Epiphany

By autoraelly

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Arabella não gostava de relacionamentos sérios, muito menos de se envolver com jogadores. Era sonhadora, mas... More

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Wonderwall
Angel
Arabella
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Sex Therapy
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Don't Blame Me
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Moonlight
This Love
A Sky Full of Stars
Fix You
Already Gone
All I Want
I Don't Wanna Live Forever
Saturn
Shallow
Don't wait
Light
Crazy in Love
Turning Page
EPÍLOGO

I Almost Do

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By autoraelly

*Anhelo: do espanhol, significa: desejo, anseio ou saudade.
*Não esqueçam de ler as notas no fim do capítulo. *Caso interesse, "I Almost Do" foi a música que me ajudou a escrever o capítulo.

No momento em que o veículo preto parou em frente ao condomínio de Arabella, um silêncio se fez presente.

Ela não sabia se esperava ele fazer algo ou se ela mesma deveria tomar a iniciativa. Não sabia nem o que estava sentindo nos últimos dias.

— Obrigado pela noite. — a médica sorriu enquanto fitava o homem, que tinha uma expressão quase indecifrável no rosto.

Ele estava inquieto, passou a noite toda respeitando o espaço e o momento da mulher; entretanto, os lábios dela pareciam tão atrativos naquele momento.

Se aproximou dela, que não recuou. Entendeu aquilo como um passe livre.

Ele adorou a sensação, adorou o gosto adocicado de cereja, adorou o jeito que Arabella estava passando as mãos por seu cabelo.

E ela também gostou. Gostou da falta de pressa, gostou da calmaria que sentiu. Realmente, era um beijo diferente.

Mesmo que seu coração apertasse de saudades.

— Posso te ligar depois ou você está me achando muito apressado? — Saúl perguntou de forma descontraída.

— Se eu não dormir assim que deitar na minha cama, você pode ligar. — respondeu risonha.

Se despediram rapidamente, a italiana apressou o passo, tentando se livrar do vento forte que batia em seu rosto.

No momento em que pisou em seu apartamento, todo o sentimento que carregou consigo nos últimos dias, a atingiu como um soco na cara.

O que estava fazendo?

Ela queria se distrair, é claro, passara as duas últimas semanas em um buraco. Por mais que demonstrasse estar bem, com sorrisos falsos colocados no rosto todos os dias.

Mas sair com Saúl, colega de seleção dele, era uma opção plausível para se "distrair"?, era a pergunta que martelava em sua mente.

Outra parte da mulher, entretanto, a lembrou de um detalhe importante: Sergio seria pai. E ele quem escolheu não estar com ela.

Trajava apenas sua lingerie, quando se enfiou nas cobertas e involuntariamente seus pensamentos voltaram para aquele dia. Para a lembrança daquele momento.

20 de outubro de 2017.

Arabella não conseguia respirar direito.

Pai.

Tentou puxar todo o ar que conseguisse, enquanto sentia um nó se apertar em sua garganta.

— Eu não estava com você. — Sergio continuou, ainda de cabeça baixa. — Foi antes.

Ela sentia como se observasse a cena sem participar, sem realmente estar ali. Não conseguia falar. Sua garganta estava cada vez mais seca.

O jogador finalmente levantou a cabeça, olhando nos grandes olhos azuis de Arabella, olhos que ele tanto amava. Estavam opacos, sem o brilho que usualmente se via ali.

— Em julho, Pilar e eu tivemos uma recaída. — continuou, tendo a consciência de que a mulher não falaria nada. — Foi em uma festa, mas logo em seguida cortamos o contato, sabíamos que não funcionávamos juntos. Não tinha motivos para continuar com algo. — respirou fundo, prosseguindo. — Ela descobriu mês passado, setembro, que estava grávida. Porém, sabia que eu estava com outra pessoa, então foi difícil processar tudo e finalmente me contar.

A italiana piscou algumas vezes, tentando voltar para a realidade. Abaixou a cabeça, apoiando os cotovelos nas pernas, levando as mãos ao rosto.

Não conseguia acreditar. Finalmente se permitiu sentir uma paixão novamente, finalmente se entregou de novo.

E então a vida lhe tapeia daquela forma.

Chegava a ser cômico.

— Eu estou confuso, não esperava por um filho na minha vida agora, ainda mais com uma mulher que eu não tenho mais nada. — Sergio continuou, se atentando a cada movimento da médica.

