Quando nos Vênus, juro a Mart...

נכתב על ידי -bullshift

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Jimin amava olhar as estrelas e pedia pelo amor de sua vida através delas. Acreditava que sua alma gêmea era... עוד

avisos.
prólogo: entre tsurus e almas gêmeas.
a velha melodia sempre retornava.
a garagem do papai.
pré-conceito e expectativas.
ter uma metade.
tornar pessoal.
isso não é valsa.
lugares errados, pessoas erradas.
o mediano entre excesso e falta de expressão.
lista de músicas.
a hipnose dos olhos.
não merecer.
atração interdimensional.
morrer de amores.
piscinas rasas e vazias.
completamente seu.
um universo, uma casa e um asteroide.
o universo é o limite.
colisão ou conciliação.
a existência deforma o universo.
wish the world away.
no fim da linha.
teoria do globo.
cigarros e origamis.
luas de Galileu.
a noite estrelada.
solidão acompanhada.
plutão já foi planeta.
na abóboda celeste.
comicamente assustador.
nunca é realmente o fim.
Vênus de Milo.
pluto projector.
mil tsurus.
nota da autora.
romance planetário.
lançamento do livro físico!

asteroides favoritos.

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נכתב על ידי -bullshift

Estava acostumado a não se abrir com ninguém.

Em geral, Jeongguk ao menos se importava em não desabafar ou guardar todas as mínimas coisas que aconteciam consigo dentro do peito tatuado, mas sabia que isso só funcionava porque tudo ao seu redor estava indo bem. Isto é, não se tratava de Gook ser legal ou seu pai o falar sobre almas gêmeas, e sim sobre Hoseok e Namjoon estarem ao seu lado.

Tudo estava bem quando sua amizade com os dois estava normal.

Então, seu principal medo durante aquele momento no refeitório da faculdade era de que Namjoon o tratasse de forma seca mais uma vez. Não seria o fim do mundo, mas ficaria triste porque sem ele as coisas eram difíceis. Bem difíceis.

— Ora ora, se não é o setenta e cinco por cento... — sentiu uma mão em seu ombro, erguendo o olhar apenas para encontrar o sorriso bonito de Namjoon.

— Setenta e cinco por cento? — Hoseok questionou.

— É, de presença. — deu de ombros. — Somos obrigados a ter 75% de presença durante o semestre e, bem, Jeongguk segue isso à risca.

Jungkook sorriu, instantaneamente aliviado.

— Nem um por cento a mais, nem um por cento a menos.

Os três acabaram rindo e, então, Namjoon e Hoseok se sentaram na mesa onde o amigo estava, de frente para ele.

Ele se sentia levemente ansioso, mas seus amigos pareciam normais o suficiente para que não precisasse se sentir assim. Então estava tudo bem entre eles?

— Não te vi antes da aula, achei que não viesse. — Hoseok confessou.

— Yoongi me deu carona porque eu acordei atrasado, mas eu não posso mais faltar nas aulas do professor Sun. — encolheu os ombros, rindo.

— Claramente eu com a professora de hoje. — Namjoon resmungou, puxando os fios de cabelo para trás.

Pensou em responder, mas seu celular vibrou no bolso da calça. Pegou o aparelho rapidamente, mas até mesmo se surpreendeu quando viu que não era uma mensagem de Jimin.

JIN
pode vir ao estúdio hoje?
preciso da sua ajuda.

Franziu o cenho, porém não demorou em responder que estaria lá após as aulas. Logo, sua atenção foi chamada pela voz de Hoseok direcionada a si:

— Você ainda tá dormindo na casa do Jiminie? — Jung perguntou, mexendo no gelo dentro do copo de café.

O tatuado fez uma pausa antes de responder, bebendo do refrigerante, fitando os dois amigos. Estaria tudo bem em responder aquilo?

