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By Skrilmobile

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Ter um irmão gêmeo é ter uma parte idêntica a você, pelo menos fisicamente, ao seu lado. Margot e Madison sã... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11

Capítulo 3

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By Skrilmobile

Ponto de vista de Margot Jonhson

Parei em frente à Madison. Eu queria abraçá-la, queria tocá-la. Queria muito que aquilo fosse real, que ela fosse real, e que a pessoa que estava dentro do caixão a poucos metros da gente não fosse a minha irmã. Havia uma aura escura e sombria ao redor dela, a sua expressão era assustadora. Levantei a minha mão para tocá-la, mas acabei desistindo. Tinha algo de estranho nela.

Ao redor da gente, começaram a surgir alguns seres humanoides negros, os quais foram se aproximando dela vagarosamente. Comecei a entrar em desespero, eu queria protegê-la, não queria que eles a levassem.

– Não a levem, não toquem nela, saiam de perto dela! – eu falava desesperada tentando puxar a minha irmã. Eu conseguia tocá-la, por algum motivo eu conseguia tocá-la.

Madison não se moveu e aqueles seres continuaram a se aproximar e a nos cercar. Ela estava séria, parecia não estar com medo. Diferente dela, eu estava apavorada, não sabia o que fazer. Da última vez que eu vi aqueles seres, eu encontrei o corpo da minha irmã. Eles eram sinal de coisa ruim.

– Madison, por favor, vem comigo. – Implorei, mas ela nem olhou na minha direção.

Soltei-a, pois puxá-la não estava adiantando de nada, e comecei a rezar. Das outras vezes que vi seres ruins ou assustadores, rezar me ajudou bastante. Infelizmente, ver aquele tipo de coisa não era incomum para mim.

Eu não conseguia distinguir os seres negros, eles tinham formas humanas, mas eram como pessoas totalmente cobertas dos pés a cabeça. Eles não tinham rosto e nem uma forma perfeitamente definida, mas dava para distinguir um pouco os braços e as pernas, assim como o tronco e a cabeça deles. Eles também possuíam alturas e corpos variados.

Assim que eu comecei a rezar, um desses seres virou o que parecia a cabeça na minha direção. Meu coração acelerou mais ainda nesse momento e eu logo fiquei com ânsia de vômito. O que estava acontecendo? Ele que estava fazendo aquilo comigo ou era só o meu nervosismo? Madison não fazia nada, ou melhor, ela ria, ela estava rindo, mas do que ela estava rindo?

Um dos seres negros correu em minha direção e pulou em cima de mim. Gritei alto por conta do susto e caí no chão com tudo. O ser simplesmente sumiu na hora em que encontramos o chão. Olhei assustada em volta e todos os outros tinham sumido também, assim como a Madison. Eles a levaram, eles a levarem de mim! Eu a perdi, falhei com ela novamente.

Eu ainda estava atordoada com os acontecimentos dos últimos minutos quando senti alguém me puxando do chão. Olhei para trás e vi que era Peter, o namorado da minha irmã. Minha respiração estava tão ofegante e em meus olhos já estavam descendo lágrimas. Eu o abracei e ele retribuiu com um abraço forte e caloroso. Eu não contaria o que aconteceu, já bastava eu ter fama de estranha, não queria ter a fama de louca também. Por pior que fosse, eu sabia que era exatamente aquilo que estava acontecendo comigo, eu estava ficando louca.

– Eu sinto muito, eu... – disse ele quase como um sussurro.

– Eu também sinto.

(...)

Eu fitava a janela do carro olhando para a rua gélida e a paisagem sombria de outubro. Tudo parecia tão triste, meus pais não disseram nada desde o momento em que saímos do cemitério. Senti o carro parar e só aí me dei conta de que estávamos em frente a nossa casa. Assim que meus pais desceram do carro, eu fiz o mesmo. Minha mãe me puxou e passou o braço por cima dos meus ombros e eu envolvi a sua cintura. Os olhos dela estavam inchados de tanto chorar e com olheiras enormes. Ela me deu um olhar triste e eu retribui, e assim caminhamos até a porta que meu pai já havia aberto.

Assim que adentrei o lugar, uma sensação terrível tomou conta de mim, fazendo com que eu me arrepiasse por completo. Minha mãe tirou o braço de cima dos meus ombros e eu larguei a sua cintura.

– Vou fazer um lanche para nós. – minha mãe falou baixo e sem ânimo olhando para meu pai e para mim. Nós apenas assentimos.

Sentei no sofá e fiquei olhando para a escada. Era horrível a sensação de que minha irmã não desceria a escada correndo como sempre fazia. Senti alguém sentar ao meu lado no sofá, olhei para o lado e vi que era meu pai.

– Não é o melhor momento, mas, o que aconteceu, filha? – meu pai perguntava olhando para mim e eu apenas abaixei a cabeça.

– Sobre o quê, papai? – perguntei.

– Sua irmã te falou alguma coisa? Ela andava triste? Algo que possa nos levar ao motivo por ela ter feito o que fez, sabe... Eu... Eu não entendo. – ele falava já soltando algumas lágrimas. – Por que você voltou para a casa mais cedo? Como você a encontrou?

– Ela não me falou nada, papai. Se ela estivesse triste ou com pensamentos do tipo, eu acho que ela teria me dito, eu não sei porque ela fez isso. – falei e respirei fundo. Se eu contasse o que eu havia visto na escola meu pai não acreditaria, ou acreditaria? Acho que ninguém acreditaria. – Eu não estava me sentindo bem, então eu peguei as minhas coisas e vim para casa, aí quando eu cheguei... – eu parei não querendo lembrar a cena. – Eu fui procurar a Madison e... – as lágrimas me impediram de continuar.

