Ver o por do sol sentada naquele barco sozinha parecia deprimente. Já fazia algum tempo que Sarah havia chegado. Se sentou ali bem na proa à espera do tal técnico. Seus fones de ouvidos tocavam alto o som de Life after you - Doughtry. Era impossível não refletir sobre toda burrada que havia feito, ter dispensado Antony daquela forma, por causa de seus medos idiotas, quando na verdade o amava de uma forma que chegava a sufocá-la. Além do mais ele disse que não tinha lhe esquecido e era bem provável que estava ali por sua causa.
Life after you - Doughtry.
I must've been high to say you and I
Weren't meant to be and just wasting my time
Oh, why did I ever doubt you?
(TRADUÇÃO)
Eu deveria estar bêbado para dizer que você e eu
Não fomos feitos um para o outro, e só estou perdendo o meu tempo
Oh, porque eu duvidei de você?
Estão, a canção foi interrompida por uma ligação de Mary ela queria saber sobre a conversa de Sarah teve com Antony.
Ligação On
- Eu não acredito que você fez isso com ele? Você é maluca,
A voz de Mary saíu quase que em um grito de indignação depois que contou a ela tudo que havia dito.
- Foi melhor assim.
- Você é o ser humano mais teimoso que eu já conheci! - Mary bufou do outro lado.
Sarah revirou os olhos. Por um minuto a ligação ficou muda, não tinha respostas.
- Onde você está? Me diz, porquê preciso ir até aí para bater sua cabeça em algum lugar. Quem sabe assim ela melhora!
Não conteve, e riu.
- Estou na Marina, esperando um técnico vir concertar o barco do meu pai. Bem que precisava de você aqui.
Sua voz saiu em tom triste.
- Você está... arrependa de ter dispensado ele?
Sara suspirou fundo.
- Talvez. Mas isso nunca daria certo, Mary.
- Sarah, você gosta dele?
- Eu não apenas gosto - ela respirou mais fundo, antes de completar. - Mary, estou apaixonada, mas agora é tarde... Eu dispensei ele, senti tanto medo, que não fui capaz sequer de pensar em me arriscar.
- Sarah, talvez ainda possa...
Ela a interrompeu:
- Chega, Mary, é tarde pra isto... Talvez tenha sido melhor que as coisas tenham terminado assim.
Sarah Percebeu que alguém se aproximou, olhou para trás e viu um senhor de meia idade parado a sua frente, usava uma camisa que o identificava a empresa do seguro.
- Mary, eu preciso desligar. Depois nos falamos.
Sarah encerrou a ligação e passou os próximos trinta minutos observando o senhor trabalhar enquanto lhe explicava detalhadamente o defeito do barco. Claro, ela não estava entendendo nada, mas se esforçava para dar ao menos atenção.
- Olha, moça, esta é uma peça muito importante para o funcionamento do motor - Ele disse segurando um objeto coberto de graxa do qual ela nunca viu em toda sua vida. - Quando apresenta algum problema é preciso trocar. Em todos os meus anos de experiência como técnico em manutenção de barcos, percebo que muitos tentam fugir desta responsabilidade por ser uma peça muito cara. Outros tentam fazer gambiarras, emendas ou coisas desse tipo...
Enquanto ouvia o que o técnico falava, Sarah percebeu que não estavam mais sozinhos, alguém se aproximava. Não fazia ideia que quem fosse, sabia que não poderia ser quem ela imaginava, isto seria loucura de sua parte. Mas então porque todo o seu corpo havia estremecido de repente?
A voz grave invadiu o ambiente:
- Concordo senhor, tem algumas situações em que não adianta inventar desculpas, é preciso resolver o problema, ou então não haverá segurança. Mas o que muitas pessoas fazem é ficar enrolando, fazendo emendas e inventando desculpas...
O coração de Sarah gelou ao ouvir aquela voz. Se virou imediatamente para ter certeza de que não estava tendo uma alucinação. Antony estava ali, parado bem à sua frente. Estava lindo, vestia uma bermuda jeans, uma camisa branca parecia à vontade.
O técnico respondeu percebendo a presença repentina de Antony.
- Isso mesmo, é o dono do barco? - perguntou.
- Não senhor. Sou apenas um amigo da família - respondeu de forma natural esboçando aquele sorriso de derreter o coração de qualquer uma.
Ele olhou em seus olhos de forma que lhe deixava Sarah imobilizada. Não sabia o que fazer, seu coração batia tão forte que temia ser ouvida. Só então percebeu que ele havia falado aquelas palavras para ela. Queria dizer que era ela quem estava inventando desculpas. Na verdade ele estava certo.
Mesmo assim saiu em sua própria defesa:
- Você não sabe do que está falando.
Ela tentou de mil formas quebrar aquele contato visual, mas havia uma força maior do que estava lhe impedindo.
- Ah! Eu sei sim - ele disse decidido.
Antony, deu alguns passos à frente para chegar perto do técnico da manutenção, foi impossível que eles não se esbarrassem, era nítido que tinha sido intencional. Uma corrente elétrica transpassou o corpo de ambos. Quando já estava próximo do senhor, pediu licença e segurou a tal peça de suas mãos. O moço estava confuso, mas tinha plena certeza de que aquele assunto não tinha nada a ver com a peça mecânica do barco, embora parecesse.
Então, Antony se virou para o técnico e começou a falar tranquilamente como se dominasse aquele assunto:
- Esta peça funciona como o coração do motor deste barco. Se ele está ferido, não vai funcionar e não adianta remendar ou tentar consertar, é preciso trocar, tirar o que atrapalha e começar de novo com uma nova peça - ele parou de falar por um momento e se virou para Sarah -, mas, é preciso ter atitude, não podemos deixar o medo nos atrapalhar.
