LAÇOS MORTAIS | Bonkai |

By Dark_Siren4

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Logo após o desastroso casamento de Josette e Rick, Bonnie pensa ter se livrado de seu pior pesadelo: Kai Par... More

Antes de começarmos...
1. Que os Jogos Comecem
2. Armadilha
3. Nosso Pequeno Quiz
4. Lacey, minha amiga zumbi
5. Fogo Líquido
6. Minha Droga
7. Minha Bela Adormecida
8. Dentro do Labirinto
9. A Árvore Morta
10: Rosalie
11. Um Passeio com A Morte
12. Bato um Papo com a Minha Consciência Gostosa
13. Zelador, Garoto de Recados e Assassino
14. Estou de Mudança
15. O Rouxinol
16. A Bailarina, o Sociopata e a Tigresa
17. Cúmplice da Morte
18. Silêncio
19. Lição
20. Fogo e Pólvora
21. Meu Novo Ursinho de Pelúcia
22. Jantar Nada Romântico
23. Encontro com o Exterminador do Futuro
24. A Chamada
25. Controle
26. Tentação
27. A Visita
28. Acordo Desfeito
29. Brincando com Facas
30. Ataque de Fúria
31. Le Courtaud Rouge
32. A Caçada
33. Pedaços de Uma Outra Vida
34: Uma Brecha do Passado
35. Onde os Lobos Habitam
36. Desejo e Segredos
37. A Alcatéia de Paris
38. Dentro de Mim
39. Conversas Ocultas
40. Quase Amigos
41. Pratos Limpos
42. O Jantar Sangrento
43. Entre Deus e o Diabo
44. Bandeira Branca
45. Vamos Passear
46. Palavras Secretas
47. O Duelo
48. Despedida
49. Regresso
50. Genesis
51. Pesadelos e Decisões
53. Sobre Um Homem Cruel
54. Minha Existência
55. O Lírio
56. Perseguida
57. Sob Sete Palmos
58. Suspeita
59. Feridas
60. Ameaça
61. Descoberta
62. Trégua
63. Pertencer
64. Vozes
65. Fantasmas
66. Renascida
67. Encruzilhada
68. Água e Vinho
69. Convidados
70. Disputa
71. Café da Manhã
72. Jardim Noturno
73. Mortos
74. Intervenção
75. Fuga
76. Esperança
77. Profundezas
78. Limbo
79. Decisão
80. A Porta
81. O Monstro em Mim
82. Expostos
83. Limites
84. Lobo Mau

