O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI...

By FSViturine

1.2M 104K 46.3K

LIVRO 02 "Eu queria chorar. Minhas lágrimas estavam presas em meus olhos e teimavam em não cair. Era a segund... More

PRÓLOGO
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20 (PARTE 1)
Capítulo 20 (PARTE 2)
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30 (Por Lucas)
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37 - PENÚLTIMO
Capítulo 38 - ÚLTIMO
Capítulo Bônus - Felipe
EPÍLOGO

Capítulo 12

28.9K 2.5K 716
By FSViturine

Minutos depois de Lucas sair do quarto, eu tomei uma decisão! Não iria mais continuar com aquilo. Ia engolir o meu orgulho e tentar fazer as pazes com ele. Eu não poderia deixá-lo escapar assim, tão fácil. Então eu levantei da cama, tentando não fazer nenhum movimento brusco com minha perna, que ainda estava um pouco dolorida.

Não encontrei ninguém no corredor, e lá, pude ver a porta do quarto de Lucas aberta. Respirei fundo várias vezes, antes de tomar o rumo até ele. E eu sabia que se Lucas estivesse ali no quarto, provavelmente já teria previsto que eu estava me aproximando, pois minha muleta fazia um barulho alto a cada passo que dava em sua direção.

Lucas estava de costas para mim, quando entrei no quarto. Ele estava arrumando suas roupas no guarda roupa. Pelo menos foi isso que eu achei no início. E não demorou muito para que notasse minha presença. Quando se virou, seus olhos verdes me encararam de forma intimadora, e por uma fração de segundos, pensei em dar meia volta. Mas não fiz isso. Continuei ali, o encarando da mesma forma.

- Não quero mais isso! – eu finalmente disse, depois de abrir e fechar a boca várias vezes. Lucas arregalou os olhos por milésimos de segundo, e pude ver o pânico estampado em sua face. – Não quero mais brigar com você. – falei, e quase sorri ao vê-lo soltar o ar dos pulmões.

- Eu também não. – falou ele, largando sua roupa na cama. Lucas se aproximou de mim, e ficou apenas a alguns centímetros de mim.

- Não faça mais aquilo. Por favor! – pedi, baixando um pouco a cabeça.

- Tudo bem! Me desculpa. Eu só estava irritado. Não queria te magoar. – falou ele, e quando o olhei, vi que mordia seu lábio inferior, de um jeito que me atraiu. Eu engoli o seco com a visão. Eu não o respondi. Ia me aproximar para beijá-lo, mas foi então que meus olhos encontraram a mala.

- O que é isso? – perguntei, encarando aquele objeto como se fosse algo de outro planeta. E quando encarei Lucas, vi a preocupação estampada em seu rosto. – Por que está fazendo a mala? Você vai embora? – perguntei um pouco desesperado. Lucas levou suas mãos até o rosto.

- Vou explicar tudo a você. Com calma! – disse ele se aproximando de mim. Eu recuei alguns passos.

- Então me explica!

- Olha! É melhor, Gui. A gente precisa disso! – disse Lucas, ainda tentando uma aproximação, mas eu estava em total desespero para entender qualquer coisa.

- Não me venha com desculpas, Lucas. – não queria ter demonstrado raiva em minha voz, mas fiz isso. – Se quiser, pode ir. Eu não ligo! – eu disse, em seguida me virando, e voltando para meu quarto. Lucas me acompanhou até a porta, tentando me fazer escutá-lo, mas eu o ignorei e bati a porta de meu quarto em sua cara.

- Você também não facilita Guilherme! – o escutei grunhir do outro lado.

Já dentro de meu quarto, eu comecei a chorar. Pelo o que havia notado, estava óbvio que Lucas ia embora. Voltaria para a casa do pai, certamente. E mesmo que fosse a frente a minha casa, ainda sim, era como se ele estivesse indo para longe. Eu já estava tão acostumado com ele perto de mim o tempo todo, sendo acordado em todas as manhãs por seus beijos, e as noites que passávamos juntos, quando estávamos sozinhos.

