"Quando sentires a falta constante de alguém… Em um raio de sol sentir o toque de alguém… Na brisa leve sentir o suspiro de alguém… Você é portadora de um vírus! O amor."
William Shakespeare
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Falta constante, não existe outra palavra que define o que Sarah estava sentindo depois de terminar com Antony. Em seu coração havia um buraco que não cicatrizava, além do mais, ele estava a todo momento na tv, principalmente após ter estreado no novo time, aparecia nas capas de revistas, páginas do instagram, jornais e nos outdoors espalhados pela cidade com aquelas imagens dele e Lara Bitencourt.
Três meses haviam se passado após o término, desde então não tiveram contato e nem trocaram mais mensagens. Para tentar esquecê-lo, ela se empenhou em sua pesquisa e finalmente conseguiu concluí-la. Continuou em busca de emprego, mas estava difícil de encontrar uma vaga.
Sarah já havia trocado de vestido quatro vezes, aquela era a festa de comemoração do aniversário de Breno. Mary havia preparado um jantar em sua residência, e praticamente obrigou sua amiga a estar presente. Ultimamente, não saia de casa com frequência, andava deprimida com todo caos que sua vida se encontrava e por isso Mary insistiu que ela participasse do jantar.
Agora passava horas à procura do vestido perfeito. Se decidiu por um estampado de suave transparência e colocou saltos cor nude. Há muitos dias ela não sentia vontade de se arrumar, mas desta vez se esforçou, talvez fosse pelo fato de que pudesse encontrar Antony neste jantar, vê-lo depois de ficarem esse tempo sem se falarem parecia uma oportunidade de aliviar a angústia que apertava seu peito. O fato de não se falarem mais só fez aumentar o amor que sentia por ele. As lembranças do rosto de Antony completamente decepcionado por ela não ter dito que o amava, invadiam sua mente o tempo todo. Desejava ter gritado a ele que era recíproco seu sentimento, que também o amava. Mas se fizesse isso, sabia muito bem que não teria conseguido colocar um fim na relação.
Terminou de calçar seus sapatos e conferiu seu telefone, viu que o carro que havia pedido estava na porta.
Respirou fundo e saiu, acreditando que a noite valeria a pena.
*
— Fico feliz que você tenha vindo — Mary falou enquanto sua amiga lhe ajudava com uma bandeja.
— Vocês são meus amigos, não poderia deixar de vir — mentiu. Sabia que no fundo estava ali por outro motivo.
Haviam cerca de cinquenta convidados, amigos de Breno do trabalho, familiares e colegas do tempo de faculdade. Os olhos de Sarah passeavam por todos os cantos à procura de uma única pessoa, mas não o encontrou.
Horas se passaram, já havia tentado se entreter de várias formas, mas tudo parecia tão... Desinteressante. Seus olhos estavam atentos em todas as vezes que a porta se abria e algum convidado novo chegava. Até pensou em perguntar à sua amiga sobre Antony, mas sabia que Mary lhe encheria de sermões sobre o quanto foi uma idiota terminando com ele. Já estava cansada de ouvir isso.
Já passava da meia noite quando Mary entrou carregando o bolo cheio de velinhas. Todos cantaram parabéns para Breno e depois começaram a parabenizá-lo. Neste momento Sarah teve certeza que Antony não viria, já estava tarde. Havia bebido várias taças de vinho e acreditava que era o momento de ir embora.
Procurou sua amiga para se despedir. Mary e Breno estavam aos beijos na cozinha. Sorriu ao ver seus amigos tão à vontade e felizes.
— Sarah...— Mary disse quase tímida por terem sido flagrados, algo que ela nunca foi.
— Desculpe… Sarah — Breno pediu rindo. Ele parecia ter bebido bastante, afinal era o seu dia.
— Tudo bem, sou eu quem invadi a cozinha de vocês — Sarah falou em tom brincalhão. — Apenas vim me despedir, já estou indo.
O telefone de Breno tocou e ele ficou eufórico atendendo a ligação de vídeo.
Mary encarou sua amiga preocupada, afinal não sabia qual seria sua reação ao ver quem estava do outro lado.
Ligação de vídeo On
— Parabéns pra vocês, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida… Parabéns meu primo!
Antony estava sorridente do outro lado.
Sarah sentiu todo o seu corpo gelar.
Aquela voz ainda tinha o poder de mexer com suas emoções, conseguia desestabilizá-la.
— Obrigado, Antony, eu sabia que você não deixaria passar em branco — Breno agradeceu.
— Oi, Antony! — Mary disse toda sorridente acenando para câmera. — Pena que você não pôde vir.