Ela não poderia negar que a presença daquele homem a deixava completamente aturdida, da forma que ele dizia parecia tudo tão simples.
Então ela tentou não se intimidar.
- Mas não adianta uma peça nova se a localização é o que torna tudo mais difícil - a voz de Sarah saiu sufocada.
O técnico não entendeu, hora olhava para ela e ora olhava para Antony. Percebeu que aqueles dois tinham algum problema e que não tinha nada a ver com o barco e que precisavam conversar e se resolver. Mesmo assim continuou a falar do seu trabalho, afinal estava ali para isso:
- A peça nova chegará em oito dias, vou fazer o pedido hoje. Nem fica tão longe assim.
Antony abaixou a cabeça e riu. Percebeu que aquele pobre homem estava confuso, assim, encontrou a oportunidade perfeita em suas palavras.
- Está vendo! A peça chegará rapidinho. Nem fica tão longe. Somos nós quem colocamos barreiras e acabamos dificultando coisas que era para ser simples.
Ela franziu a sobrancelha ao perceber o que ele estava fazendo. Antony era muito esperto e aproveitava cada oportunidade. Não sabia o que dizer, e ficar em silêncio foi inevitável.
A voz do técnico lhe invadiu os pensamentos. Ele entregou os papéis para assinar.
- Bom, está pronto, assim que a peça nova chegar eu volto e vocês terão um barco prontinho para navegar. Sorte do seu pai que o barco é garantido pelo seguro, pois a conta poderia sair cara - disse o técnico ainda guardando suas ferramentas.
Enquanto ele falava, Sarah percebeu que era uma boa chance para uma tréplica e não iria perdê-la:
- Este é o problema, se insistirmos podemos acabar pagando muito caro por isso - ela disse olhando para Antony de forma desafiadora sentindo-se vitoriosa.
O técnico encarou o casal pela última vez, e aguardou que ela assinasse os papéis do serviço, depois saiu depressa. Quando ela percebeu que estavam a sós, sentiu o seu coração bater de uma forma descompassada. Afinal, e agora o que aconteceria?
Ela permaneceu ainda de costas, petrificada e sem saber como conseguiria encará-lo. Suas pernas estavam trêmulas e ela torceu para não cair, afinal elas insistiam em se atrapalharem com sua presença. Os minutos pareciam horas, e ali de costa conseguia sentir um delicioso cheiro do perfume que ele usava, e aquela fragrância se aproximava cada vez mais de suas narinas, até que sentiu sua mão forte lhe tocar no braço.
- Eu estou disposto a pagar o preço que precisar - ele disse se aproximando cada vez mais repousando seu rosto em seus cabelos.
Então, duas mãos lhe seguraram, uma em cada braço. Sentiu ele inclinar sobre ela. Sarah estava um turbilhão de emoções, fechou os olhos, temerosa de não resistir aquela aproximação. Respirou fundo e lentamente se virou ficando de frente. Suas testas se tocaram.
- Antony... - ela tentou dizer alguma coisa, mas sua boca ficou seca.
- Eu sei que não será fácil, mas se não tentarmos nunca vamos saber. Eu sei o que você sente por mim. Ouvi toda sua conversa com Mary ao telefone, a chamada estava no viva voz... Eu também sinto coisas que não sei explicar. Esses dias foram uma tortura para mim, eu juro que acreditei que você não me quisesse.
Era possível ouvir os batimentos cardíacos de ambos batendo rápido demais.
- Eu sempre quis você, Antony, desde a adolescência eu fui completamente apaixonada - sua voz saiu trêmula.
Como doia se recordar de tantos anos reprimida com aquele sentimento.
Antony ergueu as mão e a entrelaçou pela cintura, puxando-a para si como se desejasse recompensá-la. Estava sedento para a beijar e não resistiria mais nem um minuto.
- Então, já perdemos tempo demais...
Ansioso, seus lábios tocaram os dela lentamente, e sem demora ela abriu a boca o recebendo, queria aquele beijo com todas as suas forças. Antony depositou sua língua na boca dela lhe fazendo estremecer e soltar um gemido.
Quando abriu os olhos, Antony viu que os olhos dela estavam molhados e que esteve contendo o choro.
- Você está chorando ? - Antony perguntou preocupado.
- Não chore, por favor, não quero que você se sinta mal, ou pressionada a fazer isso.
- Não está me pressionando. Eu desejo muito estar com você, Antony... Mas não posso negar que tenho muito medo.
Ele a envolveu em seus braços em um abraço tênue.
- Vamos devagar... - ele respirou fundo e a soltou olhando em seus olhos. - Apenas seja minha... Namorada.
Naquele instante, Sarah sentiu como se o chão lhe faltasse dos pés. Não sabia ao certo se ainda estava ali ou se seu corpo havia sido levado ao céu. Uma emoção invadiu seu coração, e decidiu se dar uma chance de ser feliz.
- Sim.
Antony sorriu satisfeito com sua resposta e lhe segurou forte erguendo-lhe para o alto e sorrindo. Quando a colocou no chão tocou seus lábios novamente, com um beijo lento, percorrendo cada extremidade de sua boca, sentindo seu sabor, seu cheiro e seu calor.
Por um tempo ficaram ali, na proa do barco assistindo ao pôr do sol. Um momento maravilhoso. Tentaram não se preocupar com a partida dele que seria ao amanhecer. E depois disto não faziam ideia de quando se veriam novamente. Por isso naquele momento decidiram aproveitar um ao outro.
⚽🥉
Que bom, eles finalmente se acertaram!
Mais alguém está amando este capítulo como eu?
Espero que curtem bastante.
Façam muitos comentários, prometo
responder. E não esqueçam de votar 😏