O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI...

By FSViturine

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LIVRO 02 "Eu queria chorar. Minhas lágrimas estavam presas em meus olhos e teimavam em não cair. Era a segund... More

PRÓLOGO
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20 (PARTE 1)
Capítulo 20 (PARTE 2)
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30 (Por Lucas)
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37 - PENÚLTIMO
Capítulo 38 - ÚLTIMO
Capítulo Bônus - Felipe
EPÍLOGO

Capítulo 14

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By FSViturine

 Lucas e eu continuamos em meu quarto por mais alguns minutos. Já eram quase nove da noite quando senti finalmente falta de Samantha e Renan. Fazia algum tempo que eles já haviam sumido. Então com muita relutância, já que Lucas me prendia, eu levantei da cama e fui até a porta de meu quarto, olhar o corredor, mas para minha completa surpresa, dei de cara com meu pai, estampando um largo sorriso no rosto. Eu franzi a testa imediatamente, achando que ele estava nos espionando.

- Pai! O Senhor podia nos dar um desconto, não é? – falei sério para ele, que riu, parecendo não entender do que eu estava falando.

- O que foi? –perguntou ele.

- Estava nos vigiando, não é? – eu disse de cara feia. - Fique tranquilo! Não há nenhum perigo de ganhar um neto. – ele me fuzilou com seu olhar, e eu quase me arrependi por ter dito aquilo.

- Eu não estava espionando vocês! Estava olhando outra coisa.

- O quê? – perguntei. Então ele apontou para janela no fim do corredor. Era a janela que dava visão para o jardim.

Minha imaginação logo deu o ar de sua graça, então eu saí correndo, já imaginando do que aquilo se tratava, mas quase gritei de dor. Havia esquecido minha perna! Então depois de me recuperar daquela ponta, e de ignorar o olhar de repreensão de papai, eu fui até a janela e me deparei coma aquela cena.

Renan e Samantha estavam agarrados, no maior amasso, como dois animais no sio, num canto do jardim. Pareciam estar escondidos, como se não quisessem que ninguém os visse ali. Eles só esqueceram a janela! E eu logo franzi a testa, fazendo careta. Renan parecia que ia engolir Samantha com a boca, a qualquer momento. Doutor Augusto riu de minha expressão.

- Lucas tem que ver isso! – eu disse para mim mesmo. Então eu voltei até meu quarto e o chamei para ver aquela cena. Meu revirou os olhos e se afastou, entrando em seu quarto.

Lucas e eu ficamos na janela, olhando aquilo e nos acabando de rir. Toda vez que eles paravam os beijos e olhavam para todos os lados, verificando se alguém os via ali, nós nos abaixávamos, para que não fôssemos vistos.

- Vocês não tem vergonha de ficar aí, espiando os dois? – disse meu pai, nos pegando no flagra. Lucas quase caiu em cima de mim, com o susto que levou.

- Eles já nos espiaram! É mais do que justo. – falei e papai riu, negando com a cabeça. Em seguida, ele desceu.

Quando Lucas e eu então voltamos para olhar os dois pombinhos novamente, vimos que já não estavam mais lá. Nós dois nos entreolhamos, franzindo a testa um para o outro, e foi então que escutamos as vozes de Renan e Samantha, vinda da escada.

- Merda! – praguejei, agarrando minha muleta e tentando voltar apressado para meu quarto, mas acabei levando um tombo horrível, ao colidir com Lucas que estava igualmente apressado em fugir dali. – Ai! – gritei, sentindo uma pontada em minha perna engessada. Lucas havia caído em cima de mim, e num desespero de escaparmos de um flagra, acabamos nos enrolando, ali no chão do corredor. – Sai de cima de mim, Lucas! – eu ria e chorava ao mesmo tempo. Lucas olhava desesperado para os lados, parecendo confuso com o que havia acontecido.

- O que vocês estão fazendo? – perguntou Renan, nos flagrando ali. Lucas havia acabado de sair de cima de mim e me ajudado a ficar de pé. Ele arrumava sua camisa, que estava amassada e completamente fora do lugar. Parte de seu abdômen e de seu peito estava à mostra, até ele endireitar a camisa. Nós dois nos olhamos, completamente envergonhados. As bochechas de Lucas estavam muito vermelhas.