Ela suspirou, esfregando suas têmporas. Sabia que precisaria falar algo, por mais que não quisesse.

— Tudo bem. — falou baixo. — A vida é imprevisível.

Ramos riu em descrença. Tudo bem?

— É só isso que você tem para falar? — franziu o cenho. — Tudo bem?

— Você quer que eu fale o quê, Ramos? — finalmente levou seus olhos aos dele. — Quer que eu chore? Implore algo? Faça um escândalo? Desculpa te desapontar.

Os dois se encararam por longos segundos, tanta coisa entalada implorando para ser dita.

— Não é como se você se importasse, uh? — o zagueiro continuou. — Sempre fez questão de falar que não tínhamos nada sério, não é? Percebo que só um lado aqui sente algo.

Arabella se levantou do sofá assim que ouviu as palavras do homem. Não conseguia acreditar naquilo.

Ele percebeu logo em seguida a merda que tinha feito.

— Não vou ficar aqui ouvindo isso. — a mulher pegou sua bolsa. — Primeiro: quem disse que não dava mais, quem decidiu por ambos, foi você. Segundo: não fale por mim. — disse séria.

— Eu só...

— Não terminei de falar. — ela o olhou com uma expressão dura. — Não tente virar a culpa de algo para mim. Não tente menosprezar o que eu sinto, porque eu sinto sim, e muito.

Ramos a ouvia atentamente, se arrependendo amargamente das palavras que usara. Ele estava uma pilha de nervos, não que justificasse algo.

— Um filho até então não era um problema, quer dizer, na situação que tudo aconteceu, não seria um problema. — Arabella continuou. — Você tornou isso um problema.

Então deu as costas ao homem, tendo consciência de que algumas lágrimas grossas caíam de seus olhos.

— Parabéns, papai. — foram as últimas palavras que a mulher proferiu, em bom som, antes de fechar a porta e sair daquele lugar.

Novembro, 2017 - Dias atuais.

As coisas aconteceram de forma rápida. Em um dia, estava bebendo e falando mal de homens com suas amigas. No outro, Saúl estava a chamando para almoçarem juntos, como amigos.

E então teve o convite para jantar. E ele a beijou.

Ela gostou da companhia dele, é claro. Era um homem engraçado, que a deixa confortável. Tinha a distraído durante toda a noite, arrancando por algumas horas a sensação de sufoco que carregava consigo nos últimos dias.

Mas não era nele que ela pensava todas as noites.

Quando seu cérebro a traía, quando ela quase ligava, quando ela quase mandava uma mensagem. Não era para ele.

Sergio estava por toda parte.

Por muitas vezes quis deixar tudo de lado, quis esquecer o grande desentendimento que tiveram. Mas também sabia que além de ser orgulhosa, quem decidiu acabar com tudo não foi ela.

Era difícil tentar esquecê-lo, quando ela nem sabia se queria de fato esquecer. Arabella não esperava sentir tanta falta do homem, mesmo ele estando ali, todos os dias.

Achava que na realidade, era até pior. Tinha Sergio bem na sua frente, no centro de treinamento, precisava manter conversas formais com ele, não podia toca-lo, não podia realmente ter o homem.

Era quase uma constante tortura.

Novamente, como em todos os outros dias, adormeceu pensando nele.

— Não é negociável. — Paulo proferiu do outro lado da linha. — Se você não vir, vou até aí te buscar.

Arabella soltou uma risada, enquanto se sentava em uma mesa do refeitório, que estava vazio.

Ela não tinha assistido o treino naquele dia, já que estava, casualmente, evitando ficar próxima do capitão. Algo que muitos notaram.

— Estou precisando mesmo me distrair. — suspirou, se rendendo ao pedido do amigo. — Sinto sua falta. — falou melancólica. Se Dybala estivesse ali, saberia as palavras certas para confortar a amiga, e ele sempre a encorajava, sempre sabia como ajudá-la.

Ela percebeu o momento em que Marcelo, acompanhado de Luka, entrava no local.

— Eu também. — o argentino falou do outro lado, notando a voz pesada da mulher. Sabia que tinha acontecido algo, porém não perguntou nada, esperaria até vê-la. — Fico aliviado que você vai, já estava achando que tinha te perdido para esses outros jogadores.

Ela não conseguiu conter a gargalhada, chamando a atenção dos dois homens, que se aproximaram da mesa em que estava.

