non-kisses

By evolvelarry

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A rivalidade entre eles nasceu quando ainda eram crianças e, sendo absolutamente honesto, Harry não acredita... More

Capítulo Um - Três Décimos
Capítulo Dois - Trégua
Capítulo Quatro - Tentativa e erro
Capítulo Cinco - Tiranossauro Rex
Capítulo Seis - Terças-feiras
Capítulo Sete - Tem certeza?
Capítulo Oito - The 100
Capítulo Nove - Tutti-frutti
Capítulo Dez - Thor (parte 1)
Capítulo Onze - Thor (parte 2)
Capítulo Doze - Talvez
Capítulo Treze - Tangível
Capítulo Quatorze - Tortas de Abóbora
Capítulo Quinze - Todas as Estrelas do Céu
Capítulo Dezesseis - Tão Apaixonado
Capítulo Dezessete - Transigir
Capítulo Dezoito - Treze minutos
ESPECIAL DE NATAL
Capítulo Dezenove - Trancados
Capítulo Vinte - Together? Together.
Capítulo Vinte e Um - Terra
Capítulo Vinte e Dois - Tranquilidade
Capítulo Vinte e Três - Transato
Capítulo Vinte e Quatro - Toques e beijos
Capítulo Vinte e Cinco - Telefonema
Capítulo Vinte e Seis - Término
Capítulo Vinte e Sete - Tudo errado
Capítulo Vinte e Oito - Tentando
Capítulo Vinte e Nove - Ter tudo
Capítulo Trinta - Tudo bem
Capítulo Trinta e Um - Testando o terreno
Capítulo Trinta e Dois - Tanto tempo
Capítulo Trinta e Três - Troca
Spotlight
Capítulo Trinta e Quatro - Triunfo
Capítulo Trinta e Cinco - Times Square
Capítulo Trinta e Seis - Styles
Capítulo Trinta e Sete - Tomlinson
ESPECIAL (bônus - parte I)
ESPECIAL (bônus - parte II)
Cenas deletadas
Agradecimentos
ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS

Capítulo Três - Telhado

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By evolvelarry

O lugar se parece mais com um refúgio que qualquer outra coisa. Alguém definitivamente passa muito tempo ali e, pela maneira como Louis se move — guiando Harry através das almofadas e cobertores, passando em baixo de um toldo — em direção ao parapeito, Harry desconfia que seja ele.

O sol ilumina todo o telhado enquanto morre no horizonte.

— Aqui é meu lugar preferido — diz Louis.

— Seu refúgio — completa Harry com um sorriso. Ele conhece Louis Tomlinson muito bem, afinal. — Por causa da vista? — Arrisca, mas Louis nega com a cabeça.

— Por causa do silêncio — responde apoiando as mãos na barricada enquanto olha para baixo. — Estudo aqui. Em casa é muito barulhento.

— Então é aqui que você planeja como vai trapacear? — Provoca Harry parando ao lado de Louis, o qual ri e nega com a cabeça.

— Eu sou inteligente e você sabe disso, admita.

A maneira como Louis exige isso, com olhos em brasas e corpo se aproximando do de Harry... Céus. Nada disso é algo novo, ele já presenciou reações como essa no passado; na verdade, foi justamente um momento como esse que iniciou toda a história de não-beijos.

No entanto, neste final de tarde, tudo está diferente. Porque eles são amigos. Não, porque eles se beijaram há pouco. Não, não. Porque eles se beijaram de verdade. E porque Harry quer que aconteça de novo, mas para isso eles precisam brigar.

Harry não é um idiota, ele sabe que Louis é inteligente, negar este fato é negar a única coisa que tem certeza sobre si mesmo. Ambos estiveram no topo do ranking de notas pela mesma quantidade de anos, sejam juntos ou separados, por esta razão o último ano é ainda mais decisivo — irá desempatar.

E Louis não estaria empatado com Harry se não fosse inteligente.

