Quando abriu os olhos, Sarah sentiu uma forte dor de cabeça. A luz que vinha da janela fazia com que ela sentisse que haviam mil toneladas em cima dela. Nunca tinha bebido tanto, e certamente todo seu mal estar seria por causa da bebedeira da noite passada. Pequenos flash vinham em sua mente: James lhe assediando, passando a mão em suas pernas e o chute que ela lhe deu. Foi neste momento que pensou ter visto Antony, ele havia lhe salvado e trazido para casa. Se lembrava dele tirando sua roupa e lhe deitando na cama. Ele ficou ao seu lado o tempo todo.
Olhou rapidamente e a cama estava vazia. Teria sido um sonho ou ilusão?
De repente a porta se abriu e Antony entrou carregando uma bandeja com o café da manhã.
Merda!
No fundo ela tinha esperanças que fosse tudo fruto de sua imaginação.
— Mas que se dane!— Falou baixinho. Acreditava que ele não tinha o direito de lhe pedir qualquer explicação.
Antony caminhou até sua cama em silêncio. Ela percebeu o quanto ele estava lindo, vestia uma camisa de algodão azul claro e bermuda jeans.
Mas ainda sobre a noite de ontem, algumas coisas não lhe faziam sentido, afinal como ele conseguiu aparecer assim do nada e lhe salvar das mãos de James? Agora ele devia estar pensando que ela não passava de uma irresponsável, lhe encontrou bêbada e em perigo.
— Bom dia. Trouxe um remédio, imaginei que não estivesse muito bem, depois... Da bebedeira de ontem — Antony falou em tom sério.
Ela se sentiu como uma criança que recebia a repreensão de seu pai.
Não lhe respondeu. Por mais que sentisse saudades dele, de sua voz, de seu corpo, precisava ser forte para não s lançar em seus braços e desprezá-lo com seus sermões, afinal ele não tinha o direito de cobrar-lhe nada.
Apenas tomou o comprimido, depois se levantou, caminhou até o espelho e deu uma leve olhada, viu o quanto estava péssima, cheia de olheiras. Usava um baby dool rosa claro com desenhos de corações, nada sexy novamente. Nem acreditava que ele tinha lhe vestido. Foi inevitável não se comparar com Lara Bitencour, as imagens dela usando roupas bem justas em cima de seu namorado vieram em sua mente. Seria difícil competir com aquela mulher tão linda, mas na verdade Sarah não queria competir nem com Lara e nem com ninguém.
Ela o ignorou, se dirigiu até o banheiro, tomou seu banho sem pressa alguma, até lavou os cabelos. Seu coração batia muito forte, pois sabia que a conversa seria inevitável e tensa. Ao sair do banho, ele estava sentado em sua cama com a cabeça abaixada entre as pernas. Antony parecia pensativo. Ao vê-la, apenas enrolada em uma toalha, seus olhos queimaram de desejo. Por um momento ambos precisaram se conter, seus olhos se encontraram cheios de desejo, pois a saudade era grande, mas não tão grande quanto os problemas que tinham para resolver.
Então ela decidiu ser bem direta e resolver aquilo logo. Parou bem à sua frente e o confrontou:
— Antony, o que você está fazendo aqui?
— O que eu estou fazendo aqui? — ele disse em tom sarcástico. — Sarah faz quase dois meses que não nos vemos...
Ela deu uma risada enquanto ele falava, para disfarçar sua indiguinação retirou a toalha dos cabelos e o interrompeu:
— Porque você simplesmente não consegue um tempo pra gente, e quando consegue, qualquer proposta é o suficiente para cancelar.
Ele se colocou de pé.
— Você está sendo injusta comigo mais uma vez!
Ela se virou de costas e pegou a escova de cabelo na penteadeira ainda falando:
— Antony, eu estou cansada!
— Sarah, é o meu trabalho. Você sempre soube disso.
Ela ficou ainda mais furiosa, bufou e continuou escovando os cabelos enquanto discutiam.
— Você está querendo dizer que a culpa é minha, que devia me conformar, pois sabia que este era o seu trabalho?— ela parou, colocou a escova de volta na penteadeira e o enfrentou — Antony, eu fiquei igual uma palhaça te esperando. Sabia que eu tinha planos? Reservei um hotel e um restaurante pra nós. Mas você... Mudou de ideia, e por causa do trabalho...— a raiva lhe invadiu com mais força ao se lembrar que tipo de trabalho ele tinha feito.— E quanto a mim, Antony, por acaso você pensou em mim?
Ele se ergueu e ficou de pé próximo dela.
— Eu sei, me desculpe. Não deveria ter aceitado este trabalho assim, em cima da hora. Mas Sarah, você deveria me compreender, esta era uma grande oportunidade de marketing. Por acaso faz ideia como tudo isso pode ajudar a alavancar minha carreira?
