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Aquela era a terceira vez que olhava a etiqueta daquele vestido, precisaria trabalhar meses no bufê para ter dinheiro para pagá-lo se não fosse um presente da loja. Terminou de calçar as sandálias da mesma cor que o vestido. Preto era uma de suas cores favoritas. Prendeu seu cabelo de lado como gostava, e fez uma maquiagem leve, sabia que precisava se aprimorar nesta parte.
Na sala estavam Antony que não parava de lhe olhar, Clair vestida com belo vestido longo na cor vinho que realçava em sua pele clara e Eduardo acompanhado de uma mulher bastante elegante que certamente era sua esposa. Desceram o elevador e Sarah ficou satisfeita ao ver a senhorita lencinho logo na entrada. Ela nunca aceitou muito bem sua estadia naquele prédio, principalmente como namorada de Antony. Então Sarah não se conteve, puxou seu namorado pela cintura e lhe beijou, ele sabia muito bem o que ela estava fazendo, e entrou no clima. Ele a segurou com as duas mãos apertando seu corpo contra o seu e correspondeu aquele beijo dando o melhor de seu desempenho.
Quando finalmente estavam dentro do carro, ela viu a senhorita lencinho revirar os olhos como em todas as vezes.
— Você é mau sabia?— Antony falou em tom brincalhão.
— Estou apenas marcando o meu território! — falou apontando o dedo indicador em seu queixo.
Ele a puxou rapidamente e a beijou mais uma vez.
— Adoro esta sua versão possessiva! — disse antes de beijá-la novamente.
*
Logo na entrada do clube havia uma faixa de boas vindas aos sócios e patrocinadores. O lugar parecia estar cheio e Sarah nunca tinha visto tanta gente famosa e bem vestida ao mesmo tempo. Agora entendia o motivo que seu namorado lhe avisou que ela precisava de um vestido elegante. Agradeceu por ter ido a tal loja mesmo sendo tão cara.
Logo que entraram, vários fotógrafos de jornais, revistas e sites se posicionaram próximo dele desejando uma foto do casal. Mesmo tímida, Sarah se esforçou para se sair bem nas fotos.
Haviam muitas mesas espalhadas e um palco montado onde uma banda tocava um Jazz maravilhoso. À mesa em que se sentaram tinham várias figuras conhecidas. Sarah se sentiu mais aliviada quando viu Ellen, sua nova amiga sentada bem ao lado do Dr. George, eles estavam juntos como um casal, e isto lhe deixou feliz por eles terem se assumido. Também percebeu a presença de Andersom e Thiago acompanhados de suas belas esposas.
Após algumas horas, conversando sobre vários assuntos, entre eles, a recuperação maravilhosa de Antony, sua volta aos campos no próximo jogo, e Eduardo deixou escapar que havia um time asiático interessado em Antony. Aquele foi o assunto da noite.
— Na verdade eu nem deveria estar falando sobre isso ainda... Mas acho que nosso craque terá uma nova chance de jogar fora.
Os olhos de Antony e sua mãe estavam brilhando, afinal este era seu maior sonho. Ele segurou as mãos de Sarah e as apertou levemente demonstrando o quanto a notícia o alegrou. Mas no fundo ela estava preocupada, se Antony fosse para o exterior, o que seria deles? Ela se sentiu mal por isso, pois deveria estar radiante de felicidade tanto quanto ele.
— Mas Antony ainda precisa cumprir o prazo mínimo de contrato, pois a multa de quebra do contrato é alta. — Andersom argumentou.
— Ah, Andersom, você sabe muito bem, que esses times não se importam em pagar a multa, seja lá qual for.
Anderson virou sua taça de champanhe em apenas um gole, pois não queria perder Antony. Felizmente Thiago mudou de assunto falando sobre as expectativas do próximo jogo. Logo a conversa foi abafada. Sarah continuava em vários pensamentos, sua viagem de volta para casa e agora não parava de imaginar seu namorado do outro lado do mundo, longe dela. Antony no entanto estava tão ocupado dando atenção aos amigos que ela agradeceu por ele não perceber ou pensaria que ela fosse a pessoa mais egoísta do mundo. Naquele momento Ellen lhe contava sobre os projetos que iria desenvolver no clube e mesmo não prestando atenção no que ela falava, Sarah apenas concordou.
Uma mão familiar a segurou pela cintura lhe fazendo aquele convite que ela mais temia.
— Vamos dançar? — Antony pediu.
Antes que ela pensasse em negar ele já estava lhe conduzindo.
Dr. George também convidou Ellen, e seguiram juntos.
Mas enquanto se balançavam no primeiro toque da música, Sarah ainda tentou se livrar.
— Antony, eu não sou muito boa nisto... E se eu cair? Imagine o vexame que vamos passar.
Suas mãos firmes a envolveram com mais força. Ele sussurrou em seu ouvido.
— Minha missão é segurá-la, se lembra?