— Eu sei de muitas coisas, Louis Tomlinson — começa Harry mantendo seus pés firmes enquanto Louis se aproxima cada vez mais —, provavelmente sei de tudo agora que aprendi ser seu amigo — há um pouco de desdém em sua voz, é falso e Louis sabe disso, mas está deixando as fagulhas da briga se tornarem fogo, então ele não interrompe Harry —, mas saber que você é inteligente? Nunca irei admitir tamanha mentira.

Apenas isso é o suficiente.

Geralmente iria precisar de mais para, de fato, irritar Louis, mas levando em consideração o que aconteceu minutos antes, é justificável. Ou não. Céus, Harry está confuso e ele sente as engrenagens de seu cérebro se esforçando para entender aquele momento no telhado.

Ele se esforça para entender Louis Tomlinson e porque ele está colocando sua língua na garganta de Harry de novo.

Seja como for, é um bom beijo. E Harry só admite a si mesmo que é um beijo beijo porque é melhor que o primeiro, mais quente e afobado.

Se ele fosse descrever com mais detalhes (o que Harry não irá fazer, pois um beijo de Louis Tomlinson não merece tanta apreciação assim), diria que o primeiro foi como os primeiros passos em uma terra desconhecia, testando o terreno para ver se é seguro continuar.

Uma vez decidido que o chão não irá ceder, seus passos ficam mais confiantes e a euforia de descobrir algo novo tira seu fôlego, exigindo por mais, querendo explorar mais.

Harry sabe que a pessoa o beijando é Louis Tomlinson, seu inimigo declarado desde os oito anos de idade, mas nada disso exclui o que Harry está sentindo neste momento. Quase como um desejo, mas ele nunca desejou nada antes com tanta intensidade.

Se Louis Tomlinson quisesse, ele poderia levar tudo de Harry neste momento.

[...]

Louis o beija até estarem deitados nas milhares de almofadas e cobertores que ele deixou ali.

Era para ser apenas um beijo, mas depois que eles recuperaram o fôlego e voltaram a beijar pela terceira vez, Harry entendeu que aquilo aconteceria por mais alguns minutos. Talvez mais do que "alguns". Quem se importa, não é mesmo?

— Posso tirar sua camiseta?

É a pergunta mais estranha que Louis Tomlinson já fez a ele.

— Sim, claro — responde.

Então os dois estão sem camisa e Harry se questiona o que acontecerá em seguida.

Harry nunca imaginou que iria, de fato, perder  a virgindade no ensino médio, afinal de contas, sempre esteve muito ocupado estudando para se relacionar com qualquer ser humano, haja vista que ele não tinha nenhum amigo. Sua ideia de sexo sempre envolvia um dormitório de faculdade ou um quarto de motel, não um telhado e a pessoa que ele mais odeia.

Ele não mantinha expectativas nenhuma sobre isso, porque é algo natural dos seres humanos e em algum momento irá acontecer com todos.

Seu primeiro beijo foi com Louis e é isto. Não havia muita expectativa antes e não existe agora, tanto com relação à beijos quanto ao sexo.

Se Louis quiser que aconteça, tudo bem por Harry. Se ele se afastar, também não terá problemas.

Harry vive com as expectativas bem baixas, mas isso ocorre porque ele não é uma pessoa muito criativa, alguém que cria uma história para cada pequena situação em sua vida, ele simplesmente se mantém dentro dos padrões de normalidade que cada situação demanda.

— Nós vamos fazer isso? — Pergunta Louis interrompendo o beijo.

Engraçado como adolescentes estão sempre pensando em sexo, estando Harry incluso, mas apenas porque é impossível evitar imaginar como seria ter alguém dentro dele nos momentos em que fica excitado. Sem expectativas para primeira vez, para a situação geral em si, mas ainda assim excitado.

— Sexo? — Adiciona Louis uma vez que Harry não responde, ocupado demais com seu monólogo interior sobre o capitalismo e a glamourização da virgindade (é um tema interessante, quem sabe Harry escreva sobre isso posteriormente?). — Você pode chamar de não-sexo, se desejar.

Harry está desejando outras coisas, na verdade.

— Eu não disse nada — responde em sua defesa —, não precisa ficar me provocando por causa dos não-beijos.

— A ideia do não-encontro foi ótima, pois funcionou no final das contas.