Não seria fácil dali em diante! Não imaginava que iria me apegar daquele jeito a minha suposta vida de casado com Lucas. E não conseguia acreditar que por causa de um briga boba (palavras de todos), ele iria embora e me deixaria ali, sozinho. Eu não queria que Lucas voltasse para sua casa. O lugar dele era ali, comigo.  

Acabei ficando tanto tempo dentro de meu quarto, distraído, que não vi a hora passar. Quando peguei meu celular, para verificar a hora, fiquei surpreso ao constatar que já eram quase três da tarde. Havia começado uma chuva há poucos minutos. Às vezes, o quarto era iluminado pelos relâmpagos.

Foi aí que eu resolvi sair. Estava um pouco entediado e decidi descer e saber onde estavam todos, já que a casa estava silenciosa. E quando cheguei à escada, vi Clarisse, meu pai e Gustavo na sala, vendo TV. Meu irmão estava enrolado num edredom, deitado com a cabeça no colo de Clarisse. Quando me aproximei deles, meu pai logo me olhou com uma expressão preocupada. Eu sorri para ele, mostrando que estava tudo bem e que não sentia mais dor. Mas sua cara não mudou, o que só me deu certeza de quê Lucas havia conversado com ele novamente.

- Eu estou bem! – falei, me sentando na perna do sofá em que eles estavam. Meu pai trocou um olhar com Clarisse nesse momento, mas não dei importância. Então comecei a olhar para os lados, e parecia não haver mais ninguém em casa. – Onde está Lucas? – perguntei. Os dois trocaram novamente um olhar e meu coração disparou nesse exato momento.

- Eu disse para ele ficar, mas ele disse que ia voltar para casa. Disse que vinha te ver mais tarde. – disse meu pai. Eu respirei fundo e tentei agir normalmente, como se não estivesse abalado, mas foi inútil. Papai me conhecia melhor que ninguém.

- Ele é quem sabe! – eu disse e me levantei, saindo em direção à cozinha. Eles não disseram absolutamente nada. Lá, eu me sentei-me à mesa. Lucas realmente havia ido embora.  

Senti-me culpado por aquilo ter acontecido. Não era o que eu queria. Isso sempre foi um fato. Mas as nossas birras o levaram a fazer aquilo, e naquele momento, eu estava tentando não entrar em pânico. Eu já estava tão acostumado com ele em minha casa, dormindo e acordando quase sempre ao meu lado... Seria estranho! Para mim, era como se a casa estivesse vazia.

••

Passei o resto daquela tarde andando pela casa, de um lado para o outro. Não estava nem aí para minha perna. A única coisa que eu não queria, era ficar pensando em Lucas. Meu pai já estava impaciente comigo. Sempre que nos esbarrávamos por algum cômodo da casa, ele reclamava, me mandando parar de ficar zonzando. Dizia que minha perna ia ficar pior e que eu tivesse calma. Mas isso tudo entrava por um lado do ouvido, e saía pelo outro.

A chuva continuava na mesma intensidade. Já estava muito frio, e foi nesse momento que desisti e fui para meu quarto, me deitar. Já era noite. Não havia mais nada a fazer, a não ser dormir e tentar acordar bem no outro dia.

Eu me troquei e vesti uma roupa um pouco mais quente, indo para cama em seguida. Até pensei em ligar para Samantha e desabafar meus problemas com ela, mas não queria estragar o dia que ela estava tendo. Provavelmente ela e Renan estavam comemorando o noivado.

Então por volta das oito horas da noite, bateram na porta de meu quarto. Eu estava na cama, enrolado no edredom, usando apenas um moletom e uma cueca. A TV estava ligada, apenas para me distrair.

- Pode entrar! – eu disse, olhando para porta e vendo Lucas aparecer, de um jeito tímido.

- Estava dormindo? – perguntou ele. Estava um pouco encharcado devido à chuva.