— Sim... O Taehyung passa muito tempo na casa do Yoongi-hyung, então eu fico no quarto dele. — encolheu os ombros de leve. — Não sei se devo voltar pra casa, sei lá. Acho que tá na hora de eu me arrumar fora de lá.

Os três sabiam que Jeongguk se referia a morar sozinho, mas eles também sabiam que não seria tão fácil assim. Morar sem a ajuda financeira dos pais e sem um emprego era como uma missão impossível, mas Jeon faria de tudo para cumpri-la. Principalmente porque, céus, não aguentava mais viver sob o mesmo teto que Jeon Gook.

Mas, ao mesmo tempo, Jeon não queria atrapalhar ninguém. Sabia que falar daquela maneira fazia parecer que ele queria uma doação de teto, uma ajuda dos amigos e não era isso o que desejava, mas ele já não sabia mais o que fazer.

— Você sabe que pode ficar lá em casa até resolver isso. — Namjoon respondeu, simplório. — Dividimos o colchão, sabe que o sofá é duro demais para aguentar mais que uma semana.

O Kim disse com tranquilidade, mas as palavras acertaram Jeongguk com muita força.

Ficou algum tempo fitando seu amigo esperando por qualquer feição de brincadeira ou mentira, o que não encontrou. Namjoon estava realmente tranquilo? Eles não estavam mais com problemas?

Sentiu-se tremendamente aliviado.

— Sim... Quer dizer, seria muito bom, hyung... — respondeu, sorrindeo de leve. — Eu estou procurando um emprego, então posso te ajudar com as despesas até encontrar um lugar pra mim.

— Relaxa, cara. — Namjoon estendeu o braço para ele. — Somos amigos, não somos?

Jeongguk retribuiu o movimento, fazendo o toque de mãos que ambos conheciam tão bem.

— Sim, somos sim.

Hoseok assistia a toda a cena com os olhos brilhantes e o coração quente. Estava tão preocupado com a amizade de seus dois melhores amigos, não sabia o que faria se eles acabassem se afastando.

Eram como Trojans, asteroides que pegavam "carona" na órbita de planetas e luas.

Vagavam o vasto universo em caronas, sem medo dos trajetos, do que encontrariam no caminho ou no tempo em que gastariam em um lugar ou outro. Desde que estivessem juntos, estavam bem.

Então, ver seus dois asteroides favoritos conversando normalmente o deixava insanamente feliz e calmo, satisfeito.

Porque asteroides são parecidos com estrelas e seus amigos nada mais eram do que a luz que o guiava e mantinha em seu caminho.

Pôs-se de joelhos no banco e abraçou o pescoço dos dois rapazes, sorrindo enquanto os juntava em um abraço apertado e todo desengonçado. Namjoon começou a rir, mas Jeongguk sentia certa vontade de chorar.

— Vocês são meus asteroides favoritos, então... Não colidam, ok?

Estava completo.

...

Foi acompanhado por Kim e Jung até o estúdio onde Jimin trabalhava, os três conversando sobre qualquer coisa que lhes parecesse interessante já que havia passado um certo tempo sem jogarem conversa fora.

E Jeongguk se sentia bem. Estar com os dois o deixava calmo e o desespero que sempre o assombrava já não estava mais por ali.

Não fazia ideia do que faria se perdesse seus asteroides.

— Oh, você chegou! — ouviu a voz de Jin assim que entrou e seguiu pelo corredor.

O homem tatuado caminhava animado desde o outro lado, ele vestia uma camisa rosa um pouco maior que seu número ideal e sorria, demonstrando o quanto estava feliz em ver Jeon ali.

— Sim... Desculpe a demora. — disse baixo.

— Relaxe, o importante é estar aqui. — sorriu para ele, tocando de leve no ombro do mesmo.

Ambos partiram até a sala onde os professores ficavam, Jin precisava pegar algum material por lá e Jeongguk se sentiu especial quando o Kim pediu para que deixasse sua mochila ali, logo depois dizendo que precisava da ajuda dele como nunca.