— Nós saímos como amigos, não deixe que isso suba a sua cabeça — rebate Harry —, cara, você é tão apaixonado por mim, meu Deus — continua ele desviando o olhar para o teto. — Ok, vamos logo com isso, você tem camisinhas nesse lugar? —  Pergunta voltando a encarar Louis. — Aposto que já trouxe vários desavisados pra cá.

Louis se afasta e deixa Harry deitado nas almofadas.

— Nunca trouxe ninguém aqui para ter sexo, eu tenho classe, sabe? — Diz ele pegando a carteira do bolso.

Harry observa Louis tirar um preservativo da carteira enquanto bufa alto, sem motivo aparente, apenas para manter o clima de animosidade.

— Você pode procurar o tubo de lubrificante no meio das almofadas? — Pergunta Louis jogando sua carteira de lado e abrindo o zíper da calça.

— Nojento — responde Harry simulando um vômito. — Agora entendi o que você quis dizer com "nunca trouxe ninguém aqui".

— Vai me dizer que nunca bateu uma? — Rebate Louis chutando sua calça jeans para longe.

Harry demora para responder porque, bem, Louis Tomlinson está seminu na sua frente e ele é lindo.

O fato de Louis Tomlinson ser lindo não é novidade. Ele era a criança mais linda da escola e cresceu para se tornar ainda mais lindo.

Mesmo com todas as intrigas, Harry nunca foi cego para o fato de que Louis Tomlinson é uma pessoa linda, na maneira mais superficial que existe para elogiar uma pessoa.

Os olhos azuis. O cabelo castanho-claro liso e bagunçado. O sorriso. As pernas torneadas e coxas grossas.

— Bati, mas não saio dizendo isso as pessoas — responde quando finalmente consegue encontrar sua voz.

Louis encolhe os ombros e volta a se deitar em cima de Harry, pairando sobre ele com um sorriso de lado e cabelo caindo em cima do rosto.

— Então, qual posição você prefere?

Qual posição Harry prefere? Santo Deus...

— Uma que eu não tenha que olhar para sua cara — responde e o sorriso de Louis some na mesma hora, sendo substituído por uma carranca. Parece um gatinho bravo.

— Vire de costas, então — responde seco e Harry se encolhe.

Gostar de quando Louis age todo mandão com ele é uma coisa agora, então.

— Louis, eu sou virgem, não tenho posição favorita, eu nem sei o nome de posição alguma — responde Harry.

— Bom, eu também sou.

— Dá um tempo, você tinha uma camisinha na sua carteira.

— Bem, sim — responde Louis —, preciso estar preparado para momentos como esse.

— Isso era algo que você estava planejando? — Pergunta arqueando uma sobrancelha.

Louis ri e nega com a cabeça. — Não, eu não estava, mas até agora deu tudo certo. Posso tirar o resto das suas roupas?

Mudança brusca de assunto. Típico de Louis.

— Sim, claro.

E Harry até estaria envergonhado de estar pelado e duro na frente de alguém, mas Louis também está pelado e duro, deixando o ambiente equilibrado.

E com todas as declarações vergonhas que Harry já fez, admitir (ainda que para si mesmo) que assiste pornô não parece grande coisa — ele sabe o que virá em seguida e, ao julgar pelo comportamento de Louis, ele também sabe.

Louis encontra o lubrificante e enquanto suja seus dedos com ele, Harry envolve o pau dele com sua mão, porque, bem, quando ele terá a oportunidade de tocar em um pênis novamente? Talvez demore anos. Além disso, Harry está curioso.

Eles podem chamar aquilo de não-sexo em voz alta, mas dentro dele Harry sabe a verdade e Louis provavelmente sabe também.

— Harry... — geme Louis se atrapalhando e derrubando o lubrificante em uma coberta ao invés de seus dedos.

— É bom? — Pergunta mexendo sua mão para cima e para baixo, lentamente.

A única experiência que Harry possui é a que adquiriu com si mesmo, então ele faz o que gosta mais, testando para ver se Louis gosta também.

— Sim, eu... — responde Louis com olhos fechados.