- Nada! – disse ele, sem jeito. Samantha observava curiosa, com a testa franzida e a cabeça inclinada para o lado.

- Acho que seria mais confortável se vocês fizessem isso na cama! – disse ela. Renan caiu em meio a risadas.

- Vá se ferrar! – disse Lucas, ainda envergonhado.

- Não estávamos fazendo nada. Foi um acidente! – me defendi, sentindo a dor em minha perna aliviar um pouco.

- Sei! – disse Samantha, rindo.

- Onde vocês estavam? – perguntou Lucas, tentando reverter aquele jogo. Os dois trocaram um olhar envergonhado.

Rá!

- Estávamos conve... Conversando! – disse Renan, gaguejando. Seu cabelo agora não era a única coisa vermelha em seu corpo. Lucas então começou a rir. Uma risada engraçada que podia ser escutada pelos vizinhos. Samantha então entendeu tudo.

- Vocês estavam nos espionando? – berrou ela. Eu ri, e Lucas a provocou.

- Se fazendo de bravinha não é, Samantha? Onde estava toda essa bravura ali em baixo? – zombou ele, em meio a risadas. Nem mesmo Renan resistiu a aquilo, e acabou rindo, mas se calou ao levar uma tapa na cabeça.

- Ai! – reclamou ele, passando a mão pela cabeleira ruiva. Samantha o fuzilava com o olhar.

A paz agora reinava, já que o casal havia feito às pazes. Nós voltamos para meu quarto, e o mela-mela entre os dois era absoluto. Eu já estava com vontade de ceder minha cama, para que os dois namorassem em paz.

••

O resto da noite continuou cheio de diversão. Meus amigos e eu ficamos em meu quarto jogando conversa fora até altas horas. Renan foi embora um pouco tarde, e depois de sua saída, Lucas, Samantha e eu ainda assistimos a um filme, mas meu pai acabou com nossa farra logo depois, obrigando Lucas a ir para sua casa, e ordenando que Samantha e eu fossemos para cama.

Aquela foi uma noite bem divertida, que há tempos eu não tinha! A única consequência de termos dormido tão tarde, foi que acordamos atrasados para a escola, na manhã seguinte.

Meu celular despertava pela quarta vez, e quando enfim olhei a hora, tive um baita susto. Samantha ainda dormia feito uma pedra. Então eu gritei, falando a hora para ela, que saltou rápido do colchão, assustada.

- Droga, droga, droga! – dizia ela, cambaleando pelo quarto, parecendo e perdida. Eu ria e tentava encontrar meu uniforme.

Foi uma correria só! Samantha tomou banho em meu quarto, enquanto eu usava o banheiro do corredor. E quando finalmente descemos, encontramos papai sentado à mesa, acabando de tomar seu café da manhã.

- Porque não nos chamou? – perguntei, percebendo um sorriso em seu rosto.

- Eu avisei que hoje vocês teriam aula, não foi? – disse meu pai, provocando. Eu bufei e em seguida vi Lucas entrando na cozinha. Seu cabelo pingava água, fazendo parecer que ele havia acabado de sair do banho. Ele parecia um zumbi, cheio de olheiras.

- Eu me atrasei! – disse ele, bocejando e indo até a mesa, tentando pegar uma das torradas de papai, que lhe deu uma tapa forte na mão. Lucas resmungou.

Quando nós chagamos a escola, o sinal já havia tocado. Lucas, Samantha e eu entramos completamente envergonhados na sala de aula, onde o professor já havia iniciado sua matéria. Renan e Rodrigo estavam no fundo da sala, onde costumávamos sentar, mas estranhamente, os dois estavam afastados.

- O sinal tocou há vinte minutos! – disse o professor, nos observando. Estávamos os três parados próximo à porta, esperando por sua permissão para assistirmos a aula.

- Nós tivemos um probleminha, professor. – disse Lucas, tentando enrolá-lo, mas não funcionou. O velho nem se quer mudou sua expressão azeda.