- Não! – eu disse e ele sorriu, fechando a porta logo depois.

- Podemos conversar? – perguntou ele. Eu afirmei com a cabeça e me sentei na cama. Vi quando seu olhar encontrou minhas pernas seminuas. Eu as cobri rapidamente. Não queria nenhuma distração naquele momento. Precisávamos conversar e nos entender, e quem sabe depois nos divertirmos.

– Porque você foi embora? – perguntei, sendo um pouco direto demais. Lucas suspirou.

- Acho que será bom para nós, não acha? – perguntou ele. Eu fiquei calado. Não sabia o que dizer. – Vai ser bom voltar a morar com meu pai. Principalmente agora que estamos nos dando bem. Além disso, precisamos dar tempo um ao outro. – disse ele. Meu peito acelerou.

- Tempo? – perguntei inseguro. Ele sorriu calmamente.

- Não é isso. Você não entendeu! Não estou querendo dar um tempo em nosso namoro. Isso nunca passou por minha cabeça. – falava Lucas. Ele se aproximou e sentou em minha cama, ficando de frente para mim. - É só que ultimamente nós andamos discutindo muito! Estamos nos magoando bastante nesses dias, principalmente por causa de minha imaturidade, como diz meu pai. – falou ele, erguendo seu olhar e me encarando. Eu respirei fundo e por segundos, pensei no que falar.

- Agora mal nos veremos! – eu disse. Não conseguia disfarçar minha tristeza.

- De onde você tirou essa ideia? – perguntou ele, se movendo com certa agilidade em minha cama. Lucas rapidamente engatinhou e passou a ficar atrás de mim. Ele sentou encostado à cabeceira da cama e sem nenhum aviso, enlaçou minha cintura com seus braços, fazendo com que minhas costas colassem em seu peito. Em seguida, seu rosto encontrou minha nuca e ele me beijou ali, enquanto me apertava em seus braços. Eu nos cobri com o edredom.

- Você passa metade do dia no trabalho! – eu disse. Ele riu, mas eu não entendi por qual motivo.

- Gui! Você esqueceu que estudamos na mesma escola? E na mesma turma? Nós vamos e voltamos juntos. Sempre! – disse Lucas. Eu fiquei um pouco envergonhado. Acho que estava parecendo um pouco meloso.

- Eu sei! – falei, continuando com meu tom desanimado.

- Para com isso. Por favor! Não faz eu me sentir mal, Gui. – Lucas me apertou forte mais uma vez e beijou meu rosto. Eu estava me sentindo carente. - Sempre que chegar do trabalho, eu venho aqui. Não vai mudar quase nada! E vai ser até bom, porque você também poderá ir a minha casa, para namorarmos. Teremos bem mais privacidade por lá. – disse ele. Eu simplesmente dei os ombros. Vi que ele estava decidido, e que não voltaria para minha casa. – Mas não foi só por termos brigado que eu saí daqui! – disse Lucas, colocando sua mão sobre a minha, que estava na cama. Aos poucos, ele foi apertando ela, segurando-a e cruzando nossos dedos.

- Por qual outro motivo, então? – perguntei, olhando para nossas mãos. Ele pareceu ficar um pouco sem jeito quando o olhei.

- Seu pai e Clarisse só estavam esperando isso para poderem morar juntos. Você sabe que o quarto é de Pedro. – um sorriso torto surgiu em seu rosto.

Eu sabia que ele estava certo! Por mais constrangedor que fosse, Lucas tinham razão. Meu pai não ia nunca o expulsaria de casa.

- Tudo bem. Eu entendo! – eu disse, suspirando em seguida. Por mais que estivéssemos nos entendo, ainda rolava um clima estranho. As coisas entre nós dois estavam frias, e não tínhamos tanta liberdade um como o outro, naquele momento. Era como se as nossas brigas tivesse amornado a nossa relação e isso não era nada bom.

- Tenho que ir agora! – disse ele, dando sinal de que sairia da cama. Eu não larguei sua mão.

- Já?