Um sentimento de decepção invadiu o coração de Sarah. Agora ela tinha certeza de que ele não viria mesmo.
— Está difícil de sair, os treinos andam puxados por causa do campeonato.
— Claro, você joga para um grande time, meu primo! — Breno falou orgulhoso.
Sarah pensou em aproveitar a distração de todos para sair da cozinha antes que Antony lhe visse, mas já era tarde demais…
— Oi...Sarah...— a voz dele ainda era a mais sexy de todas que ela já tinha ouvido.
Ainda em transe ela respondeu.
— Oi...Antony… — falou acenando com a mão.
O clima no ambiente mudou. A partir daí os olhos dele não se desviavam dela. Como era possível duas pessoas terem tanta química estando tão distantes e se vendo apenas por uma chamada de vídeo?
— Bom, eu te desejo, Breno, muito sucesso e prometo que quando der eu faço uma visitinha, em breve.
— Como está sendo morar em outra cidade, Antony ? — Mary perguntou.
Sarah ficou surpresa, não sabia que ele havia se mudado.
— Estou adorando. Aqui o clima é mais quente e ...— ele olhou mais uma vez para Sarah. — Estou perto do mar.
Sentiu um frio percorrer seu corpo com sua palavras.
— Que bom! Já temos um lugar novo para conhecer, não é amor!?— Mary falou para Breno.
Ele concordou.
A conversa durou um pouco mais, e quando ele desligou, Sarah aproveitou para ir pra casa, antes que Mary lhe enchesse de comentários sobre como Antony estava lhe olhando.
Ligação de vídeo Off
Quando chegou em casa, Sarah se jogou na cama recordando da imagem dele na tela do celular. Estava lindo como sempre, seu sorriso não saia de sua mente, seus beijos, seu toque... E aqueles olhos intensos que não paravam de encará-la. Várias perguntas surgiram.
Ele estaria com alguém… uma mulher?
Talvez não, ou teria repercutido na mídia.
E estava sentindo sua falta?
Se não estivesse, não teria a olhado daquela forma.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo som de seu telefone recebendo uma mensagem.
Seu coração nunca bateu tão forte. Era ele.
Mensagem On
"Espero que não se importe com meu contato. Queria te mostrar algo."
Ela se sentiu novamente como uma adolescente. Estava ansiosa para saber o que ele queria lhe mostrar. Segurou o aparelho em suas mãos e digitou o mais rápido possível.
"Claro que não me importo, inclusive senti falta das nossas conversas. Então mostre o que quiser. Estou muito curiosa."
Logo um vídeo apareceu na tela e ela rapidamente clicou para baixar.
As ondas do mar batiam na areia fazendo um barulho delicioso. Era um local calmo e tranquilo, não havia muitas pessoas, mas a brisa e o mar sopravam em meio a imensidão negra banhada pela noite que acabava de chegar.
"Agora posso ver o mar todos os dias."
Ela digitou rapidamente:
"Que lugar lindo, Antony."
Até pensou em muitas coisas para dizer. Mas ainda não era tempo.
"Sarah, talvez algum dia você possa vir onde estou morando e conhecer este lugar... Ainda somos amigos, claro.
As palavras de Antony lhe invadiram. Seria possível manter uma amizade com ele?
Mesmo assim o respondeu:
"Sim, claro. Quem sabe algum dia eu vá te visitar… Ainda somos… Amigos."
Ela não queria ser sua amiga.
Desejava deletar aquele dia em que terminou com ele, o amava, seu coração gritava desesperadamente por ele.
Naquele momento ela agradeceu por aquela não ser uma conversa de vídeo, pelo menos por mensagens ele não conseguiria ver as lágrimas descendo de seus olhos enquanto aquela palavra de seus letras ecoavam em sua mente...
Amigos...
*
Como em todos os dias, o mau humor estava estampado no rosto de Sarah. Não queria ter saído de casa, mas quando Maryene queria alguma coisa ela sempre conseguia.
— Não me olhe com essa cara, Sarah!— Mary pediu fazendo beicinho.
Sabia que sua amiga estava ali contra sua vontade. Mas precisava tirar ela de casa, afinal era feriado e seus pais estavam viajando de barco, não fazia sentido deixá-la sozinha sofrendo por ter terminado com o seu grande amor ao invés de correr atrás dele.
— Pelo menos aqui servem os melhores drinks da cidade. — Sarah falou como se quisesse encher a cara.
Sua amiga a repreendeu.
— Sarah, não vai resolver seus problemas com bebida.
— Você me tira da minha casa, quando eu não estou a fim de fazer nada, para vir a este lugar assistir o jogo do meu ex-namorado e não quer que eu beba?