52. Reencontro

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By Dark_Siren4

O odor ácido de verbena dominava todo o ambiente como uma neblina invisível. Fechei meus olhos por um segundo ao senti-los lacrimejar com o cheiro forte que subiu por minhas narinas. Talvez fosse o excesso de plantas que tomavam conta do espaço, mas pude sentir na pele uma leve ardência apenas por estar naquele lugar. O instinto natural de autoproteção veio à tona apenas em pensar em ter que ingerir aquela substancia que me queimaria viva. Já tinha visto o suficiente do que aquilo podia causar à um vampiro, e não era nada bonito de se ver. Mas a questão ali era: aquilo realmente surtiria o efeito que eu tanto desejava? Afinal, eu não era totalmente vampira, embora, também não fosse totalmente humana de qualquer forma. Será que conseguiria eliminar aquela coisa do meu ventre? Ou meu lado humano me protegeria dos efeitos corrosivos da verbena?
Bem, o único modo de saber seria testando minha teoria.
Eu não estava pensando direito, a raiva e a adrenalina queimando em minhas veias como uma espécie de heroína, incapacitando meu raciocínio lógico. Tudo em que conseguia pensar era em acabar com todo aquele sofrimento, eliminar qualquer lembrança dele em minha vida. E foi com essa resolução que me aproximei das grandes estufas cheias da plantas liláses que prometia afugentar aquele problema para sempre. Caminhei por entre as fileiras repletas de flores, vez ou outra acariciando as pequenas pétalas delicadas, apenas para constatar que aquilo realmente queimava como o inferno. Mas não me importei com aquela dor ou a que poderia vir depois, eu só precisava que aquilo fosse embora de uma vez, que eu nunca mais precisasse ter que pensar naquela criança de novo.
Com passos rápidos e decisivos caminhei até uma mesa de madeira velha, alta e larga que ficava no fundo da sala. Haviam alguns utensilios que eu sabia que serviam para preparar diversas coisas com aquelas plantas: desde chás até loções e perfumes. Viver em Mystic Falls nos tornava usuários assíduos de verbena e seus derivados contra os vampiros que poderiam nos fazer mal. Stefan e Damon também tinham seus inimigos e precisavam dessa provisão para se proteger. E agora, ela seria usada para livrar minha vida de um fardo. Ao me aproximar da mesa, vasculhei com os olhos, derrubando algumas coisas que estavam sobre ela em meu desespero. Haviam saches de chás ainda inacabados e ervas secas em um pote, porém, o que realmente chamou minha atenção foi a jarra repleta de um liquido lilás amarronzado. Era verbena em sua forma mais concentrada e líquida. Quase não pude acreditar em minha sorte. Peguei, vendo o líquido dentro dela tremer junto com minhas mãos ansiosas.Andei até encostar em um canto qualquer, onde deixei minhas pernas cederem e deslizei para o chão.
Aquilo teria que funcionar. Precisava funcionar. Era o único modo de tirar o filho de um vampiro, sua única fraqueza. Se isso não desse certo eu estaria perdida e presa à uma criança que eu nunca amaria para o resto da vida.
- Por favor, funcione - implorei, apertando a jarra contra meu peito - Por favor, eu preciso que isso dê certo, por favor... - continuei sussurrando e chorando convulsivamente - Por favor... Eu não quero isso dentro de mim.
Repleta de certeza e com as mãos tremulas, ergui a jarra até meus lábios e entornei o líquido adocicado em uma golada grande. Queimou como se eu estivesse bebendo água fervendo misturada com ácido de tão ruim que foi ter aquilo descendo por minha garganta e queimando meu esofago até chegar ao estômago, onde a dor era mais concentrada. Embora, estivesse doendo mais do que a vez em que Kai jogou ácido sobre mim, eu não dei importância á isso. Meu desejo de estar livre era maior ainda. Bebi metade do conteúdo da jarra, sentindo alguns filetes de líquido ácido escorrendo pelo canto de minha boca. Quando já estava me sentido cheia - e mal - o suficiente, deixei a jarra de lado e sequei meus lábios com as costas da mão, ouvindo o chiado do líquido corrosivo contra minha pele. Encostei a cabeça na parede de pedra fria, sentindo cada órgão em meu corpo chiar e queimar por causa do excesso de verbena em meu organismo. Isso com toda a certeza retardaria meu processo de cura mais tarde, mas que se dane. Eu não pretendia me curar daquilo.
Fechei os olhos e respirei fundo, esperando que a verbena terminasse de se espalhar. Não dava para saber quanto tempo isso iria levar, normalmente, com vampiros parecia ser quase instantâneo, mas, comigo estava levando mais tempo que o comum. Eu nunca tinha tentado um aborto antes e muito menos um aborto de um vampiro, então, não sabia bem o que esperar. Será que iria doer? Se doesse seria tão horrível como os casos que eu já tinha visto por aí? Se eu sangrasse muito, com a verbena em meu organismo, quanto tempo demoraria para me curar daquilo? Eram muitas perguntas e sabia que não haveriam respostas para elas até que tudo estivesse terminado.
Tentei não pensar em nada. Apenas manter a mente em branco. Mas isso foi completamente impossível. Tudo por causa daquela conversa estúpida com Damon. Quem ele pensava que era para me dizer aquele tipo de coisa? Ele que já havia feito coisas abomináveis ao longo dos anos. Eu não merecia ser condenada daquela maneira por minha escolha. Nenhum deles, inclusive Stefan e Caroline, podiam me julgar e impedir-me de fazer qualquer coisa que eu julgasse boa para mim mesma. Eu estava cansada de me anular para deixar os outros felizes. Esta era minha vida. Ou pelo menos, o que restou dela.
No entanto... Se agi tão certo, por que não conseguia parar de chorar? Por que aquele peso não saía de meu peito? E por que eu não conseguia respirar? O que havia de tão errado comigo? Por que não conseguia sentir alívio pelo que estava prestes à acontecer? Por que aquele momento parecia ser o pior em toda a minha existência? Seria culpa?
Todos sempre julgaram minhas atitudes como sendo altruístas e gentis, mas agora que estava agindo de acordo com a minha vontade e fazendo algo que a antiga Bonnie teria condenado, tudo isso parecia tão errado. Juro que tentei ao máximo não me prender à tal moralismo para que aquela culpa não me devorasse mais tarde. Afinal, aquilo era para o meu próprio bem, não é?
Mais lágrimas correram por meu rosto e outro soluço rasgou meu peito. O que era aquele vazio que eu estava sentindo? Por que eu estava me sentindo tão infeliz com essa decisão?
Flashes de Stefan debatendo comigo sobre a ausência de culpa daquela criança e cenas de Kai me estuprando naquela sala escura e fria lutavam entre si, Damon me acusando de meu descuido e Caroline tentando esconder sua felicidade em relação à minha gravidez porque isso poderia me deixar perturbada, também estavam no meio dessa guerra de lembranças. Isso não estava ajudando minha mente já confusa.
- Não - sussurrei - Por favor, para...
Naquele momento, eu quis que tudo isso sumisse. Quis que tudo desaparecesse por completo. E foi com alívio que senti minha consciência se esvaindo para cada vez mais longe.