- É melhor! Você precisa descansar. Amanhã temos aula. – disse, aproximando seu rosto do meu e me dando um selinho demorado. Eu não falei nada. Apenas fiquei o olhando sair do quarto.

Confesso que ainda tive esperanças dele voltar e me dar um beijo de verdade, mas depois de quase um minuto, vi que não. Eu até corri para janela de meu quarto, e o vi passando a rua, correndo por causa da chuva. Tive a impressão de que quando estava fechando o portão da sua casa, ele me viu na janela, pois ficou parado, olhando em minha direção. Eu fechei a janela rapidamente, e voltei para cama. Tentei a todo custo não ficar pensando em coisas ruins. Apeguei a luz do quarto e me deitei, fechando os olhos e tentando dormir o mais rápido possível. Não queria ter tempo de pensar em nada.

••

No dia seguinte, acordei bem, e como eu já esperava, foi estranho Lucas não ter ido a meu quarto, como sempre fazia. Mas eu teria que me acostumar com isso, cedo ou tarde. Minha perna já dava sinal de melhoras, e foi a primeira vez que não senti nenhuma pontada de dor, fazendo tudo o que eu tinha que fazer. Então tomei banho, me arrumei e desci, sem muitas dificuldades.

Meu pai e Clarisse estavam na cozinha. E Maria havia acabado de chegar.

- Bom dia! – eu disse, tentando passar tranquilidade. Clarisse como sempre, estava sorridente.

- Bom dia! Já está pronto? – perguntou Doutor Augusto. Não tive coragem de perguntar por Lucas. Se ele fosse com a gente, meu pai com certeza saberia.

- Estou! – eu disse já me virando para ir ao carro, e foi nesse instante que o vi parado na porta, com o ombro apoiado na parede. Lucas me olhava com um sorriso divertido, arrumado e com a mochila nas costas. Perguntei-me se ele sempre esteve ali, e eu que não havia notado sua presença.

Foi um clima diferente, e um pouco estranho. Parecia que Lucas e eu havíamos voltado no tempo, quando tínhamos nos conhecido e estávamos começando nossa relação. A única coisa que fiz naquele momento foi retribuir o sorriso e sair andando. Ele me seguiu.

- Porque está calado, hoje? – perguntou quando chegamos ao carro.

- Não foi nada! – eu disse meio tímido. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Eu não conseguia agir como sempre.

- Um... Tudo bem! – disse ele, me dando um selinho rápido, e me pegando de surpresa. Sorri sem graça e entrei no carro, sentando no banco de trás, já que Clarisse ia com meu pai para o hospital. Lucas deu a volta, e em seguida também entrou. Não demorou muito para que meu pai finalmente aparecesse.

Fomos o caminho inteiro quase em silêncio. Só quem falava, era papai e Clarisse. Lucas só falava quando meu pai perguntava alguma coisa para ele. E quando chegamos à escola, logo vi Samantha na calçada, olhando em nossa direção. Ela estava inquieta e suas pernas não paravam de se mover. Eu quase rezei alto para que nada de ruim tivesse acontecido. Não aguentava mais tantos problemas.

- Porque está aqui fora? – perguntei quando nos aproximamos dela, que encarou a mim e a Lucas.

- Está tudo bem com vocês? – perguntou ela. Estranhei a pergunta, é claro.

- O quê?

- Vocês não terminaram? – perguntou Samantha, na lata. Lucas riu e eu apenas baixei a cabeça, sentindo-me envergonhado.

- Claro que não! – falou Lucas, parecendo horrorizado com a ideia. Eu desviei os olhos quando ele me fitou. – Cadê Renan? – perguntou ele.

- Não chegou ainda. – respondeu ela. Em seguida, nós três entramos na escola, e na sala, os olhares para cima de mim ainda existiam, então tentei não dar bola para aquilo, mesmo que incomodasse.