Eram raras as vezes em que o tatuado mais novo, Jeon, se sentia útil para algo ou alguém. E Seokjin fazia questão de mostrar que havia o chamado justamente porque sim, precisava sim dele.

O estúdio estava crescendo cada vez mais e Jin teve a ideia de fazer apresentações semestrais com seus alunos, sempre gravando um CD com as músicas gravadas por eles para que nunca se esquecessem de que gostavam de cantar e do quanto estavam melhorando naquilo. O Kim era um professor apaixonado, amava o que fazia e amava fazer os outros gostarem de cantar, da voz, dos timbres. Contudo, não tinha como lidar com tudo aquilo sozinho. Já usava a maior parte de seu tempo ensinando seus alunos e programando as aulas, se tivesse de se ocupar com as gravações acabaria morando no estúdio, sem tempo para pensar, descansar ou ter um simples lazer.

Então, em uma de suas conversas com Jimin, ambos chegaram na conclusão de que Jeongguk poderia ajudar naquilo.

Claro, Seokjin entendia que boa parte da indicação se dava ao fato de que Jimin se preocupava com o mais novo e queria ajudá-lo de qualquer modo, mas ele confessaria que Jeon era bom e poderia ser de grande ajuda.

Faltava ver se ele se adaptava e, posteriormente, aceitaria a ideia.

Então ambos subiram até a sala de gravação, Jeongguk já se sentia familiarizado com todos os botões daquela mesa técnica enorme, além de entender um pouquinho porque Namjoon e Yoongi o ensinaram, em tempos diferentes.

Contudo, não entendia porque aquele local possuía uma sala de gravação...

— Por que vocês querem gravar algo aqui? — questionou, fazendo o mais velho fitá-lo.

— Eu tive a ideia de gravar CDs dos meus alunos, de músicas feitas para apresentações e coisas assim. Seria legal como uma lembrança, ou até mesmo como uma venda para ajudar nas despesas daqui. — deu de ombros, encostando a porta. — Jimin gostou da ideia e os diretores aprovaram, então... Quero tentar.

O mais novo apenas assentiu, levemente nervoso com a ideia. Teria de ajudá-lo? Mas... Parecia ser algo grandioso. Estava inseguro.

Jeongguk era inseguro.

— Eu... O que eu faço? — foi tudo o que conseguiu perguntar, vendo Jin sorrir animado.

Ele ainda não havia percebido que colocou um peso nas costas de Jeon.

— Você sabe mexer nisso? — apontou para a mesa cheia de botões. — Queria que você fosse meu auxiliar. Sabe, auxiliar técnico nas gravações.

— Eu...

— Escute, seria ótimo ter a sua ajuda. — Jin tentou não soar tão animado. De algum modo, ele sabia que estava assustando o mais novo. — Você é um bom garoto, Jungkook, além de que você entende de voz, entende de música. E... Eu poderia te pagar pelo serviço, então isso beneficiaria nós dois. O que você acha?

Ele sabia que Jeongguk precisava de dinheiro e queria sair de casa, Jimin havia o contado porque Park sempre sabia mais de Jeongguk do que todo o resto. E isso era algo bom, no fim.

Jeon não queria voltar para casa, mas não queria depender de ninguém. Não queria mais ser um estorvo, um peso. Não suportava a ideia de que precisava viver o resto de sua vida na sombra de alguém, era tão... Horrível.

Queria ser livre. Independente.

— Eu aceito.

Foi tudo o que disse, mas Seokjin abriu um sorriso enorme e caloroso.

O mais novo acabou sorrindo também, até porque era uma boa notícia. Havia conseguido um emprego? Céus... Era algo bom, certo? Era capaz de arranjar um emprego... Não era tão ruim, certo?

Jeongguk era uma boa pessoa, certo?