- Ok! Então podem ir terminar de resolver seus problemas, e voltem na próxima aula. – disse o professor, nos enxotando e fechando a porta da sala na nossa cara. Segundos depois, Lucas e Samantha bufaram.

- Idiota! – falou Samantha, um pouco alto demais. Então nós vimos à tranca da porta da sala mexer e ficamos em pânico. – Ai, merda. Corre! – disse ela, disparando feito uma louca pelo corredor. Lucas e eu nos olhamos desesperados. Estávamos prestes a ser pegos pelo professor, quando para nossa sorte, descobrimos que a sala vizinha estava sem aula.

Lucas praticamente me arrastou para lá, já que ele não teve coragem de me largar sozinho, com a perna daquele jeito, ao contrário de Samantha, que já havia saído de nossa visão. Nós entramos rapidamente na sala de aula, e fechamos a porta, ficando quietos por alguns segundos, até ter certeza de quê não seriamos descobertos.

- Samantha me paga! – falei, quando percebi que a barra estava limpa. Eu ia me sentar numa carteira quando escutei o barulho da porta sendo trancada. E quando olhei, vi Lucas encostado nela, com um sorriso safado no rosto. Sabia de suas intenções.

- Sabia que estamos sozinhos aqui? – ele sorria para mim como um garotinho. Eu sorri, negando com a cabeça e em questão de segundos, ele se aproximou de mim, envolvendo seus braços em minha cintura, enquanto eu passava os meus em volta de seu pescoço.

Lucas me beijou com tanta vontade, que eu já até tinha esquecido há quanto tempo não nos beijávamos de verdade. Foi um beijo intenso e prazeroso. Lucas estava guloso. Enquanto me beijava, eu podia sentir seus dentes cravando em meus lábios. Eu retribuía o beijo com vontade, chupando seus lábios e brincando com sua língua. Estava sentindo falta de beijá-lo daquela forma, com um imenso prazer que percorria minhas veias.

O beijo estava tão bom, e tão gostoso, que o tempo pareceu correr. O que pareceu um beijo de cinco minutos acabou sendo um beijo de quase vinte. Nós só paramos quando finalmente o sinal da segunda aula tocou.

- Vamos! Temos que ir para sala. – falei, interrompendo o beijo. Eu estava com falta de ar.

- Mas já? Não quer matar essa aula e continuar namorando um pouquinho? – propôs Lucas. Eu pensei seriamente em aceitar sua proposta, mas lembrei de que aquele era meu último ano no ensino médio, e que precisava me dedicar completamente aos estudos. O vestibular não estava tão longe.

Eu vinha estudando cerca de três a quatro horas por dia. Geralmente, fazia isso enquanto Lucas estava no trabalho. E eu sabia que tinha que aumentar essa carga e me dedicar ainda mais, se eu quisesse passar em medicina. E me pegar pensando naquilo, naquele momento, me deixou um pouco preocupado.  

- Não! Outra hora nós continuamos. – falei, me afastando dele e caminhando até a porta. E quando a abri, dei de cara uma garota. Ela nos olhou assustada. Parecia que estava tentando abrir a porta há algum tempo. E ao olhar para o corredor, vi que a turma inteira daquela sala estava a caminho. Eles deviam estar vindos de algum laboratório.

- O diretor não vai gostar de saber que estão matando aula! – brincou a garota, me fazendo soltar o ar preso em meus pulmões. Lucas me olhou, também com um olhar de alívio por não termos sidos pegos de surpresa.

Quando fomos para nossa sala, encontramos Samantha lá, sentada em seu lugar, e já com seu ar risonho no rosto, juntamente com Renan e Rodrigo. Eles logo trataram de ficar nos zoando, perguntando onde estávamos, e o que fazíamos. Lucas e eu não respondemos nada, apenas riamos de suas provocações.

••

Por incrível que pareça, as semanas passaram tranquilamente, a não ser pelo simples fato de Lucas ainda continuar de segredinhos com Renan. O que piorava a situação era que ele também estava de segredos com Samantha, e isso estava começando a me incomodar um pouco. Eu me sentia excluído por eles não me contarem o que estava acontecendo, e ficarem de cochichos pelos cantos. Isso estava acontecendo todos os dias. Várias vezes os peguei no flagra, mas quando me viam, ficavam calados, apenas trocando olhares.