Para nossa surpresa, Rodrigo já estava na sala, e ainda por cima, dormindo. Estava com a mochila jogada sobre a mesa, e sua cabeça em cima dela. Samantha, que não perdia uma oportunidade, saiu correndo de mansinho até ele. Lucas e eu ficamos parados, olhando o que ela faria. Vimos quando a maluca colocou o aparelho bem próximo ao ouvido de Rodrigo e de repente, uma música barulhenta começou a tocar no volume máximo. Rodrigo quase caiu da cadeira com o susto que levou. Samantha caiu na risada e começou a dançar a música, como se gabasse do que tinha feito. Todos que estavam na sala riram. Rodrigo ainda parecia confuso e não entendia o que estava acontecendo.

Minutos depois, ao entender o que havia acontecido, a única coisa que ele fez, foi rir voltar a deitar sua cabeça na mesa. Podia ser impressão, mas ele parecia desanimado naquela manhã.

- Problemas? – perguntei quando já estávamos sentados. A professora ainda não havia chegado à sala e aos poucos, outros alunos chagavam.

- Desânimo. – respondeu Rodrigo, com um rápido sorriso.

Algum tempo depois, Renan também apareceu. Entrou na sala com uma expressão séria. E Samantha, que não palpava nenhum tipo de comentários, foi direta, como sempre.

- E essa cara? – perguntou ela enquanto ele largava a mochila sobre sua mesa. Ele estava mal humorado.

- Nada! – disse ele, seco e lançando uma olhar ameaçador para namorada. Samantha revidou.

- Não tenho medo de cara feia! – disse ela, brava. O clima ficou tenso depois disso. Nem eu, nem Lucas, falamos nada. Rodrigo parecia ter voltado a dormir, já que estava com os olhos fechados e não se movia.

- A coisa está feia hoje! – disse Lucas em meu ouvido. O olhei e franzi os lábios, concordando.

As duas primeiras aulas foram tranquilas. Quer dizer, tirando o mau humor de Samantha e Renan. E sem falar de Rodrigo que estava muito ausente naquele dia. Parecia existir somente Lucas e eu, ali. E falando em Lucas, de vez em quando ele falava comigo, pedindo ajuda com a matéria, ou então para fofocarmos sobre nossos três amigos.

Na terceira aula, houve a troca de professores, e foi nesse momento que Rodrigo levantou da cadeira e pegou sua mochila, colocando-a nas costas. Estranhei. Parecia que ele estava indo embora.

- Vai onde? – perguntei para ele.

- Estou me sentindo um pouco enjoado. Vou pedir permissão e ir para casa. – disse ele. Realmente, Rodrigo não estava com uma cara muito boa. Só se despediu de mim e de Lucas, e depois saiu.

- Por que está todo mundo tão estranho, hoje? – perguntei, e Lucas riu.

Então a terceira aula também foi à mesma coisa. Todos calados e quietos. Samantha às vezes cantarolava para ela mesma. E na hora do intervalo, não vi clima nenhum para sairmos. Renan baixou sua cabeça, mostrando claramente que não queria conversa.

- Vamos à cantina comigo? – perguntou Samantha, já de pé.

- Tá! Você vem? – perguntei a Lucas.

- Vai com ela. Espero vocês aqui! – respondeu ele. Eu afirmei com a cabeça. Sabia que Lucas ia aproveitar aquilo para colocar a conversa em dia com Renan.

Samantha e eu fomos à lanchonete, e lá, vimos que estava cheio, então ficamos sentados num banco que havia no corredor, até que vagasse um pouco. Eu não queria machucar minha perna logo agora que estava dando sinal de melhoras.

- Viu só o jeito que ele me tratou? – perguntou Samantha, para mim. Eu revirei os olhos.

- Ele deve tá com problemas em casa. – eu disse. Ela deu uma risada pavorosa.

- Até parece! Aquilo ali é peso na consciência. Conheço isso muito bem. – disse ela. Eu ri com seu jeito revoltado. Quando ela ficava brava, era muito mais engraçada.

- Porque peso na consciência? – perguntei.