◆◆◆◆◆

Quando abri os olhos uma luz clara e quente estava ao meu redor. Foi desconfortável por alguns segundos, mas tentando algumas vezes consegui, enfim, enxergar tudo em volta de mim. Eu estava em uma rua longa e silenciosa como os mortos. A luz que antes me cegara vinha do sol de meio-dia.
Como cheguei aqui?, me perguntei, confusa e sem saber exatamente para onde ir.
Caminhei alguns metros pela calçada, sentindo a brisa balançar o vestido cor de creme que eu usava. Sua calda arrastando atrás de mim, fez com que me lembrasse daquela noite, quando todos os lobos da alcatéia de Apollon foram dizimados por mim. Não me senti culpada por isso, eles queriam me matar e eu não abdicaria de minha vida por mais ninguém. Segui andando pela rua que me parecia extremamente familiar, mas não soube dizer exatamente ela me fazia lembrar. Mas era uma sensação boa, de acolhimento e familiaridade.
No entanto, mesmo me sentindo bem em estar ali havia algo me incomodando. Algo que eu estava fazendo...? Não soube dizer porquê aquilo me causava tanta angústia à ponto de ter me esquecido, mas algo me dizia que não era algo bom. E, por um instante, senti um desconforto. Coloquei a mão sobre a barriga, sentindo algo muito próximo de uma dor. O que era aquilo?
Deixei isso de lado por um segundo ao perceber que havia parado de andar, meus olhos presos na casa de pilares altos e brancos com uma estrutura vitoriana e charmosa. Eu conhecia aquela casa. E com certeza conhecia a garota sentada no balanço de metal branco da varanda.
- Elena! - exclamei, correndo pelo pequeno jardim e subindo as escadas em direção à garota alta e de cabelos castanhos longos.
- Bonnie! - ela sorriu, ficando de pé e correndo para me abraçar - Olha só pra você - riu, com seus braços ao meu redor - Não cresceu nem um centímetro.
- Eu não sou pequena - resmunguei, porém sorrindo - Sou compacta.
- É o que todas as pessoas pequenas dizem - rebateu, me soltando e avaliando-me com os olhos castanhos e por um segundo, ela pareceu triste, mas disfarçou a expressão com um sorriso - Você está linda. Como sempre.
Dei um empurrãozinho em seu ombro.
- Você também está muito bonita - murmurei, notando que ela usava um vestido da mesma cor que o meu, embora fosse de um modelo diferente e chegasse no altura dos joelhos.
- Obrigada - sorriu e puxou minha mão para que eu me sentasse com ela no balanço de ferro.
A segui, deitando minha cabeça em seu ombro e ficamos por um bom tempo apenas olhando para a vinhaça vazia e calma.
- Aqui é um lugar muito bonito, sabia? - comentei, cortando o silêncio.
- Que bom que gosta - disse Elena, sorrindo - Eu estou muito bem aqui, mesmo que não possa ver meus amigos e família. Aliás, como está Jeremy? Vocês ainda estão juntos?
- Oh, não - eu ri - Jeremy está por aí. Ele parece estar feliz pelo que eu soube, mas é um dos que mais sentem sua falta.
Elena tentou não perguntar, mas dava para perceber que estava preocupada com mais alguém.
- Damon está bem - menti - Continua o mesmo bêbado velho e irritante que a ama com todo o seu coraçãozinho mau.
Eu não gostava de mentir para minha melhor amiga, mas também não poderia deixá-lá ficar preocupada com Damon, sendo que eu nem sabia se voltaria àquele lugar mais uma vez para renovar as notícias.
Ela riu, não deixando nem um traço de descrença em sua expressão. Pelo menos não que eu pudesse perceber.
- Ele e Stefan estão se dando bem?
Dei de ombros.
- O mesmo de sempre. Mas acho que agora eles estão mais unidos. A sua ausência fez isso.
Aquilo a deixou emocionada.
- Fico feliz em saber disso. Bom, não não a parte da minha ausência... - se atrapalhou-  Você me entendeu!
- Sim - ri.