— Venha aqui, vamos decidir seus horários e conciliar com a faculdade! — Jin disse, puxando a prancheta e anotando algumas coisas. — Claro, não vamos esquecer dos seus treinos com a banda e... Qual o nome de vocês?

— Não temos um nome ainda. — deu de ombros. — Esquecemos dessa parte. — riu, envergonhado, abaixando o olhar até a pulseira que mantinha no braço direito.

Hoseok e Namjoon tinha uma idêntica com eles, todas eram pretas.

Seokjin apenas sorriu, entendia perfeitamente aquela sensação.

— As melhores coisas não têm nome.

O mais novo ergueu o olhar, fitando-o como se ambos entendessem que a sensação nos peitos era a mesma, completamente compreensível.

E era bom que ambos pudessem se conectar daquela maneira. Não se conheciam há tanto tempo, muito menos conversavam ou se consideravam amigos. Seokjin e Jeongguk eram apenas... Colegas. Mas, de qualquer modo, ignorando a diferença de idade, eram bem parecidos.

Cheios de sentimentos, gradativamente emocionais.

Após o reconhecimento na sala de gravação, ambos foram até a sala onde Jin costumava dar suas aulas pois seus alunos já estavam chegando. Naquela tarde, Jeongguk participou das atividades como aluno, como auxiliar e, em alguns momentos, até mesmo como professor.

Seokjin descobriu que Jeongguk trabalhava muito bem sem pressão ou regras muito restritas. Apesar de ser alguém bem silencioso, era um ótimo tutor e muito inteligente.

Queria, aos poucos, descobrir o que mais ele guardava abaixo de todo aquele silêncio. Porque ele sabia que no fundo Jeongguk era tão, tão barulhento...

...

Já havia anoitecido quando Jin o dispensou das atividades no estúdio. Ao menos haviam visto o tempo passar, mas três ou quatro aulas foram dadas pelos dois rapazes e isso era incrível.

Jeon se sentia incrível.

Bom, incrivelmente confuso.

Mesmo que se mantivesse o dia todo ocupado, nada tirava de sua mente certos assuntos que o rondavam e o faziam voltar para o mesmo lugar. Como um planeta em um sistema no universo, Jeongguk girava, girava e... Acabava ali. Na frente daquele mesmo maldito prédio.

Porque, no fim, Jeongguk sempre se via correndo para ele.

Mesmo que não percebesse, o tatuado se apressava enquanto olhava para o céu, sentindo os pingos de chuva caindo sobre seu rosto e cabeça. Não era proposital quando Jeon começava a caminhar em alguma direção e percebia que a única direção que o causava um sentimento acolhedor era aquela que levava até o apartamento de Jimin. Ele não entendia o porquê e, céus, isso o assustava demais. Era extremamente pavorosa a ideia de não entender o porquê de fazer o que fazia, de ir até Jimin sem ao menos pensar duas vezes.

Não piscava antes de ter Jimin rondando e rondando sua cabeça...

Então, quando finalmente chegava até ele, seu corpo congelava.

Assim que o tatuado fitou o prédio com o qual se acostumou facilmente, seus pés colaram-se no chão e ele deixou com que a chuva caísse em sua cabeça, rosto, costas e mãos. Sua mente, ainda confusa, também não entendia porque estavam ali e o motivo real de estarem. Ele só... Estava.

Jeongguk apenas ia até Jimin, simples assim.

Tão simples que acabava se sentando nos degraus da escada, apertando o maço que carregava no bolso do moletom entre os dedos e respirando fundo, sem saber o que deveria fazer.

Mas, talvez fosse ali onde Jeongguk conseguia entender o que se passava na própria mente. Ali onde existia ele, Jimin, as confusões e os sentimentos (também confusos).

Talvez ali fosse o único lugar onde conseguia sentir paz.

Fechava os olhos e deixava a nicotina passear pelo corpo, sentindo toda aquela ansiedade e pensamentos agitados se acalmarem gradativamente. Jeon jeongguk não costumava fumar sempre, mas o fazia quando sentia que precisava de um empurrãozinho para organizar sua mente.