- Não sei! Mas eu vou descobrir. Você vai ver só. – disse ela, segura. Sabia que Samantha estava exagerando, mas não dei palpite.

- Espera ele melhorar o humor, e depois, você o procura. – eu disse para ela, e mais uma vez, Samantha riu.

- Nunca! Ele que rasteje nos meus pés. – falou, fazendo uma cara engraçada. Acabei rindo por impulso, e Samantha me soltou um olhar sério. Meu sorriso sumiu num segundo. – Posso ir para sua casa, depois da aula? – perguntou ela, depois de algum tempo.

- Claro! Dorme lá hoje. Pelo menos não fico sentindo falta de Lucas. – eu disse e ela me olhou espantada.

- Como assim?

- Ele voltou para casa do pai, ontem. – falei.

- Ah! Mas porque isso?

- Ele falou que era melhor. Tive que aceitar, ué. – expliquei. Samantha deu os ombros.

A lanchonete finalmente começava a ficar com menos gente. Eu fiquei sentado no banco, enquanto Samantha comprava os sucos. Ela voltou minutos depois. Nós então voltamos para sala, e no caminho, ela não parava de falar mal de Renan. Coisa que para mim, era normal.

Antes de entrarmos na sala de aula, Samantha parou. Ela respirou fundo e fechou os olhos, abrindo-os em seguida e adotando uma expressão séria no rosto. Eu não aguentei e quase morri de rir com a cena. Ela não queria demostrar para Renan que tinha se abalado.

- Demoraram! – disse Lucas quando nos viu entrar.

- Estava cheio! – falei, me aproximando. Lucas ficou encarando Samantha enquanto eu me acomodava ao seu lado. Ela percebeu.

- Tá olhando o quê? – quase gritou Samantha.

- Estressada! – implicou Lucas. Ela mostrou o dedo para ele, que devolveu o gesto. Eu sorria daquilo. Renan parecia até menos emburrado.

••

Já no fim da aula, meu pai me ligou, avisando que já estava nos esperando do lado de fora da escola. E quando o sinal tocou, nós saímos da sala. Vi quando Renan tentou segurar a mão de Samantha, mas ela desviou e veio para meu lado.

- Vamos? – perguntou ela a mim.

- Para onde? – Renan quis saber.

- Não é da sua conta! – respondeu Samantha. Eu estava começando a me irritar com os dois e Lucas percebeu isso.

- Vamos, vamos, vamos! – disse ele, arrastando Renan consigo. Samantha e eu fomos logo atrás.

No caminho, eu expliquei para Renan que Samantha dormiria em minha casa. Claro que ele não gostou daquilo, mas não tinha como fazê-la mudar de ideia.

Meu pai estava nos esperando do lado de fora, e logo vi que algo estava errado ali. Até mesmo Lucas me cutucou ao notar a expressão que meu pai carregava. Ele estava estranho, diferente, e sorridente. Faltava muito pouco para ele flutuar de onde estava, de tão feliz que parecia estar. E quando nós nos aproximamos, ele até tentou disfarçar.

- Qual a boa? – perguntei. Ele se fez de desentendido.

- Quê?

- Porque está tão sorridente? – perguntei. Ele riu.

- Quando chegar em casa, você vai saber. Tenho uma surpresa para você! – disse meu pai, me fazendo sentir cala frio. Sabia que vinha bomba pela frente. Só me lembro de ter visto ele daquele jeito uma vez na vida, e já fazia muito tempo.

Nós entramos no carro. Aquilo estava realmente muito suspeito. Doutor Augusto quase não conseguia conter sua euforia e eu já estava em pânico. Já nem sabia se queria chegar a minha casa.

O caminho inteiro papai não tirava aquele sorriso feliz do rosto. Lucas já não aguentava mais de tanto rir daquilo. Meu pai ainda ficava fazendo aqueles joguinhos, pedindo para que adivinhássemos a surpresa, ou se desconfiávamos de algo.