Meu pai continuava escondendo de Gustavo a chegada do futuro bebê. E a barriga de Clarisse, aos poucos ia aparecendo, então chegaria um momento em que Gustavo ia notar, já que ele não era uma criança nada boba.

E falando no bebê, tudo estava correndo bem com eu irmãozinho! Papai já havia começado o planejamento da reforma, e eu saí ganhando, já que meu quarto também ganharia uma reforma. Clarisse e Pedro ainda não haviam mudado para nossa casa. Eles só fariam isso quando as obras fossem concluídas.

Havia também o fato de quê logo teríamos que sair da casa, assim que a construção chegasse ao primeiro andar. Eu não sabia o que papai faria e para onde iriamos, mas tinha a grande desconfiança de quê acabaríamos indo para o apartamento de Clarisse.

Com o passar dessas semanas, eu finalmente tirei o gesso de minha perna. Sentia-me novinho em folha. Já fazia algum tempo que eu não sentia absolutamente nada, a não serem coceiras na perna.

Meu romance com Lucas seguia de forma boa. Eu achava incrível como nós conseguíamos estar cada vez mais apaixonados. O único problema, era que nós dois já estávamos há quase quatro meses sem fazer amor. E o motivo, claro, era meu pai, que estava pegando muito em nosso pé ultimamente, sem falar que com a reforma, a casa estava sempre movimentada. E a noite, quando Lucas chegava do trabalho, Doutor Augusto sempre dava um jeito de me ocupar, impedindo que eu fosse para casa de Lucas.

Ás vezes, nós até fazíamos umas brincadeirinhas na escola, mas eu sempre fugia. Odiava fazer amor às pressas, já que eu só conseguia relaxar quando sabia que nada, nem ninguém, nos atrapalharia.

Lucas estava literalmente subindo pelas paredes. Eu nunca o vi tão elétrico como naquelas semanas. E que quando ele ficava agitado daquela forma, seu mau humor era extremo. Ele estava sempre inquieto e impaciente com absolutamente tudo, e suas implicâncias com Samanta estavam cada vez mais frequentes. Eu já tinha que estar entre os dois, para que eles não se estrangulassem.

••

No começo de maio, a obra em minha casa começou a andar rápido. Todos os dias estavam cheios de homens trabalhando na construção. Meu pai teve que férias no hospital para supervisionar tudo. Já eu, tentava não entrar em desespero ao ver tanta bagunça e sujeira por todos os lados. Papai se queixava de minhas reclamações e ameaçava me mandar ao psicólogo.

Lucas, Samantha, Renan e Rodrigo teimavam em continuar de segredinhos para cima de mim. Eu já até havia aprendido a fingir que não estava percebendo nada. Mas tudo foi ficando mais difícil de aturar quando meu pai e Clarisse também começaram a ficar de cochichos com Lucas.

Agora a coisa era pessoal!

Eles estavam mexendo com a pessoa errada! Eu estava bastante irritado com aquilo tudo, mas mesmo assim, resolvi continuar agindo como se não estivesse percebendo nada. E o mais engraçado, era que eu notava a vontade gritante de Samantha, para me contar o que estava acontecendo, mas havia algo que a impedia de fazer isso, e eu tinha certeza de que era os garotos que haviam a proibido de abrir a boca.

Na sexta-feira da segunda semana de maio, eu acordei com o barulho das marteladas e ferramentas dos trabalhadores, que madrugaram no serviço naquele dia. Então me levantei e fui para o banho. A vontade que eu tinha, era de não ir à escola aquele dia. Estava com uma tremenda preguiça, mas eu estava me dedicando quase integralmente aos estudos, e não podia me dar ao luzo de perder um dia de aula. Não podia perder o foco do vestibular.

Quando desci para tomar café, Lucas já estava me esperando. Ele tomava café da manhã com meu pai e Gustavo. O barulho na cozinha era infernal, mas já estava me acostumando com as marteladas.