Ela foi tomada por tamanha alegria com aquela recordação. Em instantes ela já havia se esquecido de qualquer coisa que a deixava inquieta, estar nos braços de Antony era a melhor sensação do mundo, e já que seria uma despedida o melhor a se fazer era aproveitar a noite.
— Sim, é claro. Por que você acha que eu vivo me desequilibrando? Nunca te disse que era proposital? — ela disse em tom de brincadeira.
Ele inclinou a cabeça para trás rindo de sua fala.
— Huum! Eu sempre desconfiei.
Ela sorriu.
Quando iniciou a próxima música, ele a segurou na pista.
— Ah, eu não quero parar agora, senhorita!
— Seu pedido é uma ordem senhor Antony.
Ela repousou em seu peito balançando no ritmo da música.
Foi surpreendida quando ele perguntou:
— Você conseguiu fazer suas malas ?
Ela ergueu o rosto e o encarou ainda dançando em seus braços e ergueu as sobrancelhas.
— Está com pressa que eu vá?
— Nâo — respondeu em tom sério. — até porque você não vai sozinha.
Sarah demorou para associar as palavras de Antony, talvez porque fossem boas demais pra ser verdade.
— O que você está dizendo?
— Que eu vou com você, meu amor. — ela a encarou com um sorriso bobo — Consegui dois dias.
— Antony! — deu gritinho se jogando em seus braços. — Isto é sério?
— Sim. Muito sério.
Seus lábios já estavam unidos em um beijo carregado de alegria por aquela notícia. Ele a rodopiou duas vezes na pista até ela voltar para os seus braços no embalo da música.
De repente Dr. George se aproximou abandonando Ellen na pista.
— Antony, posso? — falou convidando Sarah para dançar
Ela sentiu seu coração disparar, não sabia se conseguiria dançar com alguém que não fosse lhe segurar como seu namorado.
Antony se afastou educadamente.
— Claro. Eu quero mesmo dançar com uma loira — falou em tom de brincadeira convidando Ellen.
Dr. George franziu a sobrancelha.
— É apenas uma dança, viu espertinho!? — brincou.
Antony ainda piscou provocando.
Todos riram.
Para sorte de Sarah, o ritmo que a banda tocava era muito lento, então o risco de cair era bem menor.
— Está curiosa sobre minhas intenções, Sarah? — Dr. George perguntou deixando ela intrigada.
— Pensei que fosse uma dança — falou um pouco confusa.
Não entendeu o que ele queria. Mas confiava nele.
— Na verdade eu quero falar sobre negócios.
— Huum, isso é interessante.
— Sarah, você tem um talento enorme. Sabe quanto tempo um pesquisador leva pra ter bons resultados em um trabalho como o que você fez?— ele mesmo respondeu a pergunta: — Anos. Sua pesquisa tem um potencial enorme e você sabe muito bem disso.
— Eu desejo me especializar mais.
— Então... Estive conversando com alguns contatos e... Quero pedir sua autorização para continuarmos sua pesquisa, e claro, você também está convidada a trabalhar conosco.
Naquele momento o mundo pareceu parar, ela não conseguiu acreditar na proposta que estava recebendo. Olhou para Antony e ele a encarou sorridente, ela então soube que ele já estava ciente.
— Não sei o que dizer... — Sarah estava emocionada.
— Se você aceitar, irá receber uma bolsa integral em nossa Universidade de Pesquisas para terminar sua graduação, e é claro também será remunerada para trabalhar conosco.
— Dr. George, pra mim será uma grande honra.
Ele ficou visivelmente satisfeito.
— Que bom. Então você volta para sua cidade, trás sua documentação para que possamos realizar sua matrícula o mais rápido possível. Você tem até a próxima semana.
Quando percebeu, Sarah já estava o abraçando completamente agradecida.
A música terminou e ele voltou para Ellen que também sorriu satisfeita por sua nova amiga.
— Sarah, você merece, é uma grande profissional — Ellen falou-lhe abraçando.
— Verdade meu amor, você merece! — Antony surgiu envolvendo sua cintura.
— E você sabia de tudo não é? — ela fingiu estar brava com seu namorado.
Ele, no entanto, não respondeu, apenas disfarçou.
De volta à mesa e George deu a notícia a todos. Contou que Sarah faria parte de sua equipe, seus novos amigos lhe parabenizaram. Eles ainda jantaram, apreciando um cardápio delicioso de um chef renomado. Já passava das duas da manhã quando seguiram para casa. Antony pediu a Eduardo que levasse Clair, pois ele tinha outros planos, o próprio Antony dirigiu o carro.
Sara já tinha se livrado dos sapatos dentro do carro. Estava exausta, refletiu a respeito de sua nova etapa da vida que iria começar, a universidade de pesquisa era o sonho de qualquer estudante e ela sabia que jamais teria como pagar um curso em uma instituição tão renomada. Mas afinal não era somente a bolsa que tinha ganhado, ainda iria trabalhar para eles e receberia por isso. Em meio a sua crise financeira era a melhor notícia que poderia receber. Porém, outras preocupações lhe atormentavam, agora precisaria encontrar algum lugar para ficar. Não poderia se instalar no apartamento de Antony.