— Sua carreira. Só isto que importa?
Ele tocou seu braço com ternura, ela precisou se esforçar para não se render.
— Não, é claro que não, eu me importo com você. É por isso que estou aqui.
Ela ouviu tudo, no entanto, sentiu um aperto do peito por não mencionar detalhes do trabalho que tinha feito.
— A propósito, eu assisti ao vídeo do ensaio fotográfico. Lindas fotos, você e Lara Bitencourt, formam um belo casal.
Ela viu Antony ficar inquieto. Ele desviou o olhar aflito.
— Não é o que você está pensando...
— Coincidência você gravar logo com ela, Antony. — sua voz saiu em tom magoado.
Antony buscou os olhos dela em desespero.
— Isso foi jogada de Marketing, eles a escolheram justamente por causa dos boatos de que tivemos um caso, isso favorece a publicidade da marca. Mas eu não sabia que o ensaio fosse ser com ela, só soube quando cheguei em Buenos Aires.
Ela bufou, e por mais que desejasse manter o controle, as palavras de Antony a irritavam a cada instante.
— Imagine como eu me senti quando assisti aquele vídeo!
Ela sentiu as lágrimas descerem em seu rosto. Antony se aproximou mais, mas Sarah recuou.
— Aquilo tudo faz parte de um teatro. É fingimento, Sarah, nada daquilo é real.
— Pareceu bastante real. Principalmente vocês se beijando, Antony.
Ele passou as mãos no rosto.
— Não foi real. Real é o que sinto por você!
— Caramba, Antony, você teve a chance de me contar. Agora tenho que lidar com todos os comentários sobre como você e ela são perfeitos um para o outro.
— Eu tentei me comunicar, mas houve uma tempestade de neve e não consegui sinal, foi tudo por falta de comunicação!
— Não, a culpa foi sua. Você deveria ter pensado em nós, em mim, em como eu me sentiria sendo abandonada depois de tanto tempo sem te ver, e ainda por cima para gravar com aquela mulher...
Antony se virou para a janela a fim de respirar. Estava muito tenso, e precisava partir em menos de uma hora. As cobranças de Sarah estavam lhe deixando louco. Sabia que havia errado, mas ela também não poderia ter sido tão negligente saindo para balada e bebendo daquela forma. Ele já estava a caminho do clube, como não conseguia falar com Sarah, ligou para Breno, ele acabou contando que ela estava muito chateada e havia saído com alguns amigos. Então, viu as postagens na boate, sabia que aquilo não tinha nada a ver com ela, por isso ele se preocupou e foi atrás. Se não tivesse chegado a tempo, não imaginava o que poderia ter acontecido.
— E por acaso você pensou em mim, ou na gente quando saiu com aquele rapaz? Sarah, você se embebedou feito uma adolescente irresponsável. Imagina o que aquele babaca poderia ter feito se eu não tivesse chegado a tempo.— sua fala foi dura e ela o observou sem esboçar reação.— Acho que não temos direito de cobrar nada um do outro.
Então ela refletiu sobre cada acontecimento. Também havia errado, e sabia disso muito bem. Na verdade, sempre soube que aquele relacionamento não daria certo, pois pertenciam a mundos muito diferentes.
Ela se sentou em sua cama e abraçou um travesseiro.
— Antony, eu estou cansada!— falou em tom mais brando. — Cansada de ficar te esperando voltar, não devíamos ter começado isso, eu sabia que não daria certo.
Ele se aproximou de sua cama, se sentou perto dela e segurou as mãos dela entre as suas angustiado.
— Sarah, se não desse certo eu não estaria aqui agora. Preciso me apresentar às dez no clube, a essa altura eu já deveria estar no aeroporto. Eu precisava descansar, mas desviei meu percurso para vir te ver, soube que você estava mal e não poderia te deixar assim.
Mas suas palavras não foram o suficiente para convencê-la.
— Não sei se o que a gente sente um pelo outro é o suficiente para suportar tanta pressão.
Antony beijou suas mãos delicadamente, ambos fecharam os olhos ainda tensos com tudo o que estavam sentindo.
— O que eu sinto é o suficiente para suportar qualquer coisa por nós: Sarah, eu TE AMO!
Aquelas palavras a deixaram em choque, esperava tanto para ouvi-lo dizer aquilo e ele havia escolhido o pior momento.
Abriram os olhos e ele ainda continuou:
— Eu te amo desde a noite na praia, eu sei que parece loucura, mas eu nunca senti isso que eu sinto por você.
— Antony...— ela falou seu nome como um pedido para que ele parasse.