— Deixe-me te ajudar com isso — pede Harry tirando o vidro de lubrificante das mãos dele.

Harry segura a mão dele e, quando se certifica de que não deixará cair, olha para Louis e aperta a embalagem.

Louis está de joelhos ao seu lado enquanto Harry permanece parcialmente deitado, apenas o tronco levantado. Ele poderia colocar o pênis de Louis em sua boca agora, se quisesse. Talvez outra hora.

— Isso foi sexy pra caralho — diz Louis em voz baixa.

Harry encolhe os ombros e volta a deitar.

— Eu sei, agora me impressione.

E bem, Louis o faz.

[...]

Os dois primeiros dedos não causam um desconforto tão grande (talvez Harry tenha enfiado dois de seus próprios algumas vezes, mas, bem, isso não é importante agora). O terceiro faz Harry se contorcer e agarrar as cobertas enquanto pressiona os lábios para evitar que seus gemidos fiquem muito altos.

— É o suficiente? — Pergunta Louis enquanto movimenta seus dedos, abrindo Harry.

Harry assente, tentando abrir seus olhos para observar Louis. Ele consegue mantê-los abertos por breves segundos, o suficiente para ver Louis abrindo o preservativo. Seu olhar desfoca um pouco depois disso e, quando Louis entra, é impossível mantê-los abertos.

Não é totalmente chocante a dor, mas ainda assim, Harry não esperava que fosse assim. Seus olhos estão lagrimejando e é desconfortável no começo.

Ele sabe que Louis está tentando ser cuidadoso. Sua mão segura a cintura de Harry e ele se movimenta devagar. Louis também pergunta se está tudo bem, se Harry quer que ele pare.

— Continue — responde Harry. — Mexa-se — pede, impaciente, porque se isso está realmente acontecendo, qual a razão para enrolar tanto?

— Você está muito nervoso — observa Louis apertando sua cintura —, relaxe, H.

Ok, talvez Harry esteja mesmo um pouco tenso.

Ele sente os lábios de Louis roçarem nos seus antes de ouvir:

— Respire fundo. Confie em mim.

Como se Harry não confiasse. Os dois estão fazendo não-sexo, não estão? Se ele não confiasse pelo menos um pouco, eles não estariam aqui.

Ele decide por confiar e respira fundo. Ainda de olhos fechados, ele sente o aperto de Louis em sua cintura, a outra mão na lateral de seu corpo.

Aos poucos Louis começa a se movimentar, bem lentamente, esperando algo de Harry, provavelmente uma confirmação de que a dor e desconforto passaram. Harry responde abraçando Louis com suas pernas. E abrindo os olhos.

Uma vez abertos, é impossível fechá-los. A azul está hipnotizando-o, tornando o contato visual inquebrável.

Tudo está intenso demais. O calor. A respiração ofegante de Louis. Seu cabelo castanho-claro caindo em cima dos cílios. Os lábios entreabertos.

Harry levanta o tronco e beija Louis. É difícil se afastar, pois Harry sabe que será a última vez — ele está vindo, Louis está encostando , e, por mais que se esforce, Harry não conseguirá aguentar por muito mais tempo.

[...]

Tudo acaba muito rápido, porém, considerando que os dois nunca tinham feito aquilo antes, Harry diria que foram muito bem.

— Precisamos de prática — diz Louis se jogando no espaço ao lado de Harry.

— Sim — concorda ele.

Não que eles vão praticar juntos, de qualquer maneira, esse não é o ponto.

— Puta merda, acho que esqueci de trancar a livraria — diz Louis se levantando num pulo, procurando por suas calças e cuecas no chão do telhado. — Vou lá em baixo rapidinho, espera aí — diz ele vestindo a cueca e apanhando a calça do chão, vestindo-a enquanto abre a porta e desce as escadas.

Harry apenas encara o caminho por onde ele seguiu, sem entender o que acabou de acontecer.

Será que ele espera por Louis? Já está ficando tarde e o que mais tem para ele fazer ali? Definitivamente não ficar deitado ao lado de Louis batendo papo.

Ele busca por suas roupas em meio a bagunça de almofadas e travesseiros.