E se ele fosse jogar fora do país?
Percebeu que teriam um grande problema para resolver. Ela não compreendeu como poderia estar tão feliz e triste ao mesmo tempo. Estava tão perdida em pensamentos que não havia notado que tinham chegado em algum lugar. Ela olhou pela janela e percebeu que não se tratava do prédio em que ele morava. Estavam em seu lugar preferido... O mar...
— Sei que você deve estar cansada, meu amor, mas não podia deixar de trazê-la aqui.
— É maravilhoso, Antony...
Ela desceu do carro com pressa. Desde o dia em que chegou naquela cidade, desejava ir àquele lugar. E mesmo sendo tão próximo ela não tinha conseguido um tempo para isto.
Estava descalça e desceu até a areia. Sarah fechou os olhos e respirou fundo.
— Vamos... A água deve estar deliciosa! — Antony passou por ela correndo.
Percebeu que ele havia tirado suas roupas, aquela era uma imagem perfeita, ele vestia apenas uma cueca box que o deixava muito sexy. Suas roupas ficaram espalhadas pela areia.
Depois deu vários mergulhos completamente satisfeito por estar ali.
— Desta vez não aceito desculpas, Sarah, está muito calor e a água está muito boa, Venha!
Ela balançou a cabeça em negativo.
— Você pensa que eu vou ficar aqui apenas com roupas íntimas?
Ela fez uma expressão como se aquilo fosse uma loucura.
Antony se aproximou devagar e levou a mão nas costas de seu vestido, quando percebeu ele havia abaixado seu zíper.
— Antonyyy! ... — gritou segurando a roupa com as mãos para não ficar apenas de Lingerie.
— Sarah, estamos apenas nós dois neste paraíso!
Ela sorriu para ele e sem pensar mais, sentiu o vestido tocar os seus pés.
Sarah correu e passou por ele se jogando no mar. Na sequência percebeu que ele a seguiu.
Juntos brincaram com as ondas jogando água um no outro.
— A água está deliciosa! — ela falou animada.
Antony caminhou até chegar próximo dela, suas mãos envolveram seu corpo tocando sua pele nua, a sensação das ondas em seu corpo se misturam ao toque dele, era mágico. Logo não resistiram e se beijaram várias vezes e por um longo tempo.
Quando estavam exaustos se jogaram na areia e ficaram ali deitados sentindo a onda bater em seus pés e retornar para a imensidão negra. Então, Antony se colocou por cima dela, e a beijou mais uma vez.
— lábios com o sabor do mar, meus preferidos! — ele falou ainda por cima dela.
As mãos dele acariciavam uma mecha de cabelo molhado.
— Eu gostaria que o tempo parasse e nós dois ficássemos apenas assim.
— Eu também desejo ficar com você assim para sempre — ele completou.
Ela ficou lhe encarando, com uma expressão de boba, na verdade estava completamente apaixonada por aquele homem, de uma forma que ela não conseguia se conter.
— Para sempre é muito tempo, sabia? — ela falou em tom brincalhão.
Ele a fitou de forma misteriosa, e não falou mais nada nos próximos minutos, apenas acariciou seus cabelos e sua pele, afastando a areia de suas têmporas, até que finalmente ele reagiu. Se levantou bruscamente e a conduziu até a areia de mãos dadas onde suas coisas estavam. Ela não entendeu nada.
Chegaram próximo e ele se sentou ali mesmo a conduzindo para se encaixar por entre suas pernas. Viu ele pegar uma concha debaixo de suas calças.
— Veja que linda esta concha.
Sarah pegou delicadamente, mas na verdade para ela aquela concha era igual a todas as outras que ela já tinha visto. Quando ela virou a concha não acreditou no que tinha dentro. Seu coração bateu mais forte e ela sentiu que não conseguiria ser mais feliz do que agora. Amava aquele homem com todas as suas forças e a cada instante ele provava que também o amava.
Havia um anel bem ali.
— ANTONY! — gritou emocionada levando a mão livre à boca.
Ele a encarou com um brilho diferente no olhar.
— Você surgiu na minha vida e hoje eu não consigo me imaginar sem você. Para sempre é muito tempo, mas é onde eu quero estar com você. Então, Sarah, quer se casar comigo?
As lágrimas desceram dos olhos dela e ele retirou a concha delicadamente das mãos dela e removeu o anel de dentro da concha. A emoção que sentia era tão grande, que ela não conseguiu responder o "Sim", apenas balançou a cabeça com seus olhos umedecidos e se lançou sobre ele lhe beijando com toda sua força. Jamais imaginava se tornar a senhora Sillve.
E enfim ele colocou o anel em seu dedo.