu levantei da cama e fui até a porta de meu quarto, olhar o corredor, mas para minha completa surpresa, dei de cara com meu pai, estampando um largo sorriso no rosto. Eu franzi a testa imediatamente, achando que ele estava nos espionando.

- Pai! O Senhor podia nos dar um desconto, não é? – falei sério para ele, que riu, parecendo não entender do que eu estava falando.

- O que foi? –perguntou ele.

- Estava nos vigiando, não é? – eu disse de cara feia. - Fique tranquilo! Não há nenhum perigo de ganhar um neto. – ele me fuzilou com seu olhar, e eu quase me arrependi por ter dito aquilo.

- Eu não estava espionando vocês! Estava olhando outra coisa.

- O quê? – perguntei. Então ele apontou para janela no fim do corredor. Era a janela que dava visão para o jardim.

Minha imaginação logo deu o ar de sua graça, então eu saí correndo, já imaginando do que aquilo se tratava, mas quase gritei de dor. Havia esquecido minha perna! Então depois de me recuperar daquela ponta, e de ignorar o olhar de repreensão de papai, eu fui até a janela e me deparei coma aquela cena.

Renan e Samantha estavam agarrados, no maior amasso, como dois animais no sio, num canto do jardim. Pareciam estar escondidos, como se não quisessem que ninguém os visse ali. Eles só esqueceram a janela! E eu logo franzi a testa, fazendo careta. Renan parecia que ia engolir Samantha com a boca, a qualquer momento. Doutor Augusto riu de minha expressão.

- Lucas tem que ver isso! – eu disse para mim mesmo. Então eu voltei até meu quarto e o chamei para ver aquela cena. Meu revirou os olhos e se afastou, entrando em seu quarto.

Lucas e eu ficamos na janela, olhando aquilo e nos acabando de rir. Toda vez que eles paravam os beijos e olhavam para todos os lados, verificando se alguém os via ali, nós nos abaixávamos, para que não fôssemos vistos.

- Vocês não tem vergonha de ficar aí, espiando os dois? – disse meu pai, nos pegando no flagra. Lucas quase caiu em cima de mim, com o susto que levou.

- Eles já nos espiaram! É mais do que justo. – falei e papai riu, negando com a cabeça. Em seguida, ele desceu.

Quando Lucas e eu então voltamos para olhar os dois pombinhos novamente, vimos que já não estavam mais lá. Nós dois nos entreolhamos, franzindo a testa um para o outro, e foi então que escutamos as vozes de Renan e Samantha, vinda da escada.

- Merda! – praguejei, agarrando minha muleta e tentando voltar apressado para meu quarto, mas acabei levando um tombo horrível, ao colidir com Lucas que estava igualmente apressado em fugir dali. – Ai! – gritei, sentindo uma pontada em minha perna engessada. Lucas havia caído em cima de mim, e num desespero de escaparmos de um flagra, acabamos nos enrolando, ali no chão do corredor. – Sai de cima de mim, Lucas! – eu ria e chorava ao mesmo tempo. Lucas olhava desesperado para os lados, parecendo confuso com o que havia acontecido.

- O que vocês estão fazendo? – perguntou Renan, nos flagrando ali. Lucas havia acabado de sair de cima de mim e me ajudado a ficar de pé. Ele arrumava sua camisa, que estava amassada e completamente fora do lugar. Parte de seu abdômen e de seu peito estava à mostra, até ele endireitar a camisa. Nós dois nos olhamos, completamente envergonhados. As bochechas de Lucas estavam muito vermelhas.

- Nada! – disse ele, sem jeito. Samantha observava curiosa, com a testa franzida e a cabeça inclinada para o lado.

- Acho que seria mais confortável se vocês fizessem isso na cama! – disse ela. Renan caiu em meio a risadas.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)Where stories live. Discover now