- Quando eles vão subir para o andar de cima? – perguntei quando me sentei à mesa. Referia-me a obra do primeiro andar, onde quebrariam tudo.

- Semana que vem! – respondeu papai.

- E onde vamos ficar? – perguntei, já que não teria como dormir em casa quando começassem a quebrar tudo.

- Para o apartamento de Clarisse. – disse ele, confirmando minhas suspeitas. Eu fiz uma careta.

- Não é pequeno para todos nós?

- Daremos um jeito! – falou meu pai, pigarreando em seguida. Tive a leve impressão de que ele trocou um olhar significativo com Lucas, que sorriu sem motivos.

- Do que está rindo? – perguntei para ele, que deu os ombros.

- Nada, ué! Vamos? – respondeu, já mudando de assunto. Eu apenas o olhei desconfiado.

Meu pai nos deixou em frente à escola, como sempre fazia. E quando nós passávamos pelo portão principal, vimos Bianca sentada com suas amigas, próximo ao estacionamento. Só demorou alguns segundos e ela nos viu, enquanto andávamos em direção ao corredor. Por incrível que pareça, Bianca sorriu para mim. Não foi seu sorriso contagiante, mas foi um sorriso que me mostrou que ela estava bem.

- Ela parece bem! – disse Lucas, enquanto andávamos rumo à sala de aula.

- Ainda bem. – respondi.

Quando chegamos à sala, nem Renan, nem Samantha e Rodrigo, ainda haviam chegado. Havia no máximo cinco alunos dentro sala, então Lucas e eu aproveitamos para ficar juntinhos no fundo, e por baixo da mesa, nós brincávamos com nossos dedos entrelaçados.

Estava tão distraído em meus pensamentos, que nem se quer percebi quando os outros chegaram. A sala já estava lotada, e o professor havia acabado de entrar, por isso não tive tempo de conversar com Samantha antes da aula.

Tudo corria bem durante a aula, até que as fofocas entre Lucas e meus amigos começaram novamente. Eu estava muito cansado naquela manhã, e passei o tempo todo com a cabeça deitada sobre a mochila, com os olhos fechados. Escutei quando Renan chamou Lucas para ir ao bebedouro. Uma desculpa que ele usou para dizer alguma coisa importante para Lucas. Quando abri os olhos, eles já haviam saído da sala, e Samantha estava quietinha, lendo uma revista. Talvez nem tivesse notado quando eles saíram. Já Rodrigo, parecia prestar atenção à aula.

Lucas e Renan voltaram depois de alguns longos minutos. O clima foi suspeito, principalmente quando Rodrigo olhou para Renan, o encarando de modo estranho. Renan soltou o mesmo olhar para ele, e eu me perguntei se alguma coisa havia acontecido entre os dois.

- Onde estava? – perguntei, quando Lucas sentou em sua cadeira.

- No banheiro! Estava apertado. – respondeu ele, mentindo para mim.

Naquele dia só tivemos três aulas, e fomos liberados no intervalo. E Clarisse é quem foi nos buscar na escola. No caminho de volta para casa, ela me deu a notícia de quê Gustavo estava muito bravo em casa. Ele finalmente tinha percebido a barriga de Clarisse, que já estava começando a aparecer. Sem falar das coisas que ela e meu pai já andavam comprando para o bebê.

Em casa, Lucas se despediu rápido de mim, mas avisou que só trocaria de roupa e logo ia para minha casa. Já eu, fui direto procurar meu irmão. Olhei em todos os quartos e banheiros, não o encontrando. O único lugar que ele podia estar, era na casinha dos fundos, onde papai guardava ferramentas, e de onde eu não guardava boas lembranças.

E acabei acertando! Ele estava lá, sentado numa cadeira pequena, mexendo numas chaves de meu pai.

- O que está fazendo aqui, Gustavo? – perguntei. Ele estava de cara feia.

- Não quero falar! – disse ele. Eu me segurei para não rir de seu tom.

- Já viu que vamos ganhar um irmãozinho? – perguntei manso. Eu já tinha certo jeito de conversar com ele.

- Eu vou expulsar ele! – falou Gustavo, batendo uma chave de fenda num pedaço de madeira. Fiquei meio assustado com a cena. O moleque parecia mesmo não gostar da ideia.