— Isso não vai acontecer, pode ficar em paz. — brincou, achando graça do drama de Paulo. — Então, depois eu combino direitinho com os meninos. Preciso desligar.

— Tá bom, Bella. Se cuide.

Quando finalizou a ligação, tinha os olhos atentos de Marcelo em cima de si, algo que a fez revirar os olhos.

— Você é muito curioso, Marcelo. — falou, fazendo o homem encenar uma cara de indignado.

— Eu não falei nada! — se defendeu, enquanto puxava uma cadeira para se sentar.

Luka o acompanhou, e logo os dois estavam sentados com a mulher. Eram próximos de Sergio, sabiam o que estava acontecendo, e notavam o quanto a amiga estava distante nos últimos dias. Assim como ele.

— O treino já acabou? — perguntou, estranhando a presença dos dois ali.

— Sim, hoje foi mais leve.— o croata explicou.

Os três embalaram em uma conversa animada a respeito dos próximos jogos, e ela quis os matar quando o assunto se voltou para a Copa, que ocorreria no próximo ano.

Foram interrompidos por um gritinho de criança adentrando o local, e a imagem de um pequeno se aproximando. A figura de Isco, risonho, logo se fez presente.

Foi inevitável para Arabella conter o sorriso, quando percebeu quem era a criança.

— Isquinho! — falou já se levantando para pegar o pequeno no colo, que logo correu em direção a mulher.

Ela o conheceu em um dia que saiu para almoçar com Lara, e foi como amor à primeira vista, os dois se apegaram facilmente. Ele constantemente aparecia nos treinos do pai, e a médica ficava feliz em ser a "babá" dele nesses dias.

— Posse te contar um segredo? — a italiana perguntou para o menor em seu colo, falando alto o suficiente para todos ouvirem.

Isquinho assentiu, sorrindo sapeca.

— Você fica muito mais bonito do que qualquer um usando esse uniforme. — arrancou risadas de todos os presentes ali, enquanto Isquinho ria e abraçava o pescoço da "tia", como ele mesmo a chamava

Ramos adentrou o local, se deparando com a cena da médica e do garotinho rindo e brincando.

Algo se revirou dentro dele.

Isco logo notou a cara patética que Sergio fazia, fitando a cena muito admirado. Cada dia parecia mais impossível esquecê-la, porque sempre se apaixonava mais um pouco por Arabella.

— Você é um idiota. — Isco falou se aproximando do capitão, observando a cena junto dele. Arabella ainda não tinha notado a presença de Ramos, já que estava entretida com Isquinho e os outros dois jogadores.

Sergio olhou para Isco arqueando as sobrancelhas.

— Você também é. — o zagueiro falou, voltando observar a mulher.

Isco entendeu que ele falava sobre Lara, sua ex-mulher, e bom, ele concordava: era mesmo muito idiota. O capitão sabia que o amigo ainda era apaixonado por ela, mesmo estando com outra.

— Saúl saiu com ela ontem. — contou para Sergio, que o olhou sem entender.

— Que?

— Marco que me contou. — Isco deu de ombros. — Se eu fosse você, tentava falar com ela, antes que seja tarde demais.

Ramos bufou. Estava irritado.

Saúl era muito novo para ela.

E ele joga no Atlético.

Patético.

Os pensamentos dele estavam conflitantes, era informação demais. Gostaria muito de ter a chance de encontrar com o colega de seleção, para perguntar que merda ele achava que estava fazendo.

E ele sabia que a chance estava próxima, já que em poucos dias aconteceria o Derby da capital, no Wanda Metropolitano. Já se sentia ansioso pelo
jogo.

— Ela está me evitando. — suspirou. — E não me venha dar conselhos amorosos.

— Pelo menos eu namoro. — Isco se defendeu.

— Não com a mulher que você ama.

Um silêncio de instalou entre os dois. Cada um pensando na sua saudade.

Arabella notou a presença do capitão no lugar, mas preferiu fingir que não. Já sentia seu coração bater em um ritmo acelerado, e a vontade de estar perto dele, de sentir seu abraço, já se fazia presente.

Respirou fundo, se concentrando no pequeno a sua frente.

— Tia, por que seu olho é assim? — o pequeno perguntou curioso, fitando a médica.

— Assim como, meu amor? — perguntou achando graça.

— Parecido com a água da minha piscina. — ele falou admirado. — Você colocou água de piscina nele?