Quando Louis volta, Harry está em uma caçada pela bagunça de cobertas e almofadas, tentando localizar suas meias.

— Pedi uma pizza. Estou morto de fome — diz Louis parado no batente da porta com os braços cruzados.

Sua calça está desabotoada e ele tem o cabelo pós-sexo mais sexy que Harry já viu (em uma comparação com filmes e séries, é claro). É uma visão e tanto, mas agora que o ato sexual já acabou, Harry não pode ficar consciente da beleza de Louis.

— Quer comer comigo? Pedi o meu sabor preferido.

Harry ri e balança a cabeça, desistindo de procurar suas meias.

— Sim, eu quero, mas acenda as luzes, odeio comer no escuro.

— Mais algum desejo, Vossa Majestade? — Provoca Louis e Harry bufa.

— É bom você ter comprado refrigerante.

— Quem você pensa que eu sou? — Pergunta Louis parecendo estar ofendido. — Vou acender as luzes, não mexa nas minhas coisas.

Os dois já voltaram ao normal (ou o mais próximo de "normal" que a amizade deles significa). Incrível.

— Eu definitivamente vou mexer em tudo — responde Harry apenas para provocá-lo. Ele não irá mexer em nada, com Louis pedindo por isso ou não.

[...]

Depois que as luzes são acessas e Louis retorna, os dois são tomados por um silêncio esmagador.

O que dizer ao seu arqui-inimigo depois que vocês (não-)transaram e estão esperando por uma pizza? Algo sobre o clima? A inflação? Trabalho? Ou quem sabe vida em outros planetas?

— Nós terminamos de arrumar tudo? Não consigo me lembrar — pergunta Harry tentando soar casual, decidindo que "trabalho" é o melhor tópico.

Ele deveria ter ido embora, mas quando Louis o convidou para comer, uma resposta negativa não passou por sua mente até ser tarde demais.

— Vamos dar uma olhada, a pizza pode demorar, de qualquer maneira — responde Louis segurando a porta para Harry passar. Não é nada demais, mas deixa Harry ainda mais sem graça.

Felizmente ainda existem livros a serem organizados, ocupando os dois até o momento que o entregador de pizza bate na porta na livraria. Harry está quase indo em direção a copa quando nota Louis subindo as escadas.

O telhado se tornou algo, então.

[...]

É fácil não conversar com a boca cheia de pizza ou refrigerante.

Harry não tem absolutamente nada a dizer, mas ainda assim, ele gostaria de conversar.

— Últimos dias de férias — começa Louis pegando um segundo pedaço de pizza, totalmente alheio ao fato de fazer exatamente o que Harry desejou —, está animado?

— Estou. Muito — confessa, mas não contextualiza.

Ele não diz nada sobre sua mãe e o silêncio e sobre não ser bom em muitas coisas que não envolvam a escola. Humilhante demais. Além disso, os dois competirão esse ano como nunca antes, Harry não pode sair mostrando suas fraquezas.

— Esse ano é decisivo— diz pegando seu segundo pedaço. — Ranking — explica ao notar o olhar de Louis.

— Estamos empatados, não é? — Pergunta e Harry assente — bom, Feliz Jogos Vorazes, então — diz casualmente enquanto toma um longo gole de refrigerante.

— E que a sorte esteja sempre a seu favor — completa Harry com um sorriso, meio admirado por Louis ter dito aquilo, não que seja grande coisa, ele apenas é muito fã da saga, facilmente impressionável com referências.

Louis olha para ele com um sorriso igualmente largo, abre a boca para dizer algo, mas o toque de um celular o interrompe.

— Acho que é o seu — diz por fim.

Harry estica sua mão e pega seu celular para ver o nome de sua mãe brilhando no visor. Antes que ele atenda, ela desliga, e as mensagens que ela mandou surgem na tela.

— Preciso ir — diz Harry passando os olhos pelas mensagens —, minha mãe está recebendo uns amigos para jantar e eu preciso estar lá, sinto muito.

O sinto muito sai sem querer, pois Harry não tinha motivo nenhum para dizer aquilo ao seu inimigo, em trégua ou não.