- Porque você não vai gostar dele? – eu disse me sentando no chão perto dele e tirando as ferramentas de sua mão. Eu não estava muito a fim de levar uma pancada na cabeça.

- Porque eu não quero! Ele não é nada meu. – insistiu meu irmão. Eu revirei os olhos.

- Está com medo de papai te deixar de lado? – perguntei, e depois de alguns segundos, ele começou a chorar. Tentei não entrar em pânico. – Gustavo, não chora, vai! Agora você vai ter com quem brincar todos os dias, e jogar vídeo game. – eu disse, tentando animá-lo, mas estava difícil. Ele continuava a chorar.

- Porque papai vai fazer isso? – perguntou Gustavo, entre soluços. Seu rosto estava encharcado de lágrimas

- Fazer o quê?

- Trazer outro bebê para cá. – falou ele, todo manhoso e choramingando. Eu acabei rindo com aquele jeitinho carente de meu irmão. Mas ele fez cara de bravo quando me viu rindo. E antes que ele pensasse em sair dali, eu o agarrei e comecei a enchê-lo de beijos pelo rosto. Ele gritava, rindo e me mandando parar.

- Você vai ser sempre nosso bebê! Para com isso. – eu dizia, ainda segurando-o. Meu irmão me olhava atento, como se estivesse analisando se o que eu falava era ou não verdade. - Vai ser legal ter um irmãozinho. Nós vamos fazer muita bagunça e brincar no gramado do jardim. Você vai ver só! – eu disse, e ele acabou soltando um sorriso, gostando da ideia, é claro. Aproveitei a oportunidade e comecei a enchê-lo de cócegas, lhe arrancando risadas gostosas.

- Para Gui! – gritava ele, entre suas gargalhadas histéricas. Eu ria com ele, e parei depois de algum tempo.

- Tá bom! Agora me promete uma coisa? – perdi. Ele me olhou desconfiado. - Você vai me ajudar trocar as fraudas cheia de cocô do bebezinho? – perguntei, segurando o riso, mas acabei caindo na risada quando Gustavo fez uma careta e um bico, negando com a cabeça.

- Eca! – arfou ele, com cara de nojo. Eu só ria da cena.

Em seguida o ergui, segurando-o em meus braços, com suas pernas escanchadas em minha cintura. Levei-o para dentro de casa, e Clarisse, quando nos viu, já fez cara de alívio. Ela se preocupava muito com Gustavo. O tratava com seu filho de verdade.

– Desculpa. – disse meu irmão, sem precisar que eu o lembrasse de fazer aquilo. Clarisse sorriu, vindo até nós.

- Não precisa pedir desculpas, anjo. – falou ela, o enchendo de beijos. Eu sorri e deixei Gustavo na cozinha, junto com Clarisse, e fui para meu quarto, me trocar.

Fiquei surpreso ao ver que Lucas já estava lá, deitado em minha cama, como se estivesse apenas me esperando.

- Olá! – falei, sorrindo.

- Oi garanhão! – disse ele, me fazendo rir.

- O que deseja? – entrei na brincadeira, enquanto procurava uma roupa para vestir.

- Você! – disse ele. Eu virei o rosto para olhá-lo.

- Você o quê? – eu estava distraído.

- É você o que eu desejo. – disse ele, mordendo seu lábio de forma tentadora. Eu resolvi ignorá-lo.

Lucas não disfarçou sua excitação quando comecei a trocar de roupa. Ele observava enquanto eu tirava a camisa e a calça, ficando apenas de cueca. E antes que eu colocasse uma bermuda, ele veio rapidamente até mim, abraçando-me por trás e tentando me beijar.

– O que acha de sairmos hoje à noite? – sussurrou ele, em meu ouvido. Eu sorri, aprovando a ideia.

- Aonde vamos?

- Será uma surpresa! – disse Lucas, me largando e deixando-me vestir a roupa.

- Samantha e Renan irão? – perguntei. Não citei Rodrigo pelo simples motivo dele ainda não sair com a gente, fora da escola, a não ser com Renan, que já estava acostumado a frequentar sua casa.