Ficamos conversando sobre coisas bobas e sérias, igual à quando ainda éramos simples garotas do ensino médio que ainda não tinham nem mesmo uma unha metida no mundo sobrenatural. Vez ou outra, eu pegava Elena olhando para minha barriga e quando percebia meu olhar inquisitivo mudava para outro assunto para distrair minha atenção. Disfarçando, pousei a mão sobre meu abdômen liso em busca do que podia estar chamando tanto sua atenção, mas não havia nada ali. Mas... tinha que ter, não é?
Franzi as sobrancelhas, confusa com aquele pensamento.
- Elena...- comecei a dizer, mas fui interrompida por sons de passos ligeiros. Como se houvesse alguém correndo em nossa direção. Girei a cabeça, vendo um menino de cerca de seis anos de idade atravessar o jardim, subir as escadas correndo e pular nos braços de minha melhor amiga.
Elena sorriu, o abraçando contra si.
- O quê? - ela fingiu surpresa quando este estendeu uma folha de papel com alguns rabiscos coloridos - Para mim?
Ele afirmou com a cabeça, parecendo feliz que ela tivesse gostado.
- Muito obrigada, meu amor - a vi dar um beijo em seus cabelos lisos e castanhos.
Eu queria perguntar para Elena quem era aquela criança e de onde ela veio, mas as palavras não saíam por mais que eu tentasse. Tentei ver o rosto do menino, mas ele estava sentado de costas para mim, deixando que eu enxergasse apenas sua camisa branca e a bermuda preta. Olhar para ele fez um sentimento doloroso e agonizante apertar meu coração.
Eu não conseguia... respirar. E por mais que tentasse achar outro motivo, não havia como esconder que o verdadeiro era aquela criança.
- Elena... eu preciso... preciso ir - arfei, ficando de pé de imediato.
Eu precisava sair daquele lugar, me afastar o máximo possível daquele menino. Não percebi que estava chorando até que tropecei por causa de minha visão embaçada e caí de joelhos perto das escadas da varanda.
- Bonnie - ouvi Elena chamar, seus passos se aproximando lentamente de mim. Senti sua mão sobre meu ombro, acariciando gentilmente - Você não pode fugir dele para sempre.
- Eu... eu não quero ele, Elena - sussurrei, subitamente me lembrando do porquê de estar ali, tremendo e olhando para qualquer lugar menos para a garota ao meu lado.
- Ele não tem culpa de nada - disse, acariciando meus cabelos com gentileza - Ele não tem culpa por existir. Não jogue seus temores e culpa em cima dele, Bonnie.
Eu estava errada, sabia disso, no entanto, isso era mais irracional do que eu.
- E-Eu tenho medo - sussurrei - Medo do que ele vai se tornar, medo de não ser boa o suficiente para ele...
Finalmente olhei para a garota que eu nunca mais veria para o resto de minha vida. Seu rosto exibia preocupação, mas, também, amor. Elena tinha amor o suficiente para conseguir apaziguar o furacão dentro de mim.
- Seja boa para ele - sorriu - Ensine-o a amar e o ame mais do que sua própria vida. Tenho certeza de que ele nunca será como o pai se você o guiar pelo caminho certo - suas mãos cercaram as minhas, apertando-as gentilmente - Seja corajosa!
Fechei os olhos por um segundo e respirei fundo, tentando me acalmar. Quando os abri, lá estava o menino, em pé atrás de Elena e sorrindo para mim. Ele tinha olhos azuis, assim como os de Kai, mas não transmitiam frieza ou crueldade, apenas amor em curiosidade.
Ele estendeu a mãozinha para mim, sorrindo.
- Eu posso ficar com você, mamãe?
Por um instante, eu vacilei, mas ao sentir as mãos de Elena sobre as minhas, eu soube que nunca estaria sozinha. Sempre teria Damon, Stefan e Caroline do meu lado. Até mesmo Matt e Tyler. Eles eram a minha família. E ouvir aquela simples palavra - mamãe - fez todos os meus temores irem embora.
Um sorriso se formou em meus lábios, ergui a mão, entrelaçado meus dedos nos dele, pequeninos.
- Sim, meu amor - sussurrei - Você pode.