Felizmente sua amiga não teve tempo de continuar seus sermões, pois vários amigos as receberam na entrada para se sentarem com eles. Todos estavam eufóricos aguardando o início do jogo, muitos deles usavam camisas do time com o nome de Antony.
O ambiente estava cheio, parecia que toda a cidade havia decidido se reunir para assistir aquele jogo, se tratava do bar principal e haviam colocado um imenso telão no centro. A primeira coisa que Sarah fez foi pedir um uma vodka com gin aproveitando que sua amiga estava muito ocupada com seu marido naquele momento.
O jogo não demorou muito para começar. Logo Todos estavam atentos ao time do Nacional que entrava em campo para disputar um título daquele importante campeonato. Antony surgiu fazendo seus passes e dribles. Em menos de quinze minutos ele fez um gol levando todos no bar à loucura. Claro que ela também se sentiu feliz por ele.
Após um tempo, a chuva começou a cair tornando o campo escorregadio para os jogadores. Momentos tensos se seguiram depois que o time rival conseguiu um empate no segundo tempo do jogo. Sarah, viu Antony, correr contra o tempo a fim de tentar salvar o jogo. Durante uma jogada, ele estava frente a frente com o goleiro, neste momento, Antony foi atingido por um integrante do outro time que projetou suas pernas para frente fazendo que ele fosse atirado no chão imediatamente. Uma de suas pernas foi atingida.
Antony rolou e acabou batendo sua cabeça.
Todos que assistiam ficaram tensos com as duas mãos na boca perplexos com o lance. Antony ainda ficou jogado no gramado sendo transmitido ao vivo por várias emissoras de TV. Muitos temores invadiam Sarah naquele momento. Ela sabia muito bem que um golpe sofrido na cabeça como aquele, poderia ser fatal. Sentiu todo o seu corpo estremecer de temor.
O juiz expulsou o jogador responsável pela queda e o jogo seguiu depois que Antony foi retirado de campo pelos socorristas. Em alguns momentos os comentaristas falavam sobre o estado dele, que era grave.
Breno disparou a ligar para sua tia, Sarah não desgrudava do seu lado em desespero por notícias. Todos no bar pareciam arrasados, o jogo não tinha mais graça, o clima não era dos melhores. Aos poucos muito foram embora sem esperar o resultado do jogo. Após algumas horas só restavam Breno, Mary, Sarah e os funcionários do bar. Já estavam indo para casa, quando Breno recebeu uma ligação de Clair. As meninas ficaram observando a conversa, aguardando ansiosas. Conversaram por um tempo e após desligar ele passou as informações:
— Segundo minha tia, ele está bem, já acordou, teve um trauma crânio-encefálico leve.
— Parece grave! — Mary disse apavorada.
As palavras de Breno também não conseguiram deixar Sarah mais tranquila, entretanto, sabia muito bem que se lesões e traumas leves não forem bem tratados podem ocasionar danos irreversíveis.
— Ele precisa de atendimentos especiais — Sarah falou desejando dar tais cuidados.
— Tia Clair disse que ele está sendo atendido pela equipe do clube, vai ficar tudo bem — Breno como sempre, era otimista.
Após encerrarem, entraram no carro e Breno deixou Sarah em casa.
— Breno, me promete que qualquer notícia que receber, vai me avisar?— ela pediu antes de fechar a porta.
— Claro que sim. Prometo.
Então ela seguiu até sua casa. Entrou para seu quarto e novamente se jogou na cama. Bufou ao pensar que a esta altura poderia estar ao lado de Antony, mas há três meses atrás havia terminado com ele. Se sentia uma idiota pela milésima vez.
Pegou seu telefone e foi direto para a foto de Antony. Ele não estava on line, certamente estaria sob efeito de medicamentos. Ela começou a ler as mensagens antigas, eles conversavam as vezes, coisas do cotidiano, como: Tudo bem? Como você está? Mas ela se recordou daquele dia do aniversário de Breno. Uma delas lhe chamou atenção, ele havia deixado bem claro que ela poderia visitá-lo, afinal eram amigos.
" Talvez algum dia você possa vir, onde estou morando e conhecer este lugar... Ainda somos amigos, claro."
Tais palavras vinham repetidamente em sua mente. Talvez fosse bom para Antony ter uma amiga ao seu lado neste momento de recuperação. Afinal era pra isto que serviam os amigos...
Então, Sarah abriu o notebook rapidamente e conferiu o voo para a bela cidade do Nacional Social Clube.
Talvez ir até lá fosse uma boa ideia...
Seria?...
❤️⚽
Vocês acham que ela vai ter coragem de ir até ele?
E o que ela irá encontrar se for embarcar nesta ? Já imaginaram se ele estiver namorando ...
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