Acabou adquirindo o hábito com algo como quinze anos e, desde então, se esforçava para não se tornar uma dependência.

Então lá estava ele, sentado na calçada localizada em frente ao prédio onde Park Jimin morava enquanto era ensopado pela chuva e acalmado pelo cigarro. Tentava não pensar muito sobre sua situação, até porque aquilo o deixava ainda mais ansioso e preocupado.

Por que não conseguia tirar Jimin da cabeça?

Sugava com calma a bituca entre os dedos, temendo que a água que caía do céu acabasse a apagando.

Desde o beijo que trocaram no carro de Yoongi, sua mente parecia correr em busca de mais ideias sobre o moreno baixo e seus lábios tão carnudos. Pensava nele e no modo como o ato de beijarem-se causou tanto dentro de si. Seu estômago gelava minimamente e ele conseguia sentir a textura na boca, passando a língua por ali no mesmo instante.

Não sabia ao certo o que o levou a se aproximar e tomar a iniciativa, mas também não era como se Jeongguk se arrependesse do que fez. Tinha em mente que deveria fazer o que sentia vontade, porém o que o frustrava era não saber o porquê de ter sentido vontade de beijar Jimin.

Queria muito entender porque o professor de dança era tão diferente aos seus olhos. O que o fazia tão atraente?

Ao mesmo tempo que queria entender, o tatuado se repreendia por pensar tanto no outro. Sabia que era por um "bem maior" que significava compreender toda a situação finalmente, mas era perigoso. Não gostava quando perdia o controle das coisas, ainda mais quando o perdia por culpa de uma outra pessoa.

Fechou os olhos novamente, sentindo a chuva cair contra o seu rosto e, pelo som, apagando seu cigarro que já estava no fim. Jogou-o contra o chão e pisou, pensando se deveria fumar outro ou entrar de uma vez por todas.

Respirou fundo, voltando a sentir sua mente cheia de pensamentos e confusões.

Mas, antes que pudesse acender mais um, ouviu:

— Fumar é um hábito ruim.

Abriu os olhos e procurou pela voz imediatamente.

Jimin estava parado na portaria do prédio, de pé.

Os olhos dele estavam presos na figura de Jeongguk sentado, ensopado e, aparentemente, triste. Seu coração doeu ao pensar na ideia de que ele não estava feliz, era algo que o doía lá no fundo, no íntimo.

— Eu tenho cultivado muitos hábitos ruins ultimamente.

Virou seu corpo, fitando a rua vazia em frente ao prédio. Imediatamente, a ideia de fumar outro cigarro se tornou ruim e, por isso, acabou guardando o maço no bolso canguru de seu moletom.

Não sabia se deveria se levantar ou, sei lá, ir embora. Por isso, acabou apenas sentado na mesma posição.

— Tipo?

O tatuado desceu os olhos até a boca do mais velho, respirando fundo.

— Faltar aulas, talvez.

Se Jimin soubesse o que realmente Jeongguk pensava, ele iria embora? Jimin ficaria assustado? Jeongguk queria tanto saber...

— Quer entrar?

Foi pego de surpresa pela chuva que cessou, fazendo-o olhar para cima e encontrar o mais baixo segurando o guarda-chuva acima de sua cabeça. Jimin o fitava com certa preocupação, mas preferiu não dizer nada.

— O Taehyung não vai...

— Ele e o Yoongi já estão dormindo. — deu de ombros, fazendo Jeon piscar algumas vezes.

Não tinha para onde ir, apesar de tudo. Então rejeitar aquela oferta estava fora de cogitação.

— Tudo bem. — se ergueu, batendo nas roupas para tirar as cinzas do cigarro. — Obrigado.

Jimin sorriu aliviado e logo ambos entraram.