◆◆◆◆◆

Eu estava deitada sobre o chão frio da estufa quando acordei. Minha cabeça estava latejando e pude sentir um calor corrosivo percorrendo minhas veias como lava incandescente. Suspeitei que isso fosse efeito da verbena em minha corrente sanguínea. Espalmei as mãos contra o chão com a intenção de, ao menos, me sentar, mas foi como se meus braços tivessem se tornado filetes de espaguete. Todo o meu corpo parecia pesar toneladas.
Fechei os olhos por um instante, com meu rosto colado ao chão empoeirado, a respiração ofegante e meu coração acelerado.
Não soube dizer se aquilo anteriormente fora um sonho ou se eu realmente havia ido parar onde a alma de Elena estava habitando, mas de uma coisa eu tinha certeza naquele instante: eu estive errada. Durante todo esse tempo, eu quis me livrar de minha culpa matando uma criança inocente que não havia cometido crime nenhum, apenas existir. Eu estive errada esse tempo todo e estava muito grata por ter amigos como Elena e Damon para me abrir os olhos. Respirei fundo, procurando uma forma de conseguir me levantar do chão e encontrar uma maneira fazer a verbena sair de meu sistema, afinal, ela nem havia surtido efeito mesmo...
Parei o movimento, sentindo algo estranho. Algo que eu não havia percebido antes.
Com as sobrancelhas franzidas, desci meus olhos pelo vestido simples que que eu usava. Meu coração falhou e retomou as batidas com o dobro da velocidade, minha mão tremia quando a desci para o interior úmido de minha mais coxas. Ergui os dedos contra a fraca luz que vinha de uma das pequenas estufas improvisadas diante de mim, apenas para constatar com um desespero quase que instantâneo que aquilo era sangue. Uma pequena poça estava de formando embaixo de mim e encharcando minhas roupas.
- Não...- ofeguei, fraca demais até para falar - Por favor... Não.
Sem saber exatamente o que fazer, comecei a esfregar o sangue, tentando tirá-lo de minhas roupas e limpá-lo de minhas mãos, mas aquilo não saía. Simplesmente, não saía!
- Por favor, não!
Eu estava tão certa do que estava fazendo, tão certa de que queria levar aquilo adiante e me livrar de qualquer resquício de lembrança de Kai que não pensei no que mais importava. O bebê. Estava com tanta raiva do que Damon havia dito que não me importei em ter qualquer atitude egoísta. E agora... ele estava morrendo. Meu bebê estava morrendo.
- Não, por favor - implorei para ninguém em particular, talvez estivesse rezando para para Deus ou qualquer ser equivalente - Me deixe ficar com ele, por favor!
Pensei em cortar os pulsos, achando que, talvez, com isso, pudesse fazer o sangue cheio de verbena sair com rapidez de meu organismo. Mas isso não adiantaria de nada se eu não conseguisse recuperar a mesma quantidade que perdi e não tinha confiança o suficiente de que não morreria antes mesmo de conseguir fazer minha cura acelerada agir.
Cerrei os dentes para não gritar, quando, com o que restou de minha força consegui me colocar de joelhos. Uma dor lancinante em meu útero quase me derrubou no chão mais uma vez. Espalmei as mãos ensanguentadas contra o piso, recuperando o fôlego mais uma vez. Suor começou a escorrer por minha pele. Fazendo mais força ainda, fiquei de pé, apoiando-me na bancada mais próxima.
Soltei um ganido de dor, sentindo algo quente escorrendo por entre minhas pernas e pingando no chão. Olhei para baixo horrorizada com a quantidade de sangue que eu estava perdendo. Segurei a vontade de chorar e me concentrei em tentar sair daquele lugar. Cada passo foi uma sentença de morte e por mais que quisesse usar minha agilidade recém adquirida de meia-vampira não tive forças o suficiente para isso. Minha pele estava coberta de suor quando passei pela porta que levava aos corredores e minha visão dupla o suficiente para fazer com que eu tivesse que parar e encostar em uma parede para recuperar o fôlego.
Essa constatação veio tão rápida que nem chegou a formar um pensamento: Eu preciso de sangue. Mas não de sangue humano. Isso não surtiria efeito nenhum e o meu - pelo que deu para ver - não era forte o suficiente para me curar de um simples sangramento. Ri da ironia amarga que isso tinha.