Suas mãos tocaram seus ombros nus e a deixaram completamente sem reação, eram macias e carinhosas. Percebeu o quanto havia sentido saudades delas. Ele se inclinou e uniu seus lábios num beijo desesperado, ambos tinham urgência um do outro. Ela correspondeu imediatamente, pois se seu corpo tinha necessidade dele. As mãos de Antony estavam por trás de sua nuca lhe puxando para mais perto. Seus corpos estavam se tocando proporcionando várias sensações deliciosas.
— Eu te amo, Sarah Carter! — ele repetiu entre um beijo e outro em um sussurro.
Então a mão dele alcançou seus cabelos e os lançou para trás.
— Você é tão linda... — sussurrou em seu ouvido.
Ela gemeu, na medida em que a boca dele descia por seu pescoço e subia novamente até alcançar sua boca, ele a beijou de forma intensa, sabia que desta vez seria quase impossível de resistir em fazer amor com ele, cada centímetro do seu corpo queimava de desejo em resposta. A mão de Antony acariciou seus fios molhados em uma admiração única. O coração de Sarah bateu num ritmo acelerado, sentiu uma ansiedade desejando que ele a tomasse, e que finalmente fizessem amor. Assim, as mãos dele escorregaram até a toalha em seu corpo, naquele momento ela soube o que ele iria fazer. Então se lembrou de cada detalhe que havia preparado para o encontro na noite anterior, o jantar romântico, o desejo de entregar seu corpo a ele, porém, Antony havia feito tudo errado viajando para Argentina para aquele maldito trabalho. As mágoas voltavam a sufocar seu peito. Por mais que desejasse se livrar delas, estava sendo impossível. Sabia que situações como esta se repetiriam, afinal seu namorado era um jogador de futebol e agora se tornaria famoso, seriam mais assédio de fãs, mulheres de todos os tipos, mais proposta de trabalhos como aquela, e de que forma ela se comportaria diante disso? Sarah acreditava que não estava preparada.
Ela segurou a mão dele lhe impedindo de despi-la, encerrou o beijo e se afastou deixando-o confuso.
— Antony... Eu não consigo mais...
Ele ficou parado ainda ofegante, era nítido que não esperava que ela o impedisse.
— Sarah, eu quero você! E sei que você também me deseja...
— Isso não é o suficiente, Antony!— disse se levantando.
Ele a segurou pelo pulso desesperado.
— Não Sarah, eu não quero que você desista da gente.
— Pertencemos a mundos muito diferentes — falou, se contendo.
— Eu te amo, Sarah, vamos superar isso...
Livre, ela passou a mão pelo rosto aflita, como se estivesse confusa.
— Acho melhor não insistirmos ou podemos sair mais machucados ainda.
— Só existe um motivo que me faça desistir da gente — ele falou em tom sério olhando em seus olhos. — Se você disser que não me ama, assim não terei como insistir...
Um silêncio se formou entre eles, quase puderam ouvir o som das batidas de seus corações. Se havia algo que Sarah não tinha dúvidas, era sobre os seus sentimentos por ele, o amava com todas as suas forças, mas no entanto não o respondeu.
— Me responde, Sarah! — insistiu perplexo.
— Antony. Eu quero terminar — ela disse friamente.
Antony se levantou completamente confuso, atônito, ansioso para que ela o respondesse, no entanto ela não o fez.
— Você tem certeza disso?
— A única certeza que tenho é de que não desejo prolongar o inevitável. Isso não vai dar certo.
Ele bufou e passou a mão pelo cabelo bastante tenso, tentaria pela última vez:
— E quanto a minha pergunta, preciso de uma resposta…?
Ela fez um instante de silêncio que o fez se irritar. Antony acreditou que a resposta para aquela pergunta fosse ser fácil para ela, como foi fácil para ele, tinha certeza de que a amava.
— Por favor... Apenas vá embora... — ela pediu se esforçando para não desabar.
Decepcionado, Antony se ergueu e virou de costas.
— Está bem. As coisas não poderiam ser mais claras. — falou enquanto ela permanecia em silêncio fitando o chão para não encará-lo.— Então... Não tenho mais o que fazer aqui... .
Quando já estava com as mãos na maçaneta da porta ele a ouviu chamá-lo:
— Antony! — ela gritou se virando para ele.
O coração de Antony se agitou, uma chama de esperança lhe sobreveio.
— Sarah…
Mas ela respirou fundo e pensou um pouco mais.
— Por favor... Se cuide.
Depois ela voltou a olhar para qualquer lugar que não fosse onde ele estava, temia não resistir ao vê-lo tão arrasado.
— Você... Também, se cuida.
Ela pode ouvir a porta bater. Seu coração parecia esmagado. Por mais doloroso que fosse, sentia que era o melhor a se fazer.
Mesmo assim, as lágrimas queimavam o seu rosto de forma violenta.
❤️🥇⚽
Meu coraçãozinho está assim 💔💔
E agora o que será do nosso casal?
Vamos aguardar ...
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