Na verdade, eu já tinha quase certeza do que era, e por isso estava em pânico. Mas não falei nada para ele. Não queria estragar a grande surpresa. Queria ver como que ele faria para me contar. Não queria perder essa cena.

Então quando chegamos em casa e descemos do carro, Lucas veio se despedir de mim, dizendo que ia almoçar, tomar banho e ir para o trabalho, mas meu pai logo tratou de impedi-lo.

- Ei! Aonde pensa que vai? – perguntou ele para Lucas.

- Para casa, ué. – respondeu meu namorado.

- Espera! Daqui a pouco você vai. Precisa saber qual é a surpresa também. – disse Doutor Augusto fazendo sinal com a mão, para que estrássemos. Samantha me olhava desconfiada, assim como Lucas.

Quando entramos na sala, tive mais certeza ainda do que já desconfiava. Pedro, Clarisse e Gustavo estavam sentados no sofá, e logo vi que Pedro também estava impaciente. Certamente, Clarisse tinha feito à mesma coisa que meu pai. Nos encher de expectativa.

- Nossa! A coisa é séria. A família toda reunida. – disse Lucas. Clarisse riu e pediu para sentarmos.

- Gui, vou subir! Tenho que ligar para casa. – disse Samantha, mas meu pai não a deixou ir.

- Ei! Senta aí. Vocês só saem daqui quando falarmos qual a surpresa. – disse meu pai, sério. Samantha então não disse nada. Ela apenas andou de fininho e sentou-se na perna do sofá onde Lucas, Pedro e eu estávamos.

- E aí? Vão ficar nesse suspense? – perguntou Pedro. Meu pai e Clarisse trocaram um olhar nesse momento, e riram. Não sei se só eu havia notado, mas papai estava com os olhos mareados.

- Se for casamento, não vale! Não é uma surpresa. – palpitou Lucas.

- Não! Não é casamento. – disse Clarisse, sorridente. Eu comecei a sorrir para mim mesmo. Já tinha absoluta certeza de tudo aquilo. Clarisse então notou minha expressão e ficou um tanto curiosa. – O que foi Gui? – perguntou ela. Acabei rindo, sem jeito. Meu pai sorriu.

- Ele já sabe o que é! – disse Doutor Augusto, para Clarisse. Eu tapei o rosto com as mãos.

- Ah Guto! Você contou. Era para ser uma surpresa. – disse ela, decepcionada.

- Eu não contei! Ele adivinhou. Tenho certeza. – falou meu pai, me olhando com um olhar acusador.

- Então Clarisse? Quantos meses? – perguntei assim, na lata, pegando todos de surpresa. Tive a impressão de quê Pedro desmaiaria a qualquer momento do meu lado.

ATENÇÃO: Pessoal, votem na história, clicando na estrelinha que fica na parte superior da página (caso esteja usando computador), ou na parte inferior (para quem estiver usando o aplicativo no celular). E sigam a página oficial da história no Facebook (www.facebook.com/ofilhodoamigodomeupaioficial), onde notícias sobre a história e SPOILERS são soltos diariamente. Abraços para todos e boa leitura!

Continue Reading

You'll Also Like

28.5K 2.9K 53
Will vai ingressar em uma faculdade pública longe de seu estado natal e de sua família. Na sua nova cidade, Will aluga uma casa em uma vila, aonde mo...
18.5K 2.6K 35
SE VOCÊ SE SENTE INCOMODADO COM ESTE TIPO DE NARRATIVA - romance gay - FAVOR IGNORAR ESTE LIVRO. RECOMENDADO PARA + DE 18 ANOS. Independente do que p...
171K 10.4K 45
Só quem já amou sabe o que é sentir algo tão forte que é capaz de mudar sua vida. Porém, só aqueles que já viveram uma história de amor impossível...
246K 25.7K 54
LIVRO COMPLETO DISPONÍVEL PELA AMAZON!!!! Um segundo pode mudar tudo. Pode ser o fim de uma vida, mas também a continuação de outra. Uriel e Dylan n...