Ele se levanta e encara Louis procurando as palavras e gestos para a despedida (um aceno? Aperto de mãos? Nada?).

— Tudo bem — diz Louis com um sorriso — leve seu pedaço — continua indicando a pizza com a cabeça.

Harry apanha seu pedaço comido pela metade e sorri timidamente.

— Obrigado. A gente se vê amanhã.

No fim a despedida foi só isso, acrescida de Harry virando rapidamente em direção a porta.

Ele está quase chegando à porta quando se lembra que Louis a trancou. Ótimo, agora ele terá que subir todos aqueles lances de escadas novamente. No entanto, quando se vira, encontra Louis (ainda sem camisa, fato este que está deixando Harry intrigado, por que ele simplesmente não se veste?) com as chaves na mão.

— Vou abrir para você — diz ele com um sorriso, descendo as escadas.

A mente de Harry é toda "vou abrir você", mas ele não faz a mínima ideia da razão, talvez seja porque os adolescentes estão mesmo sempre pensando em sexo.

— Obrigado — diz Harry saindo da livraria. — Tchau — acrescenta se virando, sem esperar por uma resposta.

— Me mande uma mensagem quando chegar em casa — pede Louis as costas dele, Harry não responde, nem se vira, apenas sorri involuntariamente.

Alguns passos depois — o suficiente para Louis entrar e se afastar da porta —, Harry se vira e olha para a livraria, mais especificamente para o teto dela, para o telhado.

As luzes ainda estão acessas, mas não há sinal de Louis.

[...]

Há carros estacionados em frente sua casa e todas as luzes estão acessas. Assim que entra, Harry escuta as risadas altas de sua mãe e convidados vindos da sala de estar.

Ele segue em direção ao som para cumprimentar brevemente a todos.

— Boa noite — diz parando no batente da porta.

Todos acenam e sorriem em sua direção. Sua mãe faz apenas uma careta ao olhar o uniforme da livraria.

— Vá logo tomar um banho, querido — diz ela sorrindo, a voz excessivamente doce —, o jantar será servido em breve.

— Com licença — diz Harry aos convidados antes de se virar e deixar a sala.

Ele terá cerca de dez minutos para tomar banho e ficar impecável para o jantar. Considerando os dois pedaços de pizza e o meio litro de refrigerante que ingeriu, ele irá comer pouco — sua mãe ficará contente.

[...]

Seu celular vibra indicando as mensagens logo após Harry entrar no banheiro e tirar a camiseta.

Chegou bem?

Harry esqueceu-se completamente de Louis, fora que ele não sabia se ele estava falando sério quando pediu que Harry avisasse quando chegasse em casa.

Ele sorri para o telefone quando digita que sim.

Acho que você ficou com a minha camiseta.

Diz Louis na mensagem seguinte e Harry franze o cenho.

As duas são iguais, Louis. Que diferença faz?

Responde Harry antes de bloquear o celular e o colocar em cima da pia. Ele tira sua calça e escuta seu celular vibrando, quase caindo dentro da pia, logo em seguida.

A minha tem meu nome.

Harry olha para o cesto de roupa suja. Nem é preciso pegar a camiseta para ver o nome de Louis escrito com uma caligrafia horrorosa (a dele) na parte de dentro.

Que romântico você pegando a minha camiseta.

Ele solta um suspiro tão indignado que provavelmente Louis o escutou de qualquer que seja o lugar que esteja agora.

Foi um engano!!!!

Responde rapidamente, deixando o celular de lado novamente para terminar de tirar suas roupas, pensando em como explicar para sua mãe o nome de Louis na camiseta quando ela for lavar ("confundi na hora de vestir, porque, bem, eu a tirei pouco antes de transar com o Louis, quer dizer não-transar") (não parece uma explicação muito aceitável, sua mãe vai, no mínimo, ressaltar como ele não presta atenção em nada).

Você está tão apaixonado por mim.

A provocação de Louis é mais um sinal positivo de que os dois ainda estão em trégua e o não-sexo não mudou nada entre eles.

Você é tão idiota.

Responde Harry e, antes que possa ao menos considerar, manda:

Me avise quando chegar na sua casa.