Ainda que tivessem se beijado, o clima entre os dois estava quase idêntico ao de antes. Não se sentiam desconfortáveis ou arrependidos, mas não era como se não ficassem nervosos ao se lembrarem do que havia acontecido no carro de Yoongi.

E, claro, o fato de que ambos se davam bem ajudava muito nisso.

Ao chegarem no apartamento, os dois caminharam silenciosamente até o quarto de Jimin onde o mesmo separou uma toalha e roupas secas para o mais alto tomar banho antes que acabasse resfriado. E enquanto Jeongguk tomava banho, Park pensava no porquê de estar tão ansioso e feliz por estar vendo o tatuado outra vez.

Claro, o medo de ele se afastar existia em sua mente, até porque Jeon não parecia do tipo que se envolvia com muitas pessoas. No fundo, o professor de dança sabia que era uma defesa que o outro construiu, porém não deixava de sentir medo do que aquilo poderia significar.

— Desculpe por chegar tão tarde, obrigado por me emprestar o banheiro. — Jeon disse enquanto entrava no quarto do mais velho.

Mesmo que estivesse morando por um tempo na casa do outro, Jungkook não se sentia no direito de utilizar das coisas como bem entendesse. Park e Taehyung o tratavam tão bem, ambos não eram obrigados a cuidar dele. Yoongi também não.

Sentou-se na cama de Jimin e sentiu Uju subir em seu colo, acabando por rir. Nunca havia encontrado um gato tão carente e sereno quanto aquele e, no fundo, Jeongguk até que se identificava.

— Não precisa se preocupar. Nem está tão tarde assim. — Jimin respondeu e sorriu, vendo o modo como seu felino gostava da companhia do tatuado.

E talvez o mais novo se identificasse porque lá no fundo dele mesmo, Jeon fosse um pouco carente. Talvez porque se fechava a qualquer pessoa e situação, acabando sempre sozinho e com desejos frustrados.

Mas, em sua mente, era melhor assim.

— Você vai acabar doente... — Jimin comentou, jogando a toalha branca sob os fios castanhos e começou a esfregar seus dedos ali. — Faz mal dormir com o cabelo molhado...

Se preocupava em secar o cabelo alheio enquanto assistia o rapaz brincar com seu gato que adorava os carinhos dele.

Era um pouco estranho como ambos procuravam por qualquer desculpa para estarem se tocando, mas como nenhum dos dois se preocupava com isso, estava tudo bem. E Jungkook até ficava feliz com as mãos pequenas em sua cabeça, à medida que tentava pegar as patinhas do gato sem levar uma daquelas mordidas doloridas.

— Você sabe que pode ficar aqui o quanto quiser, não é? — Jimin questionou, fazendo o outro erguer o olhar em sua direção. — O tempo que precisar.

— Mas isso não é justo, Jimin. — respondeu e continuou o fitando, vendo o mesmo analisar sua face.

Park Jimin queria dizer que Jeongguk não precisava ir embora, que ele não deveria ir. Queria dizer que gostava da presença dele assim como Uju gostava dos carinhos do mesmo. Queria, do fundo de seu coração, fazer o tatuado entender que não era uma companhia ruim, uma pessoa ruim ou alguém de quem não deveria se orgulhar.

Queria mostrar o mundo para Jeongguk que, para si, era o próprio Marte.

Um planeta frio, rochoso com o nome do deus da guerra. Jimin sentia-se bobo por pensar em Jeongguk como aquilo, mas, para ele, era a definição perfeita de confusão.

Porque Jeongguk o confundia assim com se confundia. Jeongguk aparentava ser guerra quando era, no fundo, certa paz. Pelo menos ele causava paz em Jimin de um jeito como nada antes havia.

E para Jeongguk... Bom, ele ainda não sabia o que Jimin significava e era para si.

