Suddenly

By AutoraBeaLourenco

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PLÁGIO É CRIME! (Art. 184 - Código Penal) "Os finais felizes são para poucos." Beatriz Lourenço More

-Normal
-Curiosidade
-Surpresa
-Ligeiramente irritante
-Distração
-Nova perspectiva
-"Wonderwall"
-Carona
-Encontro
-Última Chance
-A Viagem
-Inesperado
-Escuro
-Interesse
-Ciúmes
-Explosão
-Frio
-Corrente

-Realidade

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By AutoraBeaLourenco

  Acordei no dia seguinte mas não me recordava do que havia sido feito para que eu saísse do carro. Não quis abrir os olhos, pois tinha medo do que poderia ver, então permaneci de olhos fechados.

  Logo em seguida me lembrei de Liam, eu precisava vê-lo. Abri os olhos e percebi que estava em um quarto de hospital, nada além do que eu já esperava. Com muita dificuldade me sentei na cama e olhei ao redor. Era tudo branco e aquilo me dava agonia, ao lado da minha cama havia uma cadeira de rodas hospitalar, imaginei que seria de outro paciente que tenha estado no mesmo quarto que eu há semanas. Minhas costas doiam um pouco, porém o mais estranho era que a dor nas minhas pernas havia sumido, decidi me levantar e procurar por Liam. Ao me mover para tentar descer me desequilibrei e caí da cama derrubando a bandeja de medicamentos que havia em uma mesinha ao lado. Imediatamente um enfermeiro aparentemente forte entrou no quarto e me pôs sentada na cadeira de rodas. Tentei movimentar minhas pernas, sem sucesso. O enfermeiro saiu logo em seguida sem dizer uma única palavra. Me movi até a cabeceira da cama e peguei meu laudo médico. Não havia fraturas expostas ou que me fizessem correr o risco de falecer, mas minha cabeça girou ao ler que eu estava paraplégica.

  Entrei em estado de choque por alguns minutos. Não consegui acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Permaneci parada e imóvel com meu laudo na mão. Em seguida entrou um homem junto a meus pais e minha irmã. Meus familiares estavam com um semblante triste, as lágrimas escorriam pelos olhos de minha mãe.

-Srta. Christine Harris, nós precisamos conversar.- Disse o Doutor se aproximando.

  Passamos por volta de duas horas conversando, minha mãe não parou de chorar por um minuto sequer. O Dr. Parker me explicou toda a situação, assim descobri que ainda tinha chances de voltar a andar, mas seria um longo processo repleto de fisioterapia e tentativas falhas. Após o término da conversa, minha irmã Anne me fez companhia enquanto o médico conversava em particular com meus pais.

-Vai ficar tudo bem.- Disse Anne afagando meu cabelo.

-Eu não tenho dúvidas disso, eu to viva, isso que importa.- Disse olhando para minhas pernas.

Ficamos em silêncio por um minuto.

-E o Liam? Eu preciso ver ele.- Disse desesperada.

-Não sei se vc pode sair daqui. Ele está no fim do corredor. - Disse Anne apontando pra porta.

-Eu quero ver ele. Exijo!- Disse praticante gritando.

-Calma nervosinha, eu vou te levar lá.

  Anne foi até a porta e a abriu para ver se havia alguém no corredor. Rapidamente ela me dirigiu até a porta do quarto de Liam. Respirei fundo e fechei meus olhos enquanto ela abria a porta para mim.

  Abri meus olhos. Caí em prantos ao vê-lo naquela situação. Liam estava respirando com ajuda de aparelhos, não procurei saber o que ele tinha pois não quis imaginar quanta dor ele estava sentindo. Sua mãe estava ao lado de sua cama, acariciando seu belo rosto com arranhões, assim como o meu.

-Você é Christine?- Perguntou a Sra. Johnson voltando seu olhar para mim.

-Sim, Sra. Johnson.-Falávamos baixo para que ele não acordasse.

-Por favor, me chame de Jane. Eu quero me desculpar pelo o que meu filho causou- Ela fez uma pausa breve e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.- Liam me contou o que houve e...- Eu a interrompi.

-Não diga uma coisa dessas, a culpa não foi dele. Foi um acidente.- Ela assentiu e se retirou para enxugar seu rosto.

  Infelizmente meu tom de voz havia soado mais alto do que eu imaginei e acabei acordando Liam.

Fiquei parada e quieta o observando. Ele abriu os olhos devagar, olhou para o lado onde sua mãe estava e logo em seguida olhou para o lado onde eu estava.