Arabella gargalhou da pergunta, arrancando risadas de Marcelo e Luka. Os dois homens próximos a porta do refeitório, assistiam a cena.

— Não, amor. — a mulher explicou ainda rindo. — Acontece que meu papai tem o olho dessa cor, então é assim por conta dele. O seu é dessa cor por causa dos seus papais.

O garotinho pareceu muito admirado com a informação.

— Então quando você for mamãe, seu bebê vai ter o olho assim? Igual o seu? — perguntou animado.

A médica engoliu em seco, e foi inevitável não olhar para Ramos naquele momento. Os olhos deles logo se encontraram.

Trocaram um olhar relativamente demorado, um olhar doloroso, carregado de muita coisa que precisava ser dita.

— Não sei. — respondeu se recompondo, e se perguntou como explicaria para o pequeno. — Depende do papai também.

Isquinho pareceu tentar entender como aquilo funcionava. Mas logo estava mudando de assunto novamente. Ele era muito elétrico e tagarela.

Após alguns minutos, Isco se aproximou alegando que tinha que levar o filho embora, arrancando protestos de Arabella.

— Diga à Lara que vou roubar ele qualquer dia. — falou enquanto colocava Isquinho no chão.

Eles se despediram de todos os presentes ali. O mais velho saiu do local brincando com o filho, que gargalhava.

Marcelo e Luka trocaram um olhar rápido.

— Luka, vamos comigo procurar o Enzo. — o brasileiro disse, já se levantando de seu lugar.

Queria que os dois conversassem. Não aguentava mais a situação em que os amigos estavam.

Quando Arabella notou que estava sozinha com o capitão, prontamente se levantou para sair do refeitório. Evitava uma situação como aquela há dias.

— Arabella. — ele a chamou, notando que ela sairia sem falar nada.

Os músculos da mulher ficaram tensos ao ouvir Sergio proferir seu nome.

Estava sentindo tanta falta dele.

— Sim? — respondeu tentando parecer o mais natural possível.

— Você está bem? — ele torcia para ela falar que na verdade estava com saudades, que queria estar com ele, que queria voltar.

Em vão, ele sabia que ela não correria atrás dele. Sabia que a atitude devia partir de si.

— É claro. — falou forçando um sorriso. — Como está Pilar?

Arabella sabia que Sergio e Pilar continuavam como antes, separados. Mas era óbvio que ela se referia a gravidez, queria saber do bebê.

— Bem. — ele falou simplesmente. — Vamos descobrir o sexo em poucos dias.

Ela engoliu em seco.

— Que legal, você deve estar muito feliz.

Ambos sentiam o peito se apertar a cada palavra trocada.

— É. Sempre quis ser pai. — admitiu.

Ela assentiu, e logo se dirigiu para a saída, não aguentaria ficar ali, agindo como se tudo estivesse bem. Como se eles nunca tivessem se envolvido.

— Sinto sua falta. — Sergio finalmente soltou, mesmo estando de costas para ela.

O coração dele estava acelerado. Assim como o dela.

— Eu também. — ela proferiu de forma baixa, mas audível, antes de fechar a porta e sair dali as pressas.

Não chore.

Não chore.

Não chore.

Ela repetia para si mesma enquanto andava até o estacionamento. Queria gritar. Queria arrancar aquela sensação horrível de si. Queria não ter fugido.

Queria Sergio.

Arabella acabou chorando, dentro de seu carro.

Chorou por se sentir fraca, por se sentir tão imponente naquela situação. Queria xingar o mundo por ser cruel, por a encher de esperança e depois arrancar tudo de forma brutal.

Ele sentia sua falta, assim como ela.

A italiana dirigia até sua casa, sem conseguir conter as lágrimas, se sentindo aliviada por finalmente chorar, por finalmente colocar tudo para fora.

Se sentiu muito parecida com o céu de Madrid naquele dia.

Cinza e nublado.

***

Olá.
Cá estou de volta, após a pequena surpresa do último capítulo.
Espero que as coisas tenham ficado esclarecidas.

Vocês podem entender melhor a história de Lara e Isco lendo Prometo, da hestitches

Outra coisa importante, amanhã minhas férias oficialmente acabam, mas vou fazer de tudo para manter o mesmo ritmo de atualizações.

Espero voltar logo, não esqueçam de votar e comentar o que acharam.

Até o próximo capítulo (que é bem especial para mim)!

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