- Não! Somos apenas nós dois, hoje. – disse Lucas, com um sorriso meio tímido. Logo desconfiei de que ele estivesse aprontando algo para aquela noite. Meu coração até disparou.

- Que mistério é esse, Lucas? – perguntei, me sentando na cadeira em frente ao computador. Ele riu, negando com a cabeça.

- Não vou estragar a surpresa!

- É uma noite de amor? – chutei, fazendo ele se irritar um pouco.

- Tá vendo só! Para de ser curioso. Nem devia estar te falando isso. – disse Lucas, bravo. Eu dei uma risada e fui para cima dele, me jogando. Meu corpo caiu sobre o dele, na cama, e ele logo me abraçou e me prendeu com suas pernas.

- Você não vai trabalhar hoje? – perguntei com meus lábios bem próximos aos dele. Quase o beijando.

- Agora só trabalho no domingo, pela manhã. – disse ele. Eu ia juntando as peças, e já sabia que a noite ia ser longa, já que no dia seguinte, nós não precisaríamos nos preocupar em acordar cedo.

- Estou curioso. – falei, tentando imitar o mesmo bico que ele fazia quando queria algo de mim. Lucas sorriu de um jeito bobo, e logo segurou minha nuca, me puxando para um beijo. Seus lábios logo se encaixaram perfeitamente nos meus, e aos poucos íamos iniciando um beijo intenso.

Nós ficamos quase meia hora ali, namorando de forma carinhosa.

- Tenho que ir agora! – falou Lucas, interrompendo o beijo e sentando na cama. Eu continuei deitado, o olhando.

- Ir onde? – perguntei desconfiado. Ele riu de forma perversa.

- Tenho coisas para resolver e aprontar. – disse ele, levantando e vindo à minha frente. Lucas estendeu sua mão para mim e eu a peguei. Ele me puxou, me fazendo ficar de pé. Então eu logo o abracei, prendendo-o em meus braços.

- Te amo! – falei meio tímido. Era a frase que mais me deixava envergonhado. Lucas sorriu meigamente.

- Eu também te amo. Mais do que você! – disse ele me dando um beijo breve e calmo.

••

Quando Lucas foi embora, eu passei o dia inteiro em cima da cama, estudando. Estava empenhado em conseguir ser aprovado em meu primeiro vestibular, e seria o maior sonho realizado, se eu conseguisse.

Ainda não sabia exatamente em qual área da medicina seguir. Papai era cirurgião cardíaco, mas eu não achava que quisesse trabalhar nessa área. Ele sempre me dizia que eu devia ser pediatra, já que era uma pessoa paciente e adorava crianças. Essa, pelo menos, era uma opção a se pensar.

Depois de estudar cerca de três horas, eu resolvi desce para comer alguma coisa, e em seguida, fiquei rondando pela casa, até que fiquei sem nada para fazer, e voltei para meu quarto. Ao entrar nele, tive a distração de ir até a janela, sendo completamente pego de surpresa, ao ver aquela cena, na rua. Samantha parecia estar incorporando uma espiã, carregando sacolas, assim como Renan e Lucas, que olhavam para todos os lados, parecendo preocupados em serem vistos. Eles haviam acabado de sair de um taxi, e corriam para entrar apressadamente na casa de Lucas.

Escondi-me quando eles olharam para janela de meu quarto, e quando olhei novamente, eles já haviam entrado, me deixando ali, meio esbabaçado.

O que diabos eles estão aprontando?

Eu já estava ficando sem cabelo, de tanto os puxar de ansiedade. Tinha uma vontade enorme de ir lá e dar um flagra neles, mas também não queria estragar a surpresa de Lucas. Pelo que parecia, ele estava se empenhando bastante naquilo.

- Gui? – Clarisse entrou em meu quarto, chamando minha atenção. Eu continuava na janela, tentando ver algo a mais, mas me afastei, tentando disfarçar o que fazia.

- Oi!

- Não quer arrumar suas coisas? – perguntou ela. Eu franzi a testa.

- Que coisas?

- Suas roupas! Para a mudança. – disse Clarisse, com um sorriso no rosto.