Tudo o que sabia e sentia sobre isso era que Jimin era algo. Algo grande e estranhamente inédito que, ao mesmo tempo que lhe causava curiosidade, causava medo também. Contudo, ainda sim era algo do que não conseguia ficar longe e muito menos queria.

Talvez Jeon estivesse na órbita de Jimin. Sendo puxado constantemente.

E, como prova disso e em paralelo com o outro dia, se aproximaram sem prévia. Uju ainda se esfregava entre as pernas do tatuado quando as mãos que secavam os fios de Jeon desceram até o pescoço do mesmo, apenas harmonizando com os rostos que chegavam cada vez mais perto um do outro.

Sentir os lábios macios de Jimin outra vez nos seus deixou Jeongguk extasiado, mas não sabia definir aquele sentimento ainda. Não sabia dizer se estava feliz ou ansioso, preocupado ou triste. Apenas... Extasiado.

E, talvez por isso, acabou tirando uma das mãos do felino em seu colo para depositar na coxa alheia, apertando de leve e ouvindo Park suspirar. Porém, não havia malícia ou segundas intenções, mas sim uma necessidade de contato que eles não sentiram da primeira vez. Por isso, o mais velho deixou com que a língua roçasse nos lábios do outro, aproveitando o aprofundamento do beijo para envolver os braços no pescoço tatuado.

Ficaram algum tempo naquilo, apenas se separando para puxar o ar e se olharem, em silêncio.

Os pensamentos confusos voltaram a sondar a mente de Jeongguk, mas sem o cigarro ele apenas encontrou outra saída de toda aquela ansiedade: os beijos de Jimin. Então, apertou a coxa do mais velho outra vez e voltou a envolver sua língua na dele, imaginando por alguns segundos se era possível Taehyung ou Yoongi ouvirem o que estavam fazendo.

O que eles pensariam daquilo tudo?

O que ele pensava daquilo tudo?

Sentiu os dedinhos de Jimin em seu cabelo e suspirou, abrindo os olhos de leve só para ver o modo como ele parecia sereno e inerte naquilo tudo. Quando cortaram o beijo novamente, o mais baixo sorriu e acariciou o pescoço de Jeon, pressionando os lábios carnudos um no outro enquanto ainda o observava.

O gosto de nicotina em sua boca era algo novo e estranhamente não achou ruim. Odiava o cheiro do cigarro, odiava o modo como já havia beijado pessoas com aquele gosto e então, amava. Amava porque tudo o que vinha de Jeongguk parecia inédito.

Ineditamente bom.

E antes que pudessem perceber, já estavam se beijando outra vez. Uju saiu assim que se os corpos se movimentaram mais, perdendo o equilíbrio e caindo de encontro com o colchão.

E quando ambos caíram deitados na cama, afastaram os rostos pouco antes de retomarem o beijo à medida que se abraçavam.

Jimin gostou da ideia de esconder seu rosto na curva entre o pescoço e ombro do outro, sentindo o cheiro único dele enquanto seu corpo começava a relaxar de uma maneira que nunca sentiu antes. Era como se estivesse drogado, mas sem perder seus sentidos ou ficar mais lento.

Sentiu um dos braços alheio adornando sua cintura e sorriu, deixando alguns selinhos na pele exposta do mais novo.

Talvez fosse arriscado o que estavam fazendo ali, mas não era exatamente como se estivessem preocupados. Preferiam muito mais aproveitar a companhia um do outro sem rotular ou analisar nada. Era, com toda certeza, melhor assim.

Então Jungkook não se cobrava por estar acariciando as costas de Jimin assim como Park não se repreendia por beijar o pescoço alheio até cair no sono. O melhor sono que ele teve nos últimos tempos. Porque, no fim daquela noite, o que importava era estarem juntos simplesmente por sentirem vontade, não porque eram a alma gêmea um do outro ou porque o destino escolheu.

Eles escolheram aquilo e, por isso, preferiam mil vezes estar ali do que em qualquer outro lugar.

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