Meu pai me deu um beijo no topo da cabeça e me olhou com compaixão. Sei que ele não queria me ver sofrendo e chorando.

– Está tudo bem. – ele sussurrou para mim.

Minha mãe entrou na sala com uma bandeja em mãos, onde havia quatro copos e alguns sanduíches. Ela sentou ao lado do meu pai e deu uma olhada na sala. Meu pai fez um sinal negativo com a cabeça e minha mãe voltou a chorar. Havia um copo na bandeja que não seria usado. Agora, éramos só três, só três copos.

Assim se passou a nossa noite, meu pai estático no sofá e minha mãe ora chorando, ora olhando para o nada com os olhos inchados e vermelhos. Nenhum de nós sabia o que fazer agora, o que fazer a partir de agora, como agir diante de tudo o que aconteceu. Na verdade, não tínhamos força para fazer nada. Era como se toda a nossa energia tivesse sido sugada por algo ou alguém.

Já eram quase dez horas da noite e eu ainda não tinha subido para o meu quarto. Eu estava louca por um banho, mas eu não tinha coragem de entrar lá novamente. Porém, eu sabia que não podia fugir disso para sempre, eu precisava subir de alguma maneira. Com um pouco de coragem e um impulso, levantei do sofá e subi as escadas até o último degrau. Eu parei, congelei, quando cheguei ao fim da escada e avistei a porta do meu quarto. Ela estava aberta, mas por ela não dava para ver nada dentro do quarto, pois estava escuro lá dentro.

Comecei a respirar fundo e dei mais alguns passos em direção ao quarto. Coloquei apenas o braço para dentro até alcançar o interruptor e conseguir acender a luz. Entrei no quarto e sentei na cama, fechando os meus olhos em seguida. Eu sabia que a visão de Madison morta em nosso quarto não iria sair nunca da minha cabeça, mas ainda assim fechei os meus olhos na tentativa de que aquilo sumisse da minha mente.

Contudo, abri rapidamente os meus olhos ao senti uma presença no quarto e vi um vulto entrar no banheiro. Levantei e caminhei até lá. Sei que deveria ser algo da minha cabeça, mas eu queria conferir mesmo assim. E se a Emili tivesse voltado? Acendi a luz do banheiro e olhei ao redor, mas não havia nada lá dentro. Saí do banheiro e fui em direção à minha cama. O dia tinha sido longo, deveria ser apenas a minha mente cansada me enganando novamente.

Enquanto caminhava até a cama, senti alguém passar atrás de mim. Antes que eu me virasse para ver o que era, empurraram-me forte, fazendo com que eu caísse perto da cama e batesse a cabeça nela.

– Margot, para com isso, isso não é real, não é real. Você precisa de ajuda, você está vendo coisas, você está ficando louca! – uma voz ecoava em minha cabeça repetindo isso.

Mesmo que eu quisesse que aquilo fosse mentira, eu sabia que era verdade. Sim, eu concordava com aquela voz, nada disso era real. Eu estava ficando louca, ou melhor, estava piorando e ficando mais louca do que eu já era.

Levantei, peguei meu pijama e fui tomar meu banho. Já passava das onze horas quando eu finalmente deitei em minha cama. Escutei um barulho alto como se fosse um trovão, era realmente alto. Em um pulo, sentei em minha cama. Senti um ar gelado em meu rosto, o que era estranho já que eu não lembrava de ter deixado a janela aberta. Tateei a cômoda à procura do abajur e o acendi assim que o encontrei.

Um homem estava parado na minha frente, com o rosto dele a alguns milímetros de distância do meu. O seu rosto era repleto de cortes, os quais ainda sangravam. Também escorria sangue pelo canto dos seus olhos, os quais estavam fechados. A camisa social branca desalinhada que ele usava estava repleta de manchas de sangue.

Dei um grito alto e em seguida coloquei a mão em cima da minha boca, encolhendo-me na parte superior da cama. Ele ficou ereto em minha frente e abriu os olhos. Os olhos dele eram brancos, totalmente brancos. Ele apontou para o outro lado do quarto, o lado do quarto onde Madison havia se enforcado. Eu olhei com receio e com medo já imaginando o que eu veria lá. Sim, ela estava lá pendurada mais uma vez. Ao lado dela havia um outro corpo, o meu corpo!

Levantei da cama e acendi o abajur da minha cômoda novamente. Olhei ao redor do meu quarto e estava tudo bem. Eu estava sozinha, sem corpos, sem Madison e sem homem macabro por ali. O relógio do meu celular acusava que já eram 02:55 da manhã. Tudo tinha sido apenas um sonho, um péssimo sonho. Deitei novamente na cama, mas dessa vez sem conseguir fechar os olhos. E se eu sonhasse algo ruim novamente?

Escutei barulhos em minha janela como se alguém estivesse jogando pedrinhas nela. De início, eu ignorei, mas aconteceu de novo e de novo. Levantei, fui até a janela do quarto, afastei a cortina e olhei para o quintal atrás de minha casa. Havia uma criança lá. Ela olhou para mim e foi em direção a um dos dois balanços que existiam no quintal. Mas por que uma criança estaria sozinha no meu quintal uma hora dessas? Será que ela tinha se perdido ou era apenas minha imaginação me pregando uma peça novamente?

Por via das dúvidas, obriguei-me a sair do quarto para ir até o jardim. Se fosse apenas a minha imaginação, eu precisava enfrentar aquilo e me lembrar de que aquilo não era real. Se fosse uma criança de verdade, eu precisava ajudá-la.

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