- Nós não íamos semana que vem? – perguntei. Ela ficou alguns segundos calada, mas logo respondeu.

- Sim! Mas seu pai conversou com os operários. Eles pediram para começar aqui em cima. – respondeu ela, parecendo nervosa. Eu logo estreitei os olhos. Tinha que agradecer a papai por ter herdado sua desconfiança.

- Mas vamos ainda hoje? – perguntei novamente. Clarisse agia como se não soubesse responder nada do que eu perguntava.

- Não sei se hoje, ou amanhã cedo. Mas seu pai pediu para você arrumar pelo menos suas roupas. Eles vão quebrar tudo aqui. – disse ela. Tive a leve impressão de que havia um sorriso no canto de seus lábios, e ao perceber que eu a estava observando, ela disfarçou.

- Tudo bem! Vou aproveitar o tempo livre para fazer isso. – falei e Clarisse sorriu já se virando para sair, mas eu corri até a porta, chamando-a. – Clarisse? – ela se virou para me olhar. - Que horas papai vai chegar? – perguntei.

- Acho que hoje ele chegará tarde. Há uma cirurgia marcada para daqui a pouco, e parece que será bastante demorada. – explicou ela. Eu fiz uma careta. – Por quê? – quis saber ela.

- É que eu pretendia sair com Lucas. – falei. Ela logo sorriu.

- Você já tem autorização para ir! – falou, arregalando os olhos em seguida. Foi como se Clarisse tivesse se arrependido de ter falado o que tinha dito. Eu segurei o riso, e não perdi a oportunidade de provocá-la.

- Tenho? – ergui uma de minhas sobrancelhas. Ela tampou o rosto com as mãos, e eu ri com a cena.

- Não falei nada! – disse ela, se virando rapidamente e descendo a escada.

Agora eu sabia que meu pai também era cúmplice de Lucas. Menos mal! Eu só imaginava o que Lucas havia dito apara meu pai, pois ele provavelmente sabia que naquela noite teríamos intimidades. Não imagino consigo imaginar Lucas falando sobre isso com Doutor Augusto.

Então por volta das três horas da tarde, comecei a fazer o que Clarisse havia pedido. Iniciei a arrumação de minhas malas. Eu teria que levar absolutamente todas as roupas e os objetos pessoais. Papai é quem cuidaria dos móveis. Terminei de organizar tudo no fim da tarde. Minha vida inteira estava naquele empilhado de bolsas e objetos, como livros, CD's e meu computador.

••

Já era noite, e eu ainda não tinha notícias de Lucas, e muito menos de seus cúmplices, apesar de ir à janela de meu quarto a cada dois minutos, mas não vi nenhuma ação suspeita.

Quando ele finalmente resolveu me ligar, eu não esperei que o celular tocasse duas vezes. Atendi assim que o senti vibrar em minha mão.

- Fala! – eu disse. Lucas estava rindo.

- Nossa! Estava de plantão no celular? – perguntou ele. Eu ri, sem graça.

- Lucas, não me provoque. O que você quer? - falei e ele riu novamente, acompanhado do que eu tinha certeza serem meus amigos. Acho que o viva voz do celular de Lucas estava ativado.

- Você pode vir a minha casa às oito horas? – perguntou ele.

- Claro! Mas não íamos sair? – perguntei.

- Mudanças de plano!

- E como eu devo me vestir? – perguntei um pouco encabulado. Ele e meus amigos riram, fazendo eu me sentir um bobo.

- A única coisa que você faz, é ficar cheiroso para mim! – disse ele, eu sorri comigo mesmo. – Agora eu tenho que ir. Te amo! E não se atrase. – falou ele, já desligando em seguida, sem me deixar responder.

Acho que Lucas queria me deixar maluco. 

ATENÇÃO: Pessoal, votem na história, clicando na estrelinha que fica na parte superior da página (caso esteja usando computador), ou na parte inferior (para quem estiver usando o aplicativo no celular). E sigam a página oficial da história no Facebook (www.facebook.com/ofilhodoamigodomeupaioficial), onde notícias sobre a história e SPOILERS são soltos diariamente. Abraços para todos e boa leitura!

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