Eu precisaria de sangue de vampiro para me curar e Caroline e Stefan não estavam em casa, tornando assim, Damon, o eleito para tal tarefa. O problema era que meu amigo não estava exatamente bem de suas faculdades mentais e poderia me deixar morrer, achando que eu era mais uma alucinação que aquela maldita pedra estava causando. Mas ele era minha única chance.
- Eu não vou deixar você morrer - prometi, pousando a mão em minha barriga.
Tentei ser o mais rápida possível, porém, a planta daquele lugar não ajudava. O porão dos Salvatore conseguia ser maior até do que a própria casa, com salas e reentrâncias, corredores e quartos incontáveis. Não lembrava do trajeto ser tão extenso quando encontrei a estufa, mas naquele momento eu não estava ferida e muito menos debilitada como agora. Minha respiração vinha pesada e ofegante e pontos pretos ameaçavam minha consciência. Eu acabaria desmaiando e ninguém me encontraria até ser tarde demais. Pensar nisso fez com que me empenhasse muito mais. Com uma determinação coberta de desespero e um sentimento quase obsessivo, enfim, cheguei ao quarto em que o vampiro era feito refém. Lutei com as trancas da porta, quase perdendo a consciência duas vezes, no entanto, me forcei a ficar acordada. A escancarei, vendo Damon sentado na mesma posição de antes com os braços musculosos atrás da cabeça assobiando uma música de discoteca. Ele abriu os olhos azuis e sorriu ligeiramente para mim.
- Sentiu minha falta, BonBon...- começou a dizer, mas as palavras morreram em sua boca quando ele viu as manchas de sangue fresco cobrindo meu vestido e pernas.
- Damon...- sussurrei, desabando no chão como uma árvore sem raízes. Nem mesmo senti a força do impacto de meu corpo contra o chão de pedra. Estiquei a mão tentando alcançá-lo - Me ajuda... Ele está morrendo...
O vampiro de cabelos escuros olhava para mim confuso, assustado e desconfiado.
- Quem está morrendo? - perguntou, franzindo o cenho.
- Meu... Meu bebê - falei com dificuldade, meus olhos quase se fechando - Ajuda ele, por favor.
Um silêncio terrível pairou pelo ambiente, no qual, Damon lutava contra seus próprios demônios e eu lutava com minha própria inconsciência. Minhas esperanças começaram a se esvair, assim que meu olhos se fecharam de vez. Realmente foi uma estupidez imaginar que Damon me ajudaria, sendo que ele nem acreditava que eu era real...
Para minha surpresa, fui acordada por um puxão brusco em minha mão e abri os olhos à tempo de ver Damon, lutando contra as algemas que laceravam seus pulsos, para tentar me puxar para mais perto de si. Quando conseguiu fechar suas mãos sobre meus pulsos, ele puxou-me para cima, fazendo com que eu ficasse com o corpo estendido entre suas pernas e com a cabeça deitada em seu peito.
Forcei meus olhos olhos a s abrirem um pouco. Damon estava com uma expressão que era algo entre aflição e exasperação.
- Se isso... - resmungou, fazendo suas presas crescerem e o deixarem com aquela expressão selvagem e assustadora. O vi morder o próprio pulso com força, fazendo sangue correr pela ferida -... for a merda de outra ilusão, eu juro que saio daqui e estripo aquela caçadora maldita.
E então, empurrou o pulso pingando sangue em meus lábios.

♥♥♥♥♥

Nota da Autora:

Oi meus dengos, tudo bom?

Comigo muito bem. Bom, nem tanto. Meu notebook e meu celular, que é por onde eu escrevo a maior parte dos capítulos, resolveram pifar ao mesmo tempo, então,  eu fiquei um tempo sem escrever por causa disso. Acreditem, eu já tava até entrando em abstinência literária. Quase migrei para os meus velhos cadernos pra poder escrever mais alguns capítulos, mas não é a mesma coisa do abençoado corretor, né nom?  E sem falar que eu já tenho calos demais nos dedos por viver desenhando por aí hihi. Perdoem minha demora, foi por motivo de força maior (falta de dinheiro pro conserto kkk). Espero que tenham gostado desse capítulo, se não, bom, comenta aí também ^-^ !!!

Beiju na mãozinha XXX.  Até o próximo :3

P.S: Esse cap tá meio lixo, mas foi o que saiu kkk.  Sorry :3













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