Ele bloqueia o celular e liga o chuveiro, pensando no que Louis irá responder e, pior, no que ele está pensando. Céus, quando foi que Harry ficou tão idiota? Ele realmente quer saber se Louis chegou bem em casa, mas aquilo não é da sua conta.

Uma voz em sua cabeça o lembra que eles são amigos, afinal, e amigos se preocupam.

Ainda assim, essa conclusão não parece correta o suficiente.

[...]

Quando finalmente reúne coragem para olhar o celular — pouco antes de descer para o jantar —, a resposta de Louis já está lá, dizendo que chegou são e salvo em casa, Harry não precisa se preocupar mais.

— Idiota — diz olhando para o celular, estranhando o movimento de seus lábios curvando-se para cima. Harry então percebe tratar-se de um sorriso.

E tudo fica ainda mais estranho.

[...]

O garoto escala o brinquedo com uma mochila gigante nas costas. Ele sorri durante toda a subida. Seu dente ainda não cresceu.

Harry apenas o encara, impassível, mas por dentro ele torce para que a mochila de girafa caia no chão e fique suja, de modo que Louis Tomlinson terá que usar uma mochila feia que nem a de Harry no dia seguinte.

— Oi, meu nome é Louis — diz o menino quando finalmente consegue se sentar ao lado de Harry.

— Eu sei quem você é — responde Harry olhando para seus pés se balançando. Os de Louis se balançam junto com os dele.

Apesar da resposta nada amigável de Harry, Louis ri alto, jogando sua cabeça para trás e quase caindo de cima do trepa-trepa.

— Você parece um adulto de filme antigo — observa depois que terminou de rir (o que durou mais um menos duas eternidades).

— É porque eu vi um filme antigo esse final de semana — explica Harry revirando os olhos —, estou imitando ele.

— Se virar os olhos desse jeito, eles vão ficar presos atrás da sua cabeça — diz Louis mudando de assunto. — Minha mãe quem diz, não sei se acredito, mas não vou pagar pra ver.

— Acho que você não vai ver nada — comenta Harry levantando o olhar, encarando Louis e seus gigantescos olhos azuis.

Louis começa a rir de novo, ainda mais alto do que da última vez. Harry apenas o encara, pensando no que ele achou tão engraçado, uma vez que Harry não fez piada alguma.

— Cadê a sua mãe? — Pergunta Louis e Harry faz uma carranca ainda maior. — A minha está lá dentro, conversando com a professora.

Harry não diz nada, porque ele também não sabe onde sua mãe está.

Não é grande coisa ser esquecido na escola, Harry.

A voz de sua mãe ecoa por sua mente.

Se não é grande coisa, por que Harry está sentindo vontade de chorar?

Sua mãe sempre diz que ele é um menino muito chorão, talvez seja por isso. Não é grande coisa.

— Louis, meu amor, vamos — chama uma mulher parando onde a areia do parquinho começa.

O sol ilumina ela e Harry mal consegue vê-la.

— Estou indo, mamãe — responde Louis começando a descer do brinquedo.

Harry apenas encara seus pés, pensativo.

— Você pode esperar por sua mamãe na minha casa — oferece Louis enquanto desce, a mochila virando de um lado para o outro.

— Harry, vamos esperar na secretaria, sim? — Chama a professora parando ao lado da mãe de Louis.

— Deixa para outro dia — diz Louis com um resmungo. — Tchau, Harry Styles! — Diz ele correndo na direção de sua mãe, a qual segura sua mão e o leva em direção ao carro.

A professora segura a mão de Harry e o leva para dentro da escola. Por cima do ombro, ele observa a risada de Louis.

💫

espero que tenham se divertido lendo do mesmo jeito que eu me diverti escrevendo.

momentos da infância dos dois estarão presentes porque eles são preciosos demais. é isto.

um agradecimento especial a claris, que editou e surta toda vez que eu mando trechos da fic. e um beijão pra cassy e pra rafa, que também já leram alguns pedaços e me ajudaram.

a próxima atualização sai em breve.

muito obrigada por todo o amor e suporte até agora.

— Anna F.

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