-Amor?- Ele disse com uma voz fraca. Imediatamente as lagrimas caíram em seu rosto.

  Eu não consegui fazer nada além de por as mãos no rosto e chorar.

-Me perdoa, eu devia ter te ouvido, olha o que eu fiz com você. Eu sou um monstro.- Disse ele fechando fortemente os olhos.

-Cala a boca, idiota. A culpa não foi sua. Acidentes acontecem.- Disse com um tom hostil em meio ao choro.

-Senti saudade de você me chamando de idiota- Ele sorriu brevemente.- Achei que nunca mais iria te ver.

-Eu também não. Eu poderia ter sofrido qualquer tipo de fratura, mas se eu acordasse e te visse ao meu lado, eu não me importaria.

  Ele sorriu ao som de minhas palavras.

-Deixa eu sentir você.- Ele estendeu sua mão colocando-a para fora da cama para que eu a segurasse.

  Dirigi-me rapidamente até ele e segurei em sua mao. Suspirei.

-É tão bom te sentir quente novamente.- Disse colocando sua mão em meu rosto sem me importar com os ferimentos que ainda me causavam dor.

-Sua pele- Ele respirou fundo- Que saudade- Disse ele soltando o ar.

  Beijei a palma de sua mão e a segurei forte.

-Eu amo você, Liam.

-Eu amo você, garota da varanda.- Disse ele com um sorriso no rosto.

  Logo em seguida a enfermeira entrou para aplicar os medicamentos em Liam. Infelizmente eu tive que voltar pro meu quarto, mas prometi a ele que voltaria todos os dias. E assim aconteceu.

  Passei uma semana e alguns dias no hospital, estava em observação. Todos os dias eu visitava o quarto de Liam. Ele não pôde se levantar da cama em momento algum, pois ainda não respirava bem, parecia que havia inalado alguma coisa durante o acidente que intoxicou seu pulmão, mesmo assim eu adorava ficar junto a ele. Eu tentava o distrair para que não ficasse entediado alí, apesar de eu mesma estar.

  Em uma sexta-feira recebi alta. Minha mãe e minha irmã me ajudaram a me arrumar e pegar minhas coisas. Estar em uma cadeira rodas não é fácil. Há muitos obstáculos, mas não pude me dar ao luxo de me depreciar por isso, pois Liam precisava da minha força, já que para ele não havia restado quase nenhuma.

  Assim que terminei de me arrumar pedi a Anne que me levasse até o quarto de Liam, como sempre. Entrei em seu quarto, ele estava com sua mãe. Ela foi se sentar perto da janela para que nós pudéssemos ter um pouco de privacidade.

-Você está linda, como se isso fosse novo pra mim.- Disse ele sorrindo.

-É, a cadeira de rodas realça os meus olhos.- Disse tentado fazer com que ele desse risada.

-Você é incrível.- Ele riu.

-Então, eu recebi alta hoje.- Disse com um tom de voz triste.

-Eu não sei quando vou sair, mas a primeira coisa que vou fazer quando isso acontecer é ir perturbar você.- Ele disse acariciando meu cabelo.

-Eu prometo que venho te visitar assim que possível.- Segurei sua mão.

-Alguém poderia ter erguer pra eu poder te abraçar.- Ele disse olhando pra porta.

  A porta se abriu, era Anne entrando.

-Eu entendi a indireta, Liam.- Disse Anne vindo até nós.

-Eu sabia que você estava ouvindo atrás da porta.- Liam sorriu.

  Anne me levantou segurando em meus quadris, fiquei surpresa com a força dela. Liam pôs seus braços ao redor da minha cintura e sussurrou "eu te amo" em meu ouvido. Eu o beijei, não foi um beijo como nós costumávamos fazer, mas era reconfortante beijá-lo novamente. Sussurrei "eu amo você" em seus lábios.

-Não vou ficar segurando ela pra vocês poderem transar, Liam.- Disse Anne me constrangendo, pra variar.

  Liam riu. Calmamente ela me retirou de cima dele, a mão de Liam pareceu ficar presa no bolso do meu casaco por alguns segundos, mas logo ele conseguiu retirá-la. Anne me pôs novamente na cadeira de rodas, nós dois entrelaçamos nossos dedos mínimos como forma de despedida.

-Vai me esperar?- Liam perguntou antes que eu saísse totalmente do quarto.

-Sempre!- Respondi num tom forte para transmitir confiança para ele.

  Uma lágrima escorreu em seu rosto enquanto eu acenava para ele. Logo em seguida eu